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Questão 19 - UNIFESP 2017 1º dia

Leia o trecho do conto “A igreja do Diabo”, de Machado de Assis (1839-1908), para responder a questão.

Uma vez na terra, o Diabo não perdeu um minuto. Deu-se pressa em enfiar a cogula1 beneditina, como hábito de boa fama, e entrou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma voz que reboava nas entranhas do século. Ele prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites mais íntimos. Confessava que era o Diabo; mas confessava-o para retificar a noção que os homens tinham dele e desmentir as histórias que a seu respeito contavam as velhas beatas.

– Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites sulfúreas, dos contos soníferos, terror das crianças, mas o Diabo verdadeiro e único, o próprio gênio da natureza, a que se deu aquele nome para arredá-lo do coração dos homens. Vede-me gentil e airoso. Sou o vosso verdadeiro pai. Vamos lá: tomai daquele nome, inventado para meu desdour2, fazei dele um troféu e um lábaro3 , e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo...

Era assim que falava, a princípio, para excitar o entusiasmo, espertar os indiferentes, congregar, em suma, as multidões ao pé de si. E elas vieram; e logo que vieram, o Diabo passou a definir a doutrina. A doutrina era a que podia ser na boca de um espírito de negação. Isso quanto à substância, porque, acerca da forma, era umas vezes sutil, outras cínica e deslavada.

Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituí- das por outras, que eram as naturais e legítimas. A soberba, a luxúria, a preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou não ser mais do que a mãe da economia, com a diferença que a mãe era robusta, e a filha uma esgalgada4. A ira tinha a melhor defesa na existência de Homero; sem o furor de Aquiles, não haveria a Ilíada: “Musa, canta a cólera de Aquiles, filho de Peleu”... [...] Pela sua parte o Diabo prometia substituir a vinha do Senhor, expressão metafórica, pela vinha do Diabo, locução direta e verdadeira, pois não faltaria nunca aos seus com o fruto das mais belas cepas do mundo. Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude principal, origem de prosperidades infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e ao próprio talento.

As turbas corriam atrás dele entusiasmadas. O Diabo incutia-lhes, a grandes golpes de eloquência, toda a nova ordem de coisas, trocando a noção delas, fazendo amar as perversas e detestar as sãs.

Nada mais curioso, por exemplo, do que a definição que ele dava da fraude. Chamava-lhe o braço esquerdo do homem; o braço direito era a força; e concluía: Muitos homens são canhotos, eis tudo. Ora, ele não exigia que todos fossem canhotos; não era exclusivista. Que uns fossem canhotos, outros destros; aceitava a todos, menos os que não fossem nada. A demonstração, porém, mais rigorosa e profunda, foi a da venalidade5. Um casuísta6 do tempo chegou a confessar que era um monumento de lógica. A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos. Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo? Negá-lo é cair no absurdo e no contraditório. Pois não há mulheres que vendem os cabelos? não pode um homem vender uma parte do seu sangue para transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os cabelos, partes físicas, terão um privilégio que se nega ao caráter, à porção moral do homem? Demonstrando assim o princípio, o Diabo não se demorou em expor as vantagens de ordem temporal ou pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista do preconceito social, conviria dissimular o exercício de um direito tão legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto é, merecer duplicadamente.

(Contos: uma antologia, 1998.)

1cogula: espécie de túnica larga, sem mangas, usada por certos religiosos.

2desdouro: descrédito, desonra.

3 lábaro: estandarte, bandeira.

4esgalgado: comprido e estreito.

5venalidade: condição ou qualidade do que pode ser vendido.

6casuísta: pessoa que pratica o casuísmo (argumento fundamentado em raciocínio enganador ou falso)

No último parágrafo, o principal recurso retórico mobilizado pelo Diabo em sua argumentação a respeito da venalidade é



( a )

a repetição. 

( b )

a interrogação. 

( c )

a citação. 

( d )

a hesitação. 

( e )

a periodização.

Resposta:

O último parágrafo do texto apresenta uma sequência de quatro períodos interrogativos, que funcionam como argumentos favoráveis à tese de que a venalidade deveria ser mais valorizada do que criticada.

Questão 19 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7092011

Leia a narrativa “O leão, o burro e o rato”, de Millôr Fernandes, para responder à questão.

Um leão, um burro e um rato voltaram, afinal, da caçada que haviam empreendido juntos1 e colocaram numa clareira tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou:

— Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você, que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato, até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande amigo burro em paz para deliberar.

Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água2 e ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois voltando, o burro perguntou ao leão:

— Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha?

O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada na nuca do burro, prostrando-o no chão, morto.

Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:

— Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão de que concorda em que não podíamos suportar a presença de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora — divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe calma para uma deliberação sensata.

Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida. Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça, inclusive o corpo do burro. Do outro, apenas um ratinho cinza morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio, quando o rato o chamou:

— Compadre leão, está pronta a partilha!

O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não pôde deixar de cumprimentar o rato:

— Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como você chegou tão depressa a uma partilha tão certa?

E o rato respondeu:

— Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a minha — é claro que você precisa de muito maior volume de alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha — e, evidentemente, a partilha só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo espírito!

— Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que argúcia! — exclamou o leão, realmente admirado. — Olha, juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta sabedoria?

— Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender tudo agora mesmo, com o burro morto.

Moral: Só um burro tenta ficar com a parte do leão.

1A conjugação de esforços tão heterogêneos na destruição do meio ambiente é coisa muito comum. 2Enquanto estavam bebendo água, o leão reparou que o rato estava sujando a água que ele bebia. Mas isso já é outra fábula.

(100 fábulas fabulosas, 2012.)

“E o rato respondeu:

— Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais.” (12º e 13º parágrafos)

Ao se transpor esse trecho para o discurso indireto, o termo sublinhado assume a seguinte forma:



( a )

teria estabelecido. 

( b )

estabeleceria. 

( c )

estabelecia. 

( d )

estabeleceu. 

( e )

tinha estabelecido.

Resposta:

Ao se transpor um enunciado do discurso direto para o indireto, verbos no pretérito perfeito devem passar ao pretérito mais-que-perfeito. No caso, a alternativa correta é a que traz o mais-que-perfeito composto: “tinha estabelecido”. 

Ao reescrever a passagem em discurso indireto, obtemos:

“E o rato respondeu que era muito simples, que tinha estabelecido (estabelecera) uma relação matemática entre o tamanho do leão e o próprio tamanho (...)”

 

Questão 20 - UNIFESP 2017 2º dia

Em um experimento, uma população inicial de 100 bactérias dobra a cada 3 horas. Sendo y o número de bactérias após x horas, segue que 

a) Depois de um certo número de horas a partir do início do experimento, a população de bactérias atingiu 1677721600. Calcule esse número de horas. (dado: 16777216 = 2563)

b) Sabendo-se que da 45a para a 48a hora o número de bactérias aumentou de 100 · 2k , calcule o valor de k.

Resposta:

a)

Resposta: x = 72

 

b)

Resposta: k = 15

Questão 21 - UNIFESP 2017 1º dia

Leia o trecho do conto “A igreja do Diabo”, de Machado de Assis (1839-1908), para responder a questão.

Uma vez na terra, o Diabo não perdeu um minuto. Deu-se pressa em enfiar a cogula1 beneditina, como hábito de boa fama, e entrou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma voz que reboava nas entranhas do século. Ele prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites mais íntimos. Confessava que era o Diabo; mas confessava-o para retificar a noção que os homens tinham dele e desmentir as histórias que a seu respeito contavam as velhas beatas.

– Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites sulfúreas, dos contos soníferos, terror das crianças, mas o Diabo verdadeiro e único, o próprio gênio da natureza, a que se deu aquele nome para arredá-lo do coração dos homens. Vede-me gentil e airoso. Sou o vosso verdadeiro pai. Vamos lá: tomai daquele nome, inventado para meu desdour2, fazei dele um troféu e um lábaro3 , e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo...

Era assim que falava, a princípio, para excitar o entusiasmo, espertar os indiferentes, congregar, em suma, as multidões ao pé de si. E elas vieram; e logo que vieram, o Diabo passou a definir a doutrina. A doutrina era a que podia ser na boca de um espírito de negação. Isso quanto à substância, porque, acerca da forma, era umas vezes sutil, outras cínica e deslavada.

Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituí- das por outras, que eram as naturais e legítimas. A soberba, a luxúria, a preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou não ser mais do que a mãe da economia, com a diferença que a mãe era robusta, e a filha uma esgalgada4. A ira tinha a melhor defesa na existência de Homero; sem o furor de Aquiles, não haveria a Ilíada: “Musa, canta a cólera de Aquiles, filho de Peleu”... [...] Pela sua parte o Diabo prometia substituir a vinha do Senhor, expressão metafórica, pela vinha do Diabo, locução direta e verdadeira, pois não faltaria nunca aos seus com o fruto das mais belas cepas do mundo. Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude principal, origem de prosperidades infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e ao próprio talento.

As turbas corriam atrás dele entusiasmadas. O Diabo incutia-lhes, a grandes golpes de eloquência, toda a nova ordem de coisas, trocando a noção delas, fazendo amar as perversas e detestar as sãs.

Nada mais curioso, por exemplo, do que a definição que ele dava da fraude. Chamava-lhe o braço esquerdo do homem; o braço direito era a força; e concluía: Muitos homens são canhotos, eis tudo. Ora, ele não exigia que todos fossem canhotos; não era exclusivista. Que uns fossem canhotos, outros destros; aceitava a todos, menos os que não fossem nada. A demonstração, porém, mais rigorosa e profunda, foi a da venalidade5. Um casuísta6 do tempo chegou a confessar que era um monumento de lógica. A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos. Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo? Negá-lo é cair no absurdo e no contraditório. Pois não há mulheres que vendem os cabelos? não pode um homem vender uma parte do seu sangue para transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os cabelos, partes físicas, terão um privilégio que se nega ao caráter, à porção moral do homem? Demonstrando assim o princípio, o Diabo não se demorou em expor as vantagens de ordem temporal ou pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista do preconceito social, conviria dissimular o exercício de um direito tão legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto é, merecer duplicadamente.

(Contos: uma antologia, 1998.)

1cogula: espécie de túnica larga, sem mangas, usada por certos religiosos.

2desdouro: descrédito, desonra.

3 lábaro: estandarte, bandeira.

4esgalgado: comprido e estreito.

5venalidade: condição ou qualidade do que pode ser vendido.

6casuísta: pessoa que pratica o casuísmo (argumento fundamentado em raciocínio enganador ou falso)

“Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude principal, origem de prosperidades infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e ao próprio talento.” (4º parágrafo)

Os termos em destaque constituem, respectivamente,



( a )

um pronome e um artigo. 

( b )

uma conjunção e um artigo. 

( c )

um artigo e uma preposição. 

( d )

um pronome e uma preposição. 

( e )

um artigo e uma conjunção.

Resposta:

O primeiro “a” é um artigo, que está determinando o substantivo “virtude”; o segundo é uma preposição, exigida pela regência do verbo chegar.

Questão 22 - UNIFESP 2017 1º dia

Leia o excerto do livro 24/7: capitalismo tardio e os fins do sono de Jonathan Crary para responder  a questão.

No fim dos anos 1990, um consórcio espacial russo-europeu anunciou que construiria e lançaria satélites que refletiriam a luz do Sol para a Terra. O esquema previa colocar em órbita uma cadeia de satélites, sincronizados com o Sol, a uma altitude de 1700 quilômetros, cada um deles equipado com refletores parabólicos retráteis, da espessura de uma folha de papel. Quando completamente abertos, cada satélite-espelho, com duzentos metros de diâmetro, teria a capacidade de iluminar uma área da Terra de 25 quilômetros quadrados, com uma luminosidade quase cem vezes maior do que a da Lua. Em princípio, o projeto visava fornecer iluminação para a exploração industrial de recursos naturais em regiões remotas com longas noites polares, na Sibéria e no leste da Rússia, permitindo atividade ao ar livre, noite e dia. Mas o consórcio acabou expandindo seus planos para a possibilidade de oferecer iluminação noturna a regiões metropolitanas inteiras. Calculando que se reduziriam os custos de energia da iluminação elétrica, o slogan da empresa era “Luz do dia a noite toda”.

A oposição ao projeto surgiu de imediato e de diversas frentes. Astrônomos temeram os efeitos nefastos da observação espacial a partir da Terra. Cientistas e ambientalistas apontaram consequências fisiológicas prejudiciais tanto aos animais quanto aos humanos, uma vez que a ausência de alternância regular entre dia e noite interromperia vários padrões metabólicos, inclusive o sono. Associações culturais e humanitárias também protestaram, alegando que o céu noturno é um bem comum ao qual toda a humanidade tem direito, e que desfrutar da escuridão da noite e observar as estrelas é um direito humano básico que nenhuma empresa pode eliminar. De qualquer modo, direito ou privilégio, ele já está sendo violado para mais da metade da população do planeta, em cidades que estão permanentemente envoltas na penumbra da poluição e na intensa iluminação.

Defensores do projeto, todavia, afirmaram que tal tecnologia diminuiria o uso noturno de eletricidade e que a perda da noite e de sua escuridão seria um preço razoável, considerando-se a redução do consumo global de energia. Seja como for, esse empreendimento, ao fim inviável, ilustra o imaginário contemporâneo, para o qual um estado de iluminação contínua é inseparável da ininterrupta operação de troca e circulação globais. Em seus excessos empresariais, o projeto é uma expressão hiperbólica de uma intolerância institucional a tudo que obscureça ou impeça uma situação de visibilidade instrumentalizada e constante.

(24/7: capitalismo tardio e os fins do sono, 2014. Adaptado.)

Em relação ao projeto, a postura do autor é de 



( a )

indiferença. 

( b )

imparcialidade. 

( c )

neutralidade. 

( d )

apoio. 

( e )

oposição.​

Resposta:

No final do artigo, ao se falar em “excessos empresariais”, “expressão hiperbólica” e “intolerância institucional”, deixa-se claro que o enunciador avalia negativamente o projeto.

Questão 23 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7092017

Leia o texto para responder à questão:

With a world population of 7 billion people and limited natural resources, we, as individuals and societies, need to learn to live together sustainably. We need to take action responsibly based on the understanding that what we do today can have implications on the lives of people and the planet in future. Education for Sustainable Development empowers people to change the way they think and work towards a sustainable future.

UNESCO aims to improve access to quality education on sustainable development at all levels and in all social contexts, to transform society by reorienting education and help people develop knowledge, skills, values and behaviours needed for sustainable development. It is about including sustainable development issues, such as climate change and biodiversity into teaching and learning. Individuals are encouraged to be responsible actors who resolve challenges, respect cultural diversity and contribute to creating a more sustainable world.

(https://en.unesco.org. Adaptado.)

O cartum dialoga com o seguinte trecho do texto “Education for Sustainable Development”:



( a )

“UNESCO aims to improve access to quality education on sustainable development”. 

( b )

“Education for Sustainable Development empowers people to change the way they think”. 

( c )

“Individuals are encouraged to be responsible actors who resolve challenges”. 

( d )

“what we do today can have implications on the lives of people and the planet in future”. 

( e )

“a world population of 7 billion people”.

Resposta:

O diálogo apresentado no cartum diz:

- Ao menos, ganhamos muito dinheiro antes de destruir o meio ambiente.

- Sim! O que há para o jantar, papai?

O trecho acima dialoga com a afirmação do texto anterior contida na alternativa D, que diz “O que fazemos hoje pode ter implicações na vida das pessoas e do planeta no futuro”.

Questão 24 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

Analise o cartum.

A fala do personagem



( a )

apresenta um questionamento sobre a relevância do desenvolvimento econômico para a população do planeta. 

( b )

coloca em dúvida o custo do desenvolvimento econômico para a preservação do meio ambiente. 

( c )

sugere uma alternativa viável para o desenvolvimento econômico sustentável. 

( d )

expõe uma constatação sobre a importância da preservação do meio ambiente em benefício do equilíbrio da economia. 

( e )

revela um posicionamento a respeito do impacto do sistema capitalista no meio ambiente.

Resposta:

O impacto do sistema capitalista no meio ambiente está claro no cartum: “O que os ambientalistas têm que entender pode ser o preço que temos que pagar para uma economia saudável.”

Questão 25 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7092025

Analise o gráfico e leia o texto para responder à questão.

The cost of closed schools

Countries’ response to school closures By remote-learning type and income group, %

*TV and/or radio

Three-quarters of the world’s children live in countries where classrooms are closed. As lockdowns ease, schools should be among the first places to reopen. Children seem to be less likely than adults to catch covid-19. And the costs of closure are staggering: in the lost productivity of home schooling parents; and, far more important, in the damage done to children by lost learning. The costs fall most heavily on the youngest, who among other things miss out on picking up social and emotional skills; and on the less welloff, who are less likely to attend online lessons and who may be missing meals as well as classes. West African children whose schools were closed during the Ebola epidemic in 2014 are still paying the price.

(www.economist.com, 01.05.2020. Adaptado.)

The chart shows that the average share of population connected to internet



( a )

does not make much difference in remote-learning type, considering all income groups. 

( b )

impacts significantly the segment of online-only learning both in the low and high income populations. 

( c )

is equivalent to radio only access in low-income population. 

( d )

is inversely proportional to income. 

( e )

is lower than expected among high-income population.

Resposta:

A linha laranja, presente em cada uma das colunas do gráfico, indica a parcela média da população que está conectada à Internet. No segmento da população de alta renda, essa parcela é de mais de 80%, justificando, portanto, a grande quantidade de aulas “online only”. Por outro lado, o segmento da população de baixa renda apresenta uma parcela média de pessoas conectadas à internet de menos de 20%, o que justifica o descarte do modo “online only” e o uso de outros meios para a transmissão de aulas. Assim, podemos perceber que a quantidade média de pessoas conectadas à internet é fator determinante no uso ou não do modo “online only” para a transmissão de aulas.

Questão 25 - UNIFESP 2017 1º dia

Leia um trecho do “Manifesto do Futurismo” publicado por Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944) no ano de 1909.

Nós cantaremos as grandes multidões movimentadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela revolta; as marés multicoloridas e polifônicas das revoluções nas capitais modernas; a vibração noturna dos arsenais e dos estaleiros sob suas luas elétricas; as estações glutonas comedoras de serpentes que fumam; as usinas suspensas nas nuvens pelos barbantes de suas fumaças; os navios aventureiros farejando o horizonte; as locomotivas de grande peito, que escoucinham os trilhos, como enormes cavalos de aço freados por longos tubos, e o voo deslizante dos aeroplanos, cuja hélice tem os estalos da bandeira e os aplausos da multidão entusiasta.

(Apud Gilberto Mendonça Teles. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro, 1992. Adaptado.)

Em consonância com este preceito do Futurismo estão os seguintes versos, extraídos da produção poética de Fernando Pessoa (1888-1935):



( a )

Nas cidades a vida é mais pequena Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro. Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave, Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu, Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar, E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.

( b )

Ontem à tarde um homem das cidades Falava à porta da estalagem. Falava comigo também. Falava da justiça e da luta para haver justiça E dos operários que sofrem, E do trabalho constante, e dos que têm fome, E dos ricos, que só têm costas para isso. E, olhando para mim, viu-me lágrimas nos olhos E sorriu com agrado, julgando que eu sentia O ódio que ele sentia, e a compaixão Que ele dizia que sentia.

( c )

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos, Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o. Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento – Este momento em que sossegadamente não cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência.

( d )

Levando a bordo El-Rei dom Sebastião, E erguendo, como um nome, alto o pendão Do Império, Foi-se a última nau, ao sol aziago Erma, e entre choros de ânsia e de pressago Mistério. Não voltou mais. A que ilha indescoberta Aportou? Voltará da sorte incerta Que teve?

( e )

Amo-vos a todos, a tudo, como uma fera. Amo-vos carnivoramente, Pervertidamente e enroscando a minha vista Em vós, ó coisas grandes, banais, úteis, inúteis, Ó coisas todas modernas, Ó minhas contemporâneas, forma atual e próxima Do sistema imediato do Universo! Nova Revelação metálica e dinâmica de Deus!

Resposta:

Algumas das propostas do movimento futurista, expostas no trecho do Manifesto reproduzido no enunciado, encontram eco no poema da alternativa E: a apologia da urbanidade moderna (Manifesto: “as marés multicoloridas e polifônicas das revoluções nas capitais modernas”; poema: “Em vós, ó coisas grandes, banais, úteis, inúteis / Ó coisas todas modernas”); o elogio da máquina e da mecanização (Manifesto: “locomotivas”, “cavalos de aço” e “aeroplanos”; poema: “Nova Revelação metálica e dinâmica de Deus!”); e ainda o apelo ao grotesco (Manifesto: “estações glutonas comedoras de serpentes que fumam”; poema: “Amo-vos a todos, a tudo, como uma fera. / Amo-vos carnivoramente”). A identificação de autoria também poderia facilitar a resposta, já que o heterônimo de Fernando Pessoa mais próximo do Futurismo foi Álvaro de Campos, autor dos versos da alternativa E. Os trechos das demais alternativas foram retirados das obras de Alberto Caeiro (A e B), Ricardo Reis (C) e da poesia ortônima de Fernando Pessoa (D).

Questão 26 - UNIFESP 2017 1º dia

Nesta obra, o autor optou por uma situação narrativa que se define pelo movimento de aproximação e distanciamento da substância sensível da realidade retratada, como forma de solidarizar-se com seus personagens e, ao mesmo tempo, sustentar uma posição crítica rigorosa ante a “desgraça irremediável que os açoita”. Relativiza, assim, a onisciência da terceira pessoa e reconstitui, pela via literária, o hiato entre seu saber de intelectual e a indigência dos retirantes – alteridade que buscou compreender pelo exercício artístico da palavra enxuta e medida. Com a cautela de quem não se permite explicitar significados ou avançar conclusões, o narrador condiciona a narração à expectativa dos personagens, através do uso intensivo do discurso indireto livre, que dá forma à sondagem interior pretendida e singulariza os destinos representados.

(Wander Melo Miranda. “Texto introdutório”. In: Silviano Santiago (org). Intérpretes do Brasil, vol 2, 2000. Adaptado.)

Tal comentário aplica-se à obra



( a )

 Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto. 

( b )

Os sertões, de Euclides da Cunha. 

( c )

Vidas secas, de Graciliano Ramos.

( d )

Capitães da Areia, de Jorge Amado. 

( e )

Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

Resposta:

O comentário crítico aponta para alguns dos elementos constituintes de Vidas secas, de Graciliano Ramos: o “movimento de aproximação e distanciamento” se mostra na solidariedade que o narrador em terceira pessoa manifesta pelo drama dos retirantes (o que, de fato, contribui para diminuir o efeito de distanciamento que esse foco narrativo naturalmente institui); a “palavra enxuta e medida” corresponde ao estilo seco adotado pelo escritor; por fim, o “uso intensivo do discurso indireto livre” se revela na frequente exposição do universo íntimo das personagens.

Questão 27 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7092025

Analise o gráfico e leia o texto para responder à questão.

The cost of closed schools

Countries’ response to school closures By remote-learning type and income group, %

*TV and/or radio

Three-quarters of the world’s children live in countries where classrooms are closed. As lockdowns ease, schools should be among the first places to reopen. Children seem to be less likely than adults to catch covid-19. And the costs of closure are staggering: in the lost productivity of home schooling parents; and, far more important, in the damage done to children by lost learning. The costs fall most heavily on the youngest, who among other things miss out on picking up social and emotional skills; and on the less welloff, who are less likely to attend online lessons and who may be missing meals as well as classes. West African children whose schools were closed during the Ebola epidemic in 2014 are still paying the price.

(www.economist.com, 01.05.2020. Adaptado.)

O trecho “West African children whose schools were closed during the Ebola epidemic in 2014 are still paying the price” indica que, na região,



( a )

as crianças ainda sofrem as consequências do fechamento das escolas. 

( b )

a recuperação escolar das crianças está em curso. 

( c )

algumas escolas fechadas ainda não reabriram após a epidemia de Ebola. 

( d )

a epidemia de Ebola poderá ressurgir mais forte em uma segunda onda. 

( e )

a epidemia de Ebola ainda não acabou.

Resposta:

A oração proposta significa, em português, “Crianças da África Ocidental cujas escolas foram fechadas durante a epidemia de Ebola em 2014 ainda estão pagando o preço.”

Questão 28 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7092025

Analise o gráfico e leia o texto para responder à questão.

The cost of closed schools

Countries’ response to school closures By remote-learning type and income group, %

*TV and/or radio

Three-quarters of the world’s children live in countries where classrooms are closed. As lockdowns ease, schools should be among the first places to reopen. Children seem to be less likely than adults to catch covid-19. And the costs of closure are staggering: in the lost productivity of home schooling parents; and, far more important, in the damage done to children by lost learning. The costs fall most heavily on the youngest, who among other things miss out on picking up social and emotional skills; and on the less welloff, who are less likely to attend online lessons and who may be missing meals as well as classes. West African children whose schools were closed during the Ebola epidemic in 2014 are still paying the price.

(www.economist.com, 01.05.2020. Adaptado.)

No trecho “As lockdowns ease, schools should be among the first places to reopen”, o termo sublinhado indica



( a )

tempo.

( b )

comparação. 

( c )

acréscimo. 

( d )

decorrência. 

( e )

condição.

Resposta:

Em “As lockdowns ease, schools should be among the first places to reopen”, a palavra “As é utilizada como substituto de “when”. Portanto, a sentença tem o significado, em português, de “Quando os bloqueios relaxarem, as escolas devem estar entre os primeiros lugares a reabrir.”

Questão 29 - UNIFESP 2017 1º dia

Para responder a questão, leia o poema “Dissolução”, de Carlos Drummond de Andrade (1902- 1987), que integra o livro Claro enigma, publicado originalmente em 1951.

Escurece, e não me seduz tatear sequer uma lâmpada. Pois que aprouve1 ao dia findar, aceito a noite.

E com ela aceito que brote uma ordem outra de seres e coisas não figuradas. Braços cruzados.

Vazio de quanto amávamos, mais vasto é o céu. Povoações surgem do vácuo. Habito alguma?

E nem destaco minha pele da confluente escuridão. Um fim unânime concentra-se e pousa no ar. Hesitando.

E aquele agressivo espírito que o dia carreia2 consigo, já não oprime. Assim a paz, destroçada.

Vai durar mil anos, ou extinguir-se na cor do galo? Esta rosa é definitiva, ainda que pobre.

Imaginação, falsa demente, já te desprezo. E tu, palavra. No mundo, perene trânsito, calamo-nos. E sem alma, corpo, és suave.

(Claro enigma, 2012.)

1aprazer: causar ou sentir prazer; contentar(-se).

2carrear: carregar.

O pronome “te”, empregado no segundo verso da última estrofe, refere-se a



( a )

“imaginação”. 

( b )

“palavra”. 

( c )

“rosa”. 

( d )

“mundo”. 

( e )

“corpo”.

Resposta:

Nos dois primeiros versos da última estrofe, o desencanto existencial do eu lírico parece atingir seu ponto culminante, à medida que ele manifesta seu desprezo por aquilo que compõe a própria poesia: a “palavra” e a “imaginação”. No primeiro verso dessa estrofe, o eu lírico faz da “imaginação” sua interlocutora (“Imaginação, falsa demente”), para afirmar: “já te desprezo”.

Questão 30 - UNIFESP 2017 1º dia

Nesta obra, o observador é atraído por uma ideia poética: a de um objeto que assume a substância do material em que se sente à vontade.

(Marcel Paquet. René Magritte: o pensamento tornado visível, 2000. Adaptado.)

Tal comentário aplica-se à seguinte obra do pintor belga René Magritte (1898-1967):



( a )

 

( b )

( c )

( d )

( e )

Resposta:

De todas as obras de Magritte apresentadas nas alternativas, a única que corresponde ao comentário crítico é “O sedutor”. Nela, o “objeto”, isto é, o navio, “assume a substância do material em que se sente à vontade”, ou seja, o elemento aquático do qual a embarcação é composta.

Questão 31 - UNIFESP 2017 1º dia

Leia o texto para responder a questão.

In developing countries there are high levels of what is known as “food loss”, which is unintentional wastage, often due to poor equipment, transportation and infrastructure. In wealthy countries, there are low levels of unintentional losses but high levels of “food waste”, which involves food being thrown away by consumers because they have purchased too much, or by retailers who reject food because of exacting aesthetic standards.

(www.theguardian.com)

Segundo o texto,



( a )

a perda de alimentos acontece tanto em países ricos como pobres, devido à mudança climática. 

( b )

os alimentos são jogados fora pelos consumidores e pelos pontos de venda por falta de refrigeração. 

( c )

a perda não intencional de alimentos acontece em níveis alarmantes em países ricos. 

( d )

o desperdício de alimentos durante seu transporte ocorre principalmente em países ricos. 

( e )

os meios de transporte e a infraestrutura deficientes contribuem para a perda não intencional de alimentos.

Resposta:

Lê-se no início do texto: "Em países em desenvolvimento, há altos níveis do que se conhece como 'perda de alimento', que é o desperdício não intencional, frequentemente devido a equipamentos, transporte e infraestrutura precários".

Questão 19 - UNIFESP 2017 2º dia

Um sólido é formado por 24 cubos idênticos, conforme a figura. O contato entre dois cubos contíguos sempre se dá por meio da sobreposição perfeita entre as faces desses cubos. Na mesma figura também estão marcados A, B, C e D, vértices de quatro cubos que compõem o sólido.

a) Admitindo-se que a medida de  cm, calcule  o volume do sólido.

b) Calcule a medida de  admitindo-se que a medida da aresta de cada cubo que compõe o sólido seja igual a 2 cm.

Resposta:

a)

Seja ℓ a medida das arestas do cubos. Da figura, tem-se que o segmento  é uma diagonal de um paralelepípedo reto-retângulo de dimensões ℓ, 2ℓ e 3ℓ, como mostra a figura a seguir:

Como AB =  cm, tem-se:

Como o sólido é formado por 24 cubos, cada um de volume ℓ3, esse volume V é:

Resposta

b) 

Note que  é uma diagonal de um paralelepípedo reto-retângulo de dimensões 10 cm, 8 cm e 14 cm, como mostra a figura:

 

Portanto, tem-se:

Resposta 

 

Questão 20 - UNIFESP 2017 1º dia

Leia o trecho do conto “A igreja do Diabo”, de Machado de Assis (1839-1908), para responder a questão.

Uma vez na terra, o Diabo não perdeu um minuto. Deu-se pressa em enfiar a cogula1 beneditina, como hábito de boa fama, e entrou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma voz que reboava nas entranhas do século. Ele prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites mais íntimos. Confessava que era o Diabo; mas confessava-o para retificar a noção que os homens tinham dele e desmentir as histórias que a seu respeito contavam as velhas beatas.

– Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites sulfúreas, dos contos soníferos, terror das crianças, mas o Diabo verdadeiro e único, o próprio gênio da natureza, a que se deu aquele nome para arredá-lo do coração dos homens. Vede-me gentil e airoso. Sou o vosso verdadeiro pai. Vamos lá: tomai daquele nome, inventado para meu desdour2, fazei dele um troféu e um lábaro3 , e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo...

Era assim que falava, a princípio, para excitar o entusiasmo, espertar os indiferentes, congregar, em suma, as multidões ao pé de si. E elas vieram; e logo que vieram, o Diabo passou a definir a doutrina. A doutrina era a que podia ser na boca de um espírito de negação. Isso quanto à substância, porque, acerca da forma, era umas vezes sutil, outras cínica e deslavada.

Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituí- das por outras, que eram as naturais e legítimas. A soberba, a luxúria, a preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou não ser mais do que a mãe da economia, com a diferença que a mãe era robusta, e a filha uma esgalgada4. A ira tinha a melhor defesa na existência de Homero; sem o furor de Aquiles, não haveria a Ilíada: “Musa, canta a cólera de Aquiles, filho de Peleu”... [...] Pela sua parte o Diabo prometia substituir a vinha do Senhor, expressão metafórica, pela vinha do Diabo, locução direta e verdadeira, pois não faltaria nunca aos seus com o fruto das mais belas cepas do mundo. Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude principal, origem de prosperidades infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e ao próprio talento.

As turbas corriam atrás dele entusiasmadas. O Diabo incutia-lhes, a grandes golpes de eloquência, toda a nova ordem de coisas, trocando a noção delas, fazendo amar as perversas e detestar as sãs.

Nada mais curioso, por exemplo, do que a definição que ele dava da fraude. Chamava-lhe o braço esquerdo do homem; o braço direito era a força; e concluía: Muitos homens são canhotos, eis tudo. Ora, ele não exigia que todos fossem canhotos; não era exclusivista. Que uns fossem canhotos, outros destros; aceitava a todos, menos os que não fossem nada. A demonstração, porém, mais rigorosa e profunda, foi a da venalidade5. Um casuísta6 do tempo chegou a confessar que era um monumento de lógica. A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos. Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo? Negá-lo é cair no absurdo e no contraditório. Pois não há mulheres que vendem os cabelos? não pode um homem vender uma parte do seu sangue para transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os cabelos, partes físicas, terão um privilégio que se nega ao caráter, à porção moral do homem? Demonstrando assim o princípio, o Diabo não se demorou em expor as vantagens de ordem temporal ou pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista do preconceito social, conviria dissimular o exercício de um direito tão legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto é, merecer duplicadamente.

(Contos: uma antologia, 1998.)

1cogula: espécie de túnica larga, sem mangas, usada por certos religiosos.

2desdouro: descrédito, desonra.

3 lábaro: estandarte, bandeira.

4esgalgado: comprido e estreito.

5venalidade: condição ou qualidade do que pode ser vendido.

6casuísta: pessoa que pratica o casuísmo (argumento fundamentado em raciocínio enganador ou falso)

As palavras do texto cujos prefixos traduzem, respectivamente, ideia de repetição e ideia de negação são



( a )

“reabilitadas” (4º parágrafo) e “infinitas” (4º parágrafo).

( b )

“desmentir” (1º parágrafo) e “indiferentes” (3º parágrafo). 

( c )

“deslavada” (3º parágrafo) e “preconceito” (6º parágrafo).

( d )

“extraordinária” (1º parágrafo) e “desdouro” (2º parágrafo).

( e )

“reboava” (1º parágrafo) e “perversas” (5º parágrafo).

Resposta:

O prefixo re- indica repetição em “reabilitadas”, designando algo que foi habilitado novamente. Já o prefixo in- traduz a ideia de negação em “infinitas”, que qualifica algo que não é finito.

Questão 20 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

A obra Paisagem italiana (1805), do pintor alemão Jakob Philipp Hackert (1737-1807), remete, sobretudo, ao ideário do



( a )

Realismo. 

( b )

Romantismo. 

( c )

Arcadismo. 

( d )

Barroco. 

( e )

Naturalismo.

Resposta:

A obra Paisagem italiana (1805), do pintor alemão Jakob Philipp Hackert (1737-1807), remete, sobretudo, ao ideário do Arcadismo, uma vez que esse movimento literário exaltava os ideais de equilíbrio e de uma vida simples na natureza bucólica, afastando-se dos luxos e ostentações da realidade urbana. Tais elementos podem ser encontrados no quadro, na representação da natureza e sua harmônica relação com o homem, revelada, por exemplo, na prática do pastoralismo sugerida na tela.

Questão 21 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7092017

Leia o texto para responder à questão:

With a world population of 7 billion people and limited natural resources, we, as individuals and societies, need to learn to live together sustainably. We need to take action responsibly based on the understanding that what we do today can have implications on the lives of people and the planet in future. Education for Sustainable Development empowers people to change the way they think and work towards a sustainable future.

UNESCO aims to improve access to quality education on sustainable development at all levels and in all social contexts, to transform society by reorienting education and help people develop knowledge, skills, values and behaviours needed for sustainable development. It is about including sustainable development issues, such as climate change and biodiversity into teaching and learning. Individuals are encouraged to be responsible actors who resolve challenges, respect cultural diversity and contribute to creating a more sustainable world.

(https://en.unesco.org. Adaptado.)

According to the first paragraph, it is important to promote a sustainable development because



( a )

there are far too many people for too little natural resources. 

( b )

individual needs should be considered above social needs. 

( c )

people will always keep the way they are in the world. 

( d )

most of the 7 billion people are not aware of sustainability. 

( e )

it is too costly to achieve without incentives.

Resposta:

Depreende-se, principalmente, de With a world population of 7 billion people and limited natural resources...

Questão 22 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7092017

Leia o texto para responder à questão:

With a world population of 7 billion people and limited natural resources, we, as individuals and societies, need to learn to live together sustainably. We need to take action responsibly based on the understanding that what we do today can have implications on the lives of people and the planet in future. Education for Sustainable Development empowers people to change the way they think and work towards a sustainable future.

UNESCO aims to improve access to quality education on sustainable development at all levels and in all social contexts, to transform society by reorienting education and help people develop knowledge, skills, values and behaviours needed for sustainable development. It is about including sustainable development issues, such as climate change and biodiversity into teaching and learning. Individuals are encouraged to be responsible actors who resolve challenges, respect cultural diversity and contribute to creating a more sustainable world.

(https://en.unesco.org. Adaptado.)

According to the second paragraph, one of sustainable development initiatives to be tackled by education should be to



( a )

develop skills necessary for work. 

( b )

add climate change themes into school dynamics. 

( c )

help people acquire basic and general knowledge. 

( d )

enforce quality education in some specific contexts. 

( e )

stimulate creativity, art and acting.

Resposta:

Encontra-se em “It is about including sustainable development issues, such as climate change and biodiversity into teaching and learning.”

Questão 23 - UNIFESP 2017 1º dia

Leia o excerto do livro 24/7: capitalismo tardio e os fins do sono de Jonathan Crary para responder  a questão.

No fim dos anos 1990, um consórcio espacial russo-europeu anunciou que construiria e lançaria satélites que refletiriam a luz do Sol para a Terra. O esquema previa colocar em órbita uma cadeia de satélites, sincronizados com o Sol, a uma altitude de 1700 quilômetros, cada um deles equipado com refletores parabólicos retráteis, da espessura de uma folha de papel. Quando completamente abertos, cada satélite-espelho, com duzentos metros de diâmetro, teria a capacidade de iluminar uma área da Terra de 25 quilômetros quadrados, com uma luminosidade quase cem vezes maior do que a da Lua. Em princípio, o projeto visava fornecer iluminação para a exploração industrial de recursos naturais em regiões remotas com longas noites polares, na Sibéria e no leste da Rússia, permitindo atividade ao ar livre, noite e dia. Mas o consórcio acabou expandindo seus planos para a possibilidade de oferecer iluminação noturna a regiões metropolitanas inteiras. Calculando que se reduziriam os custos de energia da iluminação elétrica, o slogan da empresa era “Luz do dia a noite toda”.

A oposição ao projeto surgiu de imediato e de diversas frentes. Astrônomos temeram os efeitos nefastos da observação espacial a partir da Terra. Cientistas e ambientalistas apontaram consequências fisiológicas prejudiciais tanto aos animais quanto aos humanos, uma vez que a ausência de alternância regular entre dia e noite interromperia vários padrões metabólicos, inclusive o sono. Associações culturais e humanitárias também protestaram, alegando que o céu noturno é um bem comum ao qual toda a humanidade tem direito, e que desfrutar da escuridão da noite e observar as estrelas é um direito humano básico que nenhuma empresa pode eliminar. De qualquer modo, direito ou privilégio, ele já está sendo violado para mais da metade da população do planeta, em cidades que estão permanentemente envoltas na penumbra da poluição e na intensa iluminação.

Defensores do projeto, todavia, afirmaram que tal tecnologia diminuiria o uso noturno de eletricidade e que a perda da noite e de sua escuridão seria um preço razoável, considerando-se a redução do consumo global de energia. Seja como for, esse empreendimento, ao fim inviável, ilustra o imaginário contemporâneo, para o qual um estado de iluminação contínua é inseparável da ininterrupta operação de troca e circulação globais. Em seus excessos empresariais, o projeto é uma expressão hiperbólica de uma intolerância institucional a tudo que obscureça ou impeça uma situação de visibilidade instrumentalizada e constante.

(24/7: capitalismo tardio e os fins do sono, 2014. Adaptado.)

Considerando as pretensões do projeto, o slogan do consórcio “Luz do dia a noite toda” mostra-se



( a )

absurdo. 

( b )

contraditório. 

( c )

ambíguo. 

( d )

apropriado. 

( e )

irônico.

Resposta:

Como a ideia do projeto era levar iluminação constante a diversas regiões do planeta, o slogan “Luz do dia a noite toda” estava apropriado a suas intenções.

Questão 24 - UNIFESP 2017 1º dia

Leia o excerto do livro 24/7: capitalismo tardio e os fins do sono de Jonathan Crary para responder  a questão.

No fim dos anos 1990, um consórcio espacial russo-europeu anunciou que construiria e lançaria satélites que refletiriam a luz do Sol para a Terra. O esquema previa colocar em órbita uma cadeia de satélites, sincronizados com o Sol, a uma altitude de 1700 quilômetros, cada um deles equipado com refletores parabólicos retráteis, da espessura de uma folha de papel. Quando completamente abertos, cada satélite-espelho, com duzentos metros de diâmetro, teria a capacidade de iluminar uma área da Terra de 25 quilômetros quadrados, com uma luminosidade quase cem vezes maior do que a da Lua. Em princípio, o projeto visava fornecer iluminação para a exploração industrial de recursos naturais em regiões remotas com longas noites polares, na Sibéria e no leste da Rússia, permitindo atividade ao ar livre, noite e dia. Mas o consórcio acabou expandindo seus planos para a possibilidade de oferecer iluminação noturna a regiões metropolitanas inteiras. Calculando que se reduziriam os custos de energia da iluminação elétrica, o slogan da empresa era “Luz do dia a noite toda”.

A oposição ao projeto surgiu de imediato e de diversas frentes. Astrônomos temeram os efeitos nefastos da observação espacial a partir da Terra. Cientistas e ambientalistas apontaram consequências fisiológicas prejudiciais tanto aos animais quanto aos humanos, uma vez que a ausência de alternância regular entre dia e noite interromperia vários padrões metabólicos, inclusive o sono. Associações culturais e humanitárias também protestaram, alegando que o céu noturno é um bem comum ao qual toda a humanidade tem direito, e que desfrutar da escuridão da noite e observar as estrelas é um direito humano básico que nenhuma empresa pode eliminar. De qualquer modo, direito ou privilégio, ele já está sendo violado para mais da metade da população do planeta, em cidades que estão permanentemente envoltas na penumbra da poluição e na intensa iluminação.

Defensores do projeto, todavia, afirmaram que tal tecnologia diminuiria o uso noturno de eletricidade e que a perda da noite e de sua escuridão seria um preço razoável, considerando-se a redução do consumo global de energia. Seja como for, esse empreendimento, ao fim inviável, ilustra o imaginário contemporâneo, para o qual um estado de iluminação contínua é inseparável da ininterrupta operação de troca e circulação globais. Em seus excessos empresariais, o projeto é uma expressão hiperbólica de uma intolerância institucional a tudo que obscureça ou impeça uma situação de visibilidade instrumentalizada e constante.

(24/7: capitalismo tardio e os fins do sono, 2014. Adaptado.)

Leia a seguinte sinopse do livro 24/7: capitalismo tardio e os fins do sono:​

O livro faz um panorama vertiginoso de um mundo cuja lógica não se prende mais a limites de tempo e espaço, funcionando ininterruptamente sob uma lógica para a qual o próprio ser humano é um empecilho. Para o autor, nossa necessidade de repouso e sono é a última fronteira ainda não ultrapassada pela lógica da mercadoria. O capitalismo, no entanto, já se movimenta no sentido de colonizar mais essa esfera da vida e hoje financia extensamente pesquisas científicas que buscam a fórmula para criar o “homem sem sono”, capaz de trabalhar e consumir sob a lógica 24/7. Ainda assim, o livro recupera toda uma tradição da cultura ocidental que sempre viu no sono e no sonho possibilidades utópicas. 24/7 é um dos diagnósticos mais agudos do mundo contemporâneo.

Com base na leitura do excerto e da sinopse acima, é correto concluir que os números “24/7”, que integram o título do livro, indicam



( a )

valor monetário. 

( b )

tempo cronológico. 

( c )

marco histórico. 

( d )

delimitação espacial.

( e )

 código secreto.

Resposta:

A expressão “24/7” significa vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, remetendo, pois, ao tempo cronológico, ou seja, àquele tempo que pode ser medido pelos relógios e calendários.

Questão 25 - UNESP 2019 2ª fase - 2º dia

Examine a pintura do artista holandês Pieter Claesz (1597-1661) e a tradução da expressão latina Memento mori.

Memento mori: Lembra-te de que morrerás.

(Renzo Tosi (org.). Dicionário de sentenças latinas e gregas, 2010.)

a) Além da caveira, que outro elemento retratado na pintura de Pieter Claesz alude à expressão Memento mori? Justifique sua resposta.

b) Tendo em vista o contexto de sua produção, a temática explorada pela pintura remete mais diretamente a qual escola literária? Justifique sua resposta.

Resposta:

a) A pintura do holandês Pieter Claez propõe uma reflexão a respeito da brevidade da vida, presente na expressão latina “memento mori”, além da caveira, nitidamente relacionada a essa temática, a flor sobre a mesa e a vela acesa também remetem à efemeridade, uma vez que são elementos que têm sua duração reduzida. As flores murcham e a parafina de que é feita a vela derrete pela ação do fogo.

 

b) A temática da efemeridade na tela é típica da estética barroca, o que pode ser corroborado pela data da produção da obra, 1625, período de difusão do barroco na maior parte do Ocidente. A tela convida o espectador a refletir sobre seu tempo de vida e pode funcionar, de certa forma, como uma ameaça àqueles seres que não nortearem sua vida na mesma direção dos dogmas propostos pela religiosidade cristã.

Questão 25 - UNESP 2024 - 2ª Fase - 2º dia

Examine a charge de Millôr Fernandes, publicada originalmente em 12.03.1969.

a) Explicite a relação de sentido estabelecida entre a expressão “engolir minhas próprias palavras” e a imagem da charge.

b) Reescreva na voz passiva a fala que compõe a charge.

Resposta:

a) Trata-se de uma relação de reiteração. A expressão “engolir minhas próprias palavras” é habitualmente utilizada em contextos figurados, quando se quer exprimir a ideia de que houve silenciamento. Na imagem, o balão de onde surge a fala advém da barriga da personagem, o que reforça a ideia de que elas foram “engolidas” (neste caso, literalmente).

b) E minhas próprias palavras tiveram que ser engolidas por mim.

Questão 26 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7092025

Analise o gráfico e leia o texto para responder à questão.

The cost of closed schools

Countries’ response to school closures By remote-learning type and income group, %

*TV and/or radio

Three-quarters of the world’s children live in countries where classrooms are closed. As lockdowns ease, schools should be among the first places to reopen. Children seem to be less likely than adults to catch covid-19. And the costs of closure are staggering: in the lost productivity of home schooling parents; and, far more important, in the damage done to children by lost learning. The costs fall most heavily on the youngest, who among other things miss out on picking up social and emotional skills; and on the less welloff, who are less likely to attend online lessons and who may be missing meals as well as classes. West African children whose schools were closed during the Ebola epidemic in 2014 are still paying the price.

(www.economist.com, 01.05.2020. Adaptado.)

De acordo com o texto, o fechamento das escolas devido à pandemia de covid-19 prejudicou, principalmente,



( a )

os pais, já que precisaram se engajar em teletrabalho além de ajudar os filhos com aulas a distância. 

( b )

as próprias escolas, uma vez que ficaram sem utilização. 

( c )

as crianças mais novas e as mais pobres, pois deixaram de aprender e ficaram sem refeições. 

( d )

os jovens, pois acabaram de entrar na universidade e perderam o semestre. 

( e )

as crianças, pois 75% delas deixaram de frequentar a escola.

Resposta:

Lê-se em “The costs fall most heavily on the youngest, who among other things miss out on picking up social and emotional skills; and on the less welloff, who are less likely to attend online lessons and who may be missing meals as well as classes.”

Questão 27 - UNIFESP 2017 1º dia

Para responder a questão, leia o poema “Dissolução”, de Carlos Drummond de Andrade (1902- 1987), que integra o livro Claro enigma, publicado originalmente em 1951.

Escurece, e não me seduz tatear sequer uma lâmpada. Pois que aprouve1 ao dia findar, aceito a noite.

E com ela aceito que brote uma ordem outra de seres e coisas não figuradas. Braços cruzados.

Vazio de quanto amávamos, mais vasto é o céu. Povoações surgem do vácuo. Habito alguma?

E nem destaco minha pele da confluente escuridão. Um fim unânime concentra-se e pousa no ar. Hesitando.

E aquele agressivo espírito que o dia carreia2 consigo, já não oprime. Assim a paz, destroçada.

Vai durar mil anos, ou extinguir-se na cor do galo? Esta rosa é definitiva, ainda que pobre.

Imaginação, falsa demente, já te desprezo. E tu, palavra. No mundo, perene trânsito, calamo-nos. E sem alma, corpo, és suave.

(Claro enigma, 2012.)

1aprazer: causar ou sentir prazer; contentar(-se).

2carrear: carregar.

Constituem termos que reforçam o tom pessimista do poema:



( a )

“noite”, “vazio” e “fim”. 

( b )

“dia”, “pele” e “cor”. 

( c )

“coisas”, “vácuo” e “imaginação”.

( d )

“lâmpada”, “céu” e “escuridão”. 

( e )

“ordem”, “povoações” e “espírito”.

Resposta:

As expressões indicadas na alternativa A sintetizam, no poema de Drummond, a melancolia que toma conta do eu lírico. A “noite”, aceita por ele, sugere conformismo e apatia; o “vazio” indica a solidão que sente; o “fim” é “unânime” porque atinge a todos e “pousa no ar” porque pode irromper a qualquer momento – possível referência aos temores de uma explosão atômica, vigentes durante a Guerra Fria.

Questão 28 - UNIFESP 2017 1º dia

Para responder a questão, leia o poema “Dissolução”, de Carlos Drummond de Andrade (1902- 1987), que integra o livro Claro enigma, publicado originalmente em 1951.

Escurece, e não me seduz tatear sequer uma lâmpada. Pois que aprouve1 ao dia findar, aceito a noite.

E com ela aceito que brote uma ordem outra de seres e coisas não figuradas. Braços cruzados.

Vazio de quanto amávamos, mais vasto é o céu. Povoações surgem do vácuo. Habito alguma?

E nem destaco minha pele da confluente escuridão. Um fim unânime concentra-se e pousa no ar. Hesitando.

E aquele agressivo espírito que o dia carreia2 consigo, já não oprime. Assim a paz, destroçada.

Vai durar mil anos, ou extinguir-se na cor do galo? Esta rosa é definitiva, ainda que pobre.

Imaginação, falsa demente, já te desprezo. E tu, palavra. No mundo, perene trânsito, calamo-nos. E sem alma, corpo, és suave.

(Claro enigma, 2012.)

1aprazer: causar ou sentir prazer; contentar(-se).

2carrear: carregar.

Personificação: recurso expressivo que consiste em atribuir propriedades humanas a uma coisa, a um ser inanimado ou abstrato.

(Dicionário Porto Editora da Língua Portuguesa. www.infopedia.pt. Adaptado.)

Verifica-se a ocorrência desse recurso no seguinte verso:



( a )

“Vazio de quanto amávamos,” (3ª estrofe) 

( b )

“E nem destaco minha pele” (4ª estrofe) 

( c )

“Esta rosa é definitiva,” (6ª estrofe) 

( d )

“Pois que aprouve ao dia findar,” (1ª estrofe)

( e )

“No mundo, perene trânsito,” (7ª estrofe)​

Resposta:

O verso “Pois que aprouve ao dia findar” atribui ao dia uma atitude fruto de vontade própria, como se ele (o dia) escolhesse terminar. Trata-se, portanto, de um exemplo de personificação.

Questão 29 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7092025

Analise o gráfico e leia o texto para responder à questão.

The cost of closed schools

Countries’ response to school closures By remote-learning type and income group, %

*TV and/or radio

Three-quarters of the world’s children live in countries where classrooms are closed. As lockdowns ease, schools should be among the first places to reopen. Children seem to be less likely than adults to catch covid-19. And the costs of closure are staggering: in the lost productivity of home schooling parents; and, far more important, in the damage done to children by lost learning. The costs fall most heavily on the youngest, who among other things miss out on picking up social and emotional skills; and on the less welloff, who are less likely to attend online lessons and who may be missing meals as well as classes. West African children whose schools were closed during the Ebola epidemic in 2014 are still paying the price.

(www.economist.com, 01.05.2020. Adaptado.)

No trecho “who are less likely to attend online lessons”, o termo sublinhado pode ser substituído, sem alteração de sentido, por



( a )

alert. 

( b )

skilled. 

( c )

competent. 

( d )

prone. 

( e )

willing.

Resposta:

Na oração, “likely tem a função de adjetivo, equivale, em português, a “provável” e pode ser substituído por “prone”, que tem as mesmas características.

Questão 30 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7092025

Analise o gráfico e leia o texto para responder à questão.

The cost of closed schools

Countries’ response to school closures By remote-learning type and income group, %

*TV and/or radio

Three-quarters of the world’s children live in countries where classrooms are closed. As lockdowns ease, schools should be among the first places to reopen. Children seem to be less likely than adults to catch covid-19. And the costs of closure are staggering: in the lost productivity of home schooling parents; and, far more important, in the damage done to children by lost learning. The costs fall most heavily on the youngest, who among other things miss out on picking up social and emotional skills; and on the less welloff, who are less likely to attend online lessons and who may be missing meals as well as classes. West African children whose schools were closed during the Ebola epidemic in 2014 are still paying the price.

(www.economist.com, 01.05.2020. Adaptado.)

No trecho “And the costs of closure are staggering”, o termo sublinhado equivale, em português, a



( a )

acessíveis. 

( b )

inconclusivos. 

( c )

variáveis. 

( d )

estarrecedores. 

( e )

vibrantes.

Resposta:

O adjetivo “staggering tem o sentido de “deeply shocking”; “astonishing” e significa, em português, assombroso, estarrecedor.

Questão 31 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7092034

Leia o texto para responder a questão.

Atualmente, muitos estudiosos acreditam que é possível identificar processos de globalização em sociedades pré-modernas, em vista de fenômenos como o encurtamento relativo das distâncias (através de meios de transporte e comunicação mais eficazes), maior conectividade entre regiões previamente isoladas [...].

(Rafael Scopacasa. Revista de História, nº 177, 2018.)

A expansão romana pelo mar Mediterrâneo pode ser considerada um exemplo de “globalização em sociedades pré-modernas”, pois envolveu



( a )

eliminação da influência helenista e homogeneização dos hábitos alimentares na zona mediterrânica. 

( b )

imposição do monoteísmo romano e unidade monetária em todas as províncias controladas. 

( c )

descaracterização cultural dos povos dominados e interrupção da circulação marítima na região. 

( d )

uniformização linguística no entorno do mar e intercâmbios culturais entre os povos da região. 

( e )

mobilidade intensa de bens e interdependência entre regiões e povos distantes.

Resposta:

Após as vitórias contra Cartago durante as Guerras Púnicas (264 a.C. – 146 a.C.), a República Romana inaugurou um forte período de expansão e integração de diversas regiões e povos, que chegaria a seu auge alguns séculos depois, no Império Romano. Tal integração levou à construção de uma vasta rede administrativa e política, permitiu a construção de estradas, intercâmbios culturais e extensas redes de comércio entre as diferentes regiões costeiras do mar mediterrâneo, como Europa, África e Ásia. O domínio do “mare nostrum” — nosso mar, como passou a ser chamado pelos romanos — possibilitou o compartilhamento de valores, conhecimentos e produtos entre sociedades diversas, podendo ser visto como um dos primeiros processos de globalização em sociedades pré-modernas.

Estes materiais são parte integrante das coleções da editora Saraiva. Eles poderão ser reproduzidos desde que o título das obras e suas respectivas autorias sejam sempre citadas