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Observe abaixo a figura de duas vertentes, uma em condições naturais (A) e outra urbanizada (B), e responda às questões.
a) Como a água de precipitação pode chegar aos rios?
b) A vertente B é densamente urbanizada. Que alterações na dinâmica da água serão observadas nessa vertente e no rio?
a) A água pode chegar ao rio pelo escoamento superficial (enxurrada) ou pode se infiltrar no solo e chegar ao lençol freático.
b) A água se movimentará de forma mais acelerada pela superfície, reduzindo a infiltração e aumentando a velocidade e quantidade de água que chega ao canal. Haverá redução na quantidade de água disponível no lençol freático, aumento do volume de água no canal durante as chuvas e redução significativa no período de seca.
Os enunciados abaixo são parte de uma peça publicitária que anuncia um carro produzido por uma conhecida montadora de automóveis.
(Adaptado de Superinteressante, jun. 2009, p. 9.)
a) A menção à Organização Mundial da Saúde na peça publicitária é justificada pela apresentação de uma das características do produto anunciado. Qual é essa característica? Explique por que o modo como a característica é apresentada sustenta a referência à Organização Mundial da Saúde.
b) A peça publicitária apresenta duas orações com o verbo caber. Contraste essas orações quanto à organização sintática. Que efeito é produzido por meio delas?
Espera-se que o candidato destaque a característica que, dado o modo como é apresentada na peça publicitária, justifica a menção à Organização Mundial da Saúde: a de ser um carro econômico. O candidato deve mostrar que essa menção é possível porque a afirmação de que o carro “anda mais e bebe menos” (ou seja, é econômico) evoca um discurso voltado a conselhos para manter a boa saúde, como praticar exercícios físicos e evitar o consumo de bebidas alcoólicas. O candidato deverá ainda observar que os termos ele e a sua vida mudam de posição nos enunciados que trazem o verbo caber: o termo ele, que é o sujeito no primeiro enunciado, funciona como um complemento verbal preposicionado* no segundo enunciado; o termo sua vida, que, no primeiro enunciado, funciona como um complemento verbal preposicionado, passa a funcionar como sujeito no segundo enunciado. Finalmente, o candidato deverá mostrar que essa inversão na posição sintática dos termos promove uma identificação entre o leitor da propaganda e o produto anunciado, com o carro sendo apresentado como um objeto que atenderá a diferentes expectativas (financeira, familiar, social, profissional, de lazer, etc.) de quem o comprar.
* Pelo fato de a Nomenclatura Gramatical Brasileira não propor uma designação para a função sintática exercida por complementos verbais com interpretação locativa (que, a rigor, não podem ser analisados como objetos indiretos), termos preposicionados que servem à complementação de verbos como caber costumam ser incluídos entre os adjuntos adverbiais.
A síndrome de Kartagener é um distúrbio genético que impede a síntese da proteína dineína, necessária à função dos microtúbulos. Sem a dineína, algumas estruturas celulares não se movimentam, como aquelas presentes nas vias respiratórias, nas paredes da tuba uterina e nos espermatozoides, causando prejuízos à eliminação de muco pelos brônquios e à fertilidade masculina e feminina.
a) Cite as duas estruturas celulares, uma presente nas vias respiratórias e outra nos espermatozoides, que têm o movimento prejudicado pela falta da dineína.
b) Por que uma mulher portadora da síndrome de Kartagener tem maior chance de desenvolver uma gravidez na tuba uterina? Explique como a medicina reprodutiva pode fazer com que um homem com essa síndrome seja pai.
a) As estruturas são os cílios e os flagelos, respectivamente.
b) A falta de cílios impede a movimentação do zigoto em direção ao útero, causando uma gravidez na tuba uterina. A medicina reprodutiva pode realizar a introdução do núcleo do espermatozoide no interior do citoplasma do ovócito II, possibilitando a fecundação.
Para responder a questão, leia a crônica de Machado de Assis, publicada em 19.05.1888.
Eu pertenço a uma família de profetas après coup1, post facto2, depois do gato morto, ou como melhor nome tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário for, que toda a história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha, pessoa dos seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar.
Neste jantar, a que os meus amigos deram o nome de banquete, em falta de outro melhor, reuni umas cinco pessoas, conquanto as notícias dissessem trinta e três (anos de Cristo), no intuito de lhe dar um aspecto simbólico.
No golpe do meio (coup du milieu3, mas eu prefiro falar a minha língua), levantei-me eu com a taça de champanha e declarei que, acompanhando as ideias pregadas por Cristo, há dezoito séculos, restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas ideias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era um dom de Deus, que os homens não podiam roubar sem pecado.
Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio a abraçar-me os pés. Um dos meus amigos (creio que é ainda meu sobrinho) pegou de outra taça, e pediu à ilustre assembleia que correspondesse ao ato que eu acabava de publicar, brindando ao primeiro dos cariocas. Ouvi cabisbaixo; fiz outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao molecote. Todos os lenços comovidos apanharam as lágrimas de admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. De noite, recebi muitos cartões. Creio que estão pintando o meu retrato, e suponho que a óleo.
No dia seguinte, chamei Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza:
— Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado que…
— Oh! meu senhô! fico.
— … Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo; tu cresceste imensamente. Quando nasceste, eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa ver; olha, és mais alto quatro dedos…
— Artura não qué dizê nada, não, senhô…
— Pequeno ordenado, repito, uns seis mil-réis; mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales muito mais que uma galinha.
— Eu vaio um galo, sim, senhô.
— Justamente. Pois seis mil-réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou sete.
Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos.
Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí para cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; coisas todas que ele recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre.
O meu plano está feito; quero ser deputado, e, na circular que mandarei aos meus eleitores, direi que, antes, muito antes de abolição legal, já eu, em casa, na modéstia da família, libertava um escravo, ato que comoveu a toda a gente que dele teve notícia; que esse escravo tendo aprendido a ler, escrever e contar (simples suposição) é então professor de Filosofia no Rio das Cobras; que os homens puros, grandes e verdadeiramente políticos, não são os que obedecem à lei, mas os que se antecipam a ela, dizendo ao escravo: és livre, antes que o digam os poderes públicos, sempre retardatários, trôpegos e incapazes de restaurar a justiça na terra, para satisfação do céu.
(Machado de Assis. Crônicas escolhidas, 2013.)
1après coup: a posteriori. 2post facto: após o fato. 3coup du milieu: bebida, às vezes acompanhada de brindes, que se tomava no meio de um banquete.
O termo que melhor caracteriza o narrador da crônica é
altruísta.
devoto.
hipócrita.
visionário.
impulsivo.
A crônica foi publicada no dia 19 de maio de 1888, pouco depois da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, em 13 daquele mês. O narrador, alegando tê-la escrito antes dessa data, mostra-se hipócrita, na medida em que afirma ter alforriado um escravo quando essa libertação era já certa. Assim, seu altruísmo evidencia ser apenas aparente, já que pretende ser deputado, desejando, para tanto, construir uma autoimagem positiva junto à opinião pública. Note-se, de passagem, que, mesmo após o suposto gesto de bondade, ele ainda se dirige ao empregado de forma agressiva.
Em células-tronco embrionárias (CTEs), o potencial de pluripotência pode variar entre as células oriundas de um mesmo embrião. À medida que o embrião se desenvolve, as células-tronco alteram a quantidade de determinados microRNAs, pequenas moléculas de RNA que apresentam uma sequência de nucleotídeos complementar à de um RNA mensageiro. Os microRNAs degradam ou impedem a tradução dos RNAs mensageiros a que se associam e, dessa forma, contribuem para a manutenção da pluripotência das CTEs.
O entendimento desses mecanismos de regulação da pluripotência pode auxiliar as pesquisas com as CTEs e também com as células-tronco pluripotentes induzidas (iPS), obtidas a partir de células adultas de pacientes, modificadas em laboratório.
(“Novos mecanismos que regulam a pluripotência em células-tronco embrionárias são desvendados”. www.portaldaenfermagem.com.br, 18.08.2019. Adaptado.)
a) Qual é a sequência de bases nitrogenadas no microRNA que se liga à sequência de bases CAGU de um RNA mensageiro? Cite outra molécula de RNA que pode se ligar ao RNA mensageiro.
b) No que consiste a pluripotência das CTEs? Qual a vantagem do uso de células iPS na formação de tecidos para transplantes?
a) A sequência é GUCA. Outra molécula de RNA que se liga ao RNA mensageiro é o RNA transportador.
b) A pluripotência é a capacidade de uma célula de se diferenciar, produzir muitos tecidos e órgãos diferentes. As células iPS são produzidas a partir das células-tronco não embrionárias, mas, sim, retiradas do próprio indivíduo, não estando sujeitas à rejeição.
A reinvenção da vírgula
No começo de 1902, Machado de Assis ficou desesperado por causa de um erro de revisão no prefácio da segunda edição de suas Poesias completas. Dizem que chegou a se ajoelhar aos pés do Garnier implorando para que o editor tirasse o livro de circulação. O aristocrático e impoluto Machado, quem diria. Mas a gralha era mesmo feia. O tipógrafo trocou o E por A na palavra cegara, o revisor deixou passar, e vocês imaginam no que deu.
No nosso caso, o erro não foi nada de mais, nem erro foi para falar a verdade, apenas um acréscimo besta de pontuação, talvez dispensável, ainda que de modo algum incorreto. Vai o revisor, fiel à ortodoxia da gramática normativa, e espeta duas vírgulas para isolar um adjunto adverbial deslocado, coisa de pouca monta, diria alguém, mas suficiente para o autor sair bradando aos quatro ventos que lhe roubaram o ritmo da sentença. Um editor experiente traria um cafezinho bem doce, a conter o ímpeto dramático do autor de primeira viagem, talvez caçoando, “deixa de onda”, a lembrá-lo – valha-me Deus! – que ele não é nenhum Bruxo do Cosme Velho*. E assim lhe cortando as asas antes do voo.
* Referente a Machado de Assis.
Disponível em https://jornal.usp.br/artigos/a-reinvencao-da-virgula/. Adaptado.
a) Qual o sentido da palavra “espeta”, destacada no texto, e qual o efeito que ela produz?
b) Explique o significado, no texto, da expressão “cortando as asas antes do voo”.
a) No trecho, a palavra "espeta" tem o sentido de "coloca", "põe", "acrescenta". A escolha de "espeta", contudo, expressa metaforicamente o desagrado do autor com a alteração feita, podendo dar a ideia hiperbólica de que a intervenção foi uma violência contra o texto do autor, a ponto de chegar a doer neste ou naquele.
b) A expressão "cortar as asas" significa "cercear a liberdade". No trecho em questão, ela equivale à ideia de que o autor tem seu direito de reclamar contra a alteração (voo) cerceado ou impedido (cortar). Isso poque ele não é um Bruxo do Cosme Velho, ou seja, ele não é um autor da excelência ou da importância de Machado de Assis e, portanto, não tem o direito de exigir que um revisor não altere o seu texto.
Um experimento analisou a variação na concentração das enzimas digestivas em suínos saudáveis, desde o nascimento até a sétima semana de vida desses animais. Após o desmame, que ocorre por volta da terceira semana depois do nascimento, os animais passaram a consumir uma ração rica em grãos, como milho, soja e outros nutrientes. A seguir são apresentados três gráficos, dos quais apenas um apresenta a correta variação da concentração das enzimas digestivas observada durante o experimento.
a) Qual gráfico ilustra a variação da concentração das enzimas que ocorreu nos suínos que passaram do desmame para o consumo de ração? Justifique sua resposta utilizando um dado do gráfico.
b) Que órgão do suíno adulto contém todas as enzimas atuando simultaneamente? Qual dessas enzimas possibilita, após as hidrólises, o aumento de dissacarídeos nos suínos adultos?
a) O gráfico 3. Até a 3ª semana, os animais recebem apenas leite materno, e se observa uma elevada concentração da enzima lactase, que digere a lactose. Após esse período, a introdução de nova dieta faz com que a concentração da lactase caia rapidamente para níveis baixos nas últimas semanas do experimento.
b) No intestino delgado. A amilase.
Por mais bem informado que você possa ser, não dá para baixar a guarda. Mas por que as notícias falsas – mesmo aquelas mais improváveis – parecem tão convincentes para tantas pessoas? Van Bavel, professor de psicologia e ciência neural da Universidade de Nova York, se especializou em entender como as crenças políticas e identidades de grupo influenciam a mente, e descobriu que a identificação com posições políticas pode interferir em como o cérebro processa as informações.
Tendemos a rejeitar fatos que ameaçam nosso senso de identidade e sempre buscar informações que confirmem nossas próprias crenças, seja por meio de memórias seletivas, leituras de fontes que estão do nosso lado ou mesmo interpretando os fatos de determinada maneira. Isso tudo está relacionado a não querermos ter nossas ideias, gostos, identidade questionados, e por isso temos dificuldade em aceitar o que contradiz aquilo em que acreditamos.
Ana Prado. “A ciência explica por que caímos em fake news”. Superinteressante. 15/06/2018. Adaptado.
De acordo com o texto,
as pessoas bem informadas estão protegidas de polêmicas, uma vez que o modo como processam os fatos tornam suas opiniões mais convincentes.
o posicionamento político garante a disseminação de notícias verdadeiras e resulta de crenças já estabelecidas socialmente.
a rejeição a questionamentos impede que se admitam pontos de vista antagônicos, em razão da tendência de se confirmar crenças pessoais.
as memórias seletivas auxiliam na rejeição de fatos contrários à realidade, já que conduzem à interpretação das reportagens de modo imparcial.
os fatos hostis normalmente são preteridos por grande parte da sociedade, embora sejam utilizados como identificador cultural.
O texto trata do entendimento de um especialista sobre como crenças políticas e identidades de grupo influenciam a mente. A explicação apresentada é a de que não queremos que nossas ideias, gostos e identidade sejam questionados. Por isso, é difícil aceitar o que contradiz nossas crenças, ou seja, pontos de vista antagônicos. O motivo que faz a nossa mente funcionar dessa maneira é que temos uma tendência de buscar fatos que confirmem as nossas crenças.
Para responder à questão, examine o cartum de Will Santino, publicado em sua conta do Instagram, em 13.04.2022.
straw: palha.
A análise contextualizada do cartum permite caracterizar o lobo como
calculista.
subserviente.
impaciente.
ingênuo.
vaidoso.
No contexto em que aparece, a recomendação do lobo é nitidamente calculista. Afinal, o elogio à palha tem em vista a facilidade com que, no futuro, quando atacar os porcos para devorá-los, ele vai conseguir derrubar a casa. Desse modo, agindo no presente para facilitar uma ação malévola planejada, o lobo age de modo “calculista” – segundo o Michaelis, “aquele que faz cálculos” e, no sentido figurado, “aquele que age friamente por interesse”.
Numa festa junina que aconteceu em 2022 e durou três dias, a Barraca do Seu Pitágoras vendeu três produtos: cachorro-quente, pastel e sanduíche. As quantidades vendidas de cada produto estão indicadas na tabela abaixo.
No primeiro dia, o total arrecadado com as vendas foi de R$ 500,00; no segundo, foi de R$ 1.000,00; e, no terceiro, de R$ 1.300,00.
a) Na festa junina de 2021, esta mesma barraca arrecadou R$ 2.240,00. De quanto foi o acréscimo percentual no valor arrecadado, comparando as arrecadações de 2021 e 2022?
b) Rodrigo comprou uma unidade de cada produto vendido pelo Seu Pitágoras. Quanto ele pagou no total?
a) Na festa junina de 2022, o total arrecadado ao longo dos três dias foi de R$ 500,00 + R$ 1.000,00 + R$ 1.300,00 = R$ 2.800,00.
Comparando com o valor arrecadado em 2021, houve um aumento de R$ 2.800,00 – R$ 2.240,00 = R$ 560,00. Em relação ao valor de 2021, esse aumento representa
b) Sendo x, y e z, respectivamente, o preço de cada sanduíche, pastel e cachorro-quente, temos, da tabela do enunciado:
Simplificando cada equação, chegamos a:
Da primeira equação, temos x + 2y = 50. Substituindo na terceira, obtemos:
50 + z = 65 ∴
z = 15
Substituindo o valor de z na segunda equação, chegamos a:
y + 30 = 50 ∴
y = 20
Por fim, como x + 2y = 50, temos x = 10.
Como Rodrigo comprou uma unidade de cada produto, ele gastou x + y + z = 10 + 20 + 15 = 45 reais.
Toda segunda-feira, Valéria coloca R$ 100,00 de gasolina no tanque de seu carro.
Em uma determinada segunda-feira, o preço por litro do combustível sofreu um acréscimo de 5% em relação ao preço da segunda-feira anterior. Nessas condições, na última segunda-feira, o volume de gasolina colocado foi x% inferior ao da segunda-feira anterior. É correto afirmar que x pertence ao intervalo
[4,9; 5,0[
[4,8; 4,9[
[4,7; 4,8[
[4,6; 4,7[
[4,5; 4,6[
Sejam
V1 = volume colocado com 100,00 ao preço p,
V2 = volume colocado com os mesmos 100,00 ao preço 1,05p.
Daí, temos:
De (I) e (II), temos:
Resposta: C
Entre 1831 e 1845, estouraram revoltas em diversas províncias brasileiras. A Revolta dos Malês (1835) teve por base a cidade de Salvador, na Bahia. A Balaiada (1838-1841) alastrou-se pelo Maranhão e Piauí. A Farroupilha (1835-1845) desenrolou-se no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
a) Aponte uma característica de cada revolta indicada no enunciado.
b) Do ponto de vista das propostas sociais, qual a grande diferença entre os projetos da Balaiada, em sua fase final, e os da Farroupilha?
c) Em que contexto da política brasileira ocorreram tais revoltas?
a) Como característica da Revolta do Malês, podemos mencionar o fato de ser um levante de negros islamizados. Com relação à Balaiada, é conhecida pelo seu caráter popular. No que diz respeito à Farroupilha, o federalismo foi uma de suas principais reivindicações.
b) Em sua fase final, a Balaiada já havia se desvinculado do seu caráter político inicial e se transformado em um movimento de banditismo no interior do Maranhão. Já as elites do Sul não perderam controle do movimento, forçando o governo de D. Pedro II a fazer um acordo com os revoltosos para terminar a Farroupilha.
c) As revoltas citadas ocorreram no Período Regencial (1831-1840), compreendido entre a abdicação de D. Pedro I e o Golpe da Maioridade. Foi um momento de instabilidade política, devido ao questionamento da legitimidade do governo e à grave crise econômica brasileira.
Para responder à questão, examine a tirinha da cartunista Laerte.
Na fala do pai, os dois pronomes relativos “que” referem-se, respectivamente, a
“vida” e “Deus”.
“momento” e “caminho”.
“Deus” e “caminho”.
“momento” e “Deus”.
“vida” e “fortuna”.
Das três ocorrências do “que” no texto, na primeira e na terceira ele funciona como pronome relativo, retomando, respectivamente, “momento” (“momento em que tua vida exige a busca”) e “caminho” (“caminho que hás de trilhar”).
Uma garrafa esférica de refrigerante tem forma e medidas conforme indica a figura. As caixas 1 e 2 são utilizadas para acondicionar, sem folgas, 6 dessas garrafas de refrigerante. A caixa 1 tem forma de prisma reto de base retangular, e a 2, de prisma reto de base triangular. O material que compõe as faces das caixas é de espessura desprezível.
a) Calcule a área da base inferior das caixas 1 e 2
b) Considerando o bocal da garrafa como sendo um cilindro reto de altura 2 cm e raio da base 1 cm, calcule o volume da região da caixa 1 que não está ocupada quando as seis garrafas estão acondicionadas nela.
a)
A área do retângulo (base da caixa 1) é dada por b ⋅ h = 24 ⋅ 16 = 384 (cm2)
A área do triângulo (base da caixa 2) é dada por bh = 16(12 + 7) (cm2)
Resposta: 384 cm2 e 16(12 + 7) cm2
b)
O volume da caixa 1 é dado por:
VC = 24 ⋅ 16 ⋅ 10 VC = 3840 cm3
O volume da garrafa é dado por:
Como há 6 garrafas na caixa, segue-se que o volume da caixa que não está ocupado é dado por:
V = VC – 6 ⋅ VG
V = 3840 – 6 ⋅ V = 4(960 – 131π) cm3
Resposta: 4(960 – 131π) cm3
O citosol das células eucarióticas é composto por substâncias inorgânicas onde estão imersas algumas estruturas, como ribossomos e citoesqueleto, que dão forma e sustentam a célula. Nessas células, o citoesqueleto é composto por três tipos de filamento proteico.
a) Qual é a substância inorgânica mais abundante encontrada no citosol das células eucarióticas? Qual proteína compõe os filamentos do citoesqueleto mais abundantes encontrados nas células musculares?
b) Algumas substâncias alcaloides podem interagir com as proteínas que compõem um tipo de filamento do citoesqueleto, desarranjar a estrutura delas e inviabilizar a multiplicação celular. Que tipo de filamento proteico está diretamente associado à multiplicação celular? Por que o desarranjo desse tipo de filamento pode inibir a multiplicação celular?
a) A substância inorgânica mais abundante encontrada no citosol é a água, e a proteína mais abundante que compõe os filamentos do citoesqueleto da célula muscular é actina.
b) Os microtúbulos. Os microtúbulos formam as fibras do fuso e estão relacionados com o deslocamento de cromossomos e a separação das cromátides-irmãs, na multiplicação celular. Com o desarranjo desses filamentos, a célula não conseguiria fazer a separação do material genético para as células filhas corretamente, interrompendo a divisão.
O tempo de viagem de qualquer entrada da Unicamp até a região central do campus é de apenas alguns minutos. Assim, a economia de tempo obtida, desrespeitando-se o limite de velocidade, é muito pequena, enquanto o risco de acidentes aumenta significativamente.
a) Considere que um ônibus de massa M = 9000 kg , viajando a 80 km/h, colide na traseira de um carro de massa = 1000 kg que se encontrava parado. A colisão é inelástica, ou seja, carro e ônibus seguem grudados após a batida. Calcule a velocidade do conjunto logo após a colisão.
b) Além do excesso de velocidade, a falta de manutenção do veículo pode causar acidentes. Por exemplo, o desalinhamento das rodas faz com que o carro sofra a ação de uma força lateral. Considere um carro com um pneu dianteiro desalinhado de 3°, conforme a figura ao lado, gerando uma componente lateral da força de atrito em uma das rodas. Para um carro de massa
=1600 kg, calcule o módulo da aceleração lateral do carro, sabendo que o módulo da força de atrito em cada roda vale
= 8000 N. Dados: sen 3° = 0,05 e cos 3° = 0,99.
a)
b)
Comentários
O assunto tratado no item a dessa questão é “colisões”. O caso abordado é unidimensional, e a colisão é inelástica, ou seja, a energia cinética não se conserva. Entretanto, a quantidade de movimento se conserva, e é esta a ideia que deve ser explorada para resolver o problema. O item b trata da decomposição de força numa situação bastante simplificada de desalinhamento da roda de um carro.
Leia o texto para responder:
Agora é como um piquenique: estamos no Morro da Viúva, homens, mulheres e crianças, comemos sanduíches e tomamos água da fonte, límpida e fria. Alguns estão com os rifles, embora isto seja totalmente dispensável – temos certeza de que nada nos acontecerá. Já são cinco da tarde, logo anoitecerá e voltaremos às nossas casas. As crianças brincaram, as mulheres colheram flores, os homens conversaram e apenas eu – o distraído – fico aqui a rabiscar coisas neste pedaço de papel. Alguns me olham com um sorriso irônico, outros com ar respeitoso; pouco me importa. Encostado a uma pedra, um talo de capim entre os dentes, e revólver jogado a um lado, divirto-me pensando naquilo que os outros evitam pensar: o que terá acontecido em nossa cidade neste belo dia de abril, que começou de maneira normal: as lojas abriram às oito, os cachorros latiam na rua principal, as crianças iam à escola. De repente – eram nove horas – o sino da igreja começou a soar de maneira insistente: em nossa pequena cidade este é o sinal de alarme, geralmente usado para incêndios. Em poucos minutos estávamos todos concentrados frente à igreja e lá estava o delegado – alto, forte, a espingarda na mão.
(Moacyr Scliar, Piquenique. Em: Para Gostar de ler: histórias divertidas, vol. 13)
Com base na passagem “Alguns me olham com um sorriso irônico, outros com ar respeitoso; pouco me importa. Encostado a uma pedra, um talo de capim entre os dentes, e revólver jogado a um lado, divirto-me pensando naquilo que os outros evitam pensar...”,
a) reescreva o trecho, substituindo os pronomes destacados de primeira para terceira pessoa, fazendo os ajustes necessários.
b) justifique a colocação dos pronomes destacados nas duas primeiras ocorrências e explique a regência dos verbos em função do emprego desses pronomes.
Para responder a questão, leia a crônica “A obra-prima”, de Lima Barreto, publicada na revista Careta em 25.09.1915.
Marco Aurélio de Jesus, dono de um grande talento e senhor de um sólido saber, resolveu certa vez escrever uma obra sobre filologia.
Seria, certo, a obra-prima ansiosamente esperada e que daria ao espírito inculto dos brasileiros as noções exatas da língua portuguesa. Trabalhou durante três anos, com esforço e sabiamente. Tinha preparado o seu livro que viria trazer à confusão, à dificuldade de hoje, o saber de amanhã. Era uma obra-prima pelas generalizações e pelos exemplos.
A quem dedicá-la? Como dedicá-la? E o prefácio?
E Marco Aurélio resolve meditar. Ao fim de igual tempo havia resolvido o difícil problema.
A obra seria, segundo o velho hábito, precedida de “duas palavras ao leitor” e levaria, como demonstração de sua submissão intelectual, uma dedicatória.
Mas “duas palavras”, quando seriam centenas as que escreveria? Não. E Marco Aurélio contou as “duas palavras” uma a uma. Eram duzentas e uma e, em um lance único, genial, destacou em relevo, ao alto da página “duzentas e uma palavras ao leitor”.
E a dedicatória? A dedicatória, como todas as dedicatórias, seria a “pálida homenagem” de seu talento ao espírito amigo que lhe ensinara a pensar…
Mas “pálida homenagem”… Professor, autor de um livro de filologia, cair na vulgaridade da expressão comum: “pálida homenagem”? Não. E pensou. E de sua grave meditação, de seu profundo pensamento, saiu a frase límpida, a grande frase que definia a sua ideia da expressão e, num gesto, sulcou o alto da página de oferta com a frase sublime: “lívida homenagem do autor”…
Está aí como um grande gramático faz uma obra-prima. Leiam-na e verão como a coisa é bela.
(Sátiras e outras subversões, 2016.)
O cronista traça um retrato do gramático Marco Aurélio, evidenciando, sobretudo, a sua
ambiguidade.
informalidade.
concisão.
afetação.
meticulosidade.
O tom irônico do cronista – que afirma que a obra de Marco Aurélio “daria ao espírito inculto dos brasileiros as noções exatas da língua portuguesa” ou satiriza a mera troca de “pálida” por “lívida” – reforça uma afetação do professor, que age de modo vaidoso, pedante, presunçoso, artificial.
Leia o poema de Claudio Manuel da Costa para responder à questão
Pastores, que levais ao monte o gado, Vede lá como andais por essa serra, Que para dar contágio a toda a terra Basta ver-se o meu rosto magoado:
Eu ando (vós me vedes) tão pesado, E a Pastora infiel, que me faz guerra, É a mesma que em seu semblante encerra A causa de um martírio tão cansado.
Se a quereis conhecer, vinde comigo, Vereis a formosura, que eu adoro; Mas, não; tanto não sou vosso inimigo:
Deixai, não a vejais, eu vo-lo imploro; Que se seguir quiserdes o que eu sigo, Chorareis, ó Pastores, o que eu choro.
(Domício Proença Filho (org.). Roteiro da poesia brasileira, 2006.)
Claudio Manuel da Costa é um poeta amplamente associado ao Arcadismo. No poema, uma característica dessa escola literária está expressa
na descrição do impasse entre dois mundos igualmente imperfeitos, a tediosa vida dos pastores e as desventuras da vida amorosa.
na utilização da temática pastoril, contrapondo a vida tranquila dos pastores ao sofrimento e à desilusão amorosa do eu lírico.
no retrato da vida pastoril como tediosa em relação aos atributos positivos da vida urbana e à intensidade do sentimento amoroso.
na configuração de um momento de indecisão entre dois mundos inconciliáveis, a tranquilidade do campo e a vida agitada nas cidades.
no elogio à vida bucólica de um eu lírico integrado ao campo, em um cotidiano simples, pleno de pequenas recompensas.
Cláudio Manuel da Costa é um nome significativo da poesia árcade brasileira, e o ambiente pastoril em que o poema se desenvolve é típico desse movimento poético. No texto em questão, os pastores têm uma vida tranquila, mas correm o risco de perderem a tranquilidade de que gozam ao conhecerem a pastora infiel que causa o sofrimento do eu lírico.
Leia os dois textos, escritos no final do século XVIII.
Texto 1
O grande dia, resultado da libertação, começava a me despertar; respirava livremente, quando vi diante de mim uma multidão em tumulto. Não fiquei surpreso... Aproximo-me e... oh! espetáculo de horror! Vejo duas cabeças na ponta de uma lança!...
Aterrorizado, informo-me... “São”, diz-me um açougueiro, “as cabeças de Flesselles e de De Launay...” Ouvindo isso, estremeço! Vejo uma nuvem de males pairar sobre a infeliz capital dos franceses... Mas a informação não estava inteiramente correta: a cabeça de Flesselles, o rosto desfigurado pelo tiro de pistola que há pouco acabara com sua vida, rolava nas águas do Sena. Eram De Launay e seu major que eu via ultrajados!
Prossigo: mil vozes de arauto para a Novidade... [...] Não acreditei e fui ver o cerco de perto... No meio da Grève, encontro um corpo sem a cabeça estendido no meio do riacho, rodeado por cinco ou seis indiferentes. Faço perguntas... É o governador da Bastilha...
Que pensamentos!... Esse homem, outrora impassível diante do desespero dos infelizes enterrados vivos sob sua guarda, por ordem de execráveis ministros, ei-lo!...
(Restif de la Bretonne. As noites revolucionárias, 1989.)
Texto 2
Oh! Aquela alegria me deu náuseas. Sentia-me ao mesmo tempo satisfeito e descontente. E eu disse, tanto melhor e tanto pior. Eu entendia que o povo comum estava tomando a justiça em suas mãos. Aprovo essa justiça [...] mas poderia não ser cruel? Castigos de todos os tipos, arrastamento e esquartejamento, tortura, a roda, o cavalete, a fogueira, verdugos proliferando por toda parte trouxeram tanto prejuízo aos nossos costumes! Nossos senhores [...] colherão o que semearam.
(Graco Babeuf apud Robert Darnton. O beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução, 1990.)
a) Cite o evento histórico a que o texto 1 se refere e a situação sociopolítica e econômica a que esse evento se opôs.
b) Identifique o elemento comum aos dois textos e explique a última frase do texto 2.
a) O texto 1 refere-se ao ataque e à queda da fortaleza prisão da Bastilha no contexto da Revolução Francesa. Simbolicamente o ataque à Bastilha demonstrou a oposição popular ao Regime monárquico absolutista francês e a à sociedade baseada em privilégios estamentais, além da insatisfação generalizada causada pela crise econômica e desigualdade social. O aluno poderia, também, mencionar em sua resposta, alguns exemplos específicos da situação sociopolítica e econômica francesa às vésperas da Revolução, como a distribuição dos impostos que privilegiava os estamentos superiores (clero e nobreza), a repressão política, muitas vezes violenta aos opositores da monarquia (como os presos da Bastilha), o elevado preço do pão, as manifestações públicas de descontentamento, ou outras, desde que de forma objetiva e sucinta como exigiu o comando “cite” das questão.
b) Os dois textos têm em comum o fato de serem documentos históricos na forma de relatos em primeira pessoa e descreverem a violência praticada pelos revolucionários populares contra os representantes da Monarquia Francesa. A frase “Nossos senhores (...) colherão o que semearam.” pode ser explicada como uma justificativa para a violência perpetrada pelos revolucionários, visto que essa seria uma resposta aos abusos, à opressão e à exploração a que estavam submetidos.
Para responder a questão, examine a tirinha do cartunista André Dahmer.
Para produzir o efeito cômico e também crítico da tirinha, o cartunista mobiliza os seguintes recursos expressivos:
eufemismo e pleonasmo.
personificação e hipérbole.
hipérbole e eufemismo.
personificação e antítese.
hipérbole e antítese.
Na tirinha, a “Morte” está sendo personificada, na imagem do esqueleto armado com uma foice. Além disso, no último quadrinho, estabelece-se uma antítese entre vida e morte.
Para responder à questão, leia o trecho inicial de uma crônica de Machado de Assis, publicada originalmente em 17.07.1892.
Um dia desta semana, farto de vendavais, naufrágios, boatos, mentiras, polêmicas, farto de ver como se descompõem os homens, acionistas e diretores, importadores e industriais, farto de mim, de ti, de todos, de um tumulto sem vida, de um silêncio sem quietação, peguei de uma página de anúncios, e disse comigo:
— Eia, passemos em revista as procuras e ofertas, caixeiros desempregados, pianos, magnésias, sabonetes, oficiais de barbeiro, casas para alugar, amas de leite, cobradores, coqueluche, hipotecas, professores, tosses crônicas...
E o meu espírito, estendendo e juntando as mãos e os braços, como fazem os nadadores, que caem do alto, mergulhou por uma coluna abaixo. Quando voltou à tona, trazia entre os dedos esta pérola:
“Uma viúva interessante, distinta, de boa família e independente de meios, deseja encontrar por esposo um homem de meia-idade, sério, instruído, e também com meios de vida, que esteja como ela cansado de viver só; resposta por carta ao escritório desta folha, com as iniciais M.R...., anunciando, a fim de ser procurada essa carta.”
Gentil viúva, eu não sou o homem que procuras, mas desejava ver-te, ou, quando menos, possuir o teu retrato, porque tu não és qualquer pessoa, tu vales alguma coisa mais que o comum das mulheres. Ai de quem está só! dizem as sagradas letras, mas não foi a religião que te inspirou esse anúncio. Nem motivo teológico, nem metafísico. Positivo também não, porque o positivismo é infenso às segundas núpcias. Que foi então, senão a triste, longa e aborrecida experiência? Não queres amar; estás cansada de viver só.
E a cláusula de ser o esposo outro aborrecido, farto de solidão, mostra que tu não queres enganar, nem sacrificar ninguém. Ficam desde já excluídos os sonhadores, os que amem o mistério e procurem justamente esta ocasião de comprar um bilhete na loteria da vida. Que não pedes um diálogo de amor, é claro, desde que impões a cláusula da meia-idade, zona em que as paixões arrefecem, onde as flores vão perdendo a cor purpúrea e o viço eterno. Não há de ser um náufrago, à espera de uma tábua de salvação, pois que exiges que também possua. E há de ser instruído, para encher com as coisas do espírito as longas noites do coração, e contar (sem as mãos presas) a tomada de Constantinopla.
Viúva dos meus pecados, quem és tu que sabes tanto? O teu anúncio lembra a carta de certo capitão da guarda de Nero. Rico, interessante, aborrecido, como tu, escreveu um dia ao grave Sêneca, perguntando-lhe como se havia de curar do tédio que sentia, e explicava-se por figura: “Não é a tempestade que me aflige, é o enjoo do mar”. Viúva minha, o que tu queres realmente, não é um marido, é um remédio contra o enjoo. Vês que a travessia ainda é longa — porque a tua idade está entre trinta e dois e trinta e oito anos —, o mar é agitado, o navio joga muito; precisas de um preparado para matar esse mal cruel e indefinível. Não te contentas com o remédio de Sêneca, que era justamente a solidão, “a vida retirada, em que a alma acha todo o seu sossego”. Tu já provaste esse preparado; não te fez nada. Tentas outro; mas queres menos um companheiro que uma companhia.
(Machado de Assis. Crônicas escolhidas, 2013.)
Para o cronista, a viúva
ainda não se mostra preparada para um novo relacionamento amoroso.
revela, sobretudo, receio de se mostrar uma mulher vulnerável.
revela, sobretudo, receio de passar o restante da vida sozinha.
procura um novo companheiro que a faça perder o medo de amar.
ainda não encontrou, ao longo da vida, um amor verdadeiro.
Segundo o enunciador da crônica, a viúva estava “cansada de viver só”. Além disso, ela já provara suficientemente do remédio preconizado por Sêneca: a solidão. Por fim, a frase final do excerto corrobora a ideia de que a viúva tinha receio de passar o resto da vida sozinha: “queres menos um companheiro que uma companhia”.
A editora fez também um estudo sobre o lançamento do livro em duas versões: capa dura e capa de papelão. A pesquisa mostrou que, se a versão capa dura for vendida por x reais e a versão capa de papelão por y reais, serão vendidos, no total, 130x + 70y – (x2 + y2) exemplares das duas versões. Por uma questão de estratégia, o gerente de vendas decidiu que a versão capa dura deve custar o dobro da versão capa de papelão.
a) Qual deve ser o preço de venda de cada versão, de modo que a quantidade de livros vendida seja a maior possível?
b) Nas condições do item a), quantos exemplares a editora estima vender no total?
a) Do enunciado, devemos ter x = 2y.
Assim, o número N de exemplares, em função de y, será:
N(y) = 130 ⋅ (2y) + 70y – [(2y)2 + y2] → N(y) = –5y2 + 330y
Para que N seja máximo, devemos ter:
y = = 33 e x = 2 ⋅ 33 = 66
Logo, o preço da versão de capa dura deve ser R$66,00 e o de capa de papelão, R$33,00.
b) O número de unidades será:
N(33) = –5 ⋅ 332 + 330 ⋅ 33 = 5445
ou seja, 5445 exemplares.
Analise a imagem de raízes do tipo pneumatóforos encontradas em plantas do gênero Avicennia sp.
a) Cite a característica do solo que selecionou a sobrevivência de plantas com esse tipo de raiz. Qual a vantagem desse tipo de raiz para as plantas do gênero Avicennia sp?
b) As raízes do tipo pneumatóforos das plantas do gênero Avicennia sp não conseguem fixar o gás nitrogênio do ar como as raízes das leguminosas o fazem. Por que as raízes do tipo pneumatóforos não fixam o gás nitrogênio? Como deve estar a concentração de sais no vacúolo das células radiculares para que a planta Avicennia sp possa absorver água do ambiente em que vive?
a) O solo é lodoso, encharcado, com pouco oxigênio dissolvido. A vantagem desse tipo de raiz é que podem obter o gás oxigênio diretamente do ambiente aéreo.
b) As raízes do tipo pneumatóforos não possuem bactérias fixadoras de nitrogênio associadas, impossibilitando a fixação desse elemento. A concentração de sais nos vacúolos das células radiculares deve ser maior que a concentração no meio externo, ou seja, o meio interno da célula deve ser hipertônico em relação ao meio externo.
Um determinado produto deve ser distribuído a partir de 3 fábricas para 4 lojas consumidoras. Seja C = (cij)3x4 a matriz do custo unitário de transporte da fábrica i para a loja j, com cij = (2i – 3j)2. Seja B = (bij)3x4 a matriz que representa a quantidade de produtos transportados da fábrica i para a loja j, em milhares de unidades, com bij = i + j.
a) Determine as matrizes C = (cij)3x4 e Bt, sendo que Bt é a transposta da matriz B = (bij)3x4.
b) Sendo D = e E = [1 0 0]1x3, determine as matrizes x = (xij)3x1 e Y = (yij)1x3 tais que X = B·D e Y = E·(C·Bt). Em seguida, determine o significado econômico de xij e de yij.
a) cij = (2i – 3j)2
bij = i + j
Resposta:
b) X = B ⋅ D =
Y = E ⋅ (C ⋅ Bt) = (E ⋅ C) ⋅ Bt = [1 0 0] ⋅
Y = [1 16 49 100] ⋅ Bt
Y = [1 16 49 100] ⋅ = [746 912 1078]
Resposta: X = e Y = [746 912 1078]
xij é a quantidade total de produtos transportados da fábrica i para as lojas.
yij é o custo total com os transportes da fábrica j para as lojas.
Leia o seguinte texto.
Se alguma dúvida paira ainda, depois dos últimos acontecimentos, sobre o caráter e a natureza do Mercosul, a Copa Libertadores da América está aí para ajudar a dissipá-la. Mercosul e Copa Libertadores são duas instituições da América Latina. Atuam em ambientes diversos, cada qual com os próprios personagens e os próprios instrumentos, mas se unem na essência. Uma espelha e explica a outra.
Os locutores chamam de "espírito da Libertadores" o conjunto de eventos que caracterizam o torneio. Eles dividem os times entre os que têm e os que não têm "espírito da Libertadores". Classificam as partidas mais tomadas pelo afã sanguinário dos contendores como "típicas da Libertadores". E se animam com isso. Os jogadores se estraçalham em campo, a plateia ulula, e os locutores entoam: “É o es-pí-ri-to da Li-ber-tado-res!!!". O Mercosul é uma instituição de livre-comércio que permite a seus membros impedir o livrecomércio entre si por meio de medidas protecionistas. Quando as medidas protecionistas não bastam, inventam-se papéis necessários à circulação das mercadorias e bloqueia-se a passagem dos caminhões nas fronteiras. "É o es-pí-ri-to do Mer-co-sul!!!", comemoraria o locutor, se locutor houvesse como há no futebol.
Roberto P. de Toledo, Veja, 11/07/2012.
a) Qual o principal argumento utilizado pelo autor para afirmar, comparando a natureza do Mercosul com a da Copa Libertadores: “Uma espelha e explica a outra”?
b) Qual é o efeito de sentido produzido pelos hífens e exclamações usados nas frases “É o es-pí-ri-to da Li-ber-ta-do-res!!!" e "É o es-pí-ri-to do Mer-co-sul”?
a) O principal argumento é uma analogia. Segundo o articulista, tanto a Copa Libertadores da América quanto o Mercosul apresentam a contradição como traço comum. A Copa Libertadores é um torneio de futebol cuja essência seria o “afã sanguinário” entre “contendores” que “se estraçalham em campo”, e não o espírito esportivo. O Mercosul é um tratado de livre comércio cuja essência seria a contradição entre o propósito de livre comércio, por um lado, e a tomada de medidas protecionistas e a criação de barreiras à circulação de mercadorias, por outro.
b) Efeito de oralidade e de ênfase, que tenta mimetizar a fala dos locutores esportivos. As exclamações e hifens sugerem a prosódia típica desses locutores: os três pontos de exclamação ao fi nal de cada frase assinalam a exaltação com que são pronunciadas; os hifens indicam a tendência a separar algumas sílabas e a alongar a pronúncia das frases.
Leia o trecho e responda à questão:
Artistas não fazem arte apenas. Artistas criam e preservam mitos que tornam suas obras influentes. Enquanto os pintores do século XIX enfrentavam questões de credibilidade, Marcel Duchamp, o avô da arte contemporânea, fez da crença sua preocupação artística central. Em 1917, ele declarou que um mictório suspenso era uma obra de arte intitulada Fonte. Ao fazer isso, atribuiu aos artistas em geral um poder quase divino de designar qualquer coisa que quisessem como arte. Não é fácil defender esse tipo de autoridade, mas é essencial para um artista que deseja obter sucesso. Numa esfera na qual tudo pode ser arte, não existe nenhuma medida objetiva de qualidade, de modo que o artista ambicioso deve estabelecer seus próprios padrões de excelência. A construção de padrões exige não apenas uma imensa autoconfiança, mas também a convicção dos outros. Como deidades competitivas, os artistas precisam hoje agir de modo a conquistar um séquito fiel. Ironicamente, ser artista é um ofício.
Sarah Thornton. O que é um artista? Trad. Alexandre Barbosa de Souza. 2015. Adaptado.
a) Considerando o sentido de “arte” e de “artista” no texto, explique por que, ironicamente, ser artista é um ofício.
b) “A construção de padrões exige não apenas uma imensa autoconfiança, mas também a convicção dos outros”. Identifique os elementos coesivos do período transcrito e explique que ideia transmitem no texto.
a) O texto afirma que os artistas são mais do que meros produtores de objetos artísticos. Eles “preservam mitos que tornam suas obras influentes”, como se fosse deles o “poder quase divino de designar qualquer coisa que quisessem como arte”. Uma vez que cada artista “deve estabelecer seus próprios padrões de excelência”, o desafio é convencer os outros da validade desses padrões. Para isso, “os artistas precisam hoje agir de modo a conquistar um séquito fiel”. Desse modo, o próprio ato de ser artista é um trabalho, é uma profissão, é um ofício, o que se distancia do que se entende, habitualmente, por fazer arte.
Obs.: Faça-se a ressalva de que o advérbio “ironicamente” está usado em sentido não especializado, para designar algo que é surpreendente, incomum, curioso.
b) O par correlativo “não apenas” e “mas também” tem valor aditivo, pois sua função é somar duas ideias, mostrando, no caso, que a construção de padrões estéticos pressupõe “uma imensa autoconfiança” do artista e “a convicção dos outros” em relação a esses padrões.
Obs.: Faça-se a ressalva de que toda combinação de palavras, num texto, funciona como elemento coesivo. A Banca, nesse item, parece estar fazendo referência à coesão por conectivos.
Considere o sistema
a) Para p = q =1, resolva o sistema.
b) Determine os valores de p, q para que o sistema tenha infinitas soluções.
a) Temos:
Da 1ª equação, temos que x + y = 1. Substituindo na 3ª, chegamos a:
Reescrevendo o sistema, temos:
Da segunda equação, temos e, substituindo em uma das demais (que são equivalentes), concluímos que .
Dessa forma, a solução do sistema é .
b) Da 3ª equação, temos z = 3 – x – y. Substituindo na 2ª, chegamos a:
Da 1ª equação desse último sistema, temos x = q – py. Substituindo na 2ª, obtemos:
Se o fator (1 – 3p) for não nulo, a equação terá uma única solução. Dessa forma, devemos ter:
Reescrevendo a equação, chegamos a:
Para qualquer valor de y, o primeiro termo da igualdade é nulo. Se o segundo termo não for, também, nulo, essa equação não admitirá soluções. Assim, concluímos que:
Leia o início do conto “Troca de datas”, de Machado de Assis, para responder à questão.
I
— Deixa-te de partes, Eusébio; vamos embora; isto não é bonito. Cirila...
— Já lhe disse o que tenho de dizer, tio João, respondeu Eusébio. Não estou disposto a tornar à vida de outro tempo. Deixem-me cá no meu canto. Cirila que fique...
— Mas, enfim, ela não te fez nada.
— Nem eu digo isso. Não me fez coisa nenhuma; mas... para que repeti-lo? Não posso aturá-la.
— Virgem Santíssima! Uma moça tão sossegada! Você não pode aturar uma moça, que é até boa demais?
— Pois, sim; eu é que sou mau; mas deixem-me.
Dizendo isto, Eusébio caminhou para a janela, e ficou olhando para fora. Dentro, o tio João, sentado, fazia circular o chapéu de Chile no joelho, fitando o chão com um ar aborrecido e irritado. Tinha vindo na véspera, e parece que com a certeza de voltar à fazenda levando o prófugo Eusébio. Nada tentou durante a noite, nem antes do almoço. Almoçaram; preparou-se para dar uma volta na cidade, e, antes de sair, meteu ombros ao negócio. Vã tentativa! Eusébio disse que não, e repetiu que não, à tarde, e no dia seguinte. O tio João chegou a ameaçá-lo com a presença de Cirila; mas a ameaça não surtiu melhor efeito, porque Eusébio declarou positivamente que, se tal sucedesse, então é que ele faria coisa pior. Não disse o que era, nem era fácil achar coisa pior do que o abandono da mulher, a não ser o suicídio ou o assassinato; mas vamos ver que nenhuma destas hipóteses era sequer imaginável. Não obstante, o tio João teve medo do pior, pela energia do sobrinho, e resignou-se a tornar à fazenda sem ele.
De noite, falaram mansamente da fazenda e de outros negócios de Piraí; falaram também da guerra, e da batalha de Curuzu, em que Eusébio entrara, e donde saíra sem ferimento, adoecendo dias depois. De manhã, despediram-se; Eusébio deu muitas lembranças para a mulher, mandou-lhe mesmo alguns presentes, trazidos de propósito de Buenos Aires, e não se falou mais na volta.
— Agora, até quando?
— Não sei; pretendo embarcar daqui a um mês ou três semanas, e depois, não sei; só quando a guerra acabar.
II
Há uma porção de coisas que estão patentes ou se deduzem do capítulo anterior. Eusébio abandonou a mulher, foi para a guerra do Paraguai, veio ao Rio de Janeiro, nos fins de 1866, doente, com licença. Volta para a campanha. Não odeia a mulher, tanto que lhe manda lembranças e presentes. O que se não pode deduzir tão claramente é que Eusébio é capitão de voluntários; é capitão, tendo ido tenente; portanto, subiu de posto, e, na conversa com o tio, prometeu voltar coronel.
(Contos: uma antologia, 1998.)
Depreende-se do trecho a seguinte característica de Eusébio:
dissimulação.
abnegação.
hesitação.
determinação.
resignação.
Eusébio, personagem principal do conto “Troca de datas” de Machado de Assis, ofereceu-se como voluntário para lutar na Guerra do Paraguai e, para isso, abandonou a mulher em uma fazenda no interior. Aceito como tenente, tornou-se capitão. Participou da batalha de Curuzu sem sofrer um ferimento e, tendo adoecido dias depois, voltou ao Rio de Janeiro, de licença médica. Eusébio não aceita o apelo do tio, que o visita enquanto está no Rio, para que abandone tudo e volte com ele para a fazenda e para a esposa. Manda presentes que comprou em Buenos Aires para a esposa e promete ao tio que voltará para casa, depois do final da guerra, como coronel. A determinação em seguir seus objetivos é uma característica evidente nas atitudes do personagem.
Para responder à questão, leia o trecho do conto “A menina, as aves e o sangue”, do escritor moçambicano Mia Couto (1955- ).
Aconteceu, certa vez, uma menina a quem o coração batia só de quando em enquantos. A mãe sabia que o sangue estava parado pelo roxo dos lábios, palidez nas unhas. Se o coração estancava por demasia de tempo a menina começava a esfriar e se cansava muito. A mãe, então, se afligia: roía o dedo e deixava a unha intacta. Até que o peito da filha voltava a dar sinal:
— Mãe, venha ouvir: está a bater!
A mãe acorria, debruçando a orelha sobre o peito estreito que soletrava pulsação. E pareciam, as duas, presenciando pingo de água em pleno deserto. Depois, o sangue dela voltava a calar, resina empurrando a arrastosa vida.
Até que, certa noite, a mulher ganhou para o susto. Foi quando ela escutou os pássaros. Sentou na cama: não eram só piares, chilreinações. Eram rumores de asas, brancos drapejos de plumas. A mãe se ergueu, pé descalço pelo corredor. Foi ao quarto da menina e joelhou-se junto ao leito. Sentiu a transpiração, reconheceu o seu próprio cheiro. Quando lhe ia tocar na fronte a menina despertou:
— Mãe, que bom, me acordou! Eu estava sonhar pássaros.
A mãe sortiu-se de medo, aconchegou o lençol como se protegesse a filha de uma maldição. Ao tocar no lençol uma pena se desprendeu e subiu, levinha, volteando pelo ar. A menina suspirou e a pluma, algodão em asa, de novo se ergueu, rodopiando por alturas do tecto. A mãe tentou apanhar a errante plumagem. Em vão, a pena saiu voando pela janela. A senhora ficou espreitando a noite, na ilusão de escutar a voz de um pássaro. Depois, retirou-se, adentrando-se na solidão do seu quarto. Dos pássaros selou-se o segredo, só entre as duas.[...]
Com o tempo, porém, cada vez menos o coração se fazia frequente. Quase deixou de dar sinais à vida. Até que essa imobilidade se prolongou por consecutivas demoras. A menina falecera? Não se vislumbravam sinais dessa derradeiragem. Pois ela seguia praticando vivências, brincando, sempre cansadinha, resfriorenta. Uma só diferença se contava. Já à noite a mãe não escutava os piares.
— Agora não sonha, filha?
— Ai mãe, está tão escuro no meu sonho!
Só então a mãe arrepiou decisão e foi à cidade:
— Doutor, lhe respeito a permissão: queria saber a saúde de minha única. É seu peito... nunca mais deu sinal.
O médico corrigiu os óculos como se entendesse rectificar a própria visão. Clareou a voz, para melhor se autorizar. E disse:
— Senhora, vou dizer: a sua menina já morreu.
— Morta, a minha menina? Mas, assim...?
— Esta é a sua maneira de estar morta.
A senhora escutou, mãos juntas, na educação do colo. Anuindo com o queixo, ia esbugolhando o médico. Todo seu corpo dizia sim, mas ela, dentro do seu centro, duvidava. Pode-se morrer assim com tanta leveza, que nem se nota a retirada da vida? E o médico, lhe amparando, já na porta:
— Não se entristonhe, a morte é o fim sem finalidade.
A mãe regressou à casa e encontrou a filha entoando danças, cantarolando canções que nem existem. Se chegou a ela, tocou-lhe como se a miúda inexistisse. A sua pele não desprendia calor.
— Então, minha querida não escutou nada?
Ela negou. A mãe percorreu o quarto, vasculhou recantos. Buscava uma pena, o sinal de um pássaro. Mas nada não encontrou. E assim, ficou sendo, então e adiante.
Cada vez mais fria, a moça brinca, se aquece na torreira do sol. Quando acorda, manhã alta, encontra flores que a mãe depositou ao pé da cama. Ao fim da tarde, as duas, mãe e filha, passeiam pela praça e os velhos descobrem a cabeça em sinal de respeito.
E o caso se vai seguindo, estória sem história. Uma única, silenciosa, sombra se instalou: de noite, a mãe deixou de dormir. Horas a fio a sua cabeça anda em serviço de escutar, a ver se regressam as vozearias das aves.
(Mia Couto. A menina sem palavra, 2013.)
“E pareciam, as duas, presenciando pingo de água em pleno deserto.” (3º parágrafo)
No contexto do conto, “pingo de água” e “pleno deserto” referem-se, metaforicamente,
à pulsação da filha e ao peito da filha, respectivamente.
à filha e à mãe, respectivamente.
ao peito da filha e à pulsação da filha, respectivamente.
à orelha da mãe e ao peito da filha, respectivamente.
à mãe e à filha, respectivamente.
No fragmento do conto, mãe e filha vivem a expectativa da ocorrência da pulsação na menina, cujo coração “batia só de quando em enquantos”. No trecho indicado no enunciado, a expressão “pleno deserto” alude ao peito da menina, enquanto “pingo d’água” remete à pulsação de ocorrência rara.
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