Selecione as melhores questões em nosso banco de atividades
1
Pesquise diretamente pela barra de busca abaixo ou filtre as questões escolhendo segmento, disciplina, assunto, tipo de avaliação, ano e/ou competência.
2
Clique no botão [+] abaixo da questão que deseja adicionar a sua prova, ou arraste a questão para o organizador de prova.
3
Use a aba do organizador para excluir ou adicionar as questões de nosso banco para a sua prova.
4
Quando estiver satisfeito com montagem realizada, clique em “Prévia da prova” para visualizar sua prova completa.
5
Se quiser retornar para editar algo clique em “Editar prova”. Caso esteja satisfeito, insira seu nome e e-mail nos campos e clique em “ Finalizar”.
6
Basta acessar os links da prova e gabarito que serão exibidos!
Resolva os três itens abaixo.
a) O primeiro termo de uma progressão geométrica de razão positiva é 5, e o terceiro termo é 45. Calcule a soma dos 6 primeiros termos dessa progressão.
b) Calcule a soma dos números inteiros positivos menores do que 112 e não divisíveis por 4.
c) A soma dos n primeiros termos de uma progressão aritmética é n(2n + 1), qualquer que seja n ≥ 1. Encontre o vigésimo termo dessa progressão.
a) Sendo q, q>0 a razão da PG, tem-se: Assim, a soma dos 6 primeiros termos (S6) dessa PG é dada por Resposta: 1820
b) Note-se inicialmente que os números inteiros positivos menores do que 112 que são múltiplos de 4 formam a PA de razão 4 (4, 8, ..., 108) Sendo n o número de termos dessa PA, tem-se A soma S dos termos dessa PA é A soma pedida T é dada pela diferença entre a soma dos números inteiros positivos menores que 112 e S, nesta ordem. Desse modo
Resposta: 4704
c) Sendo Sn = n(2n + 1), o vigésimo termo (a20) é dado por:
Resposta: 79
Considere a sequência de funções definida recursivamente por para n ≥ 1. O valor de f4(1) é
Do enunciado vem:
O valor de 32024 + 32024 + 32024 é:
92024
272024
36072
32025
96072
Deve-se ter:
Texto 1
Criada pela Controladoria-Geral da União (CGU), a Campanha “Pequenas Corrupções – Diga Não” tem como objetivo principal conscientizar os cidadãos para a necessidade de combater atitudes antiéticas – ou até mesmo ilegais –, que costumam ser culturalmente aceitas e ter a gravidade ignorada ou minimizada.
As peças publicitárias buscam chamar a atenção e promover a reflexão sobre práticas comuns no dia a dia dos brasileiros, como falsificar carteirinha de estudante; roubar TV a cabo; comprar produtos piratas; furar fila; tentar subornar o guarda de trânsito para evitar multas; entre outras.
As imagens da campanha foram inicialmente divulgadas nas redes sociais da CGU, em junho de 2013. Numa segunda etapa, em fevereiro de 2014, a campanha alcançou 10 milhões de usuários no Facebook.
(“Diga Não: Campanha Pequenas Corrupções”. www.cgu.gov.br, sem data. Adaptado)
Texto 2
Quando dizem que a corrupção é sistêmica, não estão se referindo somente à corrupção generalizada no governo, mas sim em toda a sociedade. São milhares os exemplos de pequenas corrupções com que a sociedade brasileira se defronta. Estima-se, por exemplo, que a corrupção pública seja responsável por desviar R$ 80 bilhões do seu verdadeiro propósito. Por outro lado, a sonegação de tributos, que não é do trabalhador assalariado, compromete cerca de R$ 400 bilhões a R$ 500 bilhões por ano, o que representa aproximadamente 10% do PIB brasileiro.
A corrupção não é somente obter proveitos indébitos, que envolvem suborno ou pagamentos ilícitos. Na sua forma mais ampla, a corrupção é a degradação de um bem ou de um costume social, ou seja, utilizá-los de forma inferior àquela para a qual foram idealizados. Indistintamente, as pequenas corrupções são consideradas normais e legítimas por parte significativa da sociedade brasileira. E, por serem culturalmente aceitas por uma parcela, não haveria motivos para serem condenadas ou combatidas. Se o objetivo de um país é evoluir culturalmente, economicamente e socialmente, todo e qualquer tipo de corrupção deve ser combatido, independentemente de sua origem ou grandeza.
(“A grande corrupção e as pequenas corrupções”. Rodolfo Coelho Prates. www.gazetadopovo.com.br, 30.03.2015. Adaptado)
Texto 3
O combate à corrupção tem aparecido como uma das principais bandeiras nesta novíssima história da República que brasileiros começam a escrever. Se, por um lado, o pedido por honestidade toma as ruas desde a pressão pela aprovação da Lei da Ficha Limpa, em 2010, e, mais intensamente, a partir dos protestos de junho de 2013, por outro, cidadãos ainda encontram dificuldade de vencer seus próprios vícios. É raro encontrar alguém que nunca tenha cometido pequenas corrupções no cotidiano. Esses comportamentos não deslegitimam o grito contra a corrupção e estão longe de ser a origem dos roubos aos cofres do governo, mas também atropelam o interesse público e mostram que o problema vai muito além dos três poderes.
“A corrupção tem dois significados: algo que se quebra e se degrada. Ela quebra o princípio da confiança, que permite a cada um de nós viver em sociedade. Também degrada o que é público”, explica a professora do Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Heloísa Starling. “A corrupção não se dá só na relação com o Estado, mas também com a sociedade”, afirma o professor de ética e filosofia política da Universidade de São Paulo (USP), Renato Janine Ribeiro.
(“Cidadãos pedem combate à corrupção, mas cedem nas pequenas atitudes do dia a dia”. www.em.com.br, 22.03.2015)
Com base em seus conhecimentos e nos textos apresentados, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
As pequenas corrupções na sociedade brasileira são causa ou consequência das grandes corrupções?
REDAÇÃO Texto 1
Como ter um corpo ideal para ir à praia? 1) Tenha um corpo. 2) Vá para a praia. A frase, que ficou conhecida nas redes sociais ao satirizar antigos conselhos disseminados em revistas femininas, é um dos exemplos de um debate que tem ganhado força em páginas e grupos na internet – e sobretudo em frente ao espelho.
Na contramão da onda fitness, ganham força movimentos em prol da aceitação do próprio corpo. “Pesquisas mostram que 92% das mulheres estão insatisfeitas com o corpo. Nós que estamos erradas ou é o mundo que ensinou assim?”, questiona Mariana Cyrne, 30, embaixadora do BIM (Movimento da Imagem Corporal, na sigla em inglês) no Brasil.
Para Joana Novaes, coordenadora do núcleo de doenças da beleza da PUC-Rio e autora do livro Com que corpo eu vou?, movimentos surgem como resistência diante de uma sociedade lipofóbica (com aversão à gordura). “É cada vez mais difícil achar alguém plenamente satisfeito com o próprio corpo”, diz a psicanalista, para quem a sociedade ainda impõe o corpo como instrumento de segregação de classe. “Em momentos históricos em que a comida não era uma facilidade, o corpo gordo era o ideal”, explica.
Ao mesmo tempo em que cresce a discussão, quem ousa quebrar os padrões estéticos também ouve críticas. A principal é a de “apologia à obesidade”. Para quem lida com o tema, porém, não se trata de conformismo – mas, sim, de ter mais foco em saúde do que na estética (em alguns casos, um escudo próprio contra o preconceito). “Não é comer x-bacon como se não houvesse amanhã. Não é um movimento de negligência ou autoabandono. É buscar a saúde de uma maneira que seja compatível com a sua vida, e isso envolve alimentação equilibrada e atividades físicas”, diz a nutricionista comportamental Paola Altheia, autora do site Não Sou Exposição, no qual questiona dietas da moda e aborda os riscos da busca por padrões.
(Natália Cancian. “Contrários à onda fitness, movimentos pregam o fim do ‘corpo ideal’”. www.folha.uol.com.br, 22.08.2017. Adaptado)
Texto 2
Um estudo divulgado no Congresso Europeu sobre Obesidade, em Portugal, pretende quebrar o mito do “gordo saudável”. A pesquisa da Universidade de Birmingham identificou que mesmo os obesos que não apresentavam sinais de risco à saúde – como pressão alta, diabetes e colesterol –, ou seja, eram “metabolicamente saudáveis”, não estavam livres de problemas de saúde no fim da vida e eram mais suscetíveis a ter problemas cardíacos e acidentes vasculares cerebrais.
Os pesquisadores analisaram 3,5 milhões de pessoas, entre 1995 e 2015, antes de concluir que a afirmação da existência de “obesos em forma” é um mito. De acordo com o estudo, o peso extra é sim um problema. Entre as pessoas analisadas, 61 mil desenvolveram doença coronariana. Segundo a pesquisa, os obesos que pareciam saudáveis tinham risco 50% maior de desenvolver doença cardíaca do que as pessoas com peso normal. Além disso, os pacientes que estavam acima do peso tinham um risco 7% maior de ter doenças vasculares cerebrais e o dobro de risco de ter insuficiência cardíaca. “A prioridade dos profissionais de saúde deve ser promover e facilitar a perda de peso entre pessoas obesas, independentemente da presença ou ausência de anormalidades metabólicas”, afirmou o pesquisador que conduziu o estudo, Rishi Caleyachetty.
No Brasil, o índice de obesos cresceu 60% em dez anos, segundo dados da pesquisa Vigitel, divulgados pelo Ministério da Saúde em abril de 2017. Em 2006, essas pessoas representavam 11,8% da população das capitais do país, agora já correspondem a um índice de 18,9%. Além disso, mais da metade da população está com peso acima do recomendado.
(Pablo Jacob. “‘Obeso saudável é um mito’, diz estudo”. www.oglobo.globo.com, 17.06.2017. Adaptado)
Texto 3
Sou nutricionista e lido diariamente com pessoas que têm os mais diversos tipos de problemas com a alimentação e com a vivência do próprio corpo. Alimentação não é só o que a gente põe na boca. Existem questões familiares, sociais, culturais, psicológicas, cognitivas e emocionais envolvidas. E quando a pessoa não pode ou não consegue se alimentar normalmente, a solução para isso não são ideias de senso comum, como “fechar a boca” ou se tratar com dureza e exigência.
Eu concordo que “belo é ter saúde”, mas ter saúde não é sinônimo obrigatório de ser magro. Existem pessoas magras que são 100% sedentárias, fumam, bebem, se enchem de salgadinhos. Existem pessoas magras que investem tanto na ideia de ser saudável que ficam doentes. Quando uma pessoa é magra, isso significa que ela é… magra. Nada além disso. Para verdadeiramente constatar se uma pessoa é saudável, precisamos fazer uma avaliação completa e investigar seus hábitos de vida.
(Paola Altheia. “Eu preciso de vergonha na cara”. www.naosouexposicao.com.br, 21.08.2017. Adaptado)
Com base em seus conhecimentos e nos textos apresentados, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A aceitação própria da obesidade incentiva hábitos não saudáveis?
Leia os textos.
Texto I
Num mundo completamente submetido às andanças da Economia, nós, os leigos desta ciência, temos muita dificuldade em nos mantermos a par de seus processos e nomenclatura. Mas, pior, sentimos que somos subjugados pela sua dinâmica e ficamos inferiorizados, suplantados e arrastados pela força de quem os domina. Não acham que já é altura de a escola assumir este conhecimento e fornecer instrumentos para que esta inferioridade não se perpetue? Afinal, e sob o ponto de vista da própria Economia, cada um de nós é um elemento de produção, logo um elemento da cadeia econômica mundial.
Mara Luquet, jornalista e escritora brasileira da área econômica, foi sensível a esta questão e, se assim o pensou, melhor o fez: criou a Bicholândia, recheada de habitantes com um bom punhado de profissões e diferentes contribuições para a dinâmica econômica da comunidade. Há a Formiga Emília, empresária; a Cigarra Nara, cantora; a Joaninha Aninha, assalariada; o Tatu Artur, banqueiro, entre outros, como a Galinha Binha, industrial:
Texto II
Fazer com que os filhos pequenos aprendam noções básicas de economia, poupança, investimentos, gastos e orçamento não está nos planos de muitas famílias – mas deveria estar. Não faltam psicólogos, professores, orientadores pedagógicos, consultores financeiros e economistas que afirmem que a educação financeira deve começar bem cedo, ainda na infância. E as atitudes que podem ser tomadas pelos pais vão muito além de conceder uma mesada ao fim do mês, hábito que exige mais controle do que se possa imaginar. Parece complicado? Embora dê trabalho, o processo de educação financeira é importantíssimo para evitar, por exemplo, futuros problemas de endividamento.
(www.bebe.bolsademulher.com./planejamento/finanças-para-crianças. Acessado em 11.10.2012)
Texto III
Cerca de um quarto dos projetos de lei na área da educação que tramitam no Congresso atualmente propõe a criação de novas disciplinas ou mudanças no conteúdo do currículo escolar. Um desses projetos visa criar a disciplina de educação financeira para os currículos de 6.º a 9.º anos do ensino fundamental e do ensino médio.
De acordo com Dermeval Saviani, professor da Unicamp, as medidas que criam disciplinas e conteúdos pelos parlamentares são “exóticas”, e não poderiam ser definidas nesse nível. “É no âmbito das escolas que as normas gerais fixadas pelo Congresso Nacional, pelas Assembleias e pelos Conselhos devem ser traduzidas na sua composição curricular”, explica. Para ele, essas leis aparecem como distorções, porque vão na contramão da educação na forma de um sistema articulado.
(www.observatoriodaeducacao.org.br. Acessado em 11.10.2012. Adaptado)
Texto IV
O vazio deixado pela falência da educação humanista – a que buscava formar a excelência dos talentos e habilidades, o “homem integral” – vem a ser preenchido pelos valores da mídia e do mercado, agente subordinador de todas as esferas da vida ao fator econômico, que visa adaptar o indivíduo aos valores empresariais do lucro, da competição e do sucesso. Na perspectiva humanista, as disciplinas são formadoras, mas na cultura da mídia e do mercado, elas têm de ser performáticas, isto é, instrumentalizadas, já que estão a serviço de fatores alheios ao verdadeiro sentido de educar e preparar alguém para a vida. Diante disso, torna-se necessário transportar para o século XXI a arte de formar “homens obras de arte, éticos e criadores”, repensando a chamada Paideia, que era a base da educação de crianças e jovens na Antiguidade. Trata-se de reconquistar para os dias atuais as lições de uma educação ética e criadora, lições que não conhecem diferença alguma entre o antigo e o moderno, uma vez que a dignidade de nascer, viver e morrer não conhecem variações e muito menos modismos de ocasião.
(Adaptado das obras de Olgária Matos e Viktor Sallis)
Com base na coletânea de textos, elabore uma dissertação, na norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Cabe à escola e à família preparar crianças e adolescentes para lidar com as finanças?
Análise da proposta
O vestibular da FGV-Economia seguiu o formato de anos anteriores: um tema explícito, sobre o qual o candidato deveria escrever uma dissertação. Como suporte para o tema, a Banca trouxe uma coletânea com pequenos trechos, pertinente ao assunto. Este ano, o tema foi “Cabe à escola e à família preparar crianças e adolescentes para lidar com as finanças?”.
Os dois primeiros excertos defendem uma educação para as finanças. O texto I, retirado de um blog, sustenta que a escola deve fornecer instrumentos para o domínio do conhecimento econômico, pois hoje estaríamos submetidos a ele, além de cada um de nós ser, segundo o ponto de vista sustentado, elemento da cadeia econômica mundial. Ele é acompanhado por uma ilustração, extraída de uma obra de caráter didático, que transmite conhecimentos da área em forma de fábula. O texto II, retirado de um site voltado para o público feminino, diz que as famílias, como sustentam especialistas, deveriam educar para as finanças, inclusive para evitar futuros problemas, como endividamentos. O texto III, de um site especializado em educação, trata de um projeto de lei que pretende incluir a disciplina Educação Financeira no currículo escolar, o que é criticado na matéria porque a composição curricular deve se dar no âmbito das escolas.
Já o texto IV, da fi lósofa Olgária Matos e do psicólogo Viktor Sallis, critica a subordinação da educação à economia, pelo fato de que existiria um domínio dos valores do mercado e do lucro em detrimento dos ideais de formação humanista, que visavam à criação de um ser humano integral, de “homens obras de arte, éticos e criadores”.
Encaminhamentos possíveis
O tema, na verdade, envolve duas questões: primeiro, se crianças e adolescentes devem ser preparados para lidar com as finanças; segundo, se isso caberia à família e à escola. A primeira é o cerne da polêmica, pois reflete duas visões de mundo conflitantes, representadas, de um lado, pelos textos I e II e, de outro, pelo texto IV. Assim, os argumentos possíveis seguem, grosso modo, duas linhas de raciocínio, que também poderiam ser combinadas:
• Defesa de uma educação para as finanças — num mundo em que os conhecimentos e valores relacionados à economia são determinantes, o cidadão sem contato com eles está ainda mais submetido a seu domínio, além de ter menos chances de crescimento financeiro e profissional; trata-se, além disso, de uma maneira de tornar as pessoas mais conscientes e responsáveis no que diz respeito a suas finanças pessoais.
Seguindo essa lógica, seria possível dizer que essa formação é de responsabilidade da escola, da família ou de ambas. No caso da escola, pode-se comentar a criação de uma disciplina especial sobre o tema; no da família, a importância do exemplo dos pais, com práticas e orientações importantes para a vida particular futura.
• Crítica a uma educação para as finanças — em vez de se pensar no domínio da economia apenas como algo dado, ao qual devemos nos adaptar, é possível ver nisso um problema. O texto IV segue uma leitura de que os valores instrumentais da economia moderna teriam tomado todo o lugar dos valores humanistas, relacionados à autonomia dos indivíduos, sufocando preocupações éticas, estéticas e relativas à liberdade. O filósofo alemão Jürgen Habermas, por exemplo, vê nesse processo uma colonização, pelo sistema econômico, dos espaços reservados ao diálogo sem imposição pela força (à razão comunicativa, nos seus termos), entre os quais se pode destacar a escola.
Seguindo essa linha de raciocínio, tanto a escola quanto a família até poderiam trabalhar com conhecimentos da economia, mas deveriam fazê-lo criticamente, sem deixar de lado preocupações humanas essenciais e que tenham potencial emancipatório.
EPÍLOGO
Vocês, melhor aprenderem a ver, em vez de apenas Arregalar os olhos, e a agir, em vez de somente falar. Uma coisa dessas quase chegou a governar o mundo! Os povos conseguiram dominá-la, mas ainda É muito cedo para sair cantando vitória: O ventre que gerou a coisa imunda continua fértil!
Bertolt Brecht
Esse texto é o epílogo, muito célebre, da peça teatral A resistível ascensão de Arturo Ui, no qual o dramaturgo se dirige aos espectadores. Escrita nos anos de 1940 e revista durante a década de 1950, a peça tem como referências históricas a ascensão do nazifacismo na Europa e a Segunda Guerra Mundial. Assim, a “coisa” que “quase chegou a governar o mundo”, de que fala o texto, remete ao projeto nazifacista de dominação, do qual são parte inseparável, além da mencionada guerra mundial, também os programas de perseguição e de extermínio de minorias étnico-religiosas, de dissidentes políticos e de minorias sexuais, entre outros grupos. Essa conjugação característica de violência e preconceito, gangsterismo e terror, regressão e barbárie é que o autor designou como “a coisa imunda”.
Com base no estímulo do texto, bem como em outras informações que você considere pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema – “O ventre que gerou a coisa imunda continua fértil!”: essa afirmação ainda é válida em nossos dias?
(...) Não temos, tememos, não ter futuro hoje. E não temos porque estamos atolados num passado que não passa. Nas senzalas por todos os lados. Nos genocídios que nem sequer admitimos de nossos povos de origem. Temos passado de mais. Não de menos. Não somos sem memória, como dizemos. Ela está nas coisas, no mundo, nem é preciso lembrar. Memórias terríveis. Na carne de cada um. Nosso principal deficit é ético. Não é fiscal. Não é nem sequer político.
Num passado que não passa, o presente nasce todos os dias arruinado. Sem presente fecundo, não há bom futuro. E nosso terrível passado não passa. E, quando passaria, retorna. Foi assim com o AI-5. Foi assim em tantos momentos. Tememos que seja novamente. Nosso principal deficit é ético. Não é fiscal. Não é nem sequer político.
Por que retornas? Por que não passas, passado?
Alberto Tassinari, Folha de S.Paulo, 13/12/2018.
O Brasil é extremamente colonial. Existe toda uma estrutura colonial arraigada neste país. A arquitetura é um exemplo disso. Há uma porta da frente e uma porta dos fundos. Isso eu só vi aqui no Brasil. E as portas do fundo e as da frente possuem sujeitos diferentes. E essa arquitetura não foi construída no século 19, mas nos anos 1980, 1990. E aqui há um senhor que abre a porta, um senhor que conduz o carro, uma senhora que limpa... Estes são serviços completamente coloniais. Como é possível ter tantos corpos negros prestando serviços dentro de uma estrutura assim? O branco de hoje não é mais o responsável pela escravidão, mas ele tem a responsabilidade de equilibrar a sociedade em que vive. Ninguém escapa do passado.
Grada Kilomba, A Tarde, 09/01/2017.
Um regaste da trajetória socioeconômica e política do Brasil denota como as características que marcam sua posição de país subdesenvolvido guardam similitudes com o Brasil colonial, isto, mesmo depois do extenso processo de industrialização pelo qual o país passou. Na verdade, a formação do Estado nacional e o pacto de poder que o sustentou exibem estreita relação com as relações de poder precípuas a sua constituição como colônia de exploração, com destaque para aquelas relacionadas ao latifúndio e ao comércio exterior. Dado isto, não é equivocado denominar o processo de desenvolvimento brasileiro como “modernização conservadora”
Águida Cristina Santos Almeida, Brasil colonial X Brasil subdesenvolvido: alguns traços em comum.
Cada um a seu modo, os textos acima reproduzidos veem a História do Brasil como marcada por um passado que não passa, isto é, um passado que as transformações ocorridas no País, ao invés de superar, repõem continuamente.
Com base nas ideias neles contidas, bem como em outras informações que considerar de interesse, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: No Brasil, o passado não passa?
Empunhando Durendal, a cortante, O rei tirou-a da bainha, enxugou-lhe a lâmina Depois cingiu-a em seu sobrinho Rolando E então o papa a benzeu. O rei disse-lhe docemente, rindo: “Cinjo-te com ela, desejando Que Deus te dê coragem e ousadia, Força, vigor e grande bravura E grande vitória sobre os infiéis.” E Rolando diz, o coração em júbilo: “Deus mo conceda, pelo seu digno comando.”
(La Chanson d’Aspremont, século XII. Apud Georges Duby. A Europa na Idade Média, 1988.)
a) Qual é a cerimônia medieval descrita no texto? Identifique dois versos do texto que contenham elementos religiosos.
b) Qual é a relação entre o rei e Rolando, personagens do poema? O que essa relação representa no contexto do feudalismo?
a) A cerimônia descrita é a sagração de um cavaleiro. Entre os versos com elementos religiosos, pode-se destacar:
- "E então o papa a benzeu" - "Que Deus te dê coragem e ousadia" - "E grande vitória sobre os infiéis" - "Deus mo conceda, pelo seu digno comando"
b) Além da relação de parentesco, a cerimônia estabelece entre eles laços de fidelidade e ajuda militar. No contexto do feudalismo, essa relação favorecia a união da cristandade na luta contra aqueles que eram vistos como infiéis e, desta forma, contribuía com a construção de uma identidade entre os cavaleiros medievais.
Examine a tira Hagar, o Horrível do cartunista americano Dik Browne (1917-1989).
O ensinamento ministrado por Hagar a seu filho poderia ser expresso do seguinte modo:
"A fome é a companheira do homem ocioso."
''O estômago que raramente está vazio despreza alimentos vulgares."
"Nada é mais útil ao homem do que uma sábia desconfiança?
''Muitos homens querem uma coisa, mas não suas consequências."
''É impossível para um homem ser enganado por outra pessoa que não seja ele mesmo."
A frase apresentada na alternativa C, "Nada é mais útil ao homem do que uma sábia desconfiança", expressa o mesmo ensinamento ministrado por Hagar a seu filho, uma vez que o menino foi enganado pelo pai justamente por não ter desconfiado da sua intenção implícita de roubar-lhe o bolo.
INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO
1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas. 3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção. 4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada "texto insuficiente". 4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo. 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.
TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I
Às segundas-feiras pela manhã, os usuários de um serviço de música digital recebem uma lista personalizada de músicas que lhes permite descobrir novidades. Assim como os sistemas de outros aplicativos e redes sociais, este cérebro artificial consegue traçar um retrato automatizado do gosto de seus assinantes e constrói uma máquina de sugestões que não costuma falhar. O sistema se baseia em um algoritmo cuja evolução e usos aplicados ao consumo cultural são infinitos. De fato, plataformas de transmissão de vídeo on-line começam a desenhar suas séries de sucesso rastreando o banco de dados gerado por todos os movimentos dos usuários para analisar o que os satisfaz. O algoritmo constrói assim um universo cultural adequado e complacente com o gosto do consumidor, que pode avançar até chegar sempre a lugares reconhecíveis. Dessa forma, a filtragem de informação feita pelas redes sociais ou pelos sistemas de busca pode moldar nossa maneira de pensar. E esse é o problema principal: a ilusão de liberdade de escolha que muitas vezes é gerada pelos algoritmos.
VERDCI. Daniel. O gosto na era do algoritmo. Osponivel em. Mtps.libiasitelpals.corn. Acesso em. 11 Jun. 2018 (adaptado).
TEXTO II
Nos sistemas dos gigantes da intemet, a filtragem de dados é transferida para um exército de moderadores em empresas localizadas do Oriente Médio ao Sul da Ásia, que têm um papel importante no controle daquilo que deve ser eliminado da rede social, a partir de sinalizações dos usuários. Mas a informação é então processada por um algoritmo, que tem a decisão final. Os algoritmos são literais. Em poucas palavras, são uma opinião embrulhada em código. E estamos caminhando para um estágio em que é a máquina que decide qual notícia deve ou não ser lida.
PEPE ESCOBAR. A silenciosa ditadura do algoritmo. Disponível em' Ntoficutraspalavrasnet. Acesso em: 5 Jun. 2017 (adaptado).
TEXTO III
TEXTO IV
Mudanças sutis nas informações às quais somos expostos podem transformar nosso comportamento. As redes têm selecionado as notícias sob títulos chamativos como "trending topics" ou critérios como "relevância". Mas nós praticamente não sabemos como isso tudo é filtrado. Quanto mais informações relevantes tivermos nas pontas dos dedos, melhor equipados estamos para tomar decisões. No entanto, surgem algumas tensões fundamentais: entre a conveniência e a deliberação; entre o que o usuário deseja e o que é melhor para ele; entre a transparência e o lado comercial. Quanto mais os sistemas souberem sobre você em comparação ao que você sabe sobre eles, há mais riscos de suas escolhas se tornarem apenas uma série de reações a "cutucadas" invisíveis. O que está em jogo não é tanto a questão "homem versus máquina", mas sim a disputa "decisão informada versus obediência influenciada".
CHATFIELD. Tom. Como a Internet Influencia secretamente nossas escolhas. Disponível em: wwwbbc.com. Acesso em: 3 Jun. 2017 (adaptado).
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema "Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet", apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
O Enem manteve a tradição de abordar um relevante tema social. Neste ano, a proposta convidava o participante a apresentar seu ponto de vista sobre a “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”.
A princípio, era importante compreender que, inscrita em uma questão mais abrangente, a popularização do uso de sites de notícias e redes sociais, entre outros recursos digitais, a situação-problema mostrava um recorte mais específico: o uso de dados do internauta para controlar seus comportamentos, por meio de algoritmos. Como em propostas anteriores, a coletânea de textos motivadores apresentou textos oficiais para balizar a reflexão, como os dados divulgados pelo IBGE – com os números de usuários quanto ao gênero, faixa etária e finalidade de uso da rede –, além de textos jornalísticos que destacavam a influência dos meios digitais em aspectos relacionados a consumo e acesso a notícias. Entretanto, nesse contexto, evidenciava-se a ilusão de liberdade de escolha muitas vezes gerada pelos algoritmos.
Com base na coletânea, então, fica evidente que o uso de meios digitais na atualidade, de modo a evitar ou, ao menos, diminuir a manipulação causada pela seleção e direcionamento de informações a públicos específicos, torna-se o principal desafio para os internautas. Uma análise da situação-problema poderia abranger causas que dificultam uma seleção mais crítica das informações pelos usuários. O enorme volume de informações e notícias em tempo real pode ser considerado um fator complicador nesse contexto, já que o usuário muitas vezes não tem discernimento para avaliar se as informações são idôneas de fato, ou se há algum tipo de direcionamento, seja para comprar um determinado produto ou votar em um candidato específico nas eleições.
Uma das possíveis implicações a serem apresentadas é a tendência, na sociedade contemporânea, de que cidadãos passem a ser vistos apenas como consumidores, ou eleitores, massa de manobra, sendo valorizados devido aos valiosos dados que disponibilizam, mesmo sem terem consciência, ao aderir a serviços e redes sociais, mesmo os gratuitos.
As propostas de intervenção decorrem das causas exploradas na argumentação. É fundamental explicitar agente social, modo de execução e resultados esperados com a adoção das medidas.
Entre outras intervenções – que deveriam estar devidamente articuladas à problematização desenvolvida na argumentação do texto – seria pertinente propor, para combater, portanto, a manipulação de que os internautas são alvo, a ampliação de medidas que já vêm sendo adotadas por redes sociais, como o envio de lembretes ao usuário sobre suas configurações de privacidade, por exemplo. É importante, também, que o internauta fique atento ao aceitar termos e condições de uso para esses serviços, uma vez que é comum que o indivíduo simplesmente clique em “aceitar” sem ter clareza do que, de fato, está aceitando ao criar um perfil em uma rede social.
Campanhas de esclarecimento, veiculadas nas próprias redes sociais, direcionadas ao público jovem, poderiam alertar sobre os perigos de aceitar como verdadeiras todas as informações veiculadas nos meios digitais, em especial as que viralizam e cujas fontes são desconhecidas. É importante que essas campanhas apresentem estratégias para os usuários, como a checagem de mais de uma fonte, que deve ser confiável, a fim de que os dados sejam confrontados e assim o internauta possa definir seu próprio ponto de vista, evitando ser manipulado. Órgãos governamentais, como o Ministério da Cultura; na sociedade civil, faixas etárias específicas, como os jovens, por exemplo; bem como coletivos e ONGs também poderiam exercer relevante papel na conscientização e mobilização de diversos grupos sociais. Esses são apenas alguns exemplos possíveis, podendo o participante considerar outros agentes sociais, modos de execução e finalidades da medida apresentada.
Lúcia está usando as jarras vazias 1 e 2, ambas de capacidade 800 mL cada, para fazer uma mistura de café com leite. Inicialmente, ela coloca 400 mL de café na jarra 1 e 400 mL de leite na jarra 2. Em seguida, ela transfere a metade do conteúdo da jarra 1 para a jarra 2. Ela mexe com a colher até que a mistura de café e leite fique homogênea e, em seguida, transfere metade desse conteúdo para a jarra 1. Após as ações de Lúcia, é correto afirmar que
o conteúdo de café da jarra 1 supera o da 2, em 100 mL.
as jarras 1 e 2 ficaram com o mesmo conteúdo de café.
40% do conteúdo da jarra 1 é de leite.
60% do conteúdo da jarra 2 é de leite.
do total de café ficou na jarra 1 e , na jarra 2.
Um investidor possui uma carteira com ações de cinco empresas: A, B, C, D e E.
Em determinado dia, o gráfico abaixo apresentou o valor (em reais) das ações de cada empresa, como porcentagem do valor total (em reais) da carteira:
Sabendo que o valor das ações da empresa E é o dobro do valor das ações da empresa D, podemos afirmar que a razão entre o valor das ações de E e o valor das ações de A é:
0,54
0,56
0,58
0,60
0,62
Sendo x o valor, como porcentagem, das ações da empresa D, do gráfico temos: x + 2x + 26 + 17 + 30 = 100, ou seja, x = 9.
Assim, o valor das ações da empresa E é 18% e, portanto, a razão pedida é dada por
Resposta: D
Fundamos, como afirmam alguns cientistas, o antropoceno: uma nova era geológica com altíssimo poder de destruição, fruto dos últimos séculos que significaram um transtorno perverso do equilíbrio do sistema-Terra. Como enfrentar esta nova situação nunca ocorrida antes de forma globalizada e profunda? Temos pessoalmente trabalhado os paradigmas da sustentabilidade e do cuidado como relação amigável e cooperativa para com a natureza. Queremos, agora, agregar a ética da responsabilidade.
BOFF. L. Responsabilidade coletiva. Disponível em: hltp://leonardoboRwordpress.com. Acesso em: 14 maio 2013.
A ética da responsabilidade protagonizada pelo filósofo alemão Hans Jonas e reinvindicada no texto é expressa pela máxima:
"A tua ação possa valer como norma para todos os homens."
"A norma aceita por todos advenha da ação comunicativa e do discurso."
"A tua ação possa produzir a máxima felicidade para a maioria das pessoas."
"O teu agir almeje alcançar determinados fins que possam justificar os meios."
"O efeito de tuas ações não destrua a possibilidade futura da vida das novas gerações."
A leitura do texto indica claramente a denúncia às profundas alterações ocorridas no último século e que tem o poder de acabar com “o equilíbrio do sistema-Terra”. Segue-se a defesa da sustentabilidade e do “cuidado como relação amigável e cooperativa para com a natureza”. Essa visão encontra sua expressão ética na máxima que aparece na alternativa E, referindo-se ao imperativo de preservar a natureza como forma de permitira continuação da vida nas gerações futuras.
Baseando-se na tirinha cômica “Mama Taxi”, responda, em português, ao que se pede.
a) A que se refere a pergunta feita no segundo quadro pela motorista à passageira? Justifique sua resposta
b) Qual foi a resposta dada pela passageira à pergunta feita pela motorista no segundo quadro? Qual foi a ação assumida pela passageira na sequência de sua resposta?
a) A pergunta feita pela motorista no segundo quadro, "O que você acha disso?", refere-se ao ato de interromper uma conversa para olhar o telefone (phubbing). A palavra that (pronome demonstrativo) foi utilizada para retomar o que foi mencionado anteriormente. Uma outra forma de justificar é através do entendimento da resposta da passageira: "Bem, isso é grosseiro...", o que também permite entender que a pergunta referia-se ao citado ato.
b) A passageira disse: "Bem, isso é grosseiro. É...". Na sequência, ela interrompe a conversa para olhar o próprio telefone, fazendo exatamente o que tinha considerado grosseiro.
A figura apresenta uma parte de uma tabela na qual cada linha e cada coluna seguem de acordo com o padrão representado.
Com relação a essa tabela de números:
a) Escolha um quadrado 3 × 3 e, exibindo a soma de seus 9 números, verifique que o resultado é múltiplo de 9.
b) Um quadrado com 16 números tem por soma de todos esses números o valor de 1.056 (mil e cinquenta e seis). Descubra o menor número desse quadrado.
c) A soma de todos os números de um quadrado ݊n × ݊n, com menor número igual a 4, é de 108.000 (cento e oito mil). Qual é o valor de ݊n?
a)
24 + 27 + 30 = 81 81 é múltiplo de 9
b)
Resposta: 54
c) Sendo Sn a soma dos elementos da enésima coluna, a sequência S1, S2, S3, ..., Sn é uma progressão aritmética de razão n. Tem-se: A soma de todos os termos é dada por:
A figura mostra o esboço de um estacionamento com forma retangular de dimensões 40m por 100m. O proprietário instalou 4 câmeras de segurança distribuídas conforme a figura. A câmera A cobre a região I, as câmeras B e C cobrem a região II e a câmera D cobre a região III. A figura apresenta as regiões I, II e III em cor e fornece as medidas necessárias.
a) Determine a área da região I.
b) Determine a área da região II.
c) Qual é a porcentagem da área da região que não é vigiada por câmera alguma, em relação à área total do estacionamento?
Note e adote: A figura apresentada não está, necessariamente, em escala.
a) Como EF = 40 e AF = 50, aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo retângulo AEF, obtém-se AE = 30 e, com isso, a área da região I vale .
b) Como (caso HC), tem-se que a área da região III também vale 600 m2. A área da região II pode ser obtida subtraindo, da área do retângulo DEFG, as áreas dos triângulos AEF, AFC, BDH e DHG. Assim, tem-se que a área da região II vale .
c) A região que não é vigiada por câmera alguma é a união das regiões delimitadas pelos triângulos AFC e BDH, cuja área vale . Assim, a porcentagem pedida é dada por .
A crescente presença na costa brasileira do peixe-leão (Pterois volitans), uma espécie invasora, tem causado preocupação junto aos pesquisadores. Estudos demonstram que o peixe-leão eliminou até 95% dos peixes nativos em algumas partes do Oceano Atlântico. Porém, uma pesquisa recente realizada por duas universidades norteamericanas mostrou que ainda há esperança. Usando modelos matemáticos, os pesquisadores conseguiram determinar exatamente qual porcentagem de peixes-leão em determinado habitat precisa ser removida através da caça, para que as populações de peixes nativos, presas do peixe-leão, se recomponham.
Os resultados obtidos com os modelos matemáticos estão mostrados a seguir.
A interpretação do gráfico permite concluir que
a população de peixes-leão determina a densidade da população de presas, mas a densidade da população de presas não influencia a densidade da população de peixes-leão.
o decréscimo na população de presas, observado no ponto 2, tem como consequência o aumento da população de predadores.
o aumento da população de predadores sempre ocorre antes do aumento da população de presas e está relacionado ao fato das populações terem alcançado o equilíbrio dinâmico.
a remoção de parte da população de peixes-leão eliminou a resistência do meio, levando ao aumento do tamanho da população de presas ao longo do tempo.
a remoção parcial de peixes-leão (ponto 1) do habitat determina, após algum tempo, o estabelecimento de um equilíbrio dinâmico entre as populações de presa e predador.
TEXTO 1
Imagine-se como um jovem que, navegando pelo site da MTV, se depara com o gráfico “Os valores de uma geração” da pesquisa Dossiê MTV Universo Jovem, e resolve comentar os dados apresentados, por meio do “fale conosco” da emissora. Nesse comentário, você, necessariamente, deverá:
a) comparar os três anos pesquisados, indicando dois (2) valores relativamente estáveis e duas (2) mudanças significativas de valores;
b) manifestar-se no sentido de reconhecer-se ou não no perfil revelado pela pesquisa.
TEXTO 2
Coloque-se no lugar de um líder de grêmio estudantil que tem recebido reclamações dos colegas sobre o ensino de ciências em sua escola e que, depois de ler a entrevista com Tatiana Nahas na revista de divulgação científica Ciência Hoje, decide convidá-la a dar uma palestra para os alunos e professores da escola. Escreva um discurso de apresentação do evento, adequado à modalidade oral formal. Você, necessariamente, deverá:
a) apresentar um diagnóstico com três (3) problemas do ensino de ciências em sua escola; e
b) justificar a presença da convidada, mostrando em que medida as ideias por ela expressas na entrevista podem oferecer subsídios para a superação dos problemas diagnosticados.
Escola na mídia Tatiana Nahas. Bióloga e professora de ensino médio, tuiteira e blogueira. Aos 34 anos, ela cuida da página Ciência na mídia, que, nas suas palavras, "propõe um olhar analítico sobre como a ciência e o cientista são representados na mídia".
Ciência Hoje: É perceptível que seu blogue dá destaque, cada vez mais, à educação e ao ensino de ciências. Tatiana Nahas: Na verdade, é uma retomada dessa direção. Eu já tinha um histórico de trabalho em projetos educacionais diversos. Mas, mais que isso tudo, acho que antes ainda vem o fato de que não dissocio sobremaneira pesquisa de ensino. E nem de divulgação científica.
CH: Como você leva a sua experiência na rede e com novas tecnologias para os seus alunos? TH: Eu não faço nenhuma separação que fique nítida entre o que está relacionado a novas tecnologias e o que não está. Simplesmente ora estamos usando um livro, ora os alunos estão criando objetos de aprendizagem relacionados a determinado conteúdo, como jogos. Um exemplo do que quero dizer: outro dia estávamos em uma aula de microscopia no laboratório de biologia. Os alunos viram o microscópio, aprenderam a manipulá-lo, conheceram um pouco sobre a história dos estudos citológicos caminhando em paralelo com a história do desenvolvimento dos equipamentos ópticos, etc. Em dado ponto da aula, tinham que resolver o problema de como estimar o tamanho das células que observavam. Contas feitas, discussão encaminhada, passamos para a projeção de uma ferramenta desenvolvida para a internet por um grupo da Universidade de Utah. Foi um complemento perfeito para a aula. Os alunos não só adoraram, como tiveram a possibilidade de visualizar diferentes células, objetos, estruturas e átomos de forma comparativa, interativa, divertida e extremamente clara. Por melhor que fosse a aula, não teria conseguido o alcance que essa ferramenta propiciou. Veja, não estou competindo com esses recursos e nem usando-os como muleta. Esses recursos são exatamente o que o nome diz: recursos. Têm que fazer parte da educação porque fazem parte do mundo, simples assim. Ah, mas e o monte de bobagens que encontramos na internet? Bom, mas há um monte de bobagens também nos jornais, nos livros e em outros meios “mais consolidados”. Há um monte de bobagens mesmo nos livros didáticos. A questão está no que deve ser o foco da educação: o conteúdo puro e simples ou as habilidades de relacionar, de interpretar, de extrapolar, de criar, etc.?
CH: Você acha que é necessário mudar muita coisa no ensino de ciências, especificamente? TN: Eu diria que há duas principais falhas no nosso ensino de ciências. Uma reside no quase completo esquecimento da história da ciência na sala de aula, o que faz com que os alunos desenvolvam a noção de que ideias e teorias surgem repentinamente e prontas na mente dos cientistas. Outra falha que vejo está no fato de que pouco se exercita o método científico ao ensinar ciências. Não dá para esperar que o aluno entenda o modus operandi da ciência sem mostrar o método científico e o processo de pesquisa, incluindo os percalços inerentes a uma investigação científica. Sem mostrar a construção coletiva da ciência. Sem mostrar que a controvérsia faz parte do processo de construção do conhecimento científico e que há muito desenvolvimento na ciência a partir dessas controvérsias. Caso contrário, teremos alunos que farão coro com a média da população que se queixa, ao ouvir notícias de jornal, que os cientistas não se resolvem e uma hora dizem que manteiga faz bem e outra hora dizem que manteiga faz mal. Ou seja, já temos alguns meios de divulgação que não compreendem o funcionamento da ciência e a divulgam de maneira equivocada. Vamos também formar leitores acríticos?
(Adaptado de Thiago Camelo, Ciência Hoje On-line. Disponível em http.cienciahoje.com.br. Acesso em: 04/03/2010.)
TEXTO 3
Coloque-se na posição de um articulista que, ao fazer uma pesquisa sobre as recentes catástrofes ocorridas em função das chuvas que afetaram o Brasil a partir do final de 2009, encontra a crônica de Drummond, publicada em 1966, e decide dialogar com ela em um artigo jornalístico opinativo para uma série especial sobre cidades, publicada em revista de grande circulação. Nesse artigo você, necessariamente, deverá:
a) relacionar três (3) problemas enfrentados recentemente pelas cidades brasileiras em função das chuvas com aqueles trabalhados na crônica;
b) mostrar em que medida concorda com a visão do cronista sobre a questão.
Os dias escuros
Carlos Drummond de Andrade
Amanheceu um dia sem luz – mais um – e há um grande silêncio na rua. Chego à janela e não vejo as figuras habituais dos primeiros trabalhadores. A cidade, ensopada de chuva, parece que desistiu de viver. Só a chuva mantém constante seu movimento entre monótono e nervoso. É hora de escrever, e não sinto a menor vontade de fazê-lo. Não que falte assunto. O assunto aí está, molhando, ensopando os morros, as casas, as pistas, as pessoas, a alma de todos nós. Barracos que se desmancham como armações de baralho e, por baixo de seus restos, mortos, mortos, mortos. Sobreviventes mariscando na lama, à pesquisa de mortos e de pobres objetos amassados. Depósito de gente no chão das escolas, e toda essa gente precisando de colchão, roupa de corpo, comida, medicamento. O calhau solto que fez parar a adutora. Ruas que deixam de ser ruas, porque não dão mais passagem. Carros submersos, aviões e ônibus interestaduais paralisados, corrida a mercearias e supermercados como em dia de revolução. O desabamento que acaba de acontecer e os desabamentos programados para daqui a poucos instantes.
Este, o Rio que tenho diante dos olhos, e, se não saio à rua, nem por isso a imagem é menos ostensiva, pois a televisão traz para dentro de casa a variada pungência de seus horrores. Sim, é admirável o esforço de todo mundo para enfrentar a calamidade e socorrer as vítimas, esforço que chega a ser perturbador pelo excesso de devotamento desprovido de técnica. Mas se não fosse essa mobilização espontânea do povo, determinada pelo sentimento humano, à revelia do governo incitando-o à ação, que seria desta cidade, tão rica de galas e bens supérfluos, e tão miserável em sua infraestrutura de submoradia, de subalimentação e de condições primitivas de trabalho? Mobilização que de certo modo supre o eterno despreparo, a clássica desarrumação das agências oficiais, fazendo surgir de improviso, entre a dor, o espanto e a surpresa, uma corrente de afeto solidário, participante, que procura abarcar todos os flagelados.
Chuva e remorso juntam-se nestas horas de pesadelo, a chuva matando e destruindo por um lado, e, por outro, denunciando velhos erros sociais e omissões urbanísticas; e remorso, por que escondê-lo? Pois deve existir um sentimento geral de culpa diante de cidade tão desprotegida de armadura assistencial, tão vazia de meios de defesa da existência humana, que temos o dever de implantar e entretanto não implantamos, enquanto a chuva cai e o bueiro entope e o rio enche e o barraco desaba e a morte se instala, abatendo-se de preferência sobre a mão de obra que dorme nos morros sob a ameaça contínua da natureza; a mão de obra de hoje, esses trabalhadores entregues a si mesmos, e suas crianças que nem tiveram tempo de crescer para cumprimento de um destino anônimo.
No dia escuro, de más notícias esvoaçando, com a esperança de milhões de seres posta num raio de sol que teima em não romper, não há alegria para a crônica, nem lhe resta outro sentido senão o triste registro da fragilidade imensa da rica, poderosa e martirizada cidade do Rio de Janeiro.
Correio da Manhã, 14/01/1966.
No primeiro texto, a situação de interlocução e o gênero permitem certa informalidade, pois o enunciador deveria ser um jovem redigindo um comentário no site de uma emissora que se aproxima do público dessa faixa etária, não só pelos temas e programas, como também pela linguagem. Isso não deveria implicar obrigatoriamente, porém, o emprego de recursos linguísticos que pudessem desvalorizar a figura do enunciador diante de seu auditório: uma emissora interessada na opinião do seu público. A proposta exigia que se comentassem dois itens da pesquisa que, no intervalo de 1999 a 2008, mantiveram-se estáveis e outros dois que apresentaram mudança significativa. A maioria dos itens não sofreu sensível alteração no período analisado, à exceção dos seguintes: no ano de 2008, “Ter amigos” e “Divertir-se, aproveitar a vida” perderam importância, enquanto “Ter independência financeira/Ter mais dinheiro do que já tem” tornou-se mais relevante. Na evolução dos valores atribuídos a cada item, é visível o crescimento da preocupação com aspectos financeiros e a diminuição da importância atribuída a lazer e relações afetivas. O candidato poderia acatar o resultado, explanando sobre a mudança de valores, ou questioná-lo, repudiando os princípios que os dados atribuem à sua geração.
Na proposta 2, a situação concreta de comunicação elaborada pela Banca exige que o candidato redija o discurso de apresentação de uma palestra em que a convidada falará sobre o ensino de ciências a um grupo de alunos e professores. Sob o ponto de vista da interlocução, o candidato precisava adotar a perspectiva de um líder de grêmio estudantil ciente das reclamações de seus colegas acerca do ensino de ciências. Elas não vêm explícitas, e o candidato deveria presumi-las do texto-fonte. O auditório (alunos e professores) condiciona o tom de linguagem e os problemas que serão abordados no discurso de introdução à palestra. Segundo instrução da Banca, o aluno deveria redigir um texto de gênero relativamente estável (o discurso de apresentação do evento). Algumas de suas exigências formais precisam ser observadas, como saudação inicial, tom formal da linguagem, assunto da palestra, credenciais do palestrante e convocação para que ele tome a palavra. Quanto aos propósitos do texto produzido, o enunciador deveria relatar três problemas relativos ao ensino de ciências em sua escola e justificar a presença da professora Tatiana pela possível contribuição de suas ideias para solucioná-los. Do texto-fonte, poderia ser depreendido um número considerável de problemas relacionados ao ensino de ciências. Considerando que as reclamações provêm dos alunos, seria mais verossímil imaginar, por exemplo:
inexistência de aulas práticas em laboratório; laboratórios precários; subaproveitamento dos materiais (livros, microscópios, computadores, etc.); falta de recursos de informática (ou restrições de acesso a eles); falta de visão crítica do professor; aprendizado e avaliação baseados somente na teoria e em processos de memorização; aulas entediantes nas quais não se percebem as relações entre ciência e cotidiano; preconceito (ou despreparo) do professor em relação a novas tecnologias; uso de novas tecnologias como muletas que pouco acrescentam à aula.Para justificar o convite feito a Tatiana Nahas, o candidato, recorrendo ao texto-fonte, deveria apresentar resumidamente algumas ideias da bióloga para a melhoria das aulas de ciências, entre as quais:
apresentar os conteúdos a partir não só das certezas científicas como também das controvérsias; promover aulas que explorem a interdisciplinaridade, recursos tecnológicos como os de laboratório e Internet, extrapolando o modelo clássico de aula; exercitar em aula o método científico (levantamento de hipóteses, experimentação, verificação e generalização em forma de teoria); ensinar teoria junto com a história da Ciência; proporcionar aulas nas quais sejam valorizadas mais as habilidades de relacionar, interpretar e criar do que a pura memorização.A proposta 3 exigiu a redação de um artigo jornalístico opinativo publicável em revista de grande circulação. Isso recomendava alguns cuidados quanto ao gênero de texto solicitado e à situação de interlocução pressuposta. Nesse gênero textual, o articulista (o enunciador que assina a coluna) pode assumir a primeira ou a terceira pessoa e adotar linguagem mais ou menos formal, evitando desviar-se do padrão culto escrito. A marca autoral, típica desse tipo de texto jornalístico, é percebida principalmente por meio do forte conteúdo de opinião crítica, decorrente de um repertório cultural sólido e singular. Além disso, a própria linguagem deve buscar alguma marca de estilo pessoal. Embora a revista atinja grande número de leitores, não deve ser descartada a possibilidade de interlocução direta com o leitor ideal, individualizado. O propósito do texto é apontar, nas catástrofes que afetaram tantas cidades brasileiras no verão 2009/2010, a infeliz recorrência de três problemas já denunciados na crônica publicada por Carlos Drummond de Andrade após uma enchente desastrosa que afetou a cidade do Rio de Janeiro em janeiro de 1966. A persistência desses três problemas é indício inequívoco de que o progresso do país nos últimos 44 anos não trouxe avanços signifi cativos “nos velhos erros sociais e omissões urbanísticas” reprovados por Drummond. Vários dos problemas mencionados pela crônica ainda atormentam os brasileiros. Dentre eles poderiam ser escolhidos os seguintes:
os desabamentos, soterramentos e mortes decorrentes das precárias habitações populares alocadas em áreas de risco; a falta de infraestrutura para atender aos desabrigados de modo adequado; a incompetência e a desorganização das agências governamentais de assistência social, que sequer conseguem coordenar as iniciativas espontâneas dos voluntários interessados em oferecer ajuda aos necessitados; o perturbador excesso de devotamento desprovido de técnica dos voluntários movidos mais pelo remorso; a ausência de planejamento urbanístico.Esse conjunto de evidências torna pouco defensável qualquer visão que manifeste completa discordância da visão de Drummond. Os avanços que houve decerto poderiam ser apontados a título de ressalva, mas não foram sufi cientes para que o ponto de vista manifestado pelo grande cronista deixasse de ser desconfortavelmente atual.
Questão de segurança e violência
Daniel Cerqueira, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), pondera que “existe um consenso nas literaturas científicas nacional e internacional: mais armas geram mais crimes, e políticas restritivas de armas de fogo contribuem para diminuir a letalidade violenta”. O próprio Cerqueira já elaborou estudos que, segundo ele, mostram que cada 1% a mais de armas incrementa em 2% a taxa de homicídios, e que se não fosse o Estatuto do Desarmamento, a taxa de homicídios no Brasil seria 12% maior que aquela realmente observada. “A flexibilização do acesso à arma de fogo é uma tragédia”, opina.
Conselheira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a advogada Isabel Figueiredo também defende a manutenção do estatuto. “Sem ele, aumentará a migração, já bastante significativa, das armas legais para o crime. Também haverá aumento de tentativas de decisão, por meio de armas, de brigas pessoais e de trânsito, além de acidentes com crianças”, diz. Essa opinião é endossada pelo coordenador de assuntos institucionais do Instituto Sou da Paz, Felippe Angeli. “E 72% das mortes por violência intencional decorreram do uso de armas de fogo. Ou seja, aqui, a violência letal é indissociável do uso desse tipo de arma”, enfatiza.
Problemas Brasileiros, Fev/Março de 2019. Adaptado.
O direito de possuir e de portar armas
Eu sinto muito, mas eu sou a favor da ideia de que seja possível ter armas e acho, também, que ter armas sem ter uma real competência para usá-las é a coisa mais perigosa que se possa fazer, porque a melhor maneira de ser morto é não saber ou, sobretudo, não estar disposto a usar as armas que você tem, e você vai acabar morrendo em qualquer confrontação armada que tiver.
Escuta, eu sou de uma família de resistentes [ao nazifascismo, na Itália] e, até os anos 1950 avançados, o porão do apartamento dos meus pais era cheio de armas, mas armas pesadas, metralhadoras com tripé e tudo, prontas para usar, uma vez que nós não sabíamos como ia ser a evolução das coisas depois daquele fim de guerra...
Por outro lado, eu acredito na disposição da Constituição americana que diz que o povo tem o direito de carregar armas. Sei que essa é, em geral, uma posição de direita, mas eu não sou um bloco monolítico e tenho uma série de ideias que não são as da esquerda, à qual pertenço. E acho que uma população armada tem um poder insurrecional - coisa que para mim é uma garantia democrática, uma garantia de liberdade. Se o Estado está armado, não vejo por que eu não estaria.
Contardo Calligaris. Psicanalista e escritor. Entrevista ao Morning Show, Rádio Jovem Pan, 29.08.2017. Adaptado.
A discussão a respeito da comercialização e da posse de armas de fogo é recorrente no Brasil, onde já foi até objeto de um referendo nacional (2005). Na atualidade, esse debate recrudesceu, tingiu-se de cores políticas contrastantes e polarizou as opiniões.
Com o estímulo da imagem e dos textos aqui reproduzidos, redija uma dissertação em prosa sobre o tema: A ampliação do acesso às armas de fogo no Brasil.
GRADE DE CORREÇÃO:
OBJETIVOS
O objetivo da prova é verificar a competência dos candidatos, tendo em vista o nível de escolaridade exigido, para desenvolver um texto dissertativoargumentativo coerente com a proposta apresentada. Por meio desse texto, ele deverá demonstrar capacidade de mobilizar, criticamente, informações e opiniões, argumentando com pertinência e consistência e expressando-se de modo coerente e adequado.
CONTEÚDOS
O candidato deverá demonstrar o domínio das estruturas próprias do discurso dissertativo, dos instrumentos articulatórios e das normas gramaticais da língua escrita culta. Verificar-se-á também o conhecimento do léxico adequado à modalidade escrita culta da língua portuguesa atual.
CRITÉRIOS
A redação do candidato será avaliada quanto a três aspectos: adequação ao tema e à estrutura indicados, com peso 4; capacidade de articulação e argumentação, com peso 3; domínio da norma gramatical e do léxico próprios da língua culta, com peso 3.
NÍVEIS DE DESEMPENHO
Ao texto que atender plenamente aos objetivos pretendidos nesta prova, considerando o nível de escolaridade exigido, será atribuída a nota máxima.
Os textos que apresentarem desenvolvimento regular ou insuficiente do tema, estruturação sofrível ou precária e desvios no domínio dos instrumentos de coesão e das normas da língua culta sofrerão descontos, na nota final, conforme o nível das insuficiências e dos desvios apresentados.
Fuga total ao tema e/ou inobservância do gênero dissertativo são motivos para nota zero. Tratamento tangencial do tema, meras paráfrases da proposta ou abordagens de assuntos genéricos, potencialmente associados ao tema porém alheios a sua especificidade, conduzirão a descontos proporcionais, na nota relativa ao primeiro aspecto dos critérios de avaliação.
Os textos que não atenderem às instruções quanto aos limites mínimo ou máximo não serão corrigidos, recebendo, portanto, nota zero.
No Mundo das mercadorias as coisas se relacionam como pessoas e as pessoas, como coisas.
K. Marx. Adaptado.
Eu, Etiqueta
Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório, um nome… estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nesta vida. Em minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produto que nunca experimentei mas são comunicados a meus pés. Meu tênis é proclama colorido de alguma forma não provada por este provador de longa idade. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, minha gravata e cinto e escova e pente, meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete, meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos sapatos, são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ordens de uso, abuso, reincidência, costume, hábito, premência, indispensabilidade, e fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada. (…) Hoje sou costurado, sou tecido, sou gravado de forma universal, saio da estamparia, não de casa, da vitrina me tiram, recolocam, objeto pulsante mas objeto, que se oferece como signo dos outros objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso de ser não eu, mas artigo industrial, peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é Coisa. Eu sou a Coisa, coisamente.
Carlos Drummond de Andrade. Adaptado.
Com base nos estímulos acima e em outras informações que julgar relevantes, redija uma dissertação em prosa sobre o tema A personificação das coisas e a coisificação das pessoas: uma questão para o tempo atual?, argumentando de modo a expor com clareza seu ponto de vista sobre o assunto.
Obs. Releia as instruções na capa deste caderno
Análise da proposta
O Vestibular da GV não surpreendeu. Optou por um tema que se relaciona à análise da contemporaneidade e, ao mesmo tempo, permite uma abordagem em diferentes níveis de complexidade. A Banca ofereceu uma coletânea curta composta por duas tirinhas e dois textos que deveriam servir de estímulo para reflexão sobre o tema explícito: A personificação das coisas e a coisificação das pessoas: uma questão para o tempo atual?
A primeira charge, de Laerte, publicada na Folha de S.Paulo, apresentava de forma metafórica dois lavatórios, em uma sala de estar, assistindo à televisão. Ao mesmo tempo, observa-se na televisão um vaso sanitário, alusão à baixa qualidade dos programas televisivos em oposição à pretensa posição ética dos telespectadores, que, por serem figurativizados como pias, estariam moralmente acima do programa da mídia (uma latrina). Dado o jogo entre texto e tema, obviamente, a tirinha deveria ser lida dentro do contexto da coisificação. Num diálogo entre as louças (figurativização dos telespectadores) um dos interlocutores reproduz a desgastada reflexão própria do senso comum, segundo a qual não vale a pena reagir contra a má qualidade dos objetos de consumo oferecidos: o melhor é a fuga individualista da degradação (mudar de canal) e deixar o programa por conta da sua própria dinâmica. Diante dos programas de televisão, nos quais o espectador é somente um potencial consumidor, ele se identifica com a coisa consumível, impotente diante de escolhas que poderiam torná-lo um sujeito autônomo.
Na segunda charge, Angeli inflaciona o quadrinho com acúmulo de personagens segurando carrinhos de compras de supermercado. O texto visual sugere que o modo de socialização na contemporaneidade envolve a identificação dos indivíduos com o papel de consumidores.
O texto seguinte é uma máxima adaptada de Karl Marx, na qual o filósofo expõe sua ideia sobre a reificação no mundo moderno, afirmando textualmente que “as coisas se relacionam como pessoas e as pessoas, como coisas”. É importante destacar que essa situação tem como contexto, segundo Marx, o “mundo das mercadorias”.
O último texto, “Eu, etiqueta”, é um poema de Carlos Drummond de Andrade. O eu lírico lembra que, no cotidiano, ele é coberto por mercadorias que vão indentificando o seu “ser” com o logotipo de marcas. Diversos objetos, desde vestimentas até xícaras, são rotulados por etiquetas. Percebe-se, no final, o clímax como algo perturbador: o eu lírico recusa a identidade própria (“peço que meu nome retifiquem”) e a categoria de homem para afirmar sua nova personalidade (”Meu nome novo é coisa / Eu sou a coisa, coisamente”).
Pressuposto
A frase de Karl Marx, base para a proposta, refere-se ao conceito de reificação (coisificação) do pensador. Para Marx, antes do advento do Capitalismo, a produção artesanal deixava expostas as relações sociais presentes na produção dos objetos. A mercadoria vinculava-se ao seu produtor, e o modo de produção, ao valor de uso; ou seja, a pessoa comprava a mercadoria por uma necessidade e percebia que o objeto comprado não poderia ser investido de relações de desejo que lembram as relações humanas. No Capitalismo, os produtos que nos são expostos parecem ter vida própria, sem vínculo com a produção (não importa, por exemplo, se são frutos de trabalho escravo) e com uma carga de apelo aos desejos do consumidor que parecem adquirir vida própria. Inversamente, tratamos os outros como coisas, seja porque não percebemos mais a humanidade daqueles que produzem as mercadorias, seja porque nos acostumamos a comprar e a utilizar o produto como nos apraz, e essa atitude se reflete nos relacionamentos afetivos: tratamos as pessoas ao nosso redor como produtos que deveriam nos dar satisfação.
Respostas afirmativas à pergunta feita pela Banca poderiam considerar, entre outros, os seguintes encaminhamentos
• A primeira tira sugere que os meios de comunicação atuam no sentido de criar e reforçar a importância do consumo e das marcas, o que afetaria a constituição da subjetividade dos indivíduos. Além disso, a mídia tende a tornar os telespectadores passivos receptores de informação, processo que pode comprometer a autonomia deles como sujeitos dotados de vontade e juízo próprios.
• Há uma tendência marcante no mundo contemporâneo de o valor próprio e a identidade dos indivíduos estarem relacionados aos produtos e às marcas que consomem — aspecto que poderia certamente dialogar com o poema de Drummond, que reforça tal ideia.
• Segundo Zygmunt Baumman, o consumo tem significativo impacto na forma de comportamento e de relação das pessoas com os outros e com elas mesmas: o homem de hoje teria como modelo de socialização o do consumidor diante de suas opções de compra. Da mesma forma que uma mercadoria, o próprio sujeito precisa se destacar e se valorizar perante o consumidor, sob o risco de tornar-se obsoleto e descartável com facilidade. Por exemplo, os perfis individuais de redes sociais são elaborados com os mesmos cuidados com que publicitários planejam estratégias de venda de produtos.
• Existe uma valorização excessiva de produtos de consumo em detrimento das pessoas. Com valor inflacionado pelo marketing das empresas, mercadorias, como automóveis e smartphones, passam a constituir-se como objeto de intensos desejos e fantasias, de forma que, se não podem ser consumidos, causam frustração e sentimento de inferioridade.
Relativização da ideia de que atualmente somos coisas:
• Por mais que haja consumismo, a dimensão humana não se perde. Isso fica evidente nas ações humanitárias ao redor do mundo e na percepção cada vez maior de que devemos agir em prol das gerações futuras, o que tem levado muitos a tornar o consumo responsável um lema de vida.
• Hoje o consumo não é tão acachapante quanto no passado; há várias faixas e nichos de consumo, consumidores podem ser fúteis ou conscientes; há uma gama de produtos que podem ser utilizados para o desenvolvimento da identidade.
• O consumo só pode levar à coisificação se o indivíduo não for crítico. A tirinha de Laerte faz menção à possibilidade de trocar de canal, ou seja, o indivíduo pode escolher se quer ou não se tornar uma coisa.
• A produção em massa, base do mundo do consumo, proporcionou o contato com ideias e obras de valor cultural inestimável a um número de pessoas nunca antes imaginado. Esse contato pode permitir que elas desenvolvam uma consciência sobre si mesmas que de outra forma não teriam. Basta mencionar a quantidade de livros de filosofia, de filmes de arte, programas informativos e críticos que circulam na nossa sociedade.
A lei da anistia é irrevogável. Reabertura do tema não tem chance de êxito no STF
Em 31 de março de 1964, as Forças Armadas brasileiras derrubaram o governo Jango. Diversos partidos apoiaram a intervenção militar, e os mais importantes jornais brasileiros (Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e outros) aplaudiram o movimento, considerando-o necessário para preservar as instituições.
Surgiu, à época, prolongando-se até 1971, uma ação guerrilheira contra o regime militar. Muitos de seus participantes pretendiam instalar uma ditadura semelhante à cubana no país. Houve violência, de lado a lado, com torturas e mortes por parte das autoridades e atos terroristas por parte dos opositores, inocentes civis tendo sido sacrificados nesse embate.
Quando a rebelião armada perdeu força e os jornais foram censurados, as vozes que passaram a ser ouvidas, na luta pela redemocratização brasileira, foram as dos advogados. Liderados pela figura maiúscula de Raymundo Faoro (1925-2003), não só conseguiram gradativamente pavimentar o caminho para a redemocratização sem sangue como trazer para a vida pública aqueles opositores à mão armada, que mataram, segundo dados oficiais, 129 civis e militares no período.
A lei da anistia de nº 6.683, de 28 de agosto de 1979, redigida por Raymundo Faoro, colocou uma pá de cal naquelas lutas fratricidas, anistiando guerrilheiros e autoridades. Permitiu que o Brasil, de 1979 a 1985, caminhasse para a democracia, finalmente consolidada.
Ao ser levantada a tese de que teria a lei que ser revista, a partir da eleição do presidente Lula, o Supremo Tribunal Federal decidiu que ela era irrevogável. O governo de então, em que grande parte dos opositores ao regime militar assumiu cargos de relevância, estabeleceu uma Comissão denominada “da Verdade”, para apuração dos crimes do período. Da verdade parcial, pois os crimes dos guerrilheiros não foram apurados. Pretenderam, seus membros, a revogação da lei da anistia, sob o argumento de ser imprescritível o crime de tortura. Parece-me que a pretendida reabertura do tema à luz de um relatório da CIA continua, do ponto de vista jurídico, a não ter a menor possibilidade de êxito junto ao Supremo, em face da clareza da Carta sobre a matéria e das decisões daquela Corte, que continua respeitando o disposto na Constituição, em seu artigo 5º, inciso XXXVI, cuja dicção é a seguinte: “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;”
Ives Gandra da Silva Martins, Advogado e professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra, Folha de S. Paulo, 19.05.2018. Adaptado.
Civilização ou barbárie. País deve rever passado e julgar agentes da repressão
“Tive os meus filhos sequestrados e levados para sala de tortura, na Operação Bandeirante. [Ela] com cinco anos e [Ele] com quatro anos de idade. [...] Inclusive, eu sofri uma violência, ou várias violências sexuais. Toda nossa tortura era feita [com] as mulheres nuas. [...] E os meus filhos me viram dessa forma.” (Depoimento de vítima da repressão prestado em 2013 à CNV e à CV-ALESP). Situações de horror como esta se multiplicam ao longo do relatório da CNV (Comissão Nacional da Verdade), concluído em 2014 e que registra a prática de execuções, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e tortura durante a ditadura militar, que se prolongou no Brasil de 1964 a 1985.
Ao apurar essas graves violações de direitos humanos, a CNV concluiu que “elas foram o resultado de uma ação generalizada e sistemática do Estado brasileiro”. “Na ditadura militar, a repressão e a eliminação de opositores se converteram em política de Estado, concebida e implementada a partir de decisões emanadas da Presidência da República e dos ministérios militares.” Diante da abundância de provas, a CNV indicou, entre as recomendações do relatório, a “determinação, pelos órgãos competentes, da responsabilidade jurídica —criminal, civil e administrativa— dos agentes públicos que deram causa às graves violações de direitos humanos ocorridas no período investigado pela CNV
A CNV “considerou que a extensão da anistia a esses agentes públicos é incompatível com o direito brasileiro e a ordem jurídica internacional, pois tais ilícitos, dadas a escala e a sistematicidade com que foram cometidos, constituem crimes contra a humanidade, imprescritíveis e não passíveis de anistia”. A medida de julgamento dos agentes públicos envolvidos na repressão já havia sido determinada ao Estado brasileiro por meio de decisão de 2010 da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
O fundamental é que a civilização prevaleça sobre a barbárie e o Brasil deixe a condição vergonhosa de ser a única exceção entre os países da América Latina — que, olhando de frente para o seu passado, julgaram os agentes da repressão, promovendo a justiça e a democracia.
José Carlos Dias, Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro, Pedro Dallari e Rosa Cardoso. Ex-integrantes da Comissão Nacional da Verdade. Folha de S. Paulo, 19.05.2018. Adaptado.
Um documento do governo americano (CIA) recentemente (2018) localizado pelo professor da FGV Matias Spektor revelou que assassinatos de opositores da ditadura militar no Brasil (1964-1985) eram autorizados pelo próprio presidente da república na época, Ernesto Geisel. A divulgação desse documento reacendeu o debate a respeito da legitimidade da chamada lei da anistia (1979), que anistiou da mesma forma tanto os crimes atribuídos aos opositores do regime quanto os atribuídos aos agentes do Estado, encarregados da repressão. Esse debate, que nunca se extinguira, continua vivo e aparece nos dois textos acima reproduzidos, nos quais se manifestam pontos de vista opostos quanto à necessidade de se rever a dita lei da anistia, de modo a permitir a responsabilização dos referidos agentes do Estado que praticaram graves infrações aos direitos humanos. Com base nas ideias neles apresentadas, bem como em outras informações que você julgue importantes, redija uma dissertação em prosa sobre o tema: A lei da anistia deve ser revista?
Você é candidato/a a vereador/a em uma cidade de São Paulo. Em sua campanha, prometeu resolver uma situação polêmica envolvendo a escola pública em que estudou. A escola foi fundada em 1965 e tem em seu pátio duas estátuas de figuras históricas apresentadas como glórias passadas do Estado: um bandeirante, que hoje dá nome a uma rodovia estadual (Anhanguera), e um missionário jesuíta que fundou a cidade de São Paulo (Padre Anchieta). Tais estátuas sempre passaram despercebidas pela maioria dos estudantes. Em 2020, inspirados no movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), que questionou monumentos erguidos em homenagem a colonizadores e escravagistas na Europa, Estados Unidos e África, um grupo de estudantes se mobilizou para pedir a retirada das estátuas do pátio da escola. Outros estudantes se manifestaram contra a possível retirada.
Como ex-aluno/a e candidato/a a vereador/a, você foi convidado/a para discutir o assunto na assembleia estudantil dessa escola. Você então decide preparar um discurso político a ser proferido na assembleia. Em seu texto, você deve: a) fazer um balanço das duas visões em disputa; b) assumir uma posição sobre como agir diante do dilema da retirada ou não das estátuas, argumentando no sentido de convencer os estudantes ali presentes. Lembre-se de que, como líder político, sua posição terá impacto nos encaminhamentos da assembleia. Para escrever seu texto, leve em conta a coletânea apresentada a seguir.
1. Bandeirante: indivíduo que no Brasil colonial tomou parte em bandeira (no sentido de “expedição”); paulista (no sentido de “natural” ou “habitante”); que ou o que abre caminho; desbravador, precursor, pioneiro. (Dicionário Houaiss on-line. Disponível em https://houaiss.uol.com.br/corporativo/apps/uol_www/v5-4/html/index.php#1. Acessado em 28/09/2020.)
2. Os vândalos do bem escolheram o alvo certo. Assim como os intelectuais de ontem, que ergueram estátuas para celebrar as ideias hegemônicas da época, os de hoje estão dispostos a derrubá-las em nome do mesmo princípio covarde. Uma estátua é uma cicatriz da história, uma marca inscrita pelo passado no corpo paisagístico da sociedade. Nas praças, nos parques ou nas ruas, as estátuas alertam-nos sobre o passado - ou melhor, sobre incontáveis camadas de passado. A derrubada desses símbolos revela o desejo tirânico de exterminar a memória social. Uma estátua erguida no passado não representa uma celebração presente de um personagem ou de uma ideologia, mas apenas a prova material de que, um dia, em outra época, isso foi celebrado. (Adaptado de Demétrio Magnoli, Derrubada de estátua é a imposição do esquecimento. Folha de São Paulo, 26/06/2020.)
3.
4. Cidades são locais de memória e temos o direito de atribuirmos novos sentidos a monumentos que outrora esculpimos em pedra. Não se apaga a história, escrita com a caneta dos vencedores. No caso de estátuas, questiona-se quem merece um pedestal público. A escolha não está entre depredar monumentos ou deixá-los intocáveis. Podemos, ao invés disso, ter a maturidade de escolher não elogiar genocidas em nosso espaço público e derrubar monumentos. Civilidade essa que é, aliás, infinitamente superior à das figuras representadas nesses monumentos. Seja para pô-los em museus, para colocá-los em cemitérios de esculturas, para ressignificá-los, quando o valor artístico permite, seja para destruí-los, quando este valor for pífio. (Adaptado de Thiago Amparo, Borba Gato deve cair. Folha de São Paulo, 14/06/2020.)
5. Como todos os missionários do Brasil, Anchieta protegia os índios e benzia a escravidão dos negros. Para ele, o cativeiro dos últimos livrava os primeiros da exploração colonial. Depois, o padre Antônio Vieira completou a justificação jesuítica do tráfico negreiro, afirmando que o escravismo também salvava os africanos do paganismo. Ao fio dos anos, acumulando negócios, os jesuítas se tornaram grandes proprietários de escravos. A fazenda de Santa Cruz, que lhes pertencia, era a maior propriedade escravista das Américas por volta de 1750, concentrando mais de mil cativos negros e mulatos. (Adaptado de Luiz Felipe Alencastro, Santo Anchieta dos poucos. Folha de São Paulo, 20/07/2014.)
6. Os motivos que moviam os bandeirantes eram três. Em primeiro lugar, a riqueza: comerciantes endinheirados organizavam bandeiras para descobrir novas minas e depósitos de ouro, prata e pedras como a esmeralda. Em segundo lugar, a propriedade: fazendeiros financiadores usavam as expedições para ampliar suas terras, aumentando o território para cultivo ou criação de gado. Por fim, a mão de obra: muitas viagens tinham como objetivo recapturar escravos fugitivos ou então encontrar índios que pudessem ser escravizados. (Adaptado de https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-era-uma-expedicao-dos-bandeirantes/. Acessado em 25/09/2020.)
A proposta apresenta uma situação em que o(a) aluno(a) deveria se colocar no lugar de um(a) candidato(a) a vereador(a) em uma cidade de São Paulo que faz um discurso na assembleia estudantil da escola pública a qual frequentou para discutir a presença de duas estátuas (representando Anhanguera e o Padre José de Anchieta) no local. Ainda segundo a banca, a polêmica teria surgido entre alunos após a repercussão do movimento Black Lives Matter, e o candidato(a) a vereador(a), convidado a discursar, teria prometido em sua campanha resolver a situação. Trata-se, portanto, de um tema relevante que dialoga com debates que alcançaram visibilidade no debate público em 2020.
Em relação à organização textual, a banca especifica, nos itens “a” e “b”, os propósitos a que deveria atender a redação: “fazer um balanço das duas visões em disputa” e “assumir uma posição sobre como agir diante do dilema da retirada ou não das estátuas”. Ao mesmo tempo, para desenvolver o gênero discursivo solicitado, era preciso estar atento às características do discurso político: em primeiro lugar, trata-se de um texto produzido para ser ouvido (e não lido) e que, portanto, deve possuir estruturas sintáticas de fácil apreensão.
Em segundo lugar, dada a situação de comunicação apresentada, o texto deveria possuir caráter persuasivo (como evidência sobretudo o item “b”: “argumentando no sentido de convencer os estudantes ali presentes”). Além disso, era esperado que a redação mobilizasse marcas de interlocução e a presença da primeira pessoa do singular, uma vez que seria plausível que o candidato a vereador falasse sobre sua trajetória como estudante da escola onde acontece o discurso. Nota-se, nesse sentido, que a pessoalidade é uma estratégia persuasiva frequente em discursos políticos.
Em relação à audiência do discurso político apontada pela proposta (estudantes do ensino básico), era esperado que o texto utilizasse linguagem acessível para um público dessa faixa etária, sem, entretanto, ser excessivamente coloquial (dada a posição social de seu locutor).
A coletânea textual, especialmente por se tratar de uma prova da UNICAMP, deveria ser explorada de forma bastante orgânica no texto. A banca apresentou seis textos de apoio de gêneros diversos. O texto 1, uma entrada de dicionário relativa à palavra “bandeirante”, evidencia sentidos presentes no imaginário social sobre esta figura histórica. No texto 2, um artigo de opinião publicado na Folha de S. Paulo, o autor se posiciona contrariamente à militância que defende a remoção de estátuas que expressam valores coloniais e escravagistas. O texto 3, por sua vez, uma tirinha de Alexandre Becker, desloca o sentido de vandalismo da ação de pichar monumentos para caracterizar a atuação dos próprios bandeirantes.
Na sequência da coletânea, os dois textos seguintes correspondem a artigos de opinião publicados em um veículo jornalístico. No texto 4, o autor defende o direito à atribuição de novos sentidos a estátuas que expressam ideologias opressoras, considerando especialmente o significado social do monumento público. Já o texto 5 faz uma crítica dirigida especificamente à postura de legitimação da escravização de negros assumida por parte dos jesuítas durante a colonização brasileira, a exemplo da figura de Anchieta. Finalmente, o texto 6, enquanto parte de um artigo de divulgação científica, descreve as principais motivações dos bandeirantes (riqueza, propriedade e mão de obra).
Encaminhamentos possíveis
Tendo em vista a situação proposta, o tema e a leitura dos textos de apoio, o candidato poderia assumir dois posicionamentos principais:
a) Defender a retirada das estátuas de Anhanguera e José de Anchieta da escola, podendo apontar, dentre outros, os seguintes aspectos:
- Defender o direito à ressignificação de estátuas e monumentos como parte da cidadania, o que pode ocorrer por meio de diferentes estratégias (colocação dessas peças em museus, cemitérios de esculturas ou destruição de sua materialidade, por exemplo), como evidencia o texto 4.
- Apontar os valores coloniais, escravistas e eurocêntricos que são representados, historicamente, pelas figuras de bandeirantes e jesuítas, recorrendo para tanto a informações presentes nos textos 5 e 6.
- Refutar o posicionamento que considera forma de vandalismo a destruição de estátuas como aquelas de bandeirantes e jesuítas, servindo-se, para tanto do raciocínio presente no texto 3.
b) Defender a manutenção das estátuas de Anhanguera e José de Anchieta na escola, podendo apontar, dentre outros, os seguintes aspectos:
- Defender os valores histórico e artístico de esculturas e monumentos, independentemente dos valores que tais peças expressam. Podem-se citar, por exemplo, artistas cuja obra possui inegável valor estético, embora seus autores muitas vezes defendam ideologias passíveis de crítica.
- Apontar a diferença entre celebração de valores ou personagens do passado e a preservação da memória no presente por meio de esculturas e monumentos, que devem ser preservados mesmo quando representam valores não mais em voga nos dias atuais. Para tanto, pode-se dialogar com o texto 2 da coletânea.
- Refutar a defesa de retirada das estátuas, denunciando o caráter intransigente desse tipo de posicionamento, recorrendo, uma vez mais, aos argumentos presentes no texto 2.
Para além dessas duas posições antagônicas, seria possível ainda defender uma perspectiva intermediária. Nesse sentido, uma possibilidade seria problematizar a presença das estátuas na escola e, ao mesmo tempo, defender soluções alternativas à sua remoção, tais como:
- Debates e atividades de conscientização sobre a escravidão e colonização, a partir da conversão forçada de indígenas;
- Produção, pelos próprios alunos, de obras artísticas críticas aos valores exaltados nas estátuas, como forma ressignificá-las;
- Colocação de alguma forma de inscrição, ao lado das estátuas, como forma de se problematizar o tipo de memória que elas exaltam e firmar posicionamentos favoráveis aos direitos humanos.
Leia o trecho de A divina comédia, escrita pelo poeta italiano Dante Alighieri (1265-1321), no início do século XIV.
Como, em seu Arsenal1, os venezianos fervem, no inverno, o pegajoso pez2, pra de seus lenhos3 consertar os danos,
pois, não podendo navegar, ao invés há quem renove o lenho, ou calafete4 o casco que viagem muita fez;
e um na proa, na popa outro arremete, um faz o remo, outro torce o cordame, um remenda a grã vela, outro o traquete5.
(A divina comédia, 2009.)
1 arsenal: lugar de conserto de navios. 2 pez: piche. 3 lenho: barco. 4 calafetar: vedar, fechar. 5 traquete: mastro.
Nos versos, o poeta refere-se ao trabalho de reparação dos navios venezianos. Descreva a natureza do trabalho desenvolvido no arsenal e explique o motivo da crise econômica das cidades italianas a partir do final do século XV.
A natureza do trabalho descrito no texto nos remete a uma característica artesanal, porém uma leitura atenta nos permite perceber a separação de tarefas e a grande especialização da mão de obra.
Esses mecanismos caracterizaram uma produção acelerada, típica de uma sociedade marcada pela pujança econômica no início do século XIV.
Já no final do século XV, a economia das cidades italianas estava em declínio. A expansão do império otomano no Oriente Médio e na Ásia Menor e as grandes navegações iniciadas por Portugal e depois seguidas pela Espanha levaram gradualmente à mudança do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico.
Esbraseia o Ocidente na agonia O sol... Aves em bandos destacados, Por céus de ouro e de púrpura raiados, Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...
Delineiam-se, além, da serrania Os vértices de chama aureolados, E em tudo, em torno, esbatem derramados Uns tons suaves de melancolia...
Um mundo de vapores no ar flutua... Como uma informe nódoa, avulta e cresce A sombra à proporção que a luz recua...
A natureza apática esmaece... Pouco a pouco, entre as árvores, a lua Surge trêmula, trêmula... Anoitece.
(Poesia completa e prosa. 1961.)
a) Que processo o soneto de Raimundo Correia retrata?
b) A primeira estrofe do soneto é composta por três períodos simples em ordem indireta (Esbraseia o Ocidente na agonia / 0 sol": "Aves em bandos destacados, / Por céus de ouro e de púrpura raiados, / Fogem": e "Fecha-se a pálpebra do dia"). Reescreva esses três períodos em ordem direta.
a) O soneto retrata o natural processo do encerramento do dia e do cair da noite, como se nota em "Fecha-se a pálpebra do dia", "avulta e cresce / A sombra à proporção que a luz recua...", "a lua / Surge trêmula, trêmula... Anoitece".
b) O sol esbraseia [põe em brasa] o Ocidente na agonia.
Aves fogem em bandos destacados por céus de ouro e de púrpura raiados.
A pálpebra do dia fecha-se.
Laura caminha pelo menos 5 km por dia. Rita também caminha todos os dias, e a soma das distâncias diárias percorridas por Laura e Rita em suas caminhadas não ultrapassa 12 km.
A distância máxima diária percorrida por Rita, em quilômetros, é igual a
4.
5.
6.
7.
8.
Sendo ℓ e r, nessa ordem, as distâncias diárias, em km, percorridas por Laura e Rita, temos ℓ ≥ 5 e ℓ + r ≤ 12.
Concluímos que r ≤ 7, ou seja, a distância máxima diária percorrida por Rita é igual a 7km.
Resposta: D
Uma jarra de limonada contém 500 g de suco puro de limão, 500 g de açúcar e 2 kg de água. Sabe-se que:
• 25 g de suco puro de limão contêm 100 calorias; • 100 g de açúcar contêm 386 calorias; • água não contém calorias.
Nas condições dadas, um copo de 200 g dessa limonada contém quantidade de calorias igual a
262.
223.
174.
137.
129.
3000 → 3930
200 → x
∴
Resposta: A
Chamaremos de S(n) a soma dos algarismos do número inteiro positivo n, e de P(n) o produto dos algarismos de n. Por exemplo, se n = 47, então S(47) = 11 e P(47) = 28. Se n é um número inteiro positivo de dois algarismos tal que n = S(n) + P(n), então, o algarismo das unidades de n é
1.
2.
3.
6.
9.
n = (ab) ∴ n = 10a + b, com a ≠ 0.
S(n) = a + b e P(n) = a ⋅ b
n = S(n) + P(n)
10a + b = a + b + a ⋅ b
9a = a ⋅ b
a ≠ 0 ⇒ b = 9
b, o algarismo das unidades de n é 9.
Resposta: E
Considere a imagem abaixo, extraída da apresentação do filme A Amazônia, que faz parte da campanha “A natureza está falando”.
No áudio desse filme, a atriz Camila Pitanga interpreta o seguinte texto:
Eu sou a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. Eu mando chuva quando vocês precisam. Eu mantenho seu clima estável. Em minhas florestas, existem plantas que curam suas doenças. Muitas delas vocês ainda nem descobriram. Mas vocês estão tirando tudo de mim. A cada segundo, vocês cortam uma das minhas árvores, enchem de sujeira os meus rios, colocam fogo, e eu não posso mais proteger as pessoas que vivem aqui. Quanto mais vocês tiram, menos eu tenho para oferecer. Menos água, menos curas, menos oxigênio. Se eu morrer, vocês também morrem, mas eu crescerei de novo...
a) Por estar em primeira pessoa, o texto constitui exemplo de uma determinada figura de linguagem. Identifique essa figura e explique seu uso, tendo em vista o efeito que o filme visa alcançar.
b) No referido áudio, é possível perceber, no final da locução da atriz, uma entonação especial, representada na transcrição por meio de reticências. Tendo em vista que uma das funções desse sinal de pontuação é sugerir uma ideia não expressa que cabe ao leitor inferir, identifique a ideia sugerida, neste caso.
a) O uso da primeira pessoa produz como efeito de sentido a personificação da Amazônia: a atriz empresta a sua voz à floresta, como se esta pudesse sensibilizar diretamente o público, persuadindo-o para a necessidade de preservá-la. A figura de linguagem utilizada, pois, é a prosopopeia (ou personificação).
b) Segundo o contexto, a ideia implícita é que os homens não renascerão. Em outros termos, se a floresta morrer, os homens morrerão; mas ela crescerá de novo, eles não.
Na costa oeste da América do Norte, as comunidades marinhas que ocupam a zona rochosa entremarés são biologicamente diversas. Nessa zona, ocorrem mexilhões da espécie Mytilus californianus, que é dominante e concorre fortemente por espaço com as demais espécies presentes. A estrela-do-mar Pisaster ochraceus é o principal predador de Mytilus californianus, além de outros organismos, como ilustra a teia alimentar em que a espessura das setas é proporcional à frequência de alimentação.
Robert Paine, pesquisador da Universidade de Washington, realizou um experimento no qual examinou o efeito da remoção de Pisaster ochraceus sobre o número das demais espécies presentes nessa zona ao longo de dez anos. Os resultados são apresentados no gráfico.
a) Em qual nível trófico da teia alimentar a energia química disponível é menor? Justifique sua resposta.
b) Por que a retirada de Pisaster ochraceus interferiu no número de espécies presentes na zona entremarés em que o experimento foi realizado?
a) A energia química disponível é menor no nível trófico da estrela-do-mar Pisaster ochraceus, que é o nível mais elevado da teia. Isso ocorre porque acontece uma dissipação de energia na teia, de modo que cada nível tem menor quantidade de energia disponível que o nível inferior.
b) A retirada da Pisaster ochraceus permite o crescimento da população do mexilhão Mytilus californianus. Como essa espécie compete com as demais, ocorre a redução da biodiversidade na zona entremarés.
Estes materiais são parte integrante das coleções da editora Saraiva. Eles poderão ser reproduzidos desde que o título das obras e suas respectivas autorias sejam sempre citadas