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Proposta de Redação - Redação - pH 10

Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma-padrão da língua portuguesa sobre o tema A necessidade de viver as experiências reais em um mundo cada vez mais virtual, apresentando proposta de conscientização social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto I

O que ainda pode surpreender um viajante hoje em dia? Na era da hiperinformação, da troca acelerada de relatos ao alcance de um clique, o que terá o turista para ver de novo?

É certo que o calor humano não será sentido antes que se pise no solo dos anfitriões. E os sabores da gastronomia ganharão o colorido somente no seu local de origem, diretamente das mãos que na comida expressam sua identidade.

Mas e as paisagens de tirar o fôlego, como resistirão a um mundo onde, com imagens de 360º em realidade virtual, pouco sobra para a própria realidade dizer?

A vista de Paris a partir da torre Eiffel ou a de Nova York do alto do Empire State; a vista da grande barreira de corais da Austrália ou da vida subaquática de Bonito; a sinuosidade da muralha da China; a gelada imensidão do Everest...

Tudo isso podia ser visto em fotografias e filmes. Ainda assim, davam a sensação de virem de longe, uma isca para nos atrair até lá – coisa que, com a realidade virtual, agora parece dispensável. Virando o rosto em nosso sofá, agora vemos qualquer ângulo possível de qualquer paisagem, faltando somente os cheiros e as brisas (o que logo resolverão).

Ademais, era num tempo em que as pessoas preferiam se encontrar para conversar. Hoje, mesmo diante do outro, muitas vezes elas preferem conversar remotamente. Se até mesmo as pessoas são prescindíveis, o que será das paisagens?

Fico curioso em pensar como deve evoluir o interesse pela experiência da viagem. Tendo até a caminhar no sentido inverso do que fazia no passado: não ter previamente tanta informação sobre o meu destino, para ser arrebatado pelo imprevisto, ainda que ele esteja ali há séculos à nossa espera. Mas esse despreparo não é condizente com minha profissão – viagens de trabalho exigem, para serem proveitosas, pesquisa anterior: não dá para chegar na total ignorância.

Uma pena. Pois a surpresa, o inesperado, podem ser o segredo da sedução do viajante.

MELO, Josimar. Em um mundo virtual, que paisagem ainda surpreende o viajante? Folha de S.Paulo. Disponível em: . Acesso em: 28 maio 2018.

Texto II

Dissimular é fingir não ter ainda o que se tem. Simular é fingir ter o que não se tem. O primeiro refere-se a uma presença, o segundo a uma pura ausência. Mas é mais complicado pois simular não é fingir:  "Aquele que finge uma doença pode simplesmente meter-se na cama e fazer crer que está doente. Aquele que simula uma doença determina em si próprio alguns dos respectivos sintomas" (Littré). Logo, fingir ou dissimular deixam intacto o princípio da realidade: a diferença continua a ser clara, está apenas disfarçada, enquanto que a simulação põe em causa a diferença do "verdadeiro" e do "falso", do "real" e do "imaginário". O simulador está ou não doente, se produz "verdadeiros" sintomas? Objetivamente não se pode tratá-lo nem como doente nem como não doente.

BAUDRILLARD, J. Simulacros e simulação. Lisboa: Relógio d´Água, 1991. p. 9-10.

Texto III

Publicado no Journal of Personality and Social Psychology,  o estudo "Como tirar fotos aumenta o prazer das experiências" explica que fazer fotos aumentaria o aproveitamento e o prazer da experiência. De acordo com o principal autor do estudo, Kristin Diehl, "ao contrário de verificar seu e-mail ou mensagens de texto, […] fotografar na verdade direciona você para a experiência'.

Em um experimento, um grupo de participantes que recebeu câmeras foi solicitado a tirar fotos durante um passeio de ônibus. Este primeiro grupo relatou divertir-se significativamente mais do o grupo ao qual foi requerido apenas observar.

Outro estudo, realizado em 2013, havia citado que pessoas lembram menos do evento quando estão fotografando o mesmo. O estudo anterior, realizado pela Fairfield University, descobriu que as pessoas que fazem fotos de objetos em um museu eram mais propensas a esquecer do que tinham visto, ao contrário das que não tinham feito fotos. Diferentemente, o novo estudo analisa o prazer proporcionado através do ato de fotografar, não a memória do evento.

Na pesquisa atual, também foi feito experimento com pessoas em museu. Um grupo foi instruído a tirar fotos e o outro a apenas observar. Depois de rastrear os movimentos dos olhos dos participantes, os pesquisadores descobriram que aqueles que fotografavam dedicaram mais atenção visual para as obras do que para outros itens.

Há um porém: enquanto fotografar aumenta a atenção no momento, o uso do telefone em tarefas relacionadas à foto como postar a imagem para Instagram, Snapchat ou Facebook fazem o inverso, distraem. É sempre bom lembrar que há momentos onde fotografar pode se tornar irritante, especialmente para as outras pessoas presentes. Mas, de acordo com esse estudo, se o momento é propício para fotos, você não precisará escolher entre fotografar e aproveitar; está tudo incluso.

SOUZA, Ruca. Fotografar o que você vive aumenta o prazer da experiência, diz estudo. iPhoto Channel. Disponível em: . Acesso em: 28 maio 2018.

Proposta de Redação - Redação - pH 18

Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, de 25 a 30 linhas e em norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema O desconhecimento do brasileiro em relação ao seu país, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto I

A importância de conhecer a nossa história

Para um país como o Brasil, em que a diversidade cultural é imensa, pode parecer estranho quando se fala na história dos nossos antepassados. Ainda mais se pensarmos na forma como ocorreu a formação da nossa sociedade, a partir das influências recebidas dos diferentes ciclos migratórios.

Saber a história de uma nação significa resgatar e preservar a tradição daqueles que contribuíram para que chegássemos ao ponto em que nos encontramos. Trata-se de uma oportunidade única para compreender, inclusive, a nossa própria identidade.

A despeito da visão europeia, que ainda é predominante nos livros didáticos e paradidáticos, há outra corrente que defende que a história da humanidade seja contada com base em outros relatos e visões de mundo. Nesse sentido, existe uma legislação federal que torna obrigatório o ensino nas escolas da cultura afro-brasileira e indígena. Essa lei, que acaba de completar dez anos, infelizmente ainda é pouco conhecida. Compete a nós, militantes e especialistas da área de educação, colocarmos isso em prática.

Como exemplo, podemos citar o que ocorre em Santo André, na região do ABC paulista. No final de 2013, teve início a capacitação sobre cultura indígena para os professores de educação física da rede municipal de ensino. O objetivo é fazer com que o docente passe a utilizar em suas aulas as danças, os jogos cooperativos e as brincadeiras oriundas dessa tradição.

Trazer essa visão de mundo para os alunos é importante para se perceber como a influência desse povo se faz muito presente no nosso dia a dia. Para ficar em um só aspecto, vale mencionar o hábito do banho diário. Sem falar nas centenas de palavras e termos de origem indígena que usamos para nos expressarmos.

Essa percepção, que por vezes passa despercebida face ao contexto globalizado em que vivemos, é fundamental para mostrar a nossas crianças e jovens a riqueza da cultura e da tradição dos primeiros habitantes do nosso país.

Gilmar Silvério

Texto II

Querelas do Brasil

O Brazil não conhece o Brasil

O Brasil nunca foi ao Brazil

Tapir, jabuti, liana, alamandra, alialaúde

Piau, ururau, aqui, ataúde

Piá, carioca, porecramecrã

Jobim akarore Jobim-açu

Oh, oh, oh

 

Pererê, câmara, tororó, olerê

Piriri, ratatá, karatê, olará!

O Brazil não merece o Brasil

O Brazil tá matando o Brasil

Jereba, saci, caandrades

Cunhãs, ariranha, aranha

Sertões, Guimarães, bachianas, águas

E Marionaíma, arirariboia,

Na aura das mãos do Jobim-açu

Oh, oh, oh

 

Jererê, sarará, cururu, olerê

Blá-blá-blá, bafafá, sururu, olará

Do Brasil, S.O.S. ao Brasil

Do Brasil, S.O.S. ao Brasil

Do Brasil, S.O.S. ao Brasil

Tinhorão, urutu, sucuri

O Jobim, sabiá, bem-te-vi

Cabuçu, Cordovil, Caxambi, Olerê

Madureira, Olaria e Bangu, Olará

Cascadura, Água Santa, Acari, Olerê

Ipanema e Nova Iguaçu, Olará

Do Brasil, S.O.S. ao Brasil

Do Brasil, S.O.S. ao Brasil

Aldir Blanc

Proposta de Redação - Redação - pH 34

A partir da leitura do texto motivador seguinte e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo, em norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema “A criatividade é utilizada, nos dias de hoje, para nos tornar mais humanos ou mais maquinizados?”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto:

De acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, ser criativo é ter uma capacidade criadora, engenhosa, inventiva e fecunda, que faz um indivíduo destacar-se em um grupo.

Sobre isso, alguns pontos podem ser observados:

1. A criatividade é a chave para se destacar no grupo. Aprenda a usar a sua em benefício próprio.

2. A criatividade (...) está presente em tudo que é humano. Graças a pessoas criativas, foram inventados a roda, a caneta esferográfica, o computador (...) e uma infinidade de outros objetos que parecem existir desde sempre. Para não falar dos sistemas filosóficos, das teorias econômicas e das hipóteses astronômicas. Criatividade é uma extensão da inteligência.

3. O brasileiro é visto no mundo como um povo criativo, graças a nossos cartões de visita culturais – o futebol e a mistura musical de ritmos. Nesses campos, não por coincidência, o talento vale muitíssimo mais que a tática e a estratégia. Fora dessas áreas, falta remover entraves – sobretudo de mentalidade. Só então um grau significativo de criatividade chegará à empresa e à universidade. Isso contribuiria para que o país exibisse um dinamismo econômico proporcional à capacidade de seu povo de ter boas ideias.

(Veja, 30 abr. 2003.)

Proposta de Redação - Redação - pH 11

Texto I

Demarcação de terras indígenas e quilombolas estão em risco no Brasil

A primeira medida provisória (MP 870/19) editada pelo governo Bolsonaro - que reduz o total de órgãos ministeriais de 29 para 22 - deve ser combatida pela oposição no Congresso Nacional. Um dos motivos é que a medida passa para o Ministério da Agricultura a atribuição de identificar, delimitar e demarcar terras indígenas e quilombolas.

Para o deputado Nilto Tatto (PT-SP), as mudanças devem favorecer o agronegócio que não tem interesse em demarcar terras indígenas. “Os povos indígenas, aqueles que apoiam a causa dos indígenas vão se revoltar e ser contrários a essa medida e vão fazer o governo recuar.” Segundo ele, a medida é inconstitucional e vai contra a vontade do povo brasileiro.

Já o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), que presidiu na Câmara a CPI da Funai em 2017, afirma que o governo fez uma correção de rumos nos processos de demarcação de terras. "O edital tem que fazer a convocatória de antropólogos sem vínculo ideológico e nem observar caprichos de ninguém. Para saber se os índios têm ou não têm direito à terra. Isso não está acontecendo no Brasil”, afirmou. Para Moreira, o processo de demarcação era feito de forma unilateral por antropólogos da Funai.

Disponível em: https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/DIREITOS-HUMANOS/570404-DEMARCACAO-DE-TERRAS-INDIGENAS-EQUILOMBOLAS-PASSA-AO-MINISTERIO-DA-AGRICULTURA.html. Acesso em: 20 mai. 2019.

Texto II

Terras Indígenas: o que é?

Terra Indígena (TI) é uma porção do território nacional, de propriedade da União, habitada por um ou mais povos indígenas, por ele(s) utilizada para suas atividades produtivas, imprescindível à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e necessária à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. Trata-se de um tipo específico de posse, de natureza originária e coletiva, que não se confunde com o conceito civilista de propriedade privada.

O direito dos povos indígenas às suas terras de ocupação tradicional configura-se como um direito originário e, consequentemente, o procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas se reveste de natureza meramente declaratória. Portanto, a terra indígena não é criada por ato constitutivo, e sim reconhecida a partir de requisitos técnicos e legais, nos termos da Constituição Federal de 1988.

Ademais, por se tratar de um bem da União, a terra indígena é inalienável e indisponível, e os direitos sobre ela são imprescritíveis. As terras indígenas são o suporte do modo de vida diferenciado e insubstituível dos cerca de 300 povos indígenas que habitam, hoje, o Brasil.

[...]

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, de 25 a 30 linhas, em norma padrão da língua portuguesa, sobre o tema Direitos indígenas, agronegócio e demarcação territorial, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Proposta de Redação - Redação - pH 10

Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema Como o esporte pode ajudar a integrar diferentes grupos sociais? Seu texto deve ter em torno de 25 linhas.

Texto I:

Futebol deve ser exemplo contra discriminação, diz Platini

O presidente da Uefa, Michel Platini, afirmou nesta quarta-feira (10) que o futebol deve servir como exemplo para a sociedade no combate à discriminação.

Segundo o ex-jogador francês, a popularidade do esporte faz com que ele tenha capacidade de transmitir valores positivos para as pessoas e assim diminuir sentimentos negativos, como o racismo, a xenofobia e a homofobia.

“O dever do futebol por ter tantos seguidores no mundo é transmitir valores que possam ajudar a sociedade a ser mais tolerante com a diversidade. Tem de ser um exemplo”, disse o cartola.

Platini discursou na abertura da Conferência de Respeito à Diversidade da Uefa, em Roma, realizada em conjunto pela entidade que gere o futebol europeu, a FifPro (sindicato mundial dos jogadores de futebol), a Fare (Futebol Contra o Racismo na Europa) e a Federação Italiana de Futebol.

“Aqueles que governam nosso esporte devem proteger os jogadores de todo tipo de discriminação em seus lugares de trabalho. Têm que fazê-lo porque esses jogadores, como qualquer pessoa, têm direito ao respeito.”

(Folha de S. Paulo, 10 set. 2014. Disponível em:

Proposta de Redação - Redação - pH 20

Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo, de 25 a 30 linhas e em norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema Adequação dos mercado de trabalho aos novos tempos, apresentando proposta de conscientização social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto I

Estudo revela que jornada de trabalho de 3 horas melhora produtividade

Tomar um café, ir ao banheiro, fumar um cigarro, se atualizar das notícias, conferir as redes sociais, conversar com os colegas... essas são algumas atitudes pra lá de normais no dia a dia corporativo da maioria das pessoas.

Mas quanto tempo de uma jornada de trabalho passa-se realmente trabalhando? Cerca de 2 horas e 53 minutos, de acordo com uma pesquisa realizada pela VoucherCloud, maior empresa de cupons e descontos do Reino Unido. 

Foram entrevistadas mais de 1900 pessoas que trabalham e têm mais de 18 anos em todo o país. A primeira pergunta era: "Você se considera produtivo durante todo o dia de trabalho?". A grande maioria, 79%, respondeu que não. Para a ciência, nós somos capazes de produzir em apenas 3 horas das 8 que costumam compor a jornada de trabalho diária.

Se não estão trabalhando, o que esses funcionários realmente estão fazendo? A pesquisa aponta que, em quase metade do tempo, as pessoas estão navegando na internet e procrastinando de outras formas. São elas:

Checando as redes sociais - 47%

Lendo sites de notícias - 45%

Discutindo assuntos não relacionados ao trabalho com colegas - 38%

Preparando bebidas, como café e chá - 31%

Pausa para o cigarro - 28%

Trocando mensagens - 27%

Comendo lanchinhos - 25%

Preparando comida - 24%

Fazendo ligações - 24%

Procurando um emprego novo – 19%

Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2017.

Texto II

Mais felicidade e muito mais produtividade*

Trabalhar a partir de casa tem quase sempre má reputação, associada à ideia de menor produtividade. No entanto, as provas em contrário multiplicam-se. Um dos defensores mais conceituados da ideia é Nicholas Bloom, professor de economia na Universidade de Stanford, que considera que trabalhar a partir de casa tem muito potencial. Na sua recente TEDTalk, recordou o exemplo de uma empresa que aceitou a sua proposta de fazer uma experiência "científica" para provar a sua teoria, a maior agência de viagens da China, a Ctrip.

Os trabalhadores da empresa foram divididos em dois grupos: um grupo trabalhou a partir de casa quatro dias por semana durante nove meses, enquanto o outro grupo permaneceu no escritório cinco dias por semana como grupo de controlo. Os resultados mostraram uma melhoria no desempenho de 13% nas pessoas que trabalharam a partir de casa, que Nicholas Bloom atribui a duas razões: em casa as pessoas trabalhavam efetivamente as horas diárias que lhes cabiam, o que não acontecia no escritório, devido a atrasos ou ao prologamento da hora de almoço, por exemplo; ser muito mais fácil manter a concentração em casa por haver menos distrações.

A experiência não só permitiu o aumento da produtividade como foi positiva tanto para os trabalhadores como para a gerência. A taxa de abandono da empresa teve uma queda de 50%, permitindo que os gerentes poupassem tempo em contratar novos funcionários e dar formações, uma vez que os funcionários que trabalhavam a partir de casa sentia-se mais felizes e, portanto, menos propensos a sair.

Estes resultados obtidos na experiência coincidem com os de uma sondagem da Gallup, que revelou que os americanos que trabalhavam em casa três a quatro dias por semana tinham mais probabilidades -- 41% contra 30% -- de se sentirem mais envolvidos no trabalho, e menos probabilidades de não se sentirem envolvidos -- 48% contra 55% -- do que aqueles que ficavam no escritório todos os dias.

Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2017.

* Respeitou-se a grafia portuguesa original do texto.

Texto III

Os trabalhadores desglobalizados no mundo do trabalho do século XXI*

Com o desenvolvimento das novas tecnologias da informação, da microeletrônica, da robotização e da inteligência artificial, surgiu a partir da segunda metade do século XX a sociedade pós-industrial ou «sociedade informacional» na expressão do sociólogo Manuel Castells («A Era da Informação: economia, sociedade e cultura»).

Foi a partir daí que o sistema capitalista entrou num novo ciclo de reestruturação do capital que David Harvey («Do Fordismo à Acumulação Flexível») denominou como «acumulação flexível», flexível na medida em que «se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se pelo surgimento de sectores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional.»

Essa revolução teve grandes consequências para o mercado de trabalho, podendo em geral afirmar-se que, se foi boa para as empresas, não o foi para os trabalhadores, com o início de um período de racionalização e intensificação do controlo do trabalho.

A mudança tecnológica, a automação, a busca de novos produtos e novos mercados, as fusões de empresas, a busca de novos locais onde a mão-de-obra era barata, tudo isso se tornou necessário para as grandes empresas multinacionais, o que causou a desregulamentação das relações de trabalho, aumentando o desemprego, fomentando o trabalho informal e fazendo surgir relações precárias de trabalho: trabalho temporário, jornada parcial, terceirização, subcontratação, etc.

Ainda no dizer de David Harvey, «diante da forte volatilidade do mercado, do aumento da competição e do estreitamento das margens de lucro, os patrões tiraram proveito do enfraquecimento do poder sindical e da grande quantidade de mão-de-obra excedente (desempregados ou subempregados) para impor regimes de contrato mais flexíveis […]. Mais importante do que isso é a redução do emprego regular em favor do crescente uso do trabalho em tempo parcial, temporário ou subcontratado.»

O reverso do sucesso económico – em que se passou de um modelo de crescimento desde anos 60 do século XX que permitiu compatibilizar crescimento dos salários com elevadas taxas de lucro para o actual modelo de desenvolvimento assente na redução dos direitos e dos salários como condição para aumentar a competitividade económica das empresas – originou, deste modo, a degradação total das condições de trabalho, sempre invocando uma maior flexibilização das relações laborais com as novas fórmulas do trabalho «atípico»: ‘outsourcing’, subcontratação, empresas em rede, trabalho temporário, falsos «recibos verdes», subemprego. À escala global, o cenário dos baixos salários conjugado com facilidade de mobilidade e deslocalização fez com que o trabalho atingisse ainda maiores níveis de degradação, sob a forma de tráfico de pessoas e trabalho forçado, a nova escravatura moderna, como o comprovam os serviços prestados por imigrantes filipinos e vietnamitas em Los Angeles, bolivianos em São Paulo, indianos em Londres, sudaneses em França ou tailandeses e nepaleses na agricultura em Portugal.

Acresce que, ao contrário do proletariado dos séculos XIX e XX, em que o sindicalismo encarnou a primeira forma de organização do poder dos trabalhadores, os «assalariados desglobalizados» do século XXI não possuem identidade coletiva nem capacidade organizativa, por força de a globalização económica com a precarização do trabalho ter enfraquecido o poder dos sindicatos e das organizações dos trabalhadores.

Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2017.

* Respeitou-se a grafia portuguesa original do texto.

Proposta de Redação - Redação - pH 12

Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo de 25 a 30 linhas, em norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema Os dilemas da autonomia infantil no mundo de hoje, apresentando proposta de conscientização social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto I

Autonomia já

As pessoas têm opinião para tudo – comida, ideologia, religião, futebol, novela etc. Já as famílias têm rotinas, valores e limitações de todo tipo. Como é possível promover a liberdade de escolha das crianças dentro de mundos pré-moldados em que os pais vivem? "Autonomia não se dá. É a pessoa que conquista e não tem volta", sintetiza Cristiane Moscou, professora que é mãe de Dorah Madiba, 6. "Ela nasceu gostando de tudo o que é oriental, adora comida japonesa e desenhos como o Pokémon. Isso é dela. Eu não participo, mas permito que ela desenvolva. Mas também ensino que ela tem uma identidade negra para ela estar preparada para encarar nossa sociedade", conta Cristiane, que gosta de ir a shows de rap e leva sempre a filha.

Outra mãe que enfrenta os dilemas de dar autonomia ao filho é Tina Simi. "Eu sou contra o consumismo, e meu filho é consumista. Mas, de tanto conversar sobre o assunto, às vezes eu vejo ele repetindo meu discurso para outras pessoas. Isso dá uma dorzinha no coração, mas eu sou o que sou, e esse é um valor meu. Mas tenho de me controlar ao máximo para que ele desenvolva suas próprias ideias e opiniões", confessa a mãe, que estudou letras na USP (Universidade de São Paulo) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), se define como "do povo de humanas" e cria um filho que adora matemática.

Ela tenta controlar o apreço de Jonathan, 9, por games, streaming de vídeos e televisão, preferências comuns entre os nativos digitais. A justificativa é não o deixar sair da tutela dos pais para cair no colo da indústria do entretenimento. "Teve uma época que nem televisão a gente tinha em casa. Foi um inferno para ele. Hoje temos Netflix, que é o menos ruim porque evita a propaganda. Deixo ficar [assistindo] duas horas por dia", conta.

BERTOLETTO, Rodrigo. Autonomia já. Uol Tab. Disponível em: . Acesso em: 2 jul. 2018.

Texto II

O pai-herói e a supermãe

Os pais ensinam mais os filhos pela dinâmica das relações do que com lições de moral, e a identidade familiar acaba sendo assimilada nessa rotina. "Se aprende mais com exemplos práticos do que com regras ditadas. As opiniões dos pais vão se manifestar de forma direta ou indireta. O dia a dia da casa passa muitos desses valores, coerências e incoerências. E as crianças são esponjas dessa convivência", afirma o psicoterapeuta e educador Leo Fraiman.

BERTOLETTO, Rodrigo. O pai-herói e a supermãe. Uol Tab. Disponível em: . Acesso em: 21 mai. 2017.

Texto III

Qual a importância dos pais estimularem a autonomia das crianças?

Quando a criança cresce dependente dos pais, ou seja, quando eles não estimulam sua autonomia e fazem tudo por elas, teremos adultos inseguros e sem iniciativas.

Crianças devem fazer sozinhas o que cabe para a faixa etária delas e assim constroem passo a passo o caminho da autonomia. Incentivar as funções executivas (comer sozinha, trocar-se, organizar-se, atender comandos etc.) é papel da família, pois isso lhes trará segurança, independência e autonomia.

As escolhas na idade infantil devem sempre vir acompanhadas da reflexão de suas consequências. Se isso ficar claro para a criança, ela certamente aprenderá que, ao fazer escolhas, assume com elas suas consequências. Quando damos a uma criança o poder de escolha, estamos incentivando a tomada de decisão. A criança que escolhe não vai necessariamente mandar nos pais, pois o poder de decisão não é dela e sim de quem propõe a escolha. Pais conscientes não lhes farão propostas impossíveis. Com isso, constrói-se uma relação saudável ao longo da vida.

A autonomia precisa ser estimulada, para que não haja o risco de ela crescer e se tornar um adulto indeciso, inseguro, sem iniciativa, dependente… provavelmente aquele que não sairá da casa dos pais, pois não consegue se virar sozinho.

A importância está na conscientização, pois ela aprenderá que para toda ação há uma reação e que, se a escolha foi sua, terá que conviver com as consequências posteriormente.

Vale lembrar que uma criança nunca está pronta. Ela deve ser sempre acompanhada e monitorada em suas escolhas, pois este é um processo na formação da personalidade… A criança que reflete quando colocada frente a uma situação começa a mostrar sinais de maturidade e, aos poucos, pode ir correspondendo às tarefas que o adulto lhe concede.

A autonomia pode contribuir para a iniciativa, e consequentemente a criança que tem iniciativa busca desenvolver todas as suas habilidades, pois participa mais e se desenvolve melhor. O desenvolvimento motor de uma criança é caracterizado por uma série de marcos, capacidades que ela adquire antes de avançar para outras mais difíceis. "Esses marcos não são realizações isoladas, cada capacidade obtida prepara o bebê para lidar com a seguinte".

Podemos dizer que a independência está relacionada às habilidades da criança em realizar tarefas e seguir regras. Já a autonomia está relacionada ao desenvolvimento emocional da criança. Uma criança é autônoma quando ela se envolve em atividades a partir da sua vontade e interesse, e não apenas porque está obedecendo a alguma regra. A autonomia é desenvolvida por meio do respeito aos interesses da criança e da relação de confiança que ela estabelece com os pais ou responsáveis do dia a dia.

Para incentivar a autonomia de seus filhos:

converse bastante com eles, mostrando a eles as consequências de seus atos; incentive pequenas tarefas: colocar a roupa, arrumar a cama, comer sozinho, guardar os brinquedos, tomar banho etc.; conte histórias onde os personagens demonstrem autonomia em suas ações cotidianas, pois a criança imita modelos; incentive e estimule as funções executivas; incentive a resolver seus próprios conflitos.

A criança deve ser sempre incentivada, mesmo que não consiga realizar algo, pois assim buscará o seu melhor. A frustração deve ocorrer, pois proporciona reflexão sobre o que deu errado e sobre como isso pode melhorar. Esse exercício provoca maturidade e a incentiva a sempre fazer o seu melhor sozinha, sendo estimulada a não desistir.

CLIA PSICOLOGIA. Qual a importância dos pais estimularem a autonomia das crianças. Disponível em: . Acesso em: 2 jul. 2018.

Proposta de Redação - Redação - pH 33

Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma-padrão da língua portuguesa sobre o tema “O desafio do desenvolvimento sustentável na atualidade” apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto I:

O primeiro supermercado dedicado exclusivamente à venda de alimentos que seriam destinados à lata do lixo – ou seja, aqueles produtos com prazo de validade já vencido, mas que ainda são apropriados para o consumo, foi inaugurado na Dinamarca.

O Wefood foi inaugurado na capital, Copenhague, pela princesa Marie e a ministra do Meio Ambiente e Alimentação, Eva Kjer Hansen. A iniciativa é de uma ONG dinamarquesa; a ideia é combater o desperdício. A ONU calcula que pelo menos um terço dos alimentos produzidos no mundo é jogado fora a cada ano.

“Todos os dias, mais de 800 milhões de pessoas no mundo vão dormir com fome. Ao mesmo tempo, só na Dinamarca cerca de 700 mil toneladas de alimentos por ano vão para o lixo”, disse à BBC Brasil o dinamarquês Per Bjerre, da ONG responsável pelo Wefood, a Folkekirkens Nødhjælp.

(...)

Todos os funcionários do Wefood trabalham de forma voluntária, e os lucros serão destinados a projetos de combate à pobreza conduzidos pela ONG Folkekirkens Nødhjælp em regiões como a África e a Ásia.

O trabalho dos voluntários cumpre uma função essencial.

“Quando há frutas já em vias de apodrecer em uma caixa, é mais barato para os supermercados jogar toda a caixa fora, em vez de gastar tempo selecionando as frutas boas e ruins. Mas os voluntários do WeFood fazem esse trabalho com prazer”, disse Bjerre.

Entre as razões apontadas para o desperdício mundial de alimentos, estão as condições inadequadas de armazenamento – e também a adoção de prazos de validade demasiadamente rigorosos.

(...)

Conter o desperdício é vital: projeções da ONU indicam que a população mundial deve chegar a 9,5 bilhões de pessoas até 2075 – o que vai significar três bilhões a mais de pessoas para alimentar, em um mundo onde milhões já passam fome agora.

(Disponível em: . Acesso em: 2 mar. 2016.)

Texto II:

Proposta de Redação - Redação - pH 21

TEXTO I

Em síntese apertada, pode-se dizer que a formação colonial no Brasil vinculou-se: economicamente, aos interesses dos mercadores de escravos, de açúcar, de ouro; politicamente, ao absolutismo reinol e ao mandonismo rural, que engendrou um estilo de convivência patriarcal e estamental entre os poderosos, escravista ou dependente entre os subalternos.

BOSI, Alfredo. Colônia, culto e cultura. In: Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 4ª ed., 2016.

TEXTO II

PALLIÈRE, Arnaud Julien. O filho do artista tomando banho na varanda da residência de seu avô, Grandjean de Montigny. 1830. 1 original de arte, óleo sobre tela, 97cm x 77cm. 

TEXTO III

Assim no campo como na cidade, no negócio como em casa, o escravo é onipresente. Torna-se muito restrito o terreno reservado ao trabalho livre, tal o poder absorvente da escravidão. E a utilização universal do escravo nos vários misteres da vida econômica e social acaba reagindo sobre o conceito do trabalho, que se torna ocupação pejorativa e desabonadora.

PRADO Jr., Caio. Organização social. In: Formação do Brasil contemporâneo: colônia. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

TEXTO IV

O Brasil concentra o maior número de trabalhadores domésticos do mundo, numa relação de 117 países avaliados em 2013 pela OIT (Organização Internacional do Trabalho). São 7,8% dos trabalhadores nessa categoria. Entre as mulheres, a porcentagem chega a 17%. São 6 milhões de trabalhadores domésticos ao todo, a maior parte mulher, negra e com pouca escolaridade. Só em 2015, porém, é que o Brasil começou a equipar os direitos das domésticas e de profissionais de outras áreas. Ainda assim, a informalidade prevalece: pouco mais de 30% das domésticas têm carteira assinada.

“Nossa origem escravista e patriarcal, concebida a partir da casa grande e da senzala, soube amoldar-se ao avanço das cidades”, disse o professor Ricardo Antunes, titular de Sociologia do Trabalho na Unicamp, ao Nexo, em dezembro de 2015. Os resquícios escravocratas citados por Antunes estão tão arraigados no cotidiano das famílias que contratam empregados domésticos que poucos se dão conta. Entre os relatos recebidos por Joyce, estava o de uma empregada doméstica de 76 anos que precisou subir 11 andares de escada quando o elevador de serviço do prédio onde trabalhava quebrou.

MONTESANTI, Beatriz. Como a hashtag #EuEmpregadaDoméstica se insere no debate sobre as relações de trabalho. Nexo Jornal. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/07/22/Como-a-hashtag-EuEmpregadaDom%C3%A9stica-se-insere-no-debate-sobre-as- rela%C3%A7%C3%B5es-de-trabalho. Acesso em: 29 jul. 2019. (Fragmento adaptado)

TEXTO V

O tema da empregada doméstica como protagonista não é inédito na filmografia brasileira e latino-americana. Na verdade, esse tema é recorrente em todos os países onde a colonização e a escravidão existiram. Aliás, uma das primeiras lições que os ingleses, os franceses, os alemães e os norte-americanos ensinavam quando colonizavam ou escravizavam os povos, era a capacidade de o serviçal se tornar invisível. Habitar a mesma casa e ser ao mesmo tempo invisível.

MAGNO, M. I. Que horas ela volta? Uma crônica cinematográfica. Comunicação e Educação, v. 21, n. 1, p. 163-169, 2 maio 2016. (Fragmento adaptado)

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, de 25 a 30 linhas, em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema As heranças da escravidão e as relações de trabalho no Brasil contemporâneo, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Proposta de Redação - Redação - pH 10

Com base na leitura dos textos motivadores abaixo e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma-padrão da língua portuguesa, com no mínimo 20 e no máximo 30 linhas, sobre o seguinte tema: Desconstruindo e reconstruindo a língua: como combater o preconceito linguístico? Selecione, organize e relacione, de forma coesa e coerente, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto I:

A língua é do povo e não da gramática​

Após o Ministério da Educação recomendar, através do Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a publicação e distribuição do livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, Aprender (editora Global), da professora Heloísa Ramos, defendendo a validade do falar coloquial, com erros de pronúncia, em desacordo com a chamada norma culta, o mundo pareceu que ia desmoronar.

É que os defensores da língua, aqueles mesmos que não sabem nem um terço das exigências linguísticas para se falar ou escrever corretamente, aparecem na mídia afirmando que é inadmissível ensinar a alunos falar e escrever de modo que não seja culto. Já a autora e o Ministério da Educação defendem o livro com o argumento de que reconhecem as variedades da língua portuguesa e a linguagem dos diversos grupos sociais.

Os doutores da língua, os cultores e impregnados estudiosos que agora se academizam demais, esquecem que o povo não tem culpa de eles terem complicado excessivamente o estudo e aprendizagem da língua. Bem antes disso, há mais de um ano, eu já havia publicado um texto intitulado “Fale assim mesmo!”, em que defendo o falar, ainda que eivado de erros, do povo. Eis parte do que escrevi à época:

“Já imaginaram quantas palavras deixaram de ser ditas simplesmente porque quem deveria pronunciá-las não o fez por medo ou vergonha? Já pensaram quantas mensagens ficaram somente no vão das ideias porque não foram expressas? Quantas e quantas palavras únicas, frases ou enunciados maiores não saíram da boca porque esta, temendo falar errado, não disse o que deveria?

Até hoje não me conformo com essa frescura de dizer que esta ou aquela pessoa fala errado, não sabe falar direito, tem fala de caipira ou de matuto, não abre a boca pra não tropeçar no português. Linguisticamente falando, não há nada mais preconceituoso do que isso.

Preconceito porque, ao justificar por meio das normas cultas da língua, nada mais fazem do que esquecer que as palavras, a linguagem e o que se tem como culto na língua nasceram precisamente de palavras despidas de qualquer cobrança relativas a ela; nasceram daquilo que o primitivo dizia e o outro entendia, sem ser bonita ou nada, certa ou errada, mas apenas palavra; nasceram da necessidade dos povos em se expressar e não do convencionalismo para se expressar de determinado modo, porque assim seria mais bonito e sinal de inteligência. Foi a gramática que promoveu essa discriminação toda, e que até hoje tenta erroneamente balizar o que seja um falante inteligente, menos inteligente ou burro, na mais pura expressão do termo.

Ora, se estou com sede pido ou peço um copo-d’água, não mato a sede com a hipéborle; se estou com fome vou coisar as panela, cunzinhar quarqué coisa, encher o bucho e pronto, não preciso esmolar na onomatopeia; se estou cansado me aprochego num tamborete, me aderreio numa cadeira ou me amoito na rede, mas não vou descansar na derivação parassintética; se estou enjoado é porque estou imburrado mermo, e não com locução pronominal indefinida. Se os outros entendem o que se fala, onde estará, então, o erro?

(...)

Vamos colocar as coisas no seu devido lugar. Se digo nóis vai ali, ela me falou-me, a situação tá pecuária, os bicho vão tudim morrer de fartura de tudo, vou no rio, a gente queríamos, as coisas é assim mermo etc., será que o outro não está entendendo o significado do que quero dizer, o sentido das minhas palavras? Mas não, é burro quem for na cidade, porque o certo é ir à cidade. Ora, santo Deus, se eu sei o quero falar é você, professor ou qualquer outro sabidão, que vai me dizer como eu deva dizer? É preciso respeitar a língua dos outros, pois língua é liberdade, como ensina Luft.

(...)

(Rangel Alves da Costa. Disponível em: .)

Texto II:

A Gíria é a cultura do povo​

Toda hora tem gíria no asfalto e no morro porque ela é a cultura do povo Pisou na bola conversa fiada malandragem Mala sem alça é o rodo, tá de sacanagem Tá trincado é aquilo, se toca vacilão Tá de bom tamanho, otário fanfarrão Tremeu na base, coisa ruim não é mole não Tá boiando de marola, é o terror alemão Responsa catuca é o bonde, é cerol Tô na bola corujão vão fechar seu paletó

Toda hora tem gíria...

Se liga no papo, maluco, é o terror Bota fé, compadre, tá limpo, demorou Sai voado, sente firmeza, tá tranquilo Parei contigo, contexto, baranga, é aquilo Tá ligado na fita, tá sarado Deu bode, deu mole qualé, vacilou Tô na área, tá de bob, tá bolado Babou a parada, mulher de tromba, sujou

Toda hora tem gíria...

Sangue bom tem conceito, malandro e o cara aí Vê me erra boiola, boca de sirí Pagou mico, fala sério, tô te filmando É ruim, hem! O bicho tá pegando Não tem caô, papo reto, tá pegado Tá no rango, mané, tá aloprado Caloteiro, carne de pescoço, "vagabau" Tô legal de você sete-um, gabo, cara de pau

(Bezerra da Silva)

Texto III:​

Pronominais​

Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro.

(Oswald de Andrade)

Texto IV:

Proposta de Redação - Redação - pH 19

TEXTO I

7. Os princípios do Estado democrático de Direito

a) princípio da constitucionalidade, que exprime, em primeiro lugar, que o Estado democrático de Direito se funda na legitimidade de uma Constituição rígida, emanada da vontade popular, que, dotada de supremacia, vincule todos os poderes e os atos deles provenientes, com as garantias de atuação livre da jurisdição constitucional;

b) princípio democrático que, nos termos da Constituição, há de constituir uma democracia representativa e participativa, pluralista, e que seja a garantia geral da vigência e eficácia dos direitos fundamentais;

c) sistema de direitos fundamentais individuais, coletivos, sociais e culturais;

d) princípio da justiça social, como princípio da ordem econômica e da ordem social;

e) princípio da igualdade;

f) princípio da divisão de poderes e da independência do juiz;

g) princípio da legalidade;

h) princípio da segurança jurídica.

8. Tarefa fundamental do Estado democrático de Direito

A tarefa fundamental do Estado democrático de Direito consiste em superar as desigualdades sociais e regionais e instaurar um regime democrático que realize a justiça social.

SILVA, José Afonso da. O estado democrático de direito. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 173, p. 15-24, jul. 1988. ISSN 2238-5177. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/45920. Acesso em: 17 jul. 2019. (Fragmento adaptado)

TEXTO II

A democracia não vai bem ao redor do mundo. O cientista político Larry Diamond criou o termo “recessão democrática” para descrever como, mais ou menos desde 2006, o número de democracias vem caindo, e a qualidade das democracias restantes também. É um processo lento, com reviravoltas, mas a tendência é preocupante. A crise da democracia no Brasil se destaca entre suas similares por uma implosão muito mais acentuada do sistema partidário, o que, surpreendentemente, fez com que o sistema político brasileiro se mostrasse mais capaz de se recompor do que seus similares ao redor do mundo.

BARROS, Celso Rocha de. O Brasil e a recessão democrática. Revista Piauí. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-brasil-e-recessao- democratica/. Acesso em: 17 jul. 2019. (Fragmento adaptado)

TEXTO III

Buscando oferecer algum mecanismo para que as pessoas possam se precaver de lideranças autoritárias, Levitsky e Ziblatt adotaram como inspiração as ideias do sociólogo espanhol Juan Linz e elaboraram um teste que seria capaz de indicar se determinado político estaria ou não comprometido com valores democráticos baseado nos seguintes questionamentos:

1. O indivíduo rejeita, em palavras ou atos, regras fundamentais da democracia?

2. Põe em dúvida a legitimidade de seus oponentes?

3. Tolera ou incentiva a violência política?

4. Admite ou propõe restringir liberdades civis?

Democracias começam a morrer, diz o autor, quando partidos políticos, elites econômicas e demais poderes institucionais passam a naturalizar figuras notoriamente autoritárias. Há quem questione, inclusive, se ainda estamos vivendo sob um Estado Democrático de Direito.

Para o autor Rubens R.R. Casara, por exemplo, a realidade brasileira seria melhor definida pela ideia de Estado Pós-Democrático: a democracia fica reduzida meramente à sua concepção formal, desprovida de conteúdo e substância. Isso permitiria e estimularia o crescimento do pensamento autoritário, ao passo que práticas autoritárias podem se fundir com a democracia formal caso seja do interesse dos grupos dominantes.

DUWE, Ricardo. ‘As instituições estão funcionando normalmente’. Le Monde Diplomatique Brasil. Disponível em: https://diplomatique.org.br/as- instituicoes-estao-funcionando-normalmente/. Acesso em: 17 jul. 2019. (Fragmento adaptado)

TEXTO IV

CHAPOLA, Ricardo. Qual a percepção da população sobre a democracia no Brasil. Nexo Jornal. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/11/17/Qual-a-percep%C3%A7%C3%A3o-da-popula%C3%A7%C3%A3o-sobre-a-democracia-no-Brasil. Acesso em: 17 jul. 2019.

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, de 25 a 30 linhas, em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema É importante que o Estado Democrático de Direito seja preservado no Brasil?, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Proposta de Redação - Redação - pH 13

Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema Proliferação das Fake News: como combater a desinformação na era da pós-verdade? Seu texto deve ter em torno de 25 linhas.

Texto I:

O que é ‘pós-verdade’, a palavra do ano segundo a Universidade de Oxford Substantivo diz respeito a circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos importância do que crenças pessoais

Anualmente, a Oxford Dictionaries, departamento da universidade de Oxford responsável pela elaboração de dicionários, elege uma palavra para a língua inglesa. A de 2016 é “pós-verdade” (post-truth). (...)

Além de eleger o termo, a instituição definiu o que é a “pós-verdade”: um substantivo “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”.

A palavra é usada por quem avalia que a verdade está perdendo importância no debate político. Por exemplo: o boato amplamente divulgado de que o Papa Francisco apoiava a candidatura de Donald Trump não vale menos do que as fontes confiáveis que negaram esta história.

Segundo a Oxford Dictionaries, o termo “pós-verdade” com a definição atual foi usado pela primeira vez em 1992 pelo dramaturgo sérvio-americano Steve Tesich. Ele tem sido empregado com alguma constância há cerca de uma década, mas houve um pico de uso da palavra, que cresceu 2.000% em 2016.

“‘Pós-verdade’ deixou de ser um termo periférico para se tornar central no comentário político, agora frequentemente usado por grandes publicações sem a necessidade de esclarecimento ou definição em suas manchetes”, escreve a entidade no texto no qual apresenta a palavra escolhida.

Segundo a Oxford Dictionairies, a palavra vem sendo empregada em análises sobre dois importantes acontecimentos políticos: a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e o referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, apelidada de “Brexit”. Ambas as campanhas fizeram uso indiscriminado de mentiras, como a de que a permanência na União Europeia custava à Grã Bretanha US$ 470 milhões por semana no caso do Brexit, ou de que Barack Obama é fundador do Estado Islâmico no caso da eleição de Trump.

Em um artigo publicado em setembro de 2016, a influente revista britânica The Economist destaca que políticos sempre mentiram, mas Donald Trump atingiu um outro patamar. A leitura de muitos acadêmicos e da mídia tradicional é que as mentiras fizeram parte de uma bem-sucedida estratégia de apelar a preconceitos e radicalizar posicionamentos do eleitorado.

Apesar de claramente infundadas, denunciar essas informações como falsas não bastou para mudar o voto majoritário. Para diversos veículos de imprensa, a proliferação de boatos no Facebook e a forma como o feed de notícias funciona foram decisivos para que informações falsas tivessem alcance e legitimidade.

Este e outros motivos têm sido apontados para explicar ascensão da pós-verdade. (...)

 (FÁBIO, André Cabette. Nexo Jornal. 16 nov. 2016. Disponível em:

Estes materiais são parte integrante das coleções da editora Saraiva. Eles poderão ser reproduzidos desde que o título das obras e suas respectivas autorias sejam sempre citadas