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Quando uma pessoa idosa passa a conviver com seus filhos e netos, o convívio de diferentes gerações no mesmo ambiente altera a rotina diária da família de diversas maneiras.
a) O acesso do idoso a todos os locais da casa deve ser facilitado para diminuir o risco de uma queda ou fratura durante sua locomoção. Pesquisas recentes sugerem que uma estrutura óssea periférica de um indivíduo jovem suporta uma pressão máxima P1 = 1,2 × 109 N/m2, enquanto a de um indivíduo idoso suporta uma pressão máxima P2 = 2,0 × 108 N/m2. Considere que em um indivíduo jovem essa estrutura óssea suporta uma força máxima F1 = 24 N aplicada sob uma área A1 e que essa área sob a ação da força diminui com a idade, de forma que A2 = 0,8A1 para o indivíduo idoso. Calcule a força máxima que a estrutura óssea periférica do indivíduo idoso pode suportar.
b) Na brincadeira "Serra, serra, serrador. Serra o papo do vovô. Serra, serra, serrador. Quantas tábuas já serrou?", o avô realiza certo número de oscilações com seu neto conforme representado na figura abaixo. Em uma oscilação completa (A-O-A) a cabeça do menino se desloca em uma trajetória circular do ponto A para o ponto O e de volta para o ponto A. Considerando um caso em que o tempo total de duração da brincadeira é t=10 s e a velocidade escalar média da cabeça do menino em cada oscilação (A-O-A) vale v=0,6 m/s , obtenha o número total de oscilações (A-O-A) que o avô realizou com o neto durante a brincadeira. Use h=50 cm e π=3.
a) Para o indivíduo jovem:
b)
A velocidade escalar média é definida por: , onde d é a distância total percorrida pela cabeça do menino durante uma oscilação e T é o tempo de uma oscilação. Como,
e o número total de oscilações é
O texto abaixo é parte de uma campanha promovida pela ANER (Associação Nacional de Editores de Revistas).
Surfamos a Internet, Nadamos em revistas
A Internet empolga. Revistas envolvem. A Internet agarra. Revistas abraçam. A Internet é passageira. Revistas são permanentes. E essas duas mídias estão crescendo.
Um dado que passou quase despercebido em meio ao barulho da Internet foi o fato de que a circulação de revistas aumentou nos últimos cinco anos. Mesmo na era da Internet, o apelo das revistas segue crescendo. Pense nisto: o Google existe há 12 anos. Durante esse período, o número de títulos de revistas no Brasil cresceu 234%. Isso demonstra que uma mídia nova não substitui uma mídia que já existe. Uma mídia estabelecida tem a capacidade de seguir prosperando, ao oferecer uma experiência única.
É por isso que as pessoas não deixam de nadar só porque gostam de surfar.
(Adaptado de Imprensa, n. 267, maio 2011, p. 17.)
a) O verbo surfar pode ser usado como transitivo ou intransitivo. Exemplifique cada um desses usos com enunciados que aparecem no texto da campanha. Indique, justificando, em qual desses usos o verbo assume um sentido necessariamente figurado.
b) Que relação pode ser estabelecida entre o título da campanha e o trecho reproduzido a seguir? Como essa relação é sustentada dentro da campanha?
A Internet empolga. Revistas envolvem. A Internet agarra. Revistas abraçam. A Internet é passageira. Revistas são permanentes.
Espera-se que o candidato exemplifique o emprego de surfar como transitivo (“Surfamos a internet”) e como intransitivo (“porque gostam de surfar”), indicando que o uso necessariamente figurado aparece na ocorrência do verbo como transitivo. Ao justificar esse uso, o candidato deve explicitar o sentido assumido por surfar (por exemplo, acessar informações por meio de hipertextos, visitar várias páginas da internet ao mesmo tempo, etc). Na segunda parte da questão, o candidato deve associar o título da campanha ao trecho citado, relacionando os sentidos de “empolgar”, “agarrar” e “passageira” ao de “surfar”, e os de “envolver”, “abraçar” e “permanente” ao de “nadar”. Ao fazer isso, pode, por exemplo, associar a internet a uma onda (algo empolgante, impactante, fugaz) e as revistas, ao mar (algo envolvente, acolhedor, perene). O candidato deve, finalmente, mostrar como essa relação é sustentada no restante da campanha. Para tanto, deve lançar mão das informações apresentadas no segundo parágrafo, que indicam a vitalidade das revistas (seu crescimento, sua existência duradoura, o fato de não terem sido substituídas por outras mídias) frente à popularização da internet.
Marcas Esmaecidas - Gel feito de látex natural é a mais recente promessa para combater rugas. Um teste preliminar realizado com 60 mulheres de idade próxima a 50 anos indicou uma redução de 80% das rugas na região da testa e dos olhos, após quase um mês de uso diário de um gel antirrugas feito de látex da seringueira. Esses dados são parte de uma reportagem sobre farmacologia, divulgada pela Revista n°157.
a) O látex natural, a que se refere o texto, é uma dispersão coloidal de partículas de polímeros que, após coagulação, leva à formação da borracha natural. A partir da estrutura dos monômeros fornecidos no espaço de resposta, represente dois polímeros do látex, usando 4 monômeros em cada representação.
b) Calcule a massa molar (g mol-1) de um látex cuja cadeia polimérica, para efeito de cálculo, é constituída por 10.000 unidades do monômero.
a) Dois exemplos:
Há outras possibilidades.
b) A fórmula molecular do monômero é: C5H8. Portanto, sua massa molar é igual a (5x12 + 8x1) = 68 g mol-1. A massa molar do polímero é igual a 10.000 x 68 = 680.000 g mol-1.
Alguém já escreveu que a internet é um instrumento democrático. Tomada ao pé da letra, essa afirmação é falsa. Eu gostaria de corrigi-la, acrescentando: a internet é um instrumento potencialmente democrático. Para fazer uma pesquisa navegando na web, precisamos saber como dominar os instrumentos do conhecimento: em outras palavras, precisamos dispor de um privilégio cultural que é ligado ao privilégio social.
As escolas precisam da internet, mas a internet precisa de uma escola onde o ensino real acontece. A internet não apenas faz referência aos livros, mas pressupõe livros. A leitura fragmentada em palavras e frases isoladas do contexto integral sempre foi parte da leitura de cada um, mas o livro é o instrumento que nos ensina a dominar a extraordinária velocidade da internet – para ser capaz de usá-la, você precisa aprender a “ler devagar”.
Não consigo imaginar que alguém possa aprender sozinho, sem modelos, a prática profundamente artificial da leitura lenta. Daí a internet pressupor não apenas os livros, mas também aqueles que ensinam a ler livros — ou seja, professores em carne e osso.
(Adaptado de “Carlo Ginzburg: a internet é um instrumento potencialmente democrático”. Disponível em http://www.fronteiras.com/artigos/carlo-ginzburg-ainternet-nao-apenas-remete-aos-livros-como-tambem-pressupoe-livros-1427135419. Acessado em 02/09/2018.)
a) De que argumentos o autor se vale para refutar a afirmação de que a internet é um instrumento democrático?
b) Explique por que a internet pressupõe “professores em carne e osso” e livros.
a) O autor defende que a internet não se constitui como instrumento democrático porque se vincula a um privilégio social, ao qual se liga também o privilégio cultural de dominar instrumentos do conhecimento previamente ao contato com a rede. Além disso, argumenta que frequentar a escola é condição indispensável para que a velocidade da internet seja “dominada”, já que é no espaço escolar que se desenvolvem habilidades fundamentais ao manejo dessa rede: a leitura de livros e a prática da “leitura lenta”, resultado do trabalho de professores.
b) A internet pressupõe “professores de carne e osso” e livros porque a capacidade de usá-la, diante de sua extraordinária velocidade, depende do aprendizado escolar de uma “leitura lenta” – que, como prática artificialmente construída, precisa ser ensinada. No nosso sistema educacional, é a figura do professor quem mais frequentemente desenvolve essa habilidade.
Uma lista de quatro números inteiros tem média 7 e diferença entre o maior e o menor dos números igual a 24. A moda e a mediana da lista são, ambas, iguais a 8. Assim, o desvio padrão da lista é igual a
A Klebsiella pneumoniae é uma bactéria oportunista de um grupo que está entre os microrganismos que mais causam infecções hospitalares e que mais têm desenvolvido resistência a antibióticos nos últimos anos. Outro microrganismo desse grupo é a Klebsiella pneumoniae carbapenemase, uma superbactéria.
Pesquisadores analisaram K. pneumoniae presentes na urina de 48 pessoas diagnosticadas com infecção urinária. Em duas pessoas as bactérias apresentaram um fenótipo de virulência, conhecido como hipermucoviscosidade, em que as bactérias produzem grande quantidade de um biofilme espesso e viscoso, que adere as bactérias ao epitélio da bexiga e as protegem, tornando dificílima sua eliminação.
(Karina Toledo. “Bactérias multirresistentes são identificadas fora de ambiente hospitalar”. http://agencia.fapesp.br, 21.08.2019. Adaptado.)
a) A qual gênero pertence a superbactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase? Cite uma característica exclusiva das bactérias que as integra ao Reino Monera.
b) O que é uma bactéria oportunista? Do ponto de vista evolutivo e devido ao tratamento com antibióticos, como o fenótipo hipermucoviscosidade pode se tornar predominante ao longo do tempo?
a) Pertence ao gênero Klebsiella. As bactérias são organismos anucleados, característica presente nos organismos do Reino Monera.
b) Bactéria oportunista é a que se aproveita de uma baixa imunológica do organismo hospedeiro para se instalar e se multiplicar. O fenótipo hipermucoviscosidade pode se tornar predominante, pois essas bactérias conseguem resistir melhor ao tratamento com antibióticos do que outras cepas de Klebsiella, o que permite sua sobrevivência e reprodução.
A Associação Canadense de Saúde Mental é uma organização sem fins lucrativos que combate o estigma sobre a saúde mental, promovendo ações em favor de pessoas que sofrem com doenças dessa natureza. O cartaz abaixo, direcionado à população em geral, foi publicado no site dessa associação.
(Disponível em https://ontario.cmha.ca/documents. Acessado em 22/08/2019.)
O cartaz apresentado tem o intuito de
motivar a população a parar de reconhecer os estereótipos negativos associados à saúde mental.
encorajar empresários a oferecer melhores condições de emprego a pessoas com doenças mentais.
estimular o combate aos estereótipos que atingem pessoas com doenças mentais.
incentivar um tratamento diferenciado a pessoas com doenças mentais.
A partir do título, o aluno deveria ser capaz de associar estigma a estereótipo, o que é reforçado ao final do texto na frase “Speak up against stigma”. Além disso, o acrônimo STOP elenca questionamentos sobre atitudes ou ações que indicam esses estereótipos.
A tabela mostra o número total de refugiados no mundo em 2017, segundo relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas Para Refugiados (UNHCR ou ACNUR em português).
Refugiados do Mundo*
*Nestes dados não estão computados os palestinos.
UNHCR‐ GLOBAL TRENDS, 2017. Adaptado.
Sobre os refugiados e sua distribuição no mundo, é correto afirmar:
Os provenientes do Sudão do Sul e da Somália são acolhidos na Turquia, onde encontram oferta de empregos nas atividades comerciais, tradição econômica do país, desde o século XVII.
A maioria provém da África, devido aos processos de desertificação, e tem como destino o Oriente Médio e a Europa.
O Irã recebe majoritariamente refugiados de países da África Subsaariana, dentre os quais se destacam o Sudão e o Sudão do Sul.
Os de origem síria são a maior população nesta condição, e estão sendo acolhidos em vários países do Extremo Oriente e da África, os quais apoiam o governo sírio na guerra civil que ocorre nesse país desde 2011.
São majoritariamente provenientes do Oriente Médio, África e Ásia, deslocam‐se, forçadamente, devido a longas guerras, em grande parte para países e/ou regiões fronteiriços.
A questão apresenta o tema dos “Refugiados no Mundo”. A tabela analisa dados sobre sua origem e seu destino. É correto afirmar, segundo a tabela, que os refugiados são oriundos, predominantemente, do Oriente Médio (Síria e Afeganistão), África (Sudão, Sudão do Sul e Somália) e Sudeste Asiático (Mianmar); e o destino, em grande parte, são os países e as regiões fronteiriças como Turquia, Paquistão, Uganda, Líbano e etc.
Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever Mas o correio andou arisco Se me permitem, vou tentar lhe remeter Notícias frescas nesse disco Aqui na terra tão jogando futebol Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll Uns dias chove, noutros dias bate sol Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta A Marieta manda um beijo para os seus Um beijo na família, na Cecília e nas crianças O Francis aproveita pra também mandar lembranças A todo pessoal Adeus
Meu caro amigo. Chico Buarque e Francis Hime, 1976.
a) Levando em conta o período histórico em que a letra da música foi composta, justifique o uso do plural no terceiro verso.
b) A letra da canção apresenta características de qual gênero discursivo? Aponte duas dessas características.
a) No contexto, o uso do plural em “Se me permitem” configura um caso de indeterminação do sujeito, que consiste em um recurso usado pelo eu lírico para não precisar explicitar o responsável por essa permissão. Uma hipótese para o emprego do verbo permitir no plural é a canção ter sido feita durante a ditadura civil-militar brasileira (que começou em 1964 e se intensificou depois do AI-5 em 1968), caracterizada por perseguir quem defendia ideias contrárias ao regime autoritário: na época, músicas, filmes, peças de teatro, livros, reportagens jornalísticas, programas de rádio e de televisão foram censurados. Assim, ao dizer que pretende mandar notícias por um disco, o eu lírico condiciona essa ação à autorização dos agentes da repressão, que aparecem indeterminados na oração “Se me permitem”.
b) A canção “Meu caro amigo” apresenta a estrutura de uma carta. As duas características mais evidentes desse gênero são o uso do vocativo (“Meu caro amigo”) e a despedida explícita (“A Marieta manda um beijo para os seus / Um beijo na família, na Cecília e nas crianças / o Francis aproveita pra também mandar lembranças / A todo pessoal / Adeus”).
Uma fábrica constrói dados com a forma de um tetraedro regular. A área de uma face do dado é igual a 9 cm².
A Qual é a soma das medidas das arestas de um dado?
B As faces do dado são numeradas de 1 a 4. Lançamos dois desses dados. Qual é a probabilidade, expressa em porcentagem, da soma dos números das faces visíveis ser um múltiplo de 5?
A) Sendo ℓ a medida de cada aresta do tetraedro, temos que ℓ é a medida do lado de um triângulo equilátero de área 9√3. Então:
A soma das medidas das 6 arestas do tetraedro, em cm, é dada por 6 · 6 = 36.
Resposta: 36 cm
B) Considerando o lançamento de dois dados, temos um total de C4,3 · C4,3 = 16 maneiras de se observar as faces visíveis. Dessas, as maneiras em que a soma delas é múltiplo de 5 ocorrem em 4 casos:
({1, 2, 3}, {2, 3, 4}), ({2, 3, 4}, {1, 2, 3}), ({1, 2, 4},{1, 3, 4}) e ({1, 3, 4}, {1, 2, 4}).
Assim, a probabilidade pedida é
Resposta: 25%
As plantas crescem e se desenvolvem em ambientes com grande variação na disponibilidade de energia luminosa, apresentando importante aclimatação da fotossíntese e da respiração foliar. A figura abaixo representa a variação das trocas gasosas de duas espécies, A e B, em função do aumento da disponibilidade de luz. Valores positivos indicam fotossíntese e valores negativos, respiração.
a) Qual espécie estaria mais apta a se desenvolver em ambientes de sub-bosque, onde a luz é um fator limitante e raramente excede 200 mol m-2 s-1? Justifique sua resposta.
b) Além de modificações fisiológicas como as citadas nas trocas gasosas, cite outras duas características das folhas que tornariam as plantas aptas a se desenvolverem em ambientes sombreados.
a) A espécie B. Observa-se que no ambiente descrito essa espécie apresenta menor taxa de respiração e maior taxa de fotossíntese.
b) Podem ser citados:
maior quantidade de clorofila por unidade de área foliar; folhas com grande superfície, aumentando a captação luminosa.Na “ Nota preliminar” escrita para a primeira edição do livro Poemas negros, de Jorge de Lima, o antropólogo Gilberto Freyre afirma que, graças à “interpretação de culturas, entre nós tão livre”, e graças ao “cruzamento de raças”, “o Brasil vai-se adoçando numa das comunidades mais genuinamente democráticas e cristãs do nosso tempo”. Com base no poema “Democracia”, responda às questões que se seguem.
DEMOCRACIA
Punhos de rede embalaram o meu canto para adoçar o meu país, ó Whitman. Jenipapo coloriu o meu corpo contra os maus[olhados, catecismo me ensinou a abraçar os hóspedes, carumã me alimentou quando eu era criança, Mãe-negra me contou histórias de bicho, moleque me ensinou safadezas, massoca, tapioca, pipoca, tudo comi, bebi cachaça com caju para limpar-me, tive maleita, catapora e ínguas, bicho-de-pé, saudade, poesia; fiquei aluado, mal-assombrado, tocando maracá, dizendo coisas, brincando com as crioulas, vendo espíritos, abusões, mães-d’água, conversando com os malucos, conversando sozinho, emprenhando tudo que encontrava, abraçando as cobras pelos matos, me misturando, me sumindo, me acabando, para salvar a minha alma benzida e meu corpo pintado de urucu, tatuado de cruzes, de corações, de mãos-ligadas, de nomes de amor em todas as línguas de branco, [de mouro ou de pagão.
(Jorge de Lima, Poesias completas, v. I. Rio de Janeiro/Brasília: J. Aguilar/INL, 1974, p.160, 164-165.)
a) A ideia de “adoçamento” social está presente tanto no poema de Jorge de Lima quanto no texto de Gilberto Freyre. Aponte dois episódios da formação do poeta, referidos no poema, que exemplificam essa interpretação. Justifique sua escolha.
b) Considerando elementos da composição do poema, explique de que maneira a ideia de “democracia”, presente no título, manifesta-se no texto.
a) A ideia de “adoçamento social”, mencionada no enunciado, está relacionada à convivência harmoniosa de diversas matrizes culturais e étnicas no Brasil. Um episódio expressivo dessa forma de relação social está presente no trecho “catecismo me ensinou a abraçar os hóspedes”, no qual se evidencia como a formação cristã do enunciador lhe ensinou a receber amorosamente características culturais de diversas fontes, como africanas, indígenas, mouras e pagãs. Outro episódio que materializa esse movimento está em “me misturando, me sumindo, me acabando”, em que se demonstra o valor positivo da miscigenação, que levaria à salvação da alma do enunciador.
b) A ideia de democracia se manifesta formalmente por meio de uma série de recursos: uma longa enumeração de elementos relativos à diversidade étnico-cultural brasileira; a seleção vocabular, que remete a palavras de diversas origens; o modo popular como o enunciador emprega a colocação pronominal e, por fim, a opção pela liberdade expressiva, que se mostra pela ausência de rimas e métrica regular.
(Destak, 06.10.2011)
Observe a frase: Faz uma semana que você não troca de roupa.
Substitua a expressão destacada por meses e depois redija duas versões dessa frase, empregando:
a) o verbo haver flexionado no pretérito imperfeito do indicativo em lugar de fazer;
b) a locução dever fazer em lugar de fazer. Em seguida, explique a concordância dessa locução verbal.
a) Havia meses que você não trocava de roupa.
Observação: O verbo “haver” é impessoal (o termo “meses” é o seu objeto direto), por isso deve ficar na 3ª pessoa do singular. A mudança de flexão desse verbo para o imperfeito do indicativo deve ser acompanhada de mudança da flexão do verbo “trocar”, para que se mantenha assim uma correlação de tempos verbais coerente.
b) Deve fazer meses que você não troca de roupa.
Locuções verbais cujo verbo principal é impessoal ficam na 3ª pessoa do singular, uma vez que não possuem sujeito com o qual concordem. Tanto na frase original quanto na sua reescrita, o termo “meses” é objeto direto.
O cronista narra uma série de fatos ocorridos no passado. Um fato anterior a esse tempo passado está indicado pela forma verbal sublinhada em
“Eram duzentas e uma e, em um lance único, genial, destacou em relevo, ao alto da página ‘duzentas e uma palavras ao leitor’.” (6º parágrafo)
“A obra seria, segundo o velho hábito, precedida de ‘duas palavras ao leitor’ e levaria, como demonstração de sua submissão intelectual, uma dedicatória.” (5° parágrafo)
“A dedicatória, como todas as dedicatórias, seria a ‘pálida homenagem’ de seu talento ao espírito amigo que lhe ensinara a pensar...” (7° parágrafo)
“E Marco Aurélio resolve meditar.” (4º parágrafo)
“Leiam-na e verão como a coisa é bela.” (9º parágrafo)
A ação de ensinar em “A dedicatória, como todas as dedicatórias, seria a ‘pálida homenagem’ de seu talento ao espírito amigo que lhe ensinara a pensar” é anterior aos fatos narrados, que ocorreram no passado. É isso que justifica o emprego da forma verbal no pretérito mais-que-perfeito.
Leia o conto de Carlos Drummond de Andrade para responder à questão.
O entendimento dos contos
— Agora você vai me contar uma história de amor — disse o rapaz à moça. — Quero ouvir uma história de amor em que entrem caravelas, pedras preciosas e satélites artificiais.
— Pois não — respondeu a moça, que acabara de concluir o mestrado de contador de histórias, e estava com a imaginação na ponta da língua. — Era uma vez um país onde só havia água, eram águas e mais águas, e o governo como tudo mais se fazia em embarcações atracadas ou em movimento, conforme o tempo. Osmundo mantinha uma grande indústria de barcos, mas não era feliz, porque Sertória, objeto dos seus sonhos, se recusava a casar com ele. Osmundo ofereceu-lhe um belo navio embandeirado, que ela recusou. Só aceitaria uma frota de dez caravelas, para si e para seus familiares.
Ora, ninguém sabia fazer caravelas, era um tipo de embarcação há muito fora de uso. Osmundo apresentou um mau produto, que Sertória não aceitou, enumerando os defeitos, a começar pelas velas latinas, que de latinas não tinham um centavo. Osmundo, desesperado, pensou em afogar-se, o que fez sem êxito, pois desceu no fundo das águas e lá encontrou um cofre cheio de esmeraldas, topázios, rubis, diamantes e o mais que você imagina. Voltou à tona para oferecê-lo à rígida Sertória, que virou o rosto. Nada a fazer, pensou Osmundo; vou transformar-me em satélite artificial. Mas os satélites artificiais ainda não tinham sido inventados. Continuou humilde satélite de Sertória, que ultimamente passeava de uma lancha para outra, levando-o preso a um cordão de seda, com a inscrição “Amor imortal”. Acabou.
— Mas que significa isso? — perguntou o moço, insatisfeito. — Não entendi nada.
— Nem eu — respondeu a moça —, mas os contos devem ser contados, e não entendidos; exatamente como a vida.
(Contos plausíveis, 2012.)
Observa-se o emprego de expressão própria da linguagem coloquial no trecho
“Só aceitaria uma frota de dez caravelas, para si e para seus familiares” (2º parágrafo).
“Sertória não aceitou, enumerando os defeitos, a começar pelas velas latinas, que de latinas não tinham um centavo” (3º parágrafo).
“Era uma vez um país onde só havia água, eram águas e mais águas” (2º parágrafo).
“Osmundo mantinha uma grande indústria de barcos, mas não era feliz, porque Sertória, objeto dos seus sonhos, se recusava a casar com ele” (2º parágrafo).
“Osmundo, desesperado, pensou em afogar-se, o que fez sem êxito” (3º parágrafo).
No trecho assinalado, a expressão figurada “não tinham um centavo” é uma forma enfática de acentuar negações típicas de registros informais.
As substâncias orgânicas que nutrem as plantas são produzidas por meio da fotossíntese em células dotadas de cloroplastos, localizadas principalmente nas folhas. Nesse processo, que tem a luz como fonte de energia, moléculas de água (H2O) e de gás carbônico (CO2) reagem, originando moléculas orgânicas. As moléculas de água são absorvidas principalmente através da raiz, e o CO2, através dos estômatos.
a) A abertura dos estômatos depende de diversos fatores ambientais. Cite um fator ambiental que afeta a abertura estomática e explique como isso ocorre.
b) Que processo permite que a planta utilize parte das substâncias orgânicas produzidas na fotossíntese como fonte de energia para suas células? Em que consiste esse processo?
a) Fatores ambientais: luminosidade, concentração de CO2 , disponibilidade de água. Na presença de luz ou com baixa concentração de CO2, havendo disponibilidade de água, ocorre a passagem de K+ das células subsidárias para as células-guarda, levando a um aumento na concentração desses íons, com consequente turgescência das células-guarda e abertura do ostíolo.
b) Respiração. Consiste na quebra da molécula de glicose em CO2 e H2O e armazenamento da energia das ligações químicas do açúcar em moléculas de ATP.
a) Qual é o pressuposto da personagem que defende o acordo ortográfico entre os países de língua portuguesa? Por que esse pressuposto é inadequado?
b) Explique como, na tira ao lado, esse pressuposto é quebrado.
a) O pressuposto é o de que a unificação ortográfica garantiria a unidade linguística. Esse pressuposto é inadequado, uma vez que a língua não é constituída apenas por sua ortografia mas também por aspectos semânticos, sintáticos, morfológicos, fonológicos e discursivos que implicam a relação histórica do falante com a língua que se territorializa em um dado espaço e tempo.
b) A quebra se dá na dificuldade de compreensão semântica de itens lexicais usados no português de Portugal como “bicha”, “bica” (que, no português brasileiro, têm significados diferentes) e “peúgas” (que não é usado no português do Brasil); explicita-se nessa quebra uma das várias diferenças entre o português brasileiro e o europeu.
Comentários
A quinta questão explorava o funcionamento semântico da pressuposição, a compreensão da dimensão do alcance do acordo ortográfico, fato político-linguístico importante, e a consideração da existência da variação linguística (tanto no interior de um país, quanto entre diferentes países que falam uma “mesma” língua oficial). Justamente por uma grande parte dos candidatos desconhecer o alcance do acordo – que afeta tão somente as convenções gráficas da língua portuguesa sem impacto nos seus aspectos prosódicos, semânticos, sintáticos e discursivos, que mostram diferenças nos países falantes de português – houve grandes equívocos na compreensão do pressuposto (uma vez que boa parte dos candidatos credita veracidade ao pressuposto expresso pela personagem). A variação linguística e o real impacto do acordo ortográfico eram explorados de forma mais direta no item b. Poucos candidatos fizeram a relação entre a diferença no nível semântico e lexical (pois as três palavras eram exemplos de sentidos diferentes e também de palavra inexistente em uma das variedades) com a variação linguística, não generalizando o fato, mas circunscrevendo-o a uma situação específica.
O valor presente,Vp , de uma parcela de um financiamento, a ser paga daqui a n meses, é dado pela fórmula abaixo, em que r é o percentual mensal de juros (0 ≤ r ≤ 100) e p é o valor da parcela.
a) Suponha que uma mercadoria seja vendida em duas parcelas iguais de R$ 200,00, uma a ser paga à vista, e outra a ser paga em 30 dias (ou seja, 1 mês). Calcule o valor presente da mercadoria, p V , supondo uma taxa de juros de 1% ao mês.
b) Imagine que outra mercadoria, de preço 2p, seja vendida em duas parcelas iguais a p, sem entrada, com o primeiro pagamento em 30 dias (ou seja, 1 mês) e o segundo em 60 dias (ou 2 meses). Supondo, novamente, que a taxa mensal de juros é igual a 1%, determine o valor presente da mercadoria,Vp , e o percentual mínimo de desconto que a loja deve dar para que seja vantajoso, para o cliente, comprar à vista.
Resposta Esperada
a) O valor presente da segunda parcela é dado por , que corresponde, aproximadamente, a R$ 198,02. Somando esse valor à primeira parcela, obtemos 200,00 + 198,02 = R$398,02, que é o valor presente da mercadoria.
Resposta: O valor presente da mercadoria é R$ 398,02.
b) Se não há entrada, o valor presente da primeira mercadoria é .
Já o valor presente da segunda mercadoria é
.Somando esses dois termos, obtemos
, que equivale a, aproximadamente, 1,97p. Considerando que a mercadoria custa 2p, deve-se dar um desconto de, ao menos, (2 – 1,97)/2 = 0,015, ou 1,5%.
Resposta: O desconto não deve ser inferior a 1,5%.
Se a gente – conforme compadre meu Quelemém é quem diz – se a gente torna a encarnar renovado, eu cismo até que inimigo de morte pode vir como filho do inimigo. Mire veja: se me digo, tem um sujeito Pedro Pindó, vizinho daqui mais seis léguas, homem de bem por tudo em tudo, ele e a mulher dele, sempre sidos bons de bem. Eles têm um filho duns dez anos, chamado Valtêi – nome moderno, é o que o povo daqui agora apreceia, o senhor sabe. Pois essezinho, essezim, desde que algum entendimento alumiou nele, feito mostrou o que é: pedido madrasto, azedo queimador, gostoso de ruim de dentro do fundo das espécies de sua natureza. (...) Pois, senhor vigie: o pai, Pedro Pindó, modo de corrigir isso, e a mãe, dão nele, de miséria e mastro – botam o menino sem comer, amarram em árvores no terreiro, ele nu nuelo, mesmo em junho frio, lavram o corpinho dele na peia e na taca, depois limpam a pele do sangue, com cuia de salmoura. A gente sabe, espia, fica gasturado. O menino já rebaixou de magreza, os olhos entrando, carinha de ossos, encaveirada, e entisicou, o tempo todo tosse, tossura da que puxa secos peitos. Arre, que agora, visível, o Pindó e a mulher se habituaram de nele bater, de pouquinho em pouquim foram criando nisso um prazer feio de diversão – como regulam as sovas em horas certas confortáveis, até chamam gente para ver o exemplo bom. Acho que esse menino não dura, já está no blimbilim, não chega para a quaresma que vem...
(Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas)
Considerando a flexão das palavras,
a) o emprego da forma verbal destacada em “... é o que o povo daqui agora apreceia, o senhor sabe.” ocorre com analogia com que tipo de verbo? E a qual deveria seguir, segundo a norma-padrão?
b) explique o sentido que ela confere aos termos destacados em “Pois essezinho, essezim, desde que algum entendimento alumiou nele...” e “O menino já rebaixou de magreza, os olhos entrando, carinha de ossos, encaveirada...”.
Leia a crônica “Analfabetismo”, de Machado de Assis, para responder à questão
Gosto dos algarismos, porque não são de meias medidas nem de metáforas. Eles dizem as coisas pelo seu nome, às vezes um nome feio, mas não havendo outro, não o escolhem. São sinceros, francos, ingênuos. As letras fizeram-se para frases: o algarismo não tem frases, nem retórica.
Assim, por exemplo, um homem, o leitor ou eu, querendo falar do nosso país dirá:
— Quando uma Constituição livre pôs nas mãos de um povo o seu destino, força é que este povo caminhe para o futuro com as bandeiras do progresso desfraldadas. A soberania nacional reside nas Câmaras; as Câmaras são a representação nacional. A opinião pública deste país é o magistrado último, o supremo tribunal dos homens e das coisas. Peço à nação que decida entre mim e o Sr. Fidélis Teles de Meireles Queles; ela possui nas mãos o direito a todos superior a todos os direitos.
A isto responderá o algarismo com a maior simplicidade:
— A nação não sabe ler. Há só 30% dos indivíduos residentes neste país que podem ler; desses uns 9% não leem letra de mão. 70% jazem em profunda ignorância. Não saber ler é ignorar o Sr. Meireles Queles: é não saber o que ele vale, o que ele pensa, o que ele quer; nem se realmente pode querer ou pensar. 70% dos cidadãos votam do mesmo modo que respiram: sem saber por que nem o quê. Votam como vão à festa da Penha, — por divertimento. A Constituição é para eles uma coisa inteiramente desconhecida. Estão prontos para tudo: uma revolução ou um golpe de Estado.
Replico eu:
— Mas, Sr. Algarismo, creio que as instituições…
— As instituições existem, mas por e para 30% dos cidadãos. Proponho uma reforma no estilo político. Não se deve dizer: “consultar a nação, representantes da nação, os poderes da nação”; mas — “consultar os 30%, representantes dos 30%, poderes dos 30%”. A opinião pública é uma metáfora sem base: há só a opinião dos 30%. Um deputado que disser na Câmara: “Sr. Presidente, falo deste modo porque os 30% nos ouvem…” dirá uma coisa extremamente sensata.
E eu não sei que se possa dizer ao algarismo, se ele falar desse modo, porque nós não temos base segura para os nossos discursos, e ele tem o recenseamento.
15 de agosto de 1876.
(Crônicas escolhidas de Machado de Assis, 1994.)
O termo sublinhado em “Proponho uma reforma no estilo político” (8o parágrafo) exerce a mesma função sintática do termo sublinhado em:
“A isto responderá o algarismo com a maior simplicidade” (4o parágrafo)
(B) “São sinceros, francos, ingênuos.” (1o parágrafo)
“A Constituição é para eles uma coisa inteiramente desconhecida.” (5o parágrafo)
“Quando uma Constituição livre pôs nas mãos de um povo o seu destino” (3o parágrafo)
“Gosto dos algarismos, porque não são de meias medidas” (1o parágrafo)
Em “Proponho uma reforma no estilo político”, “uma reforma” é objeto direto do verbo “propor”, ou seja, é um complemento não preposicionado desse verbo. O mesmo ocorre com o termo “o seu destino”, em relação ao verbo “pôr” em “uma Constituição livre pôs nas mãos de um povo o seu destino”. Em relação às outras alternativas, as funções sintáticas dos termos em destaque são, respectivamente: sujeito, predicativo do sujeito, predicativo do sujeito e objeto indireto.
O corpo humano possui dois tipos de fibras musculares esqueléticas: I e II. As fibras do tipo I possuem várias mitocôndrias, maior irrigação sanguínea e maior quantidade de mioglobina. Já as fibras do tipo II possuem poucas mitocôndrias e pouca mioglobina. O gráfico ilustra a variação na quantidade dessas fibras em atletas que realizam diferentes atividades físicas.
a) A classificação do tipo de fibra está relacionada a qual proteína muscular? Qual é a importância da mioglobina para a fisiologia da fibra muscular?
b) Qual desses indivíduos deve ser um velocista (corredor de 100 metros)? Como as fibras musculares desse atleta conseguem formar rapidamente moléculas de ATP?
a) A proteína é a mioglobina, que possibilita o armazenamento do oxigênio molecular no interior da célula muscular. O armazenamento é fundamental para fornecer oxigênio para a realização de exercícios aeróbicos prolongados, mantendo a atividade da respiração celular aeróbica.
b) O velocista é o atleta 3, com maior quantidade de fibras tipo II, de velocidade. Esse atleta repõe ATP inicialmente usando a reserva de fosfocreatina, que regenera ATP na reação C~P + ADP → ATP + C. Na sequência, o ATP é produzido utilizando a energia da fermentação lática, com a formação de lactato.
Leia o trecho do romance S. Bernardo, de Graciliano Ramos, e responda.
O caboclo mal-encarado que encontrei um dia em casa do Mendonça também se acabou em desgraça. Uma limpeza. Essa gente quase nunca morre direito. Uns são levados pela cobra, outros pela cachaça, outros matam-se.
Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se da pedra, bateu-lhe no peito, e foi a conta. Deixou viúva e órfãos miúdos. Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo, as lombrigas comeram o segundo, o último teve angina e a mulher enforcou-se.
Para diminuir a mortalidade e aumentar a produção, proibi a aguardente.
Concluiu-se a construção da casa nova. Julgo que não preciso descrevê-la. As partes principais apareceram ou aparecerão; o resto é dispensável e apenas pode interessar aos arquitetos, homens que provavelmente não lerão isto. Ficou tudo confortável e bonito. Naturalmente deixei de dormir em rede. Comprei móveis e diversos objetos que entrei a utilizar com receio, outros que ainda hoje não utilizo, porque não sei para que servem.
Aqui existe um salto de cinco anos, e em cinco anos o mundo dá um bando de voltas.
Ninguém imaginará que, topando os obstáculos mencionados, eu haja procedido invariavelmente com segurança e percorrido, sem me deter, caminhos certos. Não senhor, não procedi nem percorri. Tive abatimentos, desejo de recuar; contornei dificuldades: muitas curvas. Acham que andei mal? A verdade é que nunca soube quais foram os meus atos bons e quais foram os maus. Fiz coisas boas que me trouxeram prejuízo; fiz coisas ruins que deram lucro. E como sempre tive a intenção de possuir as terras de S. Bernardo, considerei legítimas as ações que me levaram a obtê-las.
Alcancei mais do que esperava, mercê de Deus. Vieram-me as rugas, já se vê, mas o crédito, que a princípio se esquivava, agarrou-se comigo, as taxas desceram. E os negócios desdobraram-se automaticamente. Automaticamente. Difícil? Nada! Se eles entram nos trilhos, rodam que é uma beleza. Se não entram, cruzem os braços. Mas se virem que estão de sorte, metam o pau: as tolices que praticarem viram sabedoria. Tenho visto criaturas que trabalham demais e não progridem. Conheço indivíduos preguiçosos que têm faro: quando a ocasião chega, desenroscam-se, abrem a boca – e engolem tudo.
Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeiras tentativas e obriguei a fortuna a ser-me favorável nas seguintes.
Depois da morte do Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para além do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamações.
– Minhas senhoras, seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto. E quem não gostar, paciência, vá à justiça.
Como a justiça era cara, não foram à justiça. E eu, o caminho aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralítico de um braço, e a dos Gama, que pandegavam no Recife, estudando Direito. Respeitei o engenho do Dr. Magalhães, juiz.
Violências miúdas passaram despercebidas. As questões mais sérias foram ganhas no foro, graças às chicanas de João Nogueira.
Efetuei transações arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e não prestei atenção aos que me censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar os meus produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem. Azevedo Gondim compôs sobre ela dois artigos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito também publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e elogiando o chefe político local. Em consequência mordeu-me cem mil-réis.
(S. Bernardo, 1996.)
O narrador emprega expressão própria da modalidade oral da linguagem em:
.“Se eles entram nos trilhos, rodam que é uma beleza.” (7º parágrafo)
“Naturalmente deixei de dormir em rede.” (4º parágrafo)
“A verdade é que nunca soube quais foram os meus atos bons e quais foram os maus.” (6º parágrafo)
“E os negócios desdobraram-se automaticamente.” (7º parágrafo)
“Julgo que não preciso descrevê-la.” (4º parágrafo)
Orações adverbiais consecutivas são utilizadas correntemente na língua falada para atribuir valor a determinado evento: “estudam que é uma maravilha”, “sofrem que é uma tristeza”, etc. No fragmento, o tal fenômeno ocorre em “rodam que é uma beleza”.
Se, na Europa, este movimento é um protesto cultural, se o “mal do século”, a saudade do paraíso perdido são as consequências da industrialização e da ascensão da burguesia; no Brasil, onde a sociedade do Império compreende apenas grandes proprietários escravocratas e uma burguesia nascente, o movimento, produto de importação, corresponde a uma afirmação nacionalista.
(Paul Teyssier. Dicionário de literatura brasileira, 2003. Adaptado.)
O movimento a que o texto se refere é o
Simbolismo.
Realismo.
Arcadismo.
Romantismo.
Modernismo.
Nascido como protesto cultural às propostas conservadoras das correntes clássicas, o Romantismo propagou a melancolia e o pessimismo (o “mal-do-século”) como uma de suas características centrais, e entendia a saudade do paraíso perdido como uma das consequências da ascensão da burguesia. No Brasil, durante o Império, a herança recebida do movimento europeu converteu-se na valorização de símbolos nacionais como o índio e a natureza, considerados aspectos muito convenientes a uma sociedade formada por grandes proprietários escravocratas, que viram na expressão artística do período uma oportunidade para ressaltar ideais nacionalistas.
Orientados pela crença positivista de que a ciência constituía o sumo saber e a redenção do homem, os adeptos desse movimento procuraram reduzir a gênese dos conflitos pessoais e interpessoais a três fatores, a herança, o ambiente e o momento. O enfoque narrativo, em terceira pessoa, apresenta características de relatório científico, objetivo, direto, franco. Registre-se a descrição pormenorizada do ambiente em que se encontra o herói (ou antes: anti-herói), que atende a dois propósitos: completar o retrato psicológico da personagem, pois, consoante os postulados em moda, o cenário seria o prolongamento obrigatório do temperamento e humores de quem o habita; e concretizar a ideia de verossimilhança fotográfica. Na descrição “científica” da paisagem não falta inclusive a notação referente ao pressuposto de que a personagem estaria sujeita à influência determinista do meio.
(Massaud Moisés. A literatura brasileira através dos textos, 2012. Adaptado.)
O texto refere-se a obras do
Parnasianismo.
Romantismo.
Naturalismo.
Modernismo.
Pós-Modernismo.
Alternativa C O parágrafo em questão trata do Naturalismo, como se pode depreender da menção a algumas das principais características dessa estética, tais como a crença na filosofia positivista, a descrição pormenorizada, a objetividade do foco narrativo em terceira pessoa e a redução da gênese dos conflitos à influência da herança genética, do momento e do ambiente.
Estima-se que, em 2024, a renda per capita de um país seja o dobro de seu valor em 2014. Considerando que essa renda per capita cresce anualmente em progressão geométrica, pode-se afirmar que a razão dessa progressão é:
Use a seguinte tabela:
1,1
1,079
1,072
1,064
1,057
Sendo R a receita per capita do país em 2014 e q a razão da P.G., do enunciado temos:
Da tabela dada, temos 20,10 = 1,072 e, portanto, a razão q vale 1,072.
Resposta: C
Hormônios vegetais agem em diversas fases do desenvolvimento das angiospermas. A figura a seguir ilustra algumas dessas fases, e o quadro abaixo da figura registra, em diferentes cores, as fases em que atuam quatro hormônios, representados pelos algarismos I, II, III e IV.
• Assinale a alternativa que identifica corretamente os hormônios vegetais representados pelos algarismos I, II, III e IV.
Giberelina, hormônio I, promove a quebra de dormência de sementes, o que favorece a ocorrência de germinação, além de atuar no crescimento vegetal, no florescimento e na frutificação. O crescimento vegetal, o florescimento e a frutificação também contam com a participação do ácido indolilacético (AIA), uma auxina, hormônio II. O hormônio III, citocinina, atua estimulando a ocorrência de divisão celular mitótica e contribui para a ocorrência de crescimento do vegetal. Por fim, o hormônio IV, etileno, participa da abscisão foliar (queda de folhas), ou seja, o desfolhamento.
A estrutura química do composto puromicina é muito semelhante à estrutura de um RNA transportador. Em virtude dessa semelhança, os ribossomos de procariotos são capazes de interagir com a puromicina como se ela fosse um RNA transportador. O ribossomo catalisa a formação de uma ligação covalente entre a cadeia proteica em crescimento e a puromicina, se este composto estiver presente durante a tradução. Após tal evento bioquímico, novos aminoácidos não podem ser incorporados à cadeia da proteína.
a) Por que a puromicina tem ação antibiótica sobre bactérias? Na presença de puromicina, a massa molecular média de uma dada proteína bacteriana será maior, igual ou menor em relação à massa média da mesma proteína na ausência do antibiótico? Explique seu raciocínio.
b) A puromicina também é utilizada para transgenia. Neste caso, um gene que codifica uma enzima capaz de destruir a puromicina é adicionado, juntamente com o gene de interesse do pesquisador, ao genoma de células cultivadas in vitro. Na presença de puromicina, a taxa de sobrevivência de células que receberam esses genes será igual, maior ou menor em relação à sobrevivência de células não modificadas? Explique seu raciocínio.
a) A puromicina tem ação antibiótica porque bloqueia a síntese proteica bacteriana, comprometendo o metabolismo e ocasionando, assim, a morte desses organismos. A massa molecular média da proteína será menor porque a puromicina impede a ligação de novos aminoácidos à proteína que está sendo sintetizada.
b) A taxa de sobrevivência será maior. Células que receberam esse gene serão capazes de sintetizar a enzima que destrói a puromicina e não terão a síntese proteica comprometida.
Considerando os sentidos produzidos pela tirinha, é correto afirmar que o autor explora o fato de que palavras como “ontem”, “hoje” e “amanhã”
mudam de sentido dependendo de quem fala.
adquirem sentido no contexto em que são enunciadas.
deslocam-se de um sentido concreto para um abstrato.
evidenciam o sentido fixo dos advérbios de tempo.
De acordo com os sentidos produzidos pela tirinha, é possível considerar que os advérbios de tempo alteram seu referente em função do contexto em que são enunciados. Dessa forma, o advérbio “hoje”, marco de representação do momento da fala, tem sua significação alterada dependendo da compreensão dos referentes “ontem” e “amanhã”.
Leia os textos para responder à questão.
Texto 1
Texto 2
Uma dentre as várias equações que fundam o Brasil enquanto país é: governar é produzir incêndios. Marcado por uma ideia de modernidade impulsionada pela crença de que modernizar é tomar posse de um terreno baldio, amorfo, pretensamente sem culturas autóctones ditas desenvolvidas, a fim de torná-lo "produtivo", o Brasil foi criado por incêndios. Diante das queimadas que agora retornam, devemos nos lembrar que a destruição pelo fogo é nossa maior herança colonial.
V. Safatle, "Governar é produzir incêndios". Adaptado.
a) Reescreva o fragmento "pretensamente sem culturas autóctones ditas desenvolvidas", substituindo as palavras sublinhadas por outras de sentido equivalente.
b) Explique por que tanto o enunciado "É fogo!", no texto 1, quanto "governar é produzir incêndios", no texto 2, apresentam mais de um sentido no contexto em que foram empregados.
a) Esta é uma das reescritas possíveis: “supostamente sem culturas autóctones consideradas desenvolvidas”
Podem-se, ainda, empregar outros sinônimos:
Pretensamente: hipoteticamente, alegadamente, presumidamente...
Ditas: vistas como, tidas como, reputadas, julgadas...
b) As duas expressões podem ser tomadas mais literalmente como se referindo às queimadas. Entretanto, como em ambos os contextos essa prática é condenada, é possível interpretá-las como expressões idiomáticas, em que os termos “fogo” e “incêndio” passam a ser vistos como “problemas” a serem enfrentados.
No cartaz, o enunciado “é fogo” pode ser entendido:
- mais literalmente, como uma menção ao fenômeno das queimadas;
- como expressão idiomática (é fogo = é difícil, é complicado), revelando, assim, a posição crítica do IPAM a esse fenômeno: a de que ele é um problema sério que deve ser combatido.
No texto de Safatle, o enunciado “governar é produzir incêndios” pode ser entendido:
- mais literalmente, como uma referência a políticas governamentais sobre áreas florestais que consistem em apoiar a prática da queimada nessas áreas;
- como uma crítica irônica do autor sobre essas políticas, pois, uma vez que a expressão idiomática “apagar incêndio” significa “resolver problemas graves e urgentes”, dizer que o governo está “produzindo incêndios” sugere que ele, mais do que se mostrar inepto aos inevitáveis problemas que deverá enfrentar, mostra-se disposto a criar outros graves.
Para responder à questão, leia o trecho do drama Macário, de Álvares de Azevedo.
MACÁRIO (chega à janela): Ó mulher da casa! olá! ó de casa!
UMA VOZ (de fora): Senhor!
MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e tragam-ma aqui...
A VOZ: O burro?
MACÁRIO: A mala, burro!
A VOZ: A mala com o burro?
MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na cerca.
A VOZ: O senhor é o moço que chegou primeiro?
MACÁRIO: Sim. Mas vai ver o burro.
A VOZ: Um moço que parece estudante?
MACÁRIO: Sim. Mas anda com a mala.
A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer que vá a pé?
MACÁRIO: Esse diabo é doido! Vai a pé, ou monta numa vassoura como tua mãe!
A VOZ: Descanse, moço. O burro há de aparecer. Quando madrugar iremos procurar.
OUTRA VOZ: Havia de ir pelo caminho do Nhô Quito. Eu conheço o burro...
MACÁRIO: E minha mala?
A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!...
MACÁRIO (fecha a janela): Malditos! (atira com uma cadeira no chão)
O DESCONHECIDO: Que tendes, companheiro?
MACÁRIO: Não vedes? O burro fugiu...
O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras que o chamareis...
MACÁRIO: Porém a raiva...
[...]
O DESCONHECIDO: A mala não pareceu-me muito cheia. Senti alguma coisa sacolejar dentro. Alguma garrafa de vinho?
MACÁRIO: Não! não! mil vezes não! Não concebeis, uma perda imensa, irreparável... era o meu cachimbo...
O DESCONHECIDO: Fumais?
MACÁRIO: Perguntai de que serve o tinteiro sem tinta, a viola sem cordas, o copo sem vinho, a noite sem mulher – não me pergunteis se fumo!
O DESCONHECIDO (dá-lhe um cachimbo): Eis aí um cachimbo primoroso.
[...]
MACÁRIO: E vós?
O DESCONHECIDO: Não vos importeis comigo. (tira outro cachimbo e fuma)
MACÁRIO: Sois um perfeito companheiro de viagem. Vosso nome?
O DESCONHECIDO: Perguntei-vos o vosso?
MACÁRIO: O caso é que é preciso que eu pergunte primeiro. Pois eu sou um estudante. Vadio ou estudioso, talentoso ou estúpido, pouco importa. Duas palavras só: amo o fumo e odeio o Direito Romano. Amo as mulheres e odeio o romantismo.
O DESCONHECIDO: Tocai! Sois um digno rapaz. (apertam a mão)
MACÁRIO: Gosto mais de uma garrafa de vinho que de um poema, mais de um beijo que do soneto mais harmonioso. Quanto ao canto dos passarinhos, ao luar sonolento, às noites límpidas, acho isso sumamente insípido. Os passarinhos sabem só uma cantiga. O luar é sempre o mesmo. Esse mundo é monótono a fazer morrer de sono.
O DESCONHECIDO: E a poesia?
MACÁRIO: Enquanto era a moeda de ouro que corria só pela mão do rico, ia muito bem. Hoje trocou-se em moeda de cobre; não há mendigo, nem caixeiro de taverna que não tenha esse vintém azinhavrado1. Entendeis-me?
O DESCONHECIDO: Entendo. A poesia, de popular tornou-se vulgar e comum. Antigamente faziam-na para o povo; hoje o povo fá-la... para ninguém...
(Álvares de Azevedo. Macário/Noite na taverna, 2002.)
1azinhavrado: coberto de azinhavre (camada de cor verde que se forma na superfície dos objetos de cobre ou latão, resultante da corrosão destes quando expostos ao ar úmido).
Observa-se expressão empregada em sentido figurado na seguinte fala:
“MACÁRIO: Não vedes? O burro fugiu…”
“A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!…”
“A VOZ: Descanse, moço. O burro há de aparecer. Quando madrugar iremos procurar.”
“O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras que o chamareis…”
“A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer que vá a pé?”
A expressão "chovendo a potes" emprega o substantivo "potes" em sentido figurado: neste contexto, o termo deixa de significar "um recipiente destinado a conter líquidos" para, combinado com a preposição "a", passar a significar "em abundância", "torrencialmente". Pode-se supor que a relação tenha se estabelecido, originalmente, a partir da ideia de que a chuva, de tão abundante, seria propícia para encher rapidamente potes de água.
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