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Questão 06 - UNICAMP 2017 2ª fase - 2º dia - Matemática e Ciências Humanas

A figura abaixo é uma arte cartográfica produzida pelo artista Julien Bousac.

a) Por que essa arte cartográfica, produzida pelo artista Julien Bousac retrata a Palestina como um arquipélago? E quais são os dois territórios reservados atualmente aos palestinos, retratados nessa arte?

b) Os conflitos entre israelenses e palestinos têm sido marcados por muita violência, tanto física ou aberta quanto simbólica. Indique uma forma de violência física e uma forma de violência simbólica a que estão expostos os palestinos.

Resposta:

a) A arte cartográfica retrata a Palestina como um arquipélago, ou seja, conjunto de ilhas dispostas em grupo numa superfície marítima de maior ou menor extensão. O artista busca, assim, destacar a histórica fragmentação territorial existente nessa região do Oriente Médio, fruto, entre outros aspectos, do plano de partilha elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU) durante a década de 1940, que estabeleceu a divisão dessa área entre a população de origem judaica e a palestina, criando dois estados em 1947: Israel e Palestina. Essa proposta não foi aceita por parte da população, resultando num conflito que, ao findar, amplia o domínio territorial israelense. A partir disso, ocorre a segregação territorial e social da população palestina, culminando em ações violentas de ambos os lados.Os dois territórios atualmente reservados aos palestinos são Faixa de Gaza e Cisjordânia.

 

b) Entre as formas de violência física a que estão expostos os palestinos, podem ser citadas: constante vigilância realizada por militares israelenses, bloqueios comerciais, construção de muros de isolamento, destruição de vilas e expulsão da população. Como formas de violência simbólica, podem ser destacadas: o não reconhecimento de sua plena autonomia política diante de organizações internacionais supranacionais e a segregação social, que cria em parte da população um sentimento de inferioridade em comparação à população de origem judaica. 

Questão 06 - UNESP 2019 1ª fase

Leia o trecho do romance S. Bernardo, de Graciliano Ramos, e responda.

O caboclo mal-encarado que encontrei um dia em casa do Mendonça também se acabou em desgraça. Uma limpeza. Essa gente quase nunca morre direito. Uns são levados pela cobra, outros pela cachaça, outros matam-se.

Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se da pedra, bateu-lhe no peito, e foi a conta. Deixou viúva e órfãos miúdos. Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo, as lombrigas comeram o segundo, o último teve angina e a mulher enforcou-se.

Para diminuir a mortalidade e aumentar a produção, proibi a aguardente.

Concluiu-se a construção da casa nova. Julgo que não preciso descrevê-la. As partes principais apareceram ou aparecerão; o resto é dispensável e apenas pode interessar aos arquitetos, homens que provavelmente não lerão isto. Ficou tudo confortável e bonito. Naturalmente deixei de dormir em rede. Comprei móveis e diversos objetos que entrei a utilizar com receio, outros que ainda hoje não utilizo, porque não sei para que servem.

Aqui existe um salto de cinco anos, e em cinco anos o mundo dá um bando de voltas.

Ninguém imaginará que, topando os obstáculos mencionados, eu haja procedido invariavelmente com segurança e percorrido, sem me deter, caminhos certos. Não senhor, não procedi nem percorri. Tive abatimentos, desejo de recuar; contornei dificuldades: muitas curvas. Acham que andei mal? A verdade é que nunca soube quais foram os meus atos bons e quais foram os maus. Fiz coisas boas que me trouxeram prejuízo; fiz coisas ruins que deram lucro. E como sempre tive a intenção de possuir as terras de S. Bernardo, considerei legítimas as ações que me levaram a obtê-las.

Alcancei mais do que esperava, mercê de Deus. Vieram-me as rugas, já se vê, mas o crédito, que a princípio se esquivava, agarrou-se comigo, as taxas desceram. E os negócios desdobraram-se automaticamente. Automaticamente. Difícil? Nada! Se eles entram nos trilhos, rodam que é uma beleza. Se não entram, cruzem os braços. Mas se virem que estão de sorte, metam o pau: as tolices que praticarem viram sabedoria. Tenho visto criaturas que trabalham demais e não progridem. Conheço indivíduos preguiçosos que têm faro: quando a ocasião chega, desenroscam-se, abrem a boca – e engolem tudo.

Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeiras tentativas e obriguei a fortuna a ser-me favorável nas seguintes.

Depois da morte do Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para além do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamações.

– Minhas senhoras, seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto. E quem não gostar, paciência, vá à justiça.

Como a justiça era cara, não foram à justiça. E eu, o caminho aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralítico de um braço, e a dos Gama, que pandegavam no Recife, estudando Direito. Respeitei o engenho do Dr. Magalhães, juiz.

Violências miúdas passaram despercebidas. As questões mais sérias foram ganhas no foro, graças às chicanas de João Nogueira.

Efetuei transações arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e não prestei atenção aos que me censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar os meus produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem. Azevedo Gondim compôs sobre ela dois artigos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito também publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e elogiando o chefe político local. Em consequência mordeu-me cem mil-réis.

(S. Bernardo, 1996.)

Verifica-se o emprego de verbo no modo imperativo no seguinte trecho: 



( a )

. “Se eles entram nos trilhos, rodam que é uma beleza. Se não entram, cruzem os braços.” (7º parágrafo) 

( b )

“Minhas senhoras, seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto.” (10º parágrafo) 

( c )

“Para diminuir a mortalidade e aumentar a produção, proibi a aguardente.” (3º parágrafo) 

( d )

“Aqui existe um salto de cinco anos, e em cinco anos o mundo dá um bando de voltas.” (5º parágrafo) 

( e )

“Não senhor, não procedi nem percorri. Tive abatimentos, desejo de recuar; contornei dificuldades: muitas curvas.” (6º parágrafo)

Resposta:

Em “Se não entram, cruzem os braços”, o narrador flexiona o verbo “cruzar” na terceira pessoa do modo imperativo, aconselhando os leitores a não serem insistentes caso não obtenham êxito automático em seus negócios.

Questão 06 - UNESP 2019 2ª fase - 1º dia

A Bayer se converteu, no dia 07.06.2018, em líder mundial de sementes, fertilizantes e pesticidas – o grupo farmacêutico e agroquímico alemão anunciou a compra da americana Monsanto. A fusão deve criar uma empresa com o controle de mais de um quarto do mercado mundial de sementes e pesticidas. Na resistência a esse tipo de produção estão aqueles que empregam sementes crioulas, diferentes daquelas que resultam de um processo caro e que só pode ser feito em laboratório.

(Katarine Flor. www.brasildefato.com.br, 08.06.2018. Adaptado.)

a) O que são sementes “crioulas” e quem as utiliza?

b) Cite dois motivos pelos quais o agronegócio emprega sementes não crioulas.

Resposta:

a) As sementes crioulas são variedades desenvolvidas, adaptadas ou produzidas por agricultores familiares, assentados da reforma agrária, comunidades quilombolas ou indígenas. Essas sementes são preservadas por essas comunidades por longos períodos em diversos bancos de sementes existentes no Brasil.

b) O agronegócio, em geral, prioriza a utilização de sementes não crioulas, como as geneticamente modificadas, por apresentarem maiores índices de produtividade e elevada resistência quanto às pragas que atingem as plantações.

Questão 06 - UNICAMP 2019 2ª Fase - 1º dia - Redação, Língua Portuguesa e Literatura

O xeque-mate - do persa shāh māt: o rei está morto - ocupa uma função controversa nas leis do jogo de xadrez. Trata-se de uma expressão que designa o lance final - é quando um dos reis não tem mais qualquer possibilidade de movimento. De saída, e nisso consiste o primeiro traço de ambivalência da expressão, a rigor, o rei não morre. Pode-se dizer até que o rei agoniza - mas de seu destino quase nada sabemos. Em resumo, o xeque-mate é exatamente, negando o que enuncia a expressão, o lance anterior ao que podemos chamar de morte. Diferentemente do senso comum, que vê grandeza naquele que luta até o último instante - a saber, até a morte -, o jogador de xadrez deve ter a medida de seu esforço. Saber abandonar uma partida no momento certo, portanto, é uma demonstração de domínio da própria derrota. A morte, por jamais tornar-se concreta, fica sendo pura potência. Talvez seja este caráter inacabado - o jogo acaba sempre antes de acabar - que concede, afinal, ao jogo de xadrez, na forma de rito, a possibilidade de um eterno recomeçar.

(Adaptado de Victor da Rosa, “Xeque-mate”. Disponível em http://culturaebarbarie.org/sopro/verbetes/xequemate.html. Acessado em 04/09/2018.)

a) Victor da Rosa afirma que há uma ambivalência na expressão “xeque-mate”. Explique-a.

b) Explique, com dois argumentos, por que a posição do autor quanto à grandeza do jogo de xadrez contraria o senso comum.

Resposta:

a) Sob o ponto de vista literal, associado ao sentido original persa (“o rei está morto”), a expressão “xeque-mate” dá nome ao lance final de uma partida de xadrez: trata-se da derrota de um dos reis, metaforizada na ideia de “morte”. O autor do texto destaca, entretanto, que essa expressão, na prática, não equivale à morte do rei no jogo. Trata-se de um comunicado ao outro jogador de que não há mais possibilidades de o rei se movimentar no tabuleiro, cercado que foi pelo oponente: “o xeque-mate é, negando o que enuncia a expressão, o lance anterior ao que podemos chamar de morte”.

b) Para o autor, o senso comum vê grandeza “naquele que luta até o último instante – a saber, até a morte”. Segundo essa concepção, o valor do combate está no aniquilamento do oponente ou na luta pela sobrevivência, mesmo quando infrutífera. De maneira diferente, o xadrez valoriza a identificação do momento adequado de se abandonar o jogo, o que demonstra dos jogadores o domínio da própria derrota. Outro argumento em favor da grandeza do jogo é a possibilidade de um eterno recomeçar, uma vez que a partida termina sempre antes da morte do rei vencido. Afinal, sob o ponto de vista da narrativa característica do jogo, o rei, embora vencido, não está morto.

Questão 06 - UNICAMP 2010 2ª fase - Matemática e Inglês

Uma empresa fabricante de aparelhos que tocam músicas no formato MP3 efetuou um levantamento das vendas dos modelos que ela produz. Um resumo do levantamento é apresentado na tabela a baixo.

a) Em face dos ótimos resultados obtidos nas vendas, a empresa resolveu sortear um prêmio entre seus clientes. Cada proprietário de um aparelho da empresa receberá um cupom para cada R$ 100,00 gastos na compra, não sendo possível receber uma fração de cupom. Supondo que cada proprietário adquiriu apenas um aparelho e que todos os proprietários resgataram seus cupons, calcule o número total de cupons e a probabilidade de que o prêmio seja entregue a alguma pessoa que tenha adquirido um aparelho com preço superior a R$ 300,00.

 

b) A empresa pretende lançar um novo modelo de aparelho. Após uma pesquisa de mercado, ela descobriu que o número de aparelhos a serem vendidos anualmente e o preço do novo modelo estão relacionados pela função n(p) = 115 – 0,25p, em que n é o número de aparelhos (em milhares) e p é o preço de cada aparelho (em reais). Determine o valor de p que maximiza a receita bruta da empresa com o novo modelo, que é dada por n × p.

Resposta:

Resposta Esperada

a) O número total de cupons é igual a 78000 + 70000 + 2x52000 + 3x36000 = 360000. Desses, 3x36000 = 108000 foram dados a proprietários de aparelhos com preço maior que R$ 300,00. Logo, a probabilidade pedida é igual a 3x36/360 = 0,3. 

Resposta: Foram distribuídos 360000 cupons. A probabilidade de que o prêmio seja entregue a uma pessoa que comprou um aparelho com custo superior a R$ 300,00 é igual a 0.3, ou 30%.

 

 

b) A receita bruta da empresa é dada por r(p) = p x n(p) = p(115 – 0,25p). Essa função tem como raízes p =0 e p =115/0,25 = 460. Como o coeficiente que multiplica o termo quadrático de r(p) é negativo, essa função assume seu valor máximo em p = (0 + 460)/2 = 230. 

Resposta: O valor de p que maximiza a receita bruta é R$ 230,00.

 

b’) A receita bruta da empresa é dada por r(p) = p x n(p) = 115p – 0,25p2. Como o coeficiente que multiplica o termo quadrático dessa função é negativo, o valor máximo ocorre em p = –b/2a = –115/[2 × (–0,25)] = 230.

Resposta: O valor de p que maximiza a receita bruta é R$ 230,00.

Questão 06 - UNICAMP 2010 2ª fase - Química e História

A Revista n°161 relata um debate entre pesquisadores, no workshop Impactos Socioeconômicos, Ambientais e de Uso da Terra, sobre questões ambientais associadas à produção do etanol. A seguir, alguns trechos adaptados desse debate são transcritos: 

 

A cana colhida com queima (colheita manual) reduz o estoque de carbono no solo, mas a colhida sem queima (mecânica) aumenta o estoque de carbono, podendo fazer o solo reter até 3 toneladas de carbono por hectare em três anos, afirma um pesquisador do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA-USP). 

Não temos encontrado grande benefício em deixar palha sobre o solo. Chegamos a ganhos mais modestos, de apenas 300 quilogramas de carbono por hectare ao longo dos 16 anos de acompanhamento de canaviais em Pernambuco tratados com e sem queima. É interessante observar que a quantidade de carbono estocado no solo depende do grau de degradação do solo; solos mais degradados retêm mais carbono que os mais bem conservados, comenta um pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

 

a) Levando-se em conta os trechos selecionados do debate, em que aspecto os resultados obtidos pelos pesquisadores concordam entre si e em que sentido eles discordam? Justifique. 

 

b) Num outro trecho do debate, outro pesquisador conclui: Os cálculos de impacto e benefícios ambientais dependem de conhecimentos do impacto sobre o uso do solo, que não são claros. Levando-se em conta esses 3 trechos citados, as questões ambientais atuais e o ciclo do carbono na Terra, depreende-se que a preocupação final nesse debate seria com o solo ou com a atmosfera? Explique.

Resposta:

a) Os dois pesquisadores concordam que o solo onde se faz a colheita mecânica (sem queima) estoca mais carbono que o solo onde se pratica a colheita manual (com queima). Os resultados discordam quanto às diferenças na estocagem. Num dos resultados esse valor é muito maior (3 toneladas por hectare, em 3 anos) que o outro (300 quilogramas por hectare, ao longo de 16 anos).

 

b) A preocupação principal do debate é com a presença do carbono na atmosfera, na forma de CO2. Depreende-se das falas que, na queima da cana, parte do carbono que poderia ser estocado no solo vai para a atmosfera na forma de gases, principalmente CO2, agravando o problema do aquecimento global.

Questão 06 - UNICAMP 2012 2ª fase - Ciências da natureza

Em 1963, Hodgkin e Huxley receberam o prêmio Nobel de Fisiologia por suas descobertas sobre a geração de potenciais elétricos em neurônios. Membranas celulares separam o meio intracelular do meio externo à célula, sendo polarizadas em decorrência do fluxo de íons. O acúmulo de cargas opostas nas superfícies interna e externa faz com que a membrana possa ser tratada, de forma aproximada, como um capacitor.

 

a) Considere uma célula em que íons, de carga unitária e , cruzam a membrana e dão origem a uma diferença de potencial elétrico de 80 mV. Quantos íons atravessaram a membrana, cuja área é se sua capacitância por unidade de área é  ?

 

b) Se uma membrana, inicialmente polarizada, é despolarizada por uma corrente de íons, qual a potência elétrica entregue ao conjunto de íons no momento em que a diferença de potencial for 20 mV e a corrente for   íons/s, sendo a carga de cada íon 

 

Resposta:

a)

b)

 

Comentários

Esta questão utiliza conceitos de Física aplicados em Biologia e exemplifica como a Física pode estar presente em contextos notadamente interdisciplinares. A questão tem como contexto a geração de potenciais elétricos diretamente relacionados ao acúmulo de cargas nas paredes celulares. A grandeza central no item a é a capacitância, a partir da qual pode-se relacionar carga elétrica e diferença de potencial na membrana de uma célula. Quando íons cruzam, numa fração de segundo, uma membrana inicialmente polarizada, há trocas de energia. O item b aborda este aspecto ao solicitar que o candidato utilize dados de diferença de potencial e corrente elétrica para calcular a potência elétrica envolvida num fluxo de íons através de uma membrana celular.

Questão 06 - UNIFESP 2021 - 1º Dia - Prova de Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Redação

7258443

Leia o conto de Carlos Drummond de Andrade para responder à questão.

O entendimento dos contos

— Agora você vai me contar uma história de amor — disse o rapaz à moça. — Quero ouvir uma história de amor em que entrem caravelas, pedras preciosas e satélites artificiais.

— Pois não — respondeu a moça, que acabara de concluir o mestrado de contador de histórias, e estava com a imaginação na ponta da língua. — Era uma vez um país onde só havia água, eram águas e mais águas, e o governo como tudo mais se fazia em embarcações atracadas ou em movimento, conforme o tempo. Osmundo mantinha uma grande indústria de barcos, mas não era feliz, porque Sertória, objeto dos seus sonhos, se recusava a casar com ele. Osmundo ofereceu-lhe um belo navio embandeirado, que ela recusou. Só aceitaria uma frota de dez caravelas, para si e para seus familiares.

Ora, ninguém sabia fazer caravelas, era um tipo de embarcação há muito fora de uso. Osmundo apresentou um mau produto, que Sertória não aceitou, enumerando os defeitos, a começar pelas velas latinas, que de latinas não tinham um centavo. Osmundo, desesperado, pensou em afogar-se, o que fez sem êxito, pois desceu no fundo das águas e lá encontrou um cofre cheio de esmeraldas, topázios, rubis, diamantes e o mais que você imagina. Voltou à tona para oferecê-lo à rígida Sertória, que virou o rosto. Nada a fazer, pensou Osmundo; vou transformar-me em satélite artificial. Mas os satélites artificiais ainda não tinham sido inventados. Continuou humilde satélite de Sertória, que ultimamente passeava de uma lancha para outra, levando-o preso a um cordão de seda, com a inscrição “Amor imortal”. Acabou.

— Mas que significa isso? — perguntou o moço, insatisfeito. — Não entendi nada.

— Nem eu — respondeu a moça —, mas os contos devem ser contados, e não entendidos; exatamente como a vida.

(Contos plausíveis, 2012.)

“— Agora você vai me contar uma história de amor — disse o rapaz à moça. — Quero ouvir uma história de amor em que entrem caravelas, pedras preciosas e satélites artificiais.” (1º parágrafo)

Ao se transpor esse trecho para o discurso indireto, os termos sublinhados assumem, respectivamente, as seguintes formas:



( a )

“quis” e “entravam”. 

( b )

“queria” e “entravam”. 

( c )

“quis” e “entrassem”. 

( d )

“queria” e “entrassem”. 

( e )

“quisera” e “entraram”.

Resposta:

Na transposição para o discurso indireto, os termos dêiticos devem ser reescritos conforme a perspectiva do narrador. 

No trecho em questão, isso implica transpor para o passado os tempos verbais do presente, desta forma: “O rapaz disse à moça que queria ouvir uma história de amor em que entrassem caravelas, pedras preciosas e satélites artificiais.”

Questão 06 - UNICAMP 2021 1ª Fase - Conhecimentos Gerais - Exatas e Tecnológicas / Humanas e Artes - E e G

“Repartimos a vida em idades, em anos, em meses, em dias, em horas, mas todas estas partes são tão duvidosas, e tão incertas, que não há idade tão florente, nem saúde tão robusta, nem vida tão bem regrada, que tenha um só momento seguro.”

(Antonio Vieira, “Sermão de Quarta-feira de Cinza – ano de 1673”, em A arte de morrer. São Paulo: Nova Alexandria, 1994, p. 79.)

Nesta passagem de um sermão proferido em 1673, Antônio Vieira retomou os argumentos da pregação que fizera no ano anterior e acrescentou novas características à morte. Para comover os ouvintes, recorreu ao uso de anáforas. Assinale a alternativa que corresponde ao efeito produzido pelas repetições no sermão.



( a )

A repetição busca sensibilizar os fiéis para o desengano da passagem do tempo.

( b )

A repetição busca demonstrar aos fiéis o temor de uma vida longeva.

( c )

A repetição busca sensibilizar os fiéis para o valor de cada etapa da vida.

( d )

A repetição busca demonstrar aos fiéis a insegurança de uma vida cristã.

Resposta:

Nos Sermões de Quarta-Feira de Cinzas, o Padre Antônio Vieira desenvolve uma reflexão em torno da morte, buscando mostrar que é preciso abdicar de valores materiais, promovendo a morte em vida, para se preparar para a vida após a morte, isto é, a vida eterna. No trecho transcrito, o uso da anáfora indica: a sucessão de períodos da existência material (“em idades, em anos, em meses, em dias, em horas”), as incertezas em cada um desses períodos (“tão duvidosas, tão incertas”) e, por fim, o desengano provocado por essas incertezas (“não há idade tão florente, nem saúde tão robusta, nem vida tão bem regrada”).

Questão 06 - FGV-SP 2018 Economia - 1ª fase - Prova 001 - Caderno 1

O polinômio P(x) = 6x2 – 5x + k2 , em que k é uma constante real, tem 3x – 4 como um de seus fatores. Assim, necessariamente, k será um número



( a )

imaginário puro. 

( b )

racional não inteiro. 

( c )

irracional. 

( d )

inteiro. 

( e )

positivo.

Questão 06 - FGV-SP 2019 Economia - 2ª fase - Prova 004 - Caderno 2

Se a gente – conforme compadre meu Quelemém é quem diz – se a gente torna a encarnar renovado, eu cismo até que inimigo de morte pode vir como filho do inimigo. Mire veja: se me digo, tem um sujeito Pedro Pindó, vizinho daqui mais seis léguas, homem de bem por tudo em tudo, ele e a mulher dele, sempre sidos bons de bem. Eles têm um filho duns dez anos, chamado Valtêi – nome moderno, é o que o povo daqui agora apreceia, o senhor sabe. Pois essezinho, essezim, desde que algum entendimento alumiou nele, feito mostrou o que é: pedido madrasto, azedo queimador, gostoso de ruim de dentro do fundo das espécies de sua natureza. (...) Pois, senhor vigie: o pai, Pedro Pindó, modo de corrigir isso, e a mãe, dão nele, de miséria e mastro – botam o menino sem comer, amarram em árvores no terreiro, ele nu nuelo, mesmo em junho frio, lavram o corpinho dele na peia e na taca, depois limpam a pele do sangue, com cuia de salmoura. A gente sabe, espia, fica gasturado. O menino já rebaixou de magreza, os olhos entrando, carinha de ossos, encaveirada, e entisicou, o tempo todo tosse, tossura da que puxa secos peitos. Arre, que agora, visível, o Pindó e a mulher se habituaram de nele bater, de pouquinho em pouquim foram criando nisso um prazer feio de diversão – como regulam as sovas em horas certas confortáveis, até chamam gente para ver o exemplo bom. Acho que esse menino não dura, já está no blimbilim, não chega para a quaresma que vem...

(Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas)

Leia as passagens e atenda ao solicitado.

a) Qual o processo de derivação nos termos destacados em “– se a gente torna a encarnar renovado...” e “... o tempo todo tosse, tossura da que puxa secos peitos.”

b) Explique o sentido que as expressões destacadas conferem aos enunciados em que ocorrem e reescreva-os, substituindo-as por outras de sentido equivalente: “... o pai, Pedro Pindó, modo de corrigir isso, e a mãe, dão nele, de miséria e mastro...”; “... como regulam as sovas em horas certas confortáveis, até chamam gente para ver o exemplo bom.”

Questão 06 - UNICAMP 2022 - 1ª Fase - Conhecimentos Gerais - Q e X

No ano seguinte, o Ateneu revelou-se-me noutro aspecto. Conhecera-o interessante, com as seduções do que é novo, com as projeções obscuras de perspectiva, desafiando curiosidade e receio; conhecera-o insípido e banal como os mistérios resolvidos, caiado de tédio; conhecia-o agora intolerável como um cárcere, murado de desejos e privações.

(Raul Pompeia, O Ateneu. 7ª. ed. São Paulo: Ática, 1980, p. 98.)

Com base no excerto que inicia o capítulo VIII do romance de Raul Pompéia e no seu subtítulo – crônica de saudades –, é correto afirmar que a obra é



( a )

um relato, em primeira pessoa, de experiências coletivas e íntimas, no qual o protagonista mostra aspectos da realidade social, valorizando o sistema escolar e prisional.

( b )

um romance de formação, no qual o protagonista revela condutas e intrigas no ambiente escolar, com elogios à pedagogia corretiva e aos valores morais da burguesia. 

( c )

uma narrativa memorialista de experiências vividas num internato, na qual o protagonista revela aspectos do sistema educacional da época, com críticas à hipocrisia burguesa. 

( d )

um relato saudosista de experiências vividas no internato, no qual o protagonista mostra o poder de sedução e corrupção das amizades, com críticas à falsidade da burguesia.

Resposta:

O romance O Ateneu é uma narrativa memorialista em que Sérgio, o narrador em primeira pessoa, rememora seu tempo de estudante no internato de Aristarco Argolo de Ramos. No desenrolar de suas lembranças, Sérgio tece duras críticas ao sistema educacional do colégio, que se pautava na arbitrariedade e na opressão. Os próprios alunos, advindos de famílias da alta burguesia, assimilavam a opressão institucional e a replicavam no tratamento entre si. O internato O ateneu pode ser considerado uma espécie de microcosmo em que se refletem os vícios comportamentais e políticos da sociedade brasileira.

Questão 06 - UNICAMP 2022 - 2ª Fase - 1º dia

Numa questão da 1ª Fase do vestibular Unicamp 2022, você leu que, na tradição dos povos indígenas, todo conhecimento de plantas, de cura, de mitos e narrativas é produzido de maneira oral, transmitido por seus anciãos e anciãs; deste modo, tal conhecimento precisa ser registrado e mantido pelos jovens. Leia, agora, o texto a seguir:

Em junho de 2020, o pesquisador Fernando Cespedes transformou sua tese de doutorado (USP-2019) em podcast para levá-la a um público mais amplo. “É muito importante criar um ambiente sonoro de alta-fidelidade e que faça o ouvinte mergulhar nos sons, porque a ideia é recriar uma experiência de contação de histórias”, explica. Assim como o texto escrito, os sons são elementos narrativos, e tanto o ritmo quanto o desenho de som são essenciais para revelar o ser sonoro e captar a atenção do ouvinte.

“A escuta nos obriga a reconhecer tudo o que está ao redor, já que ela não reconhece barreiras”, reflete o pesquisador. E aponta a dominação histórica da visão, no mundo europeu, como responsável por isolar e transformar em objeto tudo que está fora. “Não há pálpebras nos ouvidos. Então, o principal ganho de cultivarmos uma relação mais sonora com o mundo é nos aproximarmos e nos incluirmos nele, abandonarmos a ideia de um mundo externo, fora de nós. Foi essa noção de um mundo externo – que pode ser domado ou conquistado – que guiou o colonialismo e a pior face do capitalismo. Não é à toa que sociedades nas quais a escuta é elemento central são mais sustentáveis e integradas aos seus ambientes.”

(Adaptado de Luiz Prado, Podcasts revelam como a música cria o mundo e a humanidade. Jornal da USP, 31/08/2020.)

a) Considerando o primeiro parágrafo do texto, cite uma proposta que poderia contribuir para a conservação da memória das narrativas dos povos indígenas e justifique sua resposta.

b) Indique dois ganhos e duas perdas em nossas relações com os mundos sonoros e visuais, mencionados no segundo parágrafo.

Resposta:

a) Considerando o primeiro parágrafo, uma proposta que poderia contribuir para a conservação da memória das narrativas dos povos indígenas é justamente gravá-las em áudio para serem publicadas. O texto faz referência a um pesquisador que adaptou sua tese em podcast (ou seja, transformou o texto escrito em falado), com a finalidade de popularizá-la. Adotando procedimento semelhante, tal medida não só registraria a memória das narrativas indígenas, como também poderia torná-las acessíveis a um público amplo.

b) Segundo o pesquisador Fernando Cespedes, um dos ganhos de nos aproximarmos de uma relação mais sonora e menos visual com o mundo é uma integração melhor com o ambiente, pois, para ele, a escuta “não reconhece barreiras”. Além disso, de acordo com o pesquisador, sociedades nas quais a escuta é o elemento central são mais sensibilizadas com o ambiente e, por isso, mais sustentáveis. 

Já as perdas ocorrem, ainda segundo Cespedes, quando priorizamos o visual. Para ele, o predomínio da visão sobre outros sentidos cria a noção de “mundo externo”, com a qual surgiriam as seguintes perdas, correlacionadas: a crença de que há elementos exteriores que podem ser dominados e conquistados e, por conseguinte, uma relação colonizadora e predatória sobre o mundo.

Questão 06 - UNIFESP 2023 - 2º Dia - Prova de Conhecimentos Específicos

A atmosfera de Marte é formada por: CO2 - 95,32%; N2 - 2,7%; Ar - 1,6%; O2 - 0,13%; CO - 0,08%. Durante o inverno marciano, os polos entram em um período de escuridão contínua, o que resfria a superfície de tal forma que 25% do CO2 atmosférico transformam-se em dióxido de carbono sólido (gelo seco), formando uma capa de gelo nos polos. Quando os polos são expostos novamente à luz solar, durante o verão marciano, o CO2 congelado sublima, voltando à atmosfera. Esse processo leva a uma grande variação da pressão e da composição atmosférica ao redor dos polos marcianos.

(Sergio Pilling et al. www1.univap.br. Adaptado.)

a) Escreva a estrutura de Lewis (fórmula por pontos) do principal componente da atmosfera de Marte e informe sua geometria molecular.

b) Representando cada molécula de CO2 pelo símbolo , e utilizando 9 moléculas de CO2, faça dois desenhos que representem a organização dessas moléculas de CO2 nos polos de Marte em duas situações distintas: uma durante o verão (estado gasoso) e outra durante o inverno (estado sólido).

Resposta:

a) O principal componente da atmosfera de Marte é o CO2, cuja fórmula de Lewis é:

A geometria molecular do CO2 é linear.

b) 

Questão 06 - FUVEST 2023 - 2ª Fase - 1º dia

Leia o fragmento e responda à questão:

A história do gênero biografia nasceu de tal maneira colada à historiografia do XIX que, a princípio, nem ao menos recebeu nome ou alcunha. Afinal, ele resumia a própria disciplina. O modelo dessa forma de fazer história era aquele que consagrava ao profissional a capacidade de enaltecer e engrandecer aquele que seria biografado. Histórias de reis, príncipes, senadores e governantes eram as mais recomendadas, para todo aquele que quisesse dignificar seu personagem, mas também sua pátria e nacionalidade. No Brasil, o gênero foi amplamente praticado pelo Instituto Histórico e Geográfico que nasceu voltado ao enaltecimento do Império. Só se faziam estudos de grandes vultos, assim como era prática do estabelecimento fazer biografia dos “outros próceros” e dos da “casa”. Assim, ao lado das trajetórias de reis, rainhas, governadores gerais, literatos de fama, realizavam-se, no dia a dia da instituição, relatos biográficos sobre os sócios locais. Não por coincidência media-se a importância do associado, a partir da pessoa que realizava sua biografia. Isto é, quando um dos sócios falecia, dizia a regra local que era preciso realizar uma peça biográfica que seria impressa nas páginas da revista do estabelecimento. É muito fácil entender a economia interna da instituição que costumava avaliar a relevância do homenageado a partir da projeção e proeminência daquele que redigia a homenagem, a qual também era dirigida à instituição e à própria nação, como num jogo de dominó.

Lilia Moritz Schwarcz. “Biografia como gênero e problema”. 2013. Adaptado. Disponível em: https://repositorio.usp.br/item/002720404

a) Tendo em vista as informações sobre o gênero “biografia”, explique o sentido da expressão “jogo de dominó” no texto.

b) Considerando a função sintática da locução "a princípio” e da oração “quando um dos sócios falecia”, justifique a utilização das vírgulas.

Resposta:

a) Segundo o texto, uma característica típica das biografias da época era o fato de serem extremamente elogiosas, enaltecedoras, pouco críticas em relação aos biografados. Assim, a comparação com um “jogo de dominó” se dá no sentido de que a biografia cria um elo elogioso entre todos os envolvidos na operação, como as peças em um dominó, que se ligam umas às outras. Tanto o elo entre biografista e biografado, que tinha seu valor medido pela importância daquele que redigia sua biografia, como o elo entre a biografia, as instituições e a própria nação, que eram enaltecidas indiretamente por conta do elogio ao biografado.

b) A locução “a princípio” e a oração “quando um dos sócios falecia” têm, ambas, valor adverbial. Quando tais expressões vêm intercaladas, recomenda-se que sejam colocadas entre vírgulas.

Questão 06 - UNICAMP 2019 1ª Fase - Prova Q e X

Uma página do Facebook faz humor com montagens que combinam capas de livros já publicados e memes que circulam nas redes sociais. Uma dessas postagens envolve a obra de Henry Thoreau, para quem a desobediência civil é uma forma de protesto legítima contra leis ou atos governamentais considerados injustos pelo cidadão e que ponham em risco a democracia.

O efeito de humor aqui se deve ao fato de que a montagem



( a )

refuta as razões para a desobediência civil com base na desculpa apresentada pela criança. 

( b )

antecipa uma possível avaliação negativa da desobediência sustentada pelo livro. 

( c )

equipara as razões da desobediência civil à justificativa apresentada pela criança. 

( d )

contesta a legitimidade da desobediência civil defendida por Thoreau.

Resposta:

O efeito de humor advém de uma equiparação inesperada entre um grande autor da Filosofia Política e uma criança. Tal equiparação baseia-se no fato de que ambos apresentam razões para legitimar a desobediência a uma lei ou regra considerada injusta, ainda que em domínios bastante distintos entre si.

Questão 06 - FUVEST 2019 1ª Fase - Prova V

A Litosfera é fragmentada em placas que deslizam, convergem e se separam umas em relação às outras à medida que se movimentam sobre a Astenosfera. Essa dinâmica compõe a Tectônica de Placas, reconhecida inicialmente pelo cientista alemão Alfred Wegener, que elaborou a teoria da Deriva Continental no início do século XX, tal como demonstrado a seguir.

Wegener, A. The Origin of Continents and Oceans. 1924. Adaptado.

As bases da teoria de Wegener seguiram inúmeras evidências deixadas na superfície dos continentes ao longo do tempo geológico. Considerando as figuras e seus conhecimentos, indique o fator básico que influenciou o raciocínio de Wegener.



( a )

As repartições internas atuais dos continentes no Hemisfério Norte.

( b )

A continuidade dos sistemas fluviais entre América e África.

( c )

As ligações atuais entre os continentes no Hemisfério Sul.

( d )

A semelhança entre os contornos da costa sul‐americana e africana.

( e )

A distribuição das águas constituindo um só oceano.

Resposta:

As bases da teoria de Wegener seguiram, entre outras evidências, a semelhança existente entre o contorno da costa litorânea oriental da América do Sul e o contorno da costa ocidental africana. Essa semelhança, na sua visão, indicava que as duas massas continentais já haviam estado unidas no passado geológico.

Questão 06 - UNIFESP 2019 2º Dia - Prova de Conhecimentos Específicos

Analise a tabela, que fornece informações sobre a cal hidratada e o carbonato de cálcio.

a) Classifique esses dois compostos de cálcio de acordo com as funções inorgânicas às quais pertencem.

b) Um estudante recebeu uma amostra de 5,0 g de um desses dois compostos para ser aquecida. Após aquecimento prolongado a 1000 ºC, ele notou que a massa da amostra sofreu uma redução de 2,2 g em relação à inicial. Justifique por que a amostra recebida pelo estudante foi de CaCO3.

Resposta:

a) Ca(OH)2: base     CaCO3: sal

b) Quando o carbonato de cálcio se decompõe, tem-se:

Na decomposição de 5g de CaCO3, há redução de 2,2g da massa devido à liberação de CO2, logo a amostra recebida era de CaCO3 puro.

Questão 06 - UNICAMP 2012 2ª fase - Ciências humanas; Artes e Inglês

A Primeira Guerra Mundial abalou profundamente todos os povos envolvidos, e as revoluções de 1917-1918 foram, acima de tudo, revoltas contra aquele holocausto sem precedentes, principalmente nos países do lado que estava perdendo. Mas em certas áreas da Europa, e em nenhuma outra mais que na Rússia, foram mais que isso: foram revoluções sociais, rejeições populares do Estado, das classes dominantes e do status quo.

(Adaptado de Eric Hobsbawm, Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 262-263.)

a) Relacione a Primeira Guerra Mundial e a situação da Rússia na época.

b) Cite e explique um princípio da Revolução Russa de 1917.

Resposta:

a) A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial provocou transformações no regime político, econômico e social do país. As perdas ocasionadas pela guerra propiciaram o questionamento do poder absoluto dos czares e da condição econômica e social (inflação, fome, greves), criando condições para a eclosão da Revolução de 1917.

b) Os candidatos poderiam citar e explicar o princípio socialista da Revolução, que previa o fim da propriedade privada; a nacionalização dos bens de produção; a reforma agrária; a vanguarda do partido bolchevique; o Estado como representante do povo; e a retirada da Rússia da Primeira Guerra.

 

Comentários

A questão exigia o estabelecimento de relações entre dois conteúdos amplos (Revolução Russa e Primeira Guerra Mundial) e permitia que os alunos encontrassem diferentes formas de responder adequadamente. No item a era necessário identificar a especificidade da Rússia entre os demais países que participavam da Primeira Guerra, assim como os impactos do conflito bélico sobre as questões internas da Rússia, os quais controbuíram para a eclosão da Revolução de 1917. Um princípio da Revolução e sua explicação era o esperado no item b, ou seja, podia-se citar algum fundamento do socialismo e explicitá-lo, na forma de exemplos ou no aprofundamento de algum conceito. Foram constatadas algumas extrapolações como, por exemplo, quando o vestibulando generalizava toda a experiência do socialismo soviético, sobretudo na era de Stálin, não observando as diferenças em relação aos processos de 1917.

Questão 06 - UNICAMP 2010 2ª fase - Física e Geografia

Em 2009 completaram-se vinte anos da morte de Raul Seixas. Na sua obra o roqueiro cita elementos regionais brasileiros, como na canção “Minha viola”, na qual ele exalta esse instrumento emblemático da cultura regional. A viola caipira possui cinco pares de cordas. Os dois pares mais agudos são afinados na mesma nota e frequência. Já os pares restantes são afinados na mesma nota, mas com diferença de altura de uma oitava, ou seja, a corda fina do par tem frequência igual ao dobro da frequência da corda grossa. As frequências naturais da onda numa corda de comprimento L com as extremidades fixas são dadas por , sendo N o harmônico da onda e v a sua velocidade.

a) Na afinação Cebolão Ré Maior para a viola caipira, a corda mais fina do quinto par é afinada de forma que a frequência do harmônico fundamental é f1fina = 220Hz. A corda tem comprimento L=0,5 m e densidade linear µ =5x10-3 kg /m. Encontre a tensão τ aplicada na corda, sabendo que a velocidade da onda é dada por  

b) Suponha que a corda mais fina do quinto par esteja afinada corretamente com f1fina =220Hz e que a corda mais grossa esteja ligeiramente desafinada, mais frouxa do que deveria estar. Neste caso, quando as cordas são tocadas simultaneamente, um batimento se origina da sobreposição das ondas sonoras do harmônico fundamental da corda fina de frequência f1fina , com o segundo harmônico da corda grossa, de frequência f2grossa . A frequência do batimento é igual à diferença entre essas duas frequências, ou seja fbat = f1fina - f2grossa. Sabendo que a frequência do batimento é fbat = 4Hz, qual é a frequência do harmônico fundamental da corda grossa, f1grossa?

Resposta:

a)

A fórmula correta para as frequências naturais da corda é:  Assim,

Com a fórmula fornecida no enunciado, a solução seria:

 

b)

 

Questão 06 - UNICAMP 2012 1ª fase - Prova Q e Z

Um carpinteiro foi contratado para construir uma cerca formada por ripas de madeira. As figuras abaixo apresentam uma vista parcial da cerca, bem como os detalhes das ligações entre as ripas, nos quais os parafusos são representados por círculos brancos. Note que cada ripa está presa à cerca por dois parafusos em cada extremidade. 

Para construir uma cerca com 300 m de comprimento, são necessários



( a )

1201,5 m de ripas.

( b )

1425,0 m de ripas.

( c )

2403,0 m de ripas.

( d )

712,5 m de ripas.

Resposta:

Considere o detalhe da cerca representado abaixo:

 

para construir 300m de cerca, serão necessários 150 desses detalhes mais uma ripa do tipo AB para fechar o último deles.

 

Assim, temos: – ripas AD: 150 ⋅ 2 ⋅ 2 =  600m – ripas AB: 151 ⋅ 1,5 = 226,5m – ripas BD: 150 ⋅ 2,5 =    375m                         Total: 1.201,5m

Questão 06 - UNICAMP 2012 2ª fase - Língua Portuguesa e Matemática

O parágrafo reproduzido abaixo introduz a crônica intitulada Tragédia concretista, de Luís Martins.

 O poeta concretista acordou inspirado. Sonhara a noite toda com a namorada. E pensou: lábio, lábia. O lábio em que pensou era o da namorada, a lábia era a própria. Em todo o caso, na pior das hipóteses, já tinha um bom começo de poema. Todavia, cada vez mais obcecado pela lembrança daqueles lábios, achou que podia aproveitar a sua lábia e, provisoriamente desinteressado da poesia pura, resolveu telefonar à criatura amada, na esperança de maiores intimidades e vantagens. Até os poetas concretistas podem ser homens práticos.

(Luís Martins, Tragédia concretista, em As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, p. 132.)

a) Compare lábio e lábia quanto à forma e ao significado. Considerando a especificidade do poeta, justifique a ocorrência dessas duas palavras dentro da crônica.

b) Explique por que a palavra todavia (linha 3) é usada para introduzir um dos enunciados da crônica.

Resposta:

Na comparação das duas palavras, espera-se que o candidato destaque que lábio e lábia são semelhantes quanto à forma (por exemplo, diferem apenas na terminação, contrastam apenas quanto ao gênero gramatical, são invariáveis quanto à marca de gênero, etc.), mas diferentes quanto ao significado (lábio é ‘cada uma das duas partes externas da boca’ e lábia é ‘habilidade na argumentação, na persuasão, no convencimento’). O candidato deve ainda observar que o fato de o poeta ser concretista e, como tal, pertencer a um movimento que explora ao máximo a relação entre forma e significado justifica a ocorrência de lábio e lábia na crônica. Finalmente, o candidato deve explicar que a palavra todavia é usada para sinalizar uma quebra de expectativa: em lugar de fazer um poema com as palavras lábio e lábia, o poeta decide telefonar a sua amada na tentativa de conseguir intimidades e vantagens.

Questão 06 - UNIFESP 2021 - 2º Dia - Prova de Conhecimentos Específicos

O potássio é um nutriente mineral essencial no metabolismo dos seres vivos e elemento químico básico na composição de fertilizantes do tipo NPK — mistura de compostos à base de nitrogênio, fósforo e potássio. A silvita (KCℓ), um dos minérios de potássio, é importante fonte de matéria-prima para a produção de fertilizantes, porque possui a maior porcentagem de potássio em uma forma química de fácil extração. Convencionalmente, a porcentagem em massa de potássio em fertilizantes é expressa como “K2O equivalente”, mesmo que o composto presente seja o KCℓ, exigindo que sejam feitos cálculos que relacionem as massas de potássio no K2O e no KCℓ.

A tabela fornece teores equivalentes de K, KCℓ e K2O na silvita.

a) Qual tipo de ligação química está presente na silvita? Escreva a distribuição eletrônica em camadas do elemento potássio na forma em que se apresenta na silvita.

b) Demonstre que 100% de KCℓ correspondem, aproximadamente, às porcentagens em massa de K e de K2O informadas na tabela.

Resposta:

a) A ligação química presente na silvita (KCℓ) é a ligação iônica, visto que apresenta em sua fórmula a união entre um metal, o potássio, e um não-metal, o cloro.

Na silvita o elemento potássio encontra-se na forma de cátion monovalente, assim a sua distribuição eletrônica em subníveis e em camadas é:

A sua distribuição em camadas é:  2  8   8.

b) Porcentagem em massa de potássio no KCℓ:

Massa molar do K = 39,1 g · mol-1

Massa molar do KCℓ = 39,1 + 35,5 = 74,6 g · mol-1

Porcentagem em massa de potássio no K2O

Massa molar do K2O = 39,1 · 2 + 16 = 94,2 g · mol-1

Como o teor equivalente de K2O na silvita é 63%, a porcentagem em massa de potássio na silvita proveniente do K2O é:

Porcentagem em massa de potássio na silvita, segundo a tabela, é 52%.

Dessa forma, observa-se que a porcentagem de potássio presente na silvita corresponde a, aproximadamente, 52% independentemente do composto ou do elemento. Assim, 100% de KCℓ correspondem, aproximadamente, às porcentagens em massa de K e de K2O informadas na tabela.

Questão 06 - UNICAMP 2021 1ª Fase - Conhecimentos Gerais - Biológicas e Saúde - Q e Z

“─ Reputação! Ora, mamãe, e é a senhora quem me fala nisso!

Camila estacou, sem atinar com a resposta, compreendendo o alcance das palavras do filho. A surpresa paralisou-lhe a língua; o sangue arrefeceu-selhe nas veias; mas, de repente, a reação sacudiu-a e então, num desatino, ferida no coração, ela achou para o Mário admoestações mais ásperas. Percebeu que a língua mais dizia que a sua vontade; mas não poderia contê-la. A dor atirava-a para diante, contra aquele filho, até então poupado.”

(Júlia Lopes de Almeida, A falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 123.) 

A passagem apresenta a reação de Camila às palavras de seu filho. Assinale a alternativa que explica corretamente o comentário de Mário.



( a )

Mário contrapõe-se à censura materna com sentimento de compaixão. 

( b )

Mário rejeita as reservas maternas com censura moral.

( c )

Mário contrapõe-se à censura materna com desdém pela família. 

( d )

Mário rejeita as reservas maternas com vergonha pelas dívidas acumuladas.

Resposta:

A principal personagem feminina de A falência, Camila Teodoro, trai o marido Francisco com Gervásio, médico e amigo da família. O adultério é conhecido de alguns membros da família, como Mário, o filho mais velho. Durante uma discussão com a mãe, o rapaz rejeita qualquer crítica da parte dela ao seu comportamento, já que, para ele, a condição de adúltera retiraria de Camila qualquer autoridade moral para a repreensão.

Questão 06 - FUVEST 2020 - 2ª fase - 1º Dia

Adaptados a esse idioma que se transforma conforme a plataforma, os memes e textões dominaram a rotina desta década como modos de a gente rir, repercutir notícias, dividir descontentamentos, colocar o dedo em feridas, relatar injustiças e até se informar. Entraram logo no vocabulário para além da internet: "virar meme", "dar textão". Suas características também interferiram no jeito de compreender o mundo e expressar o que acontece à nossa volta. Viktor Chagas, professor e pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF), os vê como manifestações culturais de grande relevância para entender o período e, também, como "extravasadores de afetos”. [...]

Por mais que o textão seja "ão", assim como o meme ele é uma expressão sintética típica de hoje, explica Viktor Chagas. Mesmo o textão mais longo na verdade é um textinho: faz parte da lógica do espaço em que circula.

TAB UOL,“Vim pelo meme e era textão”. Disponível em https://tab.uol.com.br/. Adaptado.

a) Retire do texto dois argumentos que justifiquem a caracterização de “memes e textões” como “extravasadores de afetos”.

b) Em que sentido pode se afirmar que não há uma contradição no trecho “Mesmo o textão mais longo na verdade é um textinho”

Resposta:

a) Quatro argumentos podem ser usados para caracterizar “os memes e textões” como  "extravasadores de afetos”. Eles são maneiras de “a gente rir”, “dividir descontentamentos”, “colocar o dedo em feridas” e “relatar injustiças”.

b) A ressalva contida em “Mesmo o textão mais longo na verdade é um textinho” serve para mostrar que, apesar de serem mais extensos do que a média das postagens em redes sociais, os textões são compostos de alguns poucos parágrafos, que, se veiculados em outro suporte, corresponderiam, no máximo, a duas ou três páginas. Isso é muito pouco em quantidade de informações e em profundidade analítica, se comparado a um artigo acadêmico, um ensaio, uma tese ou um tratado, por exemplo.

Questão 06 - UNESP 2022 - 2ª Fase

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Para responder a questão, leia o soneto de Luís de Camões.

Enquanto quis Fortuna1 que tivesse Esperança de algum contentamento, O gosto de um suave pensamento2 Me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor3que aviso desse Minha escritura a algum juízo isento4, Escureceu-me o engenho5 com tormento, Para que seus enganos não dissesse.

Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos A diversas vontades, quando lerdes Num breve livro casos tão diversos,

Verdades puras são, e não defeitos6, E sabei que, segundo o amor tiverdes, Tereis o entendimento de meus versos.

(Luís de Camões. 20 sonetos, 2018.)

1Fortuna: entidade mítica que presidia a sorte dos homens. 2suave pensamento: sentimento amoroso. 3Amor: entidade mítica que personifica o amor. 4juízo isento: os inocentes do amor, aqueles que nunca se apaixonaram. 5engenho: talento poético, inspiração. 6defeitos: inverdades, fantasia.

No soneto, Amor teme que 



( a )

o eu lírico perca sua inspiração. 

( b )

a poesia do eu lírico não seja sincera. 

( c )

a poesia do eu lírico não seja compreendida. 

( d )

o eu lírico esqueça sua amante. 

( e )

o eu lírico divulgue seus enganos.

Resposta:

O soneto “Enquanto quis Fortuna que tivesse” funciona quase como uma apresentação da poesia lírica camoniana. Nos versos do poema, o enunciador lírico afirma que, enquanto alimentou esperanças de felicidade no amor, Fortuna (a deusa que preside os destinos) permitiu que escrevesse sobre o sentimento (estrofe 1). Contudo, o Amor (referindo-se aqui ao deus mitológico) teme que os versos do poeta possam servir de alerta aos inexperientes, que conheceriam através deles os sofrimentos que o sentimento pode provocar. Ardilosamente, o Amor perturba a inspiração do eu lírico, tentando evitar que ele divulgue tais sofrimentos (estrofe 2). O poeta, então, dirige-se aos apaixonados, sujeitos a “diversas vontades”, isto é, às contradições daquela experiência (estrofe 3), e proclama que seus versos são retirados de vivências efetivas, e serão compreendidos de acordo com as paixões vividas pelos próprios leitores (estrofe 4).

Questão 06 - FUVEST 2022 - 2ª Fase - 1º dia

A crise atual no mundo — no Oriente Médio, em Israel e na Palestina — não diz respeito aos valores do Islã. Não diz respeito, de jeito algum, à mentalidade dos árabes, como querem alguns racistas. Diz respeito à luta antiga entre fanatismo e pragmatismo. Entre fanatismo e pluralismo. Entre fanatismo e tolerância. O 11 de setembro não tem a ver nem mesmo com a questão de se a América é boa ou má, se o capitalismo é ameaçador ou transparente, se a globalização deveria cessar ou não. Diz respeito, isto sim, à reivindicação típica dos fanáticos: se julgo algo mau, elimino-o, junto com seus vizinhos. (...) Minha própria infância em Jerusalém tornou-me um especialista em fanatismo comparado. Jerusalém da minha infância, lá pelos idos dos anos 1940, era cheia de profetas espontâneos, Redentores e Messias. Mesmo atualmente, cada um dos jerosolimitanos tem sua fórmula pessoal de salvação instantânea. Todos dizem que vieram a Jerusalém — e aqui cito uma frase famosa de uma velha canção — para construí-la e para serem construídos por ela. De fato, alguns deles e algumas delas, judeus, cristãos e muçulmanos, realmente vieram a Jerusalém não tanto para construí-la, para serem construídos por ela, mas antes para serem crucificados, ou para crucificar outros, ou ambas as coisas. Há um transtorno mental reconhecido, uma doença mental designada “síndrome de Jerusalém”: as pessoas vão pra Jerusalém, inalam o maravilhoso ar transparente da montanha e, em seguida, repentinamente, inflamam-se e põem fogo numa mesquita, numa igreja ou sinagoga. Ou, de outra forma, tiram as roupas, sobem numa pedra e começam a profetizar. Ninguém escuta, jamais.

Amós Oz. Contra o fanatismo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

a) Como a “síndrome de Jerusalém” pode ser relacionada a’ “reivindicação típica dos fanáticos”?

b) As duas ocorrências da palavra “transparente” apresentam o mesmo sentido no texto? Justifique.

Resposta:

a) A “reivindicação típica dos fanáticos” consiste, segundo o texto, em um gesto de extrema violência e intolerância, em que se elimina aquele que é julgado mau. A “síndrome de Jerusalém”, por sua vez, pode ser considerada como exemplo desse tipo de intolerância, já que uma de suas manifestações inclui perseguição religiosa e violência: atear fogo em “mesquita”, “igreja” ou “sinagoga”.

b) O sentido não é idêntico. Em “inalam o maravilhoso ar transparente da montanha”, o adjetivo transparente foi empregado em sentido literal: límpido, puro, translúcido, que deixa passar a luz e ver nitidamente o que está por trás. Já em “se o capitalismo é ameaçador ou transparente”, essa palavra é empregada em sentido figurado, e dá nome a algo compreensível, nítido, inteligível e, portanto, algo confiável e não ameaçador.

Questão 06 - UNESP 2022 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

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Para responder a questão, leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada originalmente em 1902.

Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já se não adormecem as crianças com histórias de fadas e de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco dessa primitiva credulidade. Inventar um fantasma é ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom termo qualquer grossa patifaria. As almas simples vão propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse temor, os patifes vão rejubilando.

O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi. Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo pacato bairro — como um fantasma de grande e louvável modéstia. E tão esbatido1 passava o seu vulto na treva, tão sutilmente deslizava ao longo das casas adormecidas — que as primeiras pessoas que o viram não puderam em consciência dizer se era duende macho ou duende fêmea. [...] O fantasma não falava — naturalmente por saber de longa data que pela boca é que morrem os peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava — não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode um homem ter nascido num século de luzes e de descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar nem em Deus nem no Diabo — e, apesar disso, sentir a voz presa na garganta, quando encontra na rua, a desoras2 , uma avantesma3 ...

Assim, um profundo mistério cercava a existência do lobisomem de Catumbi — quando começaram de aparecer vestígios assinalados de sua passagem, não já pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora crer que se tenham sumido, por exemplo, as hóstias consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia, finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando novos pecados sobre os pecados antigos, e dando-se à prática de excessos menos merecedores de exorcismos que de cadeia.

Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente munida de bentinhos5 e de revólveres, de amuletos e de sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado achou dentro da casa sinistra — um velho pardieiro6 que fica no topo de uma ladeira íngreme — alguns objetos singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os sitiantes7 empunhavam”.

Esta nota de morcegos deve ser um chique romântico do noticiarista. No fundo da alma de todo o repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos lobisomens! o seu tempo passou.

(Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.)

1esbatido: de tom pálido.

2a desoras: muito tarde.

3avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro.

4folha: periódico diário, jornal.

5bentinho: objeto de devoção contendo orações escritas.

6pardieiro: prédio velho ou arruinado.

7sitiante: policial.

Em “Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos” (5º parágrafo), o termo sublinhado está empregado na mesma acepção do termo sublinhado em



( a )

“ela correu um risco desnecessário”. 

( b )

“a notícia corria por toda a cidade”. 

( c )

“a manhã corria especialmente tranquila”. 

( d )

“segundo corria, ela seria facilmente eleita”. 

( e )

“um arrepio correu-lhe pela espinha”.

Resposta:

Em “Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos”, o verbo correr indica passagem do tempo, assim como na alternativa C.

Questão 06 - FGV-SP 2013 Economia - 2ª fase - Prova 004 - Caderno 2

Leia o texto para responder à questão.

Bom amigo, o fogo.

Cria calor, afasta os bichos, protege o sono e as mochilas de mantimento. Carne-de-sol, rapadura, farinha. Deita-se na rede, abraçado ao rifle, as alpercatas nos pés, as cartucheiras em torno do peito, o facão preso ao cinturão. E, mais uma vez pensando no serviço, diz muito baixo para si mesmo:

– Mãe, espera o resultado.

A mãe exigira a viagem, um mês ou mais na selva sem caminhos, ninguém para ouvir ou falar. Serviço arriscado e tão brabo que era para quem não tinha medo. Meter-se no povoado, no estradão para o vale do Ouro, arrancar os ossos do pai. Lá, na cova, o pai estava há mais de vinte anos. Ali, naquele lugar, entre as pastagens de gado e as plantações de cacau. Almadina se chamava o lugar que guardava a ossada do pai no barro duro.

Trinta anos ele tinha quando a desgraça acontecera. Agora, vinte anos depois, e ainda na manhã de ontem, a velha o chamara. E, logo o viu, sempre com os olhos parados, exclamou:

– Eu quero os ossos! Vá, Tonho Beré, calcule o terreno – e, percebendo a surpresa do filho, acrescentou: – Vamos ver se trazemos os ossos do seu pai!

– Por quê, mãe, e para quê?

– Estou velha, cada vez mais velha, não demoro a morrer. E, por isso, quero os ossos.

– Mas, para quê? – ele insistira.

Calou-se, a mãe, sem qualquer resposta. Fácil verificar que escondia as ideias no rosto cor de cobre. Não, não disse para que queria os ossos! Talvez para embrulhar eles com a própria pele, talvez.

A rede, o rifle entre os braços, os olhos abertos. A velha de tal modo ali está, dentro do seu olhar sem sono, que parece a própria Tari Januária em pessoa. Permanece assim, deitado e imóvel, vendo a velha como a via todos os dias.

(Adonias Filho, As velhas)

Reescreva as frases, seguindo as instruções que as acompanham.

a) Lá, na cova, o pai estava mais de vinte anos. Ali, naquele lugar, entre as pastagens de gado e as plantações de cacau. Almadina se chamava o lugar que guardava a ossada do pai no barro duro.

(Substitua o verbo “haver” por “fazer” e os verbos “chamar” e “guardar” por “ser” e “estar”, respectivamente, realizando as adaptações necessárias.)

b) Talvez para embrulhar eles com a própria pele, talvez.

(Transponha a frase para a norma-padrão da língua portuguesa.)

Resposta:

a) Lá, na cova, o pai estava faz mais de vinte anos. Ali, naquele lugar, entre as pastagens de gado e as plantações de cacau. Almadina era o lugar em que/onde estava a ossada do pai, no barro duro.

ou

Lá, na cova, o pai estava faz mais de vinte anos. Ali, naquele lugar, entre as pastagens de gado e as plantações de cacau. Almadina era o lugar em cujo barro duro estava a ossada do pai.

b) Talvez para os embrulhar com a própria pele, talvez.

Talvez para embrulhá-los com a própria pele, talvez.

Questão 06 - UNICAMP 2023 - 2ª Fase - 2º dia - Ciências Biológicas / Saúde

Considere um triângulo ABC.

a) Supondo que ABC é um triângulo retângulo com perímetro igual a 16 cm e hipotenusa de comprimento 7 cm, calcule sua área.

b) Sabendo que em um triângulo qualquer a soma dos comprimentos de quaisquer dois lados é sempre maior que o comprimento do terceiro lado e assumindo que as medidas dos lados de um certo triângulo são a, a2, a3, calcule os possíveis valores de a.

Resposta:

a) Sendo a e b as medidas dos catetos, em centímetros, temos:

Do perímetro: a + b + 7= 16    ∴    a + b = 9     (1) Do teorema de Pitágoras: a2 + b2 = 49    (2)

Elevando os dois membros da igualdade (1) ao quadrado, vem:

Mas, de (2) temos que: a2 + b2 = 49. Assim,

49 + 2ab = 81    ∴     2ab = 32     ∴     ab = 16

Desse modo a área S desse triângulo, em centímetros quadrados é:

A área pedida é 8 cm2.

b) Escrevendo as três desigualdades triangulares, temos:

Da primeira desigualdade vem:

a + a2>a3

a3 – a2 – a<0

a2 – a – 1<0

Analisando o sinal dessa expressão, vem

Da segunda desigualdade vem:

a + a3>a2

a3 – a2 + a>0

a2 – a + 1>0

Como o discriminante dessa expressão é negativo, ela é satisfeita para todo a.

Da terceira desigualdade vem:

a2 + a3>a

a3 + a2 – a>0

a2 + a – 1>0

Analisando o sinal dessa expressão, vem

Como a>0, devemos ter:

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