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Questão 02 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7091991

Para responder à questão, leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra o livro Tutameia, de João Guimarães Rosa.

Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou, talvez, vice-dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falto de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar nominalmente a própria existência.

Somos todos, neste ponto, um tento ou cento hipotrélicos? Salvo o excepto, um neologismo contunde, confunde, quase ofende. Perspica-nos a inércia que soneja em cada canto do espírito, e que se refestela com os bons hábitos estadados. Se é que um não se assuste: saia todo-o-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde é que se vai dar com a língua tida e herdada? Assenta-nos bem à modéstia achar que o novo não valerá o velho; ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso no passado. [...]

Já outro, contudo, respeitável, é o caso — enfim — de “hipotrélico”, motivo e base desta fábula diversa, e que vem do bom português. O bom português, homem-de-bem e muitíssimo inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo suas necessidades íntimas.

Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro, ausente:

E ele é muito hiputrélico...

Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto:

Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.

Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo:

Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?

— É. Mas não existe.

Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório:

— O senhor também é hiputrélico...

E ficou havendo.

(Tutameia, 1979.)

De acordo com o narrador, o hipotrélico revela, em relação à prática do neologismo, uma postura



( a )

indiferente. 

( b )

enigmática. 

( c )

conservadora. 

( d )

visionária. 

( e )

inovadora.

Resposta:

O fragmento do conto-prefácio “Hipotrélico”, contido em Tutameia, obra de Guimarães Rosa, desenvolve uma discussão acerca do uso de neologismos. O personagem considerado hipotrélico pelo narrador é um sujeito desconfiado e cético com relação ao uso de palavras que, para ele, não existem justamente por não estarem registradas em dicionários ou listas de vocábulos da língua. Por não considerar a validade e a importância do neologismo na dinâmica de funcionamento de uma língua, compreende-se que o hipotrélico assume uma postura conservadora em relação à sua utilização.

Questão 03 - UNIFESP 2017 2º dia

O Sistema CRISPR-Cas9 foi desenvolvido em laboratório e é constituído de um RNA-guia (CRISPR) associado a uma enzima de restrição (Cas9). O RNA-guia é uma sequência curta de RNA sintético complementar à sequência de um determinado trecho de DNA. Quando introduzido em células vivas, o CRISPR-Cas9 detecta a sequência de DNA complementar e a enzima corta o DNA em um ponto específico. Em seguida, o sistema de reparo do DNA é ativado, unindo novamente os segmentos que foram separados. Nesse processo, podem ocorrer alterações na sequência original, causando a inativação de um gene. Sistemas semelhantes ao CRISPR-Cas9 são encontrados naturalmente em bactérias e ativados quando estas são infectadas por vírus.

(http://www.aati-us.com. Adaptado.)

a) Cite uma vantagem que sistemas semelhantes ao CRISPR-Cas9 conferem a bactérias atacadas por um vírus cujo material genético seja o DNA. Supondo que no DNA viral exista a sequência de bases nitrogenadas CCCTATAGGG, qual será a sequência de bases no RNA-guia associado à Cas9 bacteriana?

b) Por que a alteração na sequência de DNA provocada pelo CRISPR-Cas9 pode inativar um gene?

Resposta:

a) A vantagem é a proteção contra vírus invasores já conhecidos pela bactéria, impedindo novos ataques virais. A sequência de bases do RNA guia será GGGAUAUCCC. b) Porque essas alterações podem inativar regiões promotoras, mudar a sequência gênica, introduzindo combinações de bases sem sentido, que impedem o funcionamento do gene.

Questão 03 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7091991

Para responder à questão, leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra o livro Tutameia, de João Guimarães Rosa.

Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou, talvez, vice-dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falto de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar nominalmente a própria existência.

Somos todos, neste ponto, um tento ou cento hipotrélicos? Salvo o excepto, um neologismo contunde, confunde, quase ofende. Perspica-nos a inércia que soneja em cada canto do espírito, e que se refestela com os bons hábitos estadados. Se é que um não se assuste: saia todo-o-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde é que se vai dar com a língua tida e herdada? Assenta-nos bem à modéstia achar que o novo não valerá o velho; ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso no passado. [...]

Já outro, contudo, respeitável, é o caso — enfim — de “hipotrélico”, motivo e base desta fábula diversa, e que vem do bom português. O bom português, homem-de-bem e muitíssimo inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo suas necessidades íntimas.

Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro, ausente:

E ele é muito hiputrélico...

Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto:

Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.

Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo:

Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?

— É. Mas não existe.

Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório:

— O senhor também é hiputrélico...

E ficou havendo.

(Tutameia, 1979.)

Considerando que “sonejar” constitui um neologismo formado pelo radical “sono” e pelo sufixo “-ejar”, que exprime aspecto frequentativo, “a inércia que soneja em cada canto do espírito” (2º parágrafo) contribui, segundo o narrador, para



( a )

a degradação da norma-padrão. 

( b )

a invenção de novos vocábulos. 

( c )

a valorização da linguagem coloquial. 

( d )

a renovação radical da língua. 

( e )

a sobrevivência do idioma.

Resposta:

No segundo parágrafo, o autor propõe que todo ser humano, em alguma medida (“um tento ou um cento”), seria “hipotrélico”, no que se refere a resistir a neologismos. Isso porque o neologismo “contunde, confunde, quase ofende”, fere (“perspica”) a nossa tendência à inércia (caracterizada como sonolenta, atordoada), fere a nossa tendência a nos deleitarmos com o habitual, com o costumeiro (“os bons hábitos estadados”). Na sequência, propõe-se que, sem essa inércia, a adoção de uma grande quantidade de neologismos (“todo-o-mundo a empinar vocábulos seus”) ameaçaria “a língua tida e herdada”. Portanto, pode-se concluir que essa resistência aos neologismos seria uma força de manutenção do idioma (entendido, no contexto, como a tradição “tida e herdada”). Vale ressaltar que essa concepção, conservadora, emerge porque o narrador problematiza o fato de que todos trariam dentro de si, em maior ou menor grau, um conservador em termos linguísticos (um “hipotrélico”).

Questão 03 - FGV-SP 2017 Economia - 2ª fase - Prova 004 - Caderno 2

Leia o texto para responder a questão.

Duzentos dos que gozam da mesma cidadania que ela e quase o mesmo número dos que gozam da mesma que eu figuram entre os oitocentos mortos no naufrágio de 18 de abril de 2015 na costa da Sicília. Muitos são aqueles de quem já não se fala mais, aqueles dos quais nunca se falará, jogados nas fossas comuns que se tornaram o Deserto do Saara e o Mar Mediterrâneo.

Seu filho único, um dia, partiu para a Europa com 89 outros jovens de Thiaroye (Senegal) a bordo de uma embarcação que o mar engoliu. Nós nos encontramos porque, no meu país, outras mães de migrantes desaparecidos que não querem esquecer nem baixar os braços me interpelaram: “Não vimos de novo nossos filhos nem vivos nem mortos. O mar os matou. Por quê?” Elas também não sabiam nada sobre esse mar assassino, já que nosso país não tem litoral.

Me lembrarei para sempre, corajosa Yayi, deste profundo momento de acolhimento e de partilha que foi o “Círculo do Silêncio” que organizamos juntas no Fórum Social Mundial (FSM) de Dacar, em fevereiro de 2011.

(Aminata D. Traoré. “São nossas crianças”. Em: Le Monde Diplomatique Brasil, setembro de 2016. Adaptado)

Responda ao que se pede.

a) Observe as passagens do segundo parágrafo:

•  “Não vimos de novo nossos filhos nem vivos nem mortos.”

•  “... já que nosso país não tem litoral.”

Reescreva essas passagens, segundo as instruções: a primeira deverá ser formulada como uma hipótese futura, iniciada por “E se...”; a segunda deverá ser reformulada, substituindo-se o verbo “ter” por “haver” e o substantivo “litoral” por “praias”. Faça as adaptações necessárias.

b) Nas passagens “... jogados nas fossas comuns que se tornaram o Deserto do Saara e o Mar Mediterrâneo.” (1º parágrafo) e “... outras mães de migrantes desaparecidos que não querem esquecer nem baixar os braços...” (2º parágrafo), identifique as figuras de linguagem nas expressões em destaque e explique-as.

Resposta:

A)

Reescrevendo os enunciados conforme as instruções:

E se não virmos de novo nossos filhos nem vivos nem mortos.

Observação: O verbo ver, no futuro do subjuntivo, tempo compatível com a noção de “hipótese futura” indicada pela banca, é conjugado com base no radical vi- do pretérito perfeito do indicativo (eles viram).

... já que em nosso país não há praias.

Observação: a expressão em nosso país poderia vir isolada por vírgulas; o verbo haver, neste caso, não tem sujeito e, por isso, permanece no singular, a despeito do substantivo praias, no plural.

 

B)

Em “jogadas nas fossas comuns que se tornaram o Deserto do Saara e o Mar Mediterrâneo” ocorre uma metáfora. Conforme essa associação, o Deserto do Saara e o Mar Mediterrâneo se assemelham a fossas, espaços nos quais se despejam excrementos humanos. Esses lugares teriam se convertido em depósitos de refugiados que morrem na esperança de fuga, comparados, portanto, a dejetos acumulados.

Em “... outras mães de migrantes desaparecidos que não querem esquecer nem baixar os braços...” se dá uma metonímia. Os braços levantados podem ser interpretados como o gesto concreto do pedido de socorro, da necessidade de ser ouvido e atendido. Trata-se de um recurso concreto que sinaliza uma noção abstrata.

Questão 04 - UNIFESP 2017 1º dia

Leia o trecho inicial de Raízes do Brasil, do historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), para responder a questão.

A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território, dotado de condições naturais, se não adversas, largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevar à perfeição o tipo de civilização que representamos: o certo é que todo o fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem.

Assim, antes de perguntar até que ponto poderá alcançar bom êxito a tentativa, caberia averiguar até onde temos podido representar aquelas formas de convívio, instituições e ideias de que somos herdeiros.

É significativa, em primeiro lugar, a circunstância de termos recebido a herança através de uma nação ibérica. A Espanha e Portugal são, com a Rússia e os países balcânicos (e em certo sentido também a Inglaterra), um dos territórios-ponte pelos quais a Europa se comunica com os outros mundos. Assim, eles constituem uma zona fronteiriça, de transição, menos carregada, em alguns casos, desse europeísmo que, não obstante, mantêm como um patrimônio necessário. 

Foi a partir da época dos grandes descobrimentos marítimos que os dois países entraram mais decididamente no coro europeu. Esse ingresso tardio deveria repercutir intensamente em seus destinos, determinando muitos aspectos peculiares de sua história e de sua formação espiritual. Surgiu, assim, um tipo de sociedade que se desenvolveria, em alguns sentidos, quase à margem das congêneres europeias, e sem delas receber qualquer incitamento que já não trouxesse em germe.

Quais os fundamentos em que assentam de preferência as formas de vida social nessa região indecisa entre a Europa e a África, que se estende dos Pireneus a Gibraltar? Como explicar muitas daquelas formas, sem recorrer a indicações mais ou menos vagas e que jamais nos conduziriam a uma estrita objetividade?

Precisamente a comparação entre elas e as da Europa de além-Pireneus faz ressaltar uma característica bem peculiar à gente da península Ibérica, uma característica que ela está longe de partilhar, pelo menos na mesma intensidade, com qualquer de seus vizinhos do continente. É que nenhum desses vizinhos soube desenvolver a tal extremo essa cultura da personalidade, que parece constituir o traço mais decisivo na evolução da gente hispânica, desde tempos imemoriais. Pode dizer-se, realmente, que pela importância particular que atribuem ao valor próprio da pessoa humana, à autonomia de cada um dos homens em relação aos semelhantes no tempo e no espaço, devem os espanhóis e portugueses muito de sua originalidade nacional.  [...]

É dela que resulta largamente a singular tibieza das formas de organização, de todas as associações que impliquem solidariedade e ordenação entre esses povos. Em terra onde todos são barões não é possível acordo coletivo durável, a não ser por uma força exterior respeitável e temida.

(Raízes do Brasil, 2000.)

Em “A Espanha e Portugal são, com a Rússia e os países balcânicos (e em certo sentido também a Inglaterra), um dos territórios-ponte pelos quais a Europa se comunica com os outros mundos.”, o pronome destacado refere-se a 



( a )

“Europa”. 

( b )

“Rússia e os países balcânicos”.

( c )

“Espanha e Portugal”. 

( d )

“territórios-ponte”. 

( e )

“mundos”.

Resposta:

O pronome "se", independentemente de ser tomado como parte integrante do verbo ou do pronome reflexivo, refere-se ao sujeito da oração, no caso, "Europa".

Questão 04 - UNICAMP 2017 2ª fase - 1º dia - Redação, Língua Portuguesa e Literatura

Leia o seguinte trecho do conto “Amor”, de Clarice Lispector.

“Então ela viu: o cego mascava chicles... Um homem cego mascava chicles. Ana ainda teve tempo de pensar por um segundo que os irmãos viriam jantar – o coração batia-lhe violento, espaçado. Inclinada, olhava o cego profundamente, como se olha o que não nos vê. Ele mastigava goma na escuridão. Sem sofrimento, com os olhos abertos. O movimento de mastigação fazia-o parecer sorrir e de repente deixar de sorrir, sorrir e deixar de sorrir – como se ele a tivesse insultado, Ana olhava-o. E quem a visse teria a impressão de uma mulher com ódio.”

(Clarice Lispector, Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 2009, p. 21-22.)

a) Em textos de Clarice Lispector, é comum que um acontecimento banal se transforme em um momento perturbador na vida das personagens. Considerando o contexto do conto “Amor”, indique que tipo de inquietações o acontecimento narrado acima acarreta na vida da personagem.

b) A frase “olhava o cego profundamente, como se olha o que não nos vê” sugere uma maneira pouco comum de olhar para as coisas. Explique o sentido que tem esse olhar profundo, a partir dali, na caracterização da personagem Ana.

Resposta:

a) É dito, anteriormente ao episódio da visão do cego, que Ana escolhera ser dona de casa, renunciando com isso a outras possibilidades de papéis sociais, o que lhe trazia uma meia satisfação. Ela se esforçava para se manter nesse papel, evitando questioná-lo. A própria ida às compras era uma estratégia para isso. O acontecimento narrado a perturba por gerar o questionamento. Com ele, sua rotina perde a razão de ser, e estar num bonde com compras é um fio partido, daí todo o mal-estar subsequente e a dúvida se conseguiria reatar o fio dos seus dias. Ou seja, voltar a ser esposa e mãe, com as atitudes condizentes com esses papéis.

b) O olhar profundo nesse caso é aquele capaz de perceber o potencial simbólico dos fatos, ainda que banais, extraindo deles reflexões sobre a condição humana. Ana possui esse olhar profundo, por isso certas atitudes que seriam triviais passam a ter um valor inusitado. Daí sua extrema suscetibilidade, que transforma, por exemplo, o esmagamento da formiga na cozinha, de simples ato de higiene doméstica, em um assassinato.

Questão 04 - FGV-SP 2017 Economia - 2ª fase - Prova 004 - Caderno 2

Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua casa para pensar no passado. E no pensamento como que ouvia o vento de outros tempos e sentia o tempo passar, escutava vozes, via caras e lembrava-se de coisas... O ano de 81 trouxera um acontecimento triste para o velho Maneco: Horácio deixara a fazenda, a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo, onde se casara com a filha dum tanoeiro e se estabelecera com uma pequena venda. Em compensação nesse mesmo ano Antônio casou-se com Eulália Moura, filha dum colono açoriano dos arredores do Rio Pardo, e trouxe a mulher para a estância, indo ambos viver num puxado que tinham feito no rancho.

Em 85 uma nuvem de gafanhotos desceu sobre a lavoura deitando a perder toda a colheita. Em 86, quando Pedrinho se aproximava dos oito anos, uma peste atacou o gado e um raio matou um dos escravos.

Foi em 86 mesmo ou no ano seguinte que nasceu Rosa, a primeira filha de Antônio e Eulália? Bom. A verdade era que a criança tinha nascido pouco mais de um ano após o casamento. Dona Henriqueta cortara-lhe o cordão umbilical com a mesma tesoura de podar com que separara Pedrinho da mãe.

E era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia, a lua passava por todas as fases, as estações iam e vinham, deixando sua marca nas árvores, na terra, nas coisas e nas pessoas.

E havia períodos em que Ana perdia a conta dos dias. Mas entre as cenas que nunca mais lhe saíram da memória estavam as da tarde em que dona Henriqueta fora para a cama com uma dor aguda no lado direito, ficara se retorcendo durante horas, vomitando tudo o que engolia, gemendo e suando de frio.

(Érico Veríssimo. O tempo e o Vento, “O Continente”, 1956)

No primeiro parágrafo do texto, o narrador afirma que Ana Terra “... sentia o tempo passar, escutava vozes, via caras e lembrava-se de coisas...”

a) Como se organiza no texto a ideia de passagem do tempo? Como isso está relacionado à percepção que a personagem tem da sua vida?

b) Há duas perspectivas temporais bastante marcadas no texto, com o emprego de verbos no pretérito imperfeito e no pretérito mais-que-perfeito. Explique a relação de sentido que há entre elas no texto.

Resposta:

A)

No excerto, por meio do discurso indireto livre, o narrador dá voz à personagem Ana Terra, que relembra linearmente eventos pontuais, marcantes na vida de outros membros de sua comunidade. A ideia de passagem do tempo, neste contexto, é baseada em acontecimentos da vida individual desses personagens, dos quais Ana Terra se coloca como mera observadora. Essas memórias revelam que sua própria vida é percebida como uma existência passiva, já que suas lembranças são, na verdade, lembranças sobre a vida alheia.

 

B)

Na organização do fragmento, imperfeito e mais-que-perfeito correlacionam dois tempos da narrativa. O imperfeito marca os recorrentes momentos em que Ana Terra fica a recordar seu passado (como em “Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua casa [...]”), enquanto o mais-que-perfeito se refere aos próprios eventos recordados, anteriores ao tempo da rememoração (por exemplo, “Horácio deixara a fazenda, a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo”).

Questão 04 - UNIFESP 2017 2º dia

Em uma maratona ocorrem diversas alterações no corpo do maratonista. A pressão parcial de O2(PO2) nos tecidos musculares pode cair de 40 mmHg para 12 mmHg. A temperatura corporal sofre elevação no início da corrida e depois se mantém estável, com ligeiras variações. Ao longo da prova, ocorre diminuição do pH no interior das hemácias (cujos valores normais variam entre 7,35 e 7,45), embora o pH do plasma não sofra grandes variações.

O gráfico experimental representa o efeito da temperatura corporal humana sobre a porcentagem de saturação da hemoglobina com O2.

a) Por que ocorre elevação da temperatura corporal durante a maratona? Qual o efeito dessa elevação sobre a oferta de O2 para os tecidos musculares?

b) O que provoca a redução de pH no interior das hemácias? Por que, apesar dessa redução, o pH sanguíneo não diminui a ponto de se tornar ácido?

Resposta:

a) A elevação ocorre em consequência da maior atividade muscular, com o aumento da taxa de respiração celular e a maior liberação de calor. A elevação da temperatura provoca uma redução da afinidade da hemoglobina pelo O2, possibilitando uma maior liberação desse gás para os tecidos.

b) O aumento de CO2 da respiração celular provoca, no interior das hemácias, a reação: O H+ permanece no interior dessas células, reduzindo seu pH. O  difunde-se para o plasma, gerando o efeito tampão, que mantém seu pH.

Questão 05 - UNIFESP 2017 1º dia

Leia o trecho inicial de Raízes do Brasil, do historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), para responder a questão.

A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território, dotado de condições naturais, se não adversas, largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevar à perfeição o tipo de civilização que representamos: o certo é que todo o fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem.

Assim, antes de perguntar até que ponto poderá alcançar bom êxito a tentativa, caberia averiguar até onde temos podido representar aquelas formas de convívio, instituições e ideias de que somos herdeiros.

É significativa, em primeiro lugar, a circunstância de termos recebido a herança através de uma nação ibérica. A Espanha e Portugal são, com a Rússia e os países balcânicos (e em certo sentido também a Inglaterra), um dos territórios-ponte pelos quais a Europa se comunica com os outros mundos. Assim, eles constituem uma zona fronteiriça, de transição, menos carregada, em alguns casos, desse europeísmo que, não obstante, mantêm como um patrimônio necessário. 

Foi a partir da época dos grandes descobrimentos marítimos que os dois países entraram mais decididamente no coro europeu. Esse ingresso tardio deveria repercutir intensamente em seus destinos, determinando muitos aspectos peculiares de sua história e de sua formação espiritual. Surgiu, assim, um tipo de sociedade que se desenvolveria, em alguns sentidos, quase à margem das congêneres europeias, e sem delas receber qualquer incitamento que já não trouxesse em germe.

Quais os fundamentos em que assentam de preferência as formas de vida social nessa região indecisa entre a Europa e a África, que se estende dos Pireneus a Gibraltar? Como explicar muitas daquelas formas, sem recorrer a indicações mais ou menos vagas e que jamais nos conduziriam a uma estrita objetividade?

Precisamente a comparação entre elas e as da Europa de além-Pireneus faz ressaltar uma característica bem peculiar à gente da península Ibérica, uma característica que ela está longe de partilhar, pelo menos na mesma intensidade, com qualquer de seus vizinhos do continente. É que nenhum desses vizinhos soube desenvolver a tal extremo essa cultura da personalidade, que parece constituir o traço mais decisivo na evolução da gente hispânica, desde tempos imemoriais. Pode dizer-se, realmente, que pela importância particular que atribuem ao valor próprio da pessoa humana, à autonomia de cada um dos homens em relação aos semelhantes no tempo e no espaço, devem os espanhóis e portugueses muito de sua originalidade nacional.  [...]

É dela que resulta largamente a singular tibieza das formas de organização, de todas as associações que impliquem solidariedade e ordenação entre esses povos. Em terra onde todos são barões não é possível acordo coletivo durável, a não ser por uma força exterior respeitável e temida.

(Raízes do Brasil, 2000.)

Em “Assim, eles constituem uma zona fronteiriça, de transição, menos carregada, em alguns casos, desse europeísmo que, não obstante, mantêm como um patrimônio necessário.”, a expressão destacada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por



( a )

contudo. 

( b )

além disso.

( c )

assim sendo. 

( d )

portanto. 

( e )

ainda bem.

Resposta:

A expressão "não obstante" tem valor de oposição, por isso o melhor termo para substituí-la é "contudo".

Questão 05 - UNIFESP 2017 2º dia

Em tomateiros, o alelo dominante A condiciona frutos vermelhos e o alelo recessivo a condiciona frutos amarelos. O alelo dominante B condiciona flores amarelas e o alelo recessivo b, flores brancas. Considere que em uma planta adulta os alelos A e B estão em um mesmo cromossomo e distantes 15 unidades de recombinação (UR), da mesma forma que os alelos a e b, conforme mostra a figura.

a) Quais os gametas recombinantes produzidos por essa planta?

b) Qual a porcentagem esperada de gametas recombinantes produzidos por essa planta? Do cruzamento dessa planta com uma planta duplo-homozigótica recessiva foram geradas 1000 sementes. Quantas sementes originarão plantas com frutos vermelhos e flores brancas?

Resposta:

a) Os gametas recombinantes produzidos terão a constituição Ab e aB.

 

b) Serão produzidos 15% de gametas recombinantes. No cruzamento proposto, haverá a formação de 75 sementes com genótipo Ab/ab, que produzirão plantas com fruto vermelho e flores brancas.

Questão 06 - UNIFESP 2017 1º dia

Leia o trecho inicial de Raízes do Brasil, do historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), para responder a questão.

A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território, dotado de condições naturais, se não adversas, largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevar à perfeição o tipo de civilização que representamos: o certo é que todo o fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem.

Assim, antes de perguntar até que ponto poderá alcançar bom êxito a tentativa, caberia averiguar até onde temos podido representar aquelas formas de convívio, instituições e ideias de que somos herdeiros.

É significativa, em primeiro lugar, a circunstância de termos recebido a herança através de uma nação ibérica. A Espanha e Portugal são, com a Rússia e os países balcânicos (e em certo sentido também a Inglaterra), um dos territórios-ponte pelos quais a Europa se comunica com os outros mundos. Assim, eles constituem uma zona fronteiriça, de transição, menos carregada, em alguns casos, desse europeísmo que, não obstante, mantêm como um patrimônio necessário. 

Foi a partir da época dos grandes descobrimentos marítimos que os dois países entraram mais decididamente no coro europeu. Esse ingresso tardio deveria repercutir intensamente em seus destinos, determinando muitos aspectos peculiares de sua história e de sua formação espiritual. Surgiu, assim, um tipo de sociedade que se desenvolveria, em alguns sentidos, quase à margem das congêneres europeias, e sem delas receber qualquer incitamento que já não trouxesse em germe.

Quais os fundamentos em que assentam de preferência as formas de vida social nessa região indecisa entre a Europa e a África, que se estende dos Pireneus a Gibraltar? Como explicar muitas daquelas formas, sem recorrer a indicações mais ou menos vagas e que jamais nos conduziriam a uma estrita objetividade?

Precisamente a comparação entre elas e as da Europa de além-Pireneus faz ressaltar uma característica bem peculiar à gente da península Ibérica, uma característica que ela está longe de partilhar, pelo menos na mesma intensidade, com qualquer de seus vizinhos do continente. É que nenhum desses vizinhos soube desenvolver a tal extremo essa cultura da personalidade, que parece constituir o traço mais decisivo na evolução da gente hispânica, desde tempos imemoriais. Pode dizer-se, realmente, que pela importância particular que atribuem ao valor próprio da pessoa humana, à autonomia de cada um dos homens em relação aos semelhantes no tempo e no espaço, devem os espanhóis e portugueses muito de sua originalidade nacional.  [...]

É dela que resulta largamente a singular tibieza das formas de organização, de todas as associações que impliquem solidariedade e ordenação entre esses povos. Em terra onde todos são barões não é possível acordo coletivo durável, a não ser por uma força exterior respeitável e temida.

(Raízes do Brasil, 2000.)

O Dicionário Houaiss de língua portuguesa define “elipse” como “supressão, num enunciado, de um termo que pode ser facilmente subentendido pelo contexto linguístico”. Verifica-se a ocorrência desse recurso em: 



( a )

“A Espanha e Portugal são, com a Rússia e os países balcânicos (e em certo sentido também a Inglaterra), um dos territórios-ponte pelos quais a Europa se comunica com os outros mundos”

( b )

“Em terra onde todos são barões não é possível acordo coletivo durável” 

( c )

“Precisamente a comparação entre elas e as da Europa de além-Pireneus faz ressaltar uma característica bem peculiar à gente da península Ibérica” 

( d )

“Foi a partir da época dos grandes descobrimentos marítimos que os dois países entraram mais decididamente no coro europeu” 

( e )

“o certo é que todo o fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem”

Resposta:

Na alternativa C, temos a elipse da expressão "formas de vida social", que estava explícita no parágrafo anterior: "Precisamente a comparação entre elas e as [formas de vida social] da Europa".

Questão 06 - FGV-SP 2017 Economia - 2ª fase - Prova 004 - Caderno 2

Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua casa para pensar no passado. E no pensamento como que ouvia o vento de outros tempos e sentia o tempo passar, escutava vozes, via caras e lembrava-se de coisas... O ano de 81 trouxera um acontecimento triste para o velho Maneco: Horácio deixara a fazenda, a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo, onde se casara com a filha dum tanoeiro e se estabelecera com uma pequena venda. Em compensação nesse mesmo ano Antônio casou-se com Eulália Moura, filha dum colono açoriano dos arredores do Rio Pardo, e trouxe a mulher para a estância, indo ambos viver num puxado que tinham feito no rancho.

Em 85 uma nuvem de gafanhotos desceu sobre a lavoura deitando a perder toda a colheita. Em 86, quando Pedrinho se aproximava dos oito anos, uma peste atacou o gado e um raio matou um dos escravos.

Foi em 86 mesmo ou no ano seguinte que nasceu Rosa, a primeira filha de Antônio e Eulália? Bom. A verdade era que a criança tinha nascido pouco mais de um ano após o casamento. Dona Henriqueta cortara-lhe o cordão umbilical com a mesma tesoura de podar com que separara Pedrinho da mãe.

E era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia, a lua passava por todas as fases, as estações iam e vinham, deixando sua marca nas árvores, na terra, nas coisas e nas pessoas.

E havia períodos em que Ana perdia a conta dos dias. Mas entre as cenas que nunca mais lhe saíram da memória estavam as da tarde em que dona Henriqueta fora para a cama com uma dor aguda no lado direito, ficara se retorcendo durante horas, vomitando tudo o que engolia, gemendo e suando de frio.

(Érico Veríssimo. O tempo e o Vento, “O Continente”, 1956)

Leia o trecho do 1º parágrafo: “Horácio deixara a fazenda, a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo, onde se casara com a filha dum tanoeiro e se estabelecera com uma pequena venda. Em compensação nesse mesmo ano Antônio casou-se com Eulália Moura, filha dum colono açoriano dos arredores do Rio Pardo, e trouxe a mulher para a estância, indo ambos viver num puxado que tinham feito no rancho”.

a) Explique os processos de derivação das palavras destacadas no trecho.

b) Considerando a organização das informações no trecho, explique a diferença de sentido que se tem com o emprego da preposição “com” nas expressões presentes na passagem “onde se casara com a filha dum tanoeiro e se estabelecera com uma pequena venda”.

Resposta:

A)

O substantivo “venda” se forma com base no verbo “vender”, por derivação regressiva. Em sua primeira acepção, tem sentido abstrato, referindo-se ao ato de vender e, posteriormente, passa a indicar, por metonímia, o próprio estabelecimento em que se pratica esse ato.

Já “puxado” se forma por derivação imprópria ou conversiva, com base na forma de particípio do verbo “puxar”: sem sofrer qualquer alteração em sua fônica, a forma verbal passa a ser usada como substantivo, dando nome a uma construção improvisada, rudimentar.

 

B)

No primeiro caso, associada à forma verbal “casara”, a preposição assume o sentido de “companhia”, “acompanhamento”. No segundo, introduzindo a expressão “uma pequena venda”, a mesma preposição passa a indicar “meio”, já que o comércio é o meio pelo qual o casal pôde se estabelecer.

Questão 06 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7091991

Para responder à questão, leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra o livro Tutameia, de João Guimarães Rosa.

Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou, talvez, vice-dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falto de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar nominalmente a própria existência.

Somos todos, neste ponto, um tento ou cento hipotrélicos? Salvo o excepto, um neologismo contunde, confunde, quase ofende. Perspica-nos a inércia que soneja em cada canto do espírito, e que se refestela com os bons hábitos estadados. Se é que um não se assuste: saia todo-o-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde é que se vai dar com a língua tida e herdada? Assenta-nos bem à modéstia achar que o novo não valerá o velho; ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso no passado. [...]

Já outro, contudo, respeitável, é o caso — enfim — de “hipotrélico”, motivo e base desta fábula diversa, e que vem do bom português. O bom português, homem-de-bem e muitíssimo inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo suas necessidades íntimas.

Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro, ausente:

E ele é muito hiputrélico...

Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto:

Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.

Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo:

Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?

— É. Mas não existe.

Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório:

— O senhor também é hiputrélico...

E ficou havendo.

(Tutameia, 1979.)

Retoma um termo mencionado anteriormente no texto a palavra sublinhada em:



( a )

“Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto:” (6º parágrafo) 

( b )

“— O senhor também é hiputrélico...” (12º parágrafo) 

( c )

“Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer:” (1º parágrafo) 

( d )

“— Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?” (9º parágrafo) 

( e )

“Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo:” (8º parágrafo)

Resposta:

No trecho “— Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?” (9º parágrafo), o pronome oblíquo “a” tem valor anafórico, retomando a expressão “essa palavra”, do discurso anterior: “— Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.”

 

Questão 07 - UNIFESP 2017 1º dia

Leia o trecho inicial de Raízes do Brasil, do historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), para responder a questão.

A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território, dotado de condições naturais, se não adversas, largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevar à perfeição o tipo de civilização que representamos: o certo é que todo o fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem.

Assim, antes de perguntar até que ponto poderá alcançar bom êxito a tentativa, caberia averiguar até onde temos podido representar aquelas formas de convívio, instituições e ideias de que somos herdeiros.

É significativa, em primeiro lugar, a circunstância de termos recebido a herança através de uma nação ibérica. A Espanha e Portugal são, com a Rússia e os países balcânicos (e em certo sentido também a Inglaterra), um dos territórios-ponte pelos quais a Europa se comunica com os outros mundos. Assim, eles constituem uma zona fronteiriça, de transição, menos carregada, em alguns casos, desse europeísmo que, não obstante, mantêm como um patrimônio necessário. 

Foi a partir da época dos grandes descobrimentos marítimos que os dois países entraram mais decididamente no coro europeu. Esse ingresso tardio deveria repercutir intensamente em seus destinos, determinando muitos aspectos peculiares de sua história e de sua formação espiritual. Surgiu, assim, um tipo de sociedade que se desenvolveria, em alguns sentidos, quase à margem das congêneres europeias, e sem delas receber qualquer incitamento que já não trouxesse em germe.

Quais os fundamentos em que assentam de preferência as formas de vida social nessa região indecisa entre a Europa e a África, que se estende dos Pireneus a Gibraltar? Como explicar muitas daquelas formas, sem recorrer a indicações mais ou menos vagas e que jamais nos conduziriam a uma estrita objetividade?

Precisamente a comparação entre elas e as da Europa de além-Pireneus faz ressaltar uma característica bem peculiar à gente da península Ibérica, uma característica que ela está longe de partilhar, pelo menos na mesma intensidade, com qualquer de seus vizinhos do continente. É que nenhum desses vizinhos soube desenvolver a tal extremo essa cultura da personalidade, que parece constituir o traço mais decisivo na evolução da gente hispânica, desde tempos imemoriais. Pode dizer-se, realmente, que pela importância particular que atribuem ao valor próprio da pessoa humana, à autonomia de cada um dos homens em relação aos semelhantes no tempo e no espaço, devem os espanhóis e portugueses muito de sua originalidade nacional.  [...]

É dela que resulta largamente a singular tibieza das formas de organização, de todas as associações que impliquem solidariedade e ordenação entre esses povos. Em terra onde todos são barões não é possível acordo coletivo durável, a não ser por uma força exterior respeitável e temida.

(Raízes do Brasil, 2000.)

Em “É dela que resulta largamente a singular tibieza das formas de organização, de todas as associações que impliquem solidariedade e ordenação entre esses povos.” (7o parágrafo), o termo destacado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido do texto, por 



( a )

constância. 

( b )

firmeza. 

( c )

estranheza. 

( d )

combinação. 

( e )

 fraqueza.

Resposta:

A palavra "tibieza" significa "fraqueza", e era possível deduzir esse significado pelo contexto, em que Sérgio Buarque aponta a "cultura da personalidade" como um valor central da cultura espanhola e portuguesa. Ao valorizar o indivíduo, o mundo hispânico expressa a fragilidade de suas formas de organização.

Questão 07 - FGV-SP 2017 Economia - 2ª fase - Prova 004 - Caderno 2

Pensar no envelhecimento é algo que costuma incomodar a maior parte das pessoas. Herdamos das gerações passadas a ideia de que a idade inexoravelmente sinaliza o fim de uma vida produtiva plena e que o melhor a fazer é aceitar a decadência física, almejando contar com o conforto proporcionado por uma boa aposentadoria. Mas o mundo mudou. Hoje, uma nova geração descobre que, se tomar decisões sábias na juventude, pode tornar o tempo futuro uma genuína etapa da vida e, mais do que isso, uma fase áurea da nossa existência.

Estudos demográficos apontam que as gerações nascidas desde a década de 60 podem contar com, pelo menos, mais 20 anos em sua expectativa de vida. Na verdade, se recuarmos um pouco mais, vamos constatar que esse bônus de longevidade é maior ainda. No início do século 20, mais ou menos na mesma época em que a aposentadoria foi criada, a expectativa de vida ao nascer do brasileiro era, em média, de 33 anos. Hoje estamos quase chegando aos 80. Em pouco mais de 100 anos o bônus de longevidade foi de quase 50 anos!

(Você S/A – Previdência, setembro de 2016)

No texto, a frase “Mas o mundo mudou.” (1º parágrafo) relaciona diferentes informações da argumentação do autor.

a) Que tipo de oração coordenada o autor empregou? Que sentido ela estabelece no texto?

b) Qual é o ponto de vista do autor sobre o assunto de que trata e que tipo de argumento ele usa para sustentá-lo?

Resposta:

A)

A passagem “Mas o mundo mudou” é uma oração coordenada sindética adversativa. Esse conector estabelece uma relação de oposição, introduzindo um argumento mais forte do que a ideia anteriormente apresentada. Por meio dessa construção, evidencia-se que hoje o mundo não vê da mesma forma o tema do envelhecimento como em tempos anteriores.

B)

O enunciador se mostra favorável a um novo modo de pensar o envelhecimento, tomando-o como uma fase produtiva e oportuna às mudanças, tão rica em experiências como qualquer outra. Ele não concorda com o que afirma ser uma postura das “gerações passadas” de compreender esse momento como decadência da capacidade física em que a aposentadoria seria a única expectativa. Para justificar esse ponto de vista, o enunciador se vale do argumento de prova concreta, por meio do qual ele apresenta dados estatísticos da mudança da longevidade do brasileiro, bem como comparações históricas dessa expectativa de vida com a do presente.

Questão 03 - UNIFESP 2017 1º dia

Leia o trecho inicial de Raízes do Brasil, do historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), para responder a questão.

A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território, dotado de condições naturais, se não adversas, largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevar à perfeição o tipo de civilização que representamos: o certo é que todo o fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem.

Assim, antes de perguntar até que ponto poderá alcançar bom êxito a tentativa, caberia averiguar até onde temos podido representar aquelas formas de convívio, instituições e ideias de que somos herdeiros.

É significativa, em primeiro lugar, a circunstância de termos recebido a herança através de uma nação ibérica. A Espanha e Portugal são, com a Rússia e os países balcânicos (e em certo sentido também a Inglaterra), um dos territórios-ponte pelos quais a Europa se comunica com os outros mundos. Assim, eles constituem uma zona fronteiriça, de transição, menos carregada, em alguns casos, desse europeísmo que, não obstante, mantêm como um patrimônio necessário. 

Foi a partir da época dos grandes descobrimentos marítimos que os dois países entraram mais decididamente no coro europeu. Esse ingresso tardio deveria repercutir intensamente em seus destinos, determinando muitos aspectos peculiares de sua história e de sua formação espiritual. Surgiu, assim, um tipo de sociedade que se desenvolveria, em alguns sentidos, quase à margem das congêneres europeias, e sem delas receber qualquer incitamento que já não trouxesse em germe.

Quais os fundamentos em que assentam de preferência as formas de vida social nessa região indecisa entre a Europa e a África, que se estende dos Pireneus a Gibraltar? Como explicar muitas daquelas formas, sem recorrer a indicações mais ou menos vagas e que jamais nos conduziriam a uma estrita objetividade?

Precisamente a comparação entre elas e as da Europa de além-Pireneus faz ressaltar uma característica bem peculiar à gente da península Ibérica, uma característica que ela está longe de partilhar, pelo menos na mesma intensidade, com qualquer de seus vizinhos do continente. É que nenhum desses vizinhos soube desenvolver a tal extremo essa cultura da personalidade, que parece constituir o traço mais decisivo na evolução da gente hispânica, desde tempos imemoriais. Pode dizer-se, realmente, que pela importância particular que atribuem ao valor próprio da pessoa humana, à autonomia de cada um dos homens em relação aos semelhantes no tempo e no espaço, devem os espanhóis e portugueses muito de sua originalidade nacional.  [...]

É dela que resulta largamente a singular tibieza das formas de organização, de todas as associações que impliquem solidariedade e ordenação entre esses povos. Em terra onde todos são barões não é possível acordo coletivo durável, a não ser por uma força exterior respeitável e temida.

(Raízes do Brasil, 2000.)

Em “Podemos [...] elevar à perfeição o tipo de civilização que representamos”, o termo em destaque exerce a mesma função sintática do trecho destacado em:



( a )

“[...] todo o fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem.” 

( b )

Esse ingresso tardio deveria repercutir intensamente em seus destinos [...].” 

( c )

“[...] somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra.”

( d )

“É significativa, em primeiro lugar, a circunstância de termos recebido a herança através de uma nação ibérica.

( e )

“Assim, antes de perguntar até que ponto poderá alcançar bom êxito a tentativa [...].”

Resposta:

O pronome relativo "que", na frase "civilização que representamos", retoma a palavra "civilização" e desempenha função de objeto direto. Na alternativa E, o segmento em destaque também cumpre a função de objeto direto.

Questão 03 - FGV-SP 2017 Economia - 2ª fase - Prova 003 - Caderno 1

O diagrama seguinte indica o número de veículos que passaram em cada trecho de quatro avenidas de mão única na última hora. Por exemplo, 300 veículos passaram, nessa hora, pelo trecho da Av. Stuart Mill que antecede o cruzamento D. Sabe-se ainda que, nessa hora, passaram 500 veículos entre os cruzamentos de D e C, x veículos de D para A, y veículos de B para A e z veículos de B para C. Interpretando os cruzamentos do diagrama, pode-se deduzir, por exemplo, que x + y = 1300 (dedução a partir da análise do cruzamento A).

a) Calcule x, y e z.

b) Substitua, no diagrama original, a quantidade de 500 veículos que trafegam de D para C na hora analisada por uma quantidade desconhecida de t veículos. Considerando que x, y, z e t são inteiros positivos, determine quantos são os valores possíveis para t.

Resposta:

a)

Da figura temos:

No ponto A, temos que  x + y = 500 + 800, ou seja, x + y = 1300 (I).

No ponto B, temos que y + z = 1400 + 400, ou seja, y + z = 1800 (II).

No ponto C, temos que 500 + z = 1300 + 700, ou seja, z = 1500 (III).

No ponto D, temos que x + 500 = 300 + 1200, ou seja, x = 1000 (IV).

Substituindo o valor obtido em (IV) na equação (I), temos y = 300. Note que esse valor, junto com (III), satisfaz a equação (II). Logo, temos x = 1000, y = 300 e z = 1500.

Resposta: x = 1000, y = 300 e z = 1500.

b)

Substituindo, no diagrama original, a quantidade de 500 veículos que trafegam de D para C na hora analisada por uma quantidade desconhecida de t veículos, temos o sistema:

De (III) temos z = 2000 – t e, de (IV), temos x = 1500 – t. Substituindo x = 1500 – t em (I), temos y = t – 200.

Nota-se que y = t – 200 e z = 2000 - t satisfazem a equação (II). 

Como x,y,z e t são números inteiros e positivos, devemos ter

Logo, os valores de t que satisfazem simultaneamente essas condições são tais que 200<t<1500, ou seja, pertencem ao conjunto {201, 202, 203, ... , 1498, 1499}. Portanto existem 1499  200 = 1299 possíveis valores para t.

Resposta: 1299

Questão 03 - UNICAMP 2017 2ª fase - 1º dia - Redação, Língua Portuguesa e Literatura

Leia o excerto abaixo, adaptado do ensaio Para que servem as humanidades?, de Leyla Perrone-Moisés.

As humanidades servem para pensar a finalidade e a qualidade da existência humana, para além do simples alongamento de sua duração ou do bem-estar baseado no consumo. Servem para estudar os problemas de nosso país e do mundo, para humanizar a globalização. Tendo por objeto e objetivo o homem, a capacidade que este tem de entender, de imaginar e de criar, esses estudos servem à vida tanto quanto a pesquisa sobre o genoma. Num mundo informatizado, servem para preservar, de forma articulada, o saber acumulado por nossa cultura e por outras, estilhaçado no imediatismo da mídia e das redes. Em tempos de informação excessiva e superficial, servem para produzir conhecimento; para “agregar valorˮ, como se diz no jargão mercadológico. Os cursos de humanidades são um espaço de pensamento livre, de busca desinteressada do saber, de cultivo de valores, sem os quais a própria ideia de universidade perde sentido. Por isso merecem o apoio firme das autoridades universitárias e da sociedade, que eles estudam e à qual servem.

(Adaptado de Leyla Perrone-Moisés, Para que servem as humanidades? Folha de São Paulo, São Paulo, 30 jun. 2002, Caderno Mais!.)

a) As expressões “agregar valorˮ e “cultivo de valoresˮ, embora aparentemente próximas pelo uso da mesma palavra, produzem efeitos de sentido distintos. Explique-os.

b) Na última oração do texto, são utilizados dois elementos coesivos: “elesˮ e “à qualˮ. Aponte a que se refere, respectivamente, cada um desses elementos.

Resposta:

a) No contexto, ambos os termos servem para manifestar a capacidade de as humanidades contribuírem ao mundo contemporâneo. “Cultivo de valores”, no entanto, é expressão de uso mais universal, corrente nas ciências humanas e, por isso, relaciona-se harmonicamente com o restante do vocabulário utilizado no parágrafo. Nesse caso, o subtantivo valor adquire o sentido de crença, opinião, visão de mundo. Já “agregar valor”, por ser jargão próprio do universo do mercado, é uma expressão que possui um significado mais pragmático, o que contrasta com o restante do parágrafo e confirma, no plano do léxico empregado, a ideia de que as ciências humanas podem, tanto quanto o mercado, beneficiar a sociedade.  

b) O pronome “Eles” refere-se a “os cursos de humanidades”; “à qual” refere-se a “sociedade”.

Questão 03 - FUVEST 2017 2ª fase - 1º dia

Leia o seguinte texto, extraído de uma matéria jornalística sobre supercomputadores:

Supercomputadores são usados para cálculos de simulação pesada. Um exemplo recorrente do uso desse tipo de equipamento é a de simulação climática: com quatrilhões por segundo de processamento, torna-se possível que um computador tenha capacidade de calcular as oscilações meteorológicas. Isso ajuda a prevenir desastres, ou a preparar políticas de apoio à agricultura, se antecipando a cenários os mais variados.

Evidentemente, há outros usos, como pesquisas científicas que precisam também simular cenários, com uma ampla gama de variáveis. Estudos militares e de desenvolvimento de tecnologia também se beneficiam do poder computacional desse tipo de equipamento.

www.techtudo.com.br, 24.06.2016.

a) Reescreva o trecho “é a de simulação climática: com quatrilhões por segundo de processamento”, levando em conta a correção e a clareza.

b) A palavra “cenários” (sublinhada no texto) foi empregada com o mesmo sentido em suas duas ocorrências? Justifique sua resposta.

Resposta:

a) Uma forma possível de reescrita seria:

    (...) é a simulação climática: com o poder de processar quadrilhões de dados por segundo.  

b) Ainda que o termo cenário seja utilizado metaforicamente em ambos os casos e apresente em comum o traço semântico da “simulação”, como colocado no primeiro período do texto (“Supercomputadores são usados para cálculos de simulação pesada.”), os sentidos não são exatamente os mesmos nas duas ocorrências. Na primeira delas, a palavra cenário se refere à antecipação dos eventos climáticos consequentes das oscilações meteorológicas. O termo assume, portanto, um sentido restrito a um determinado campo científico. Já na segunda, cenário faz referência à situação em que se inscrevem acontecimentos de qualquer natureza. Dessa forma, o sentido se amplia, e o uso não se limita a uma área específica de pesquisas, como ocorreu anteriormente.

Questão 04 - FUVEST 2017 2ª fase - 1º dia

Examine a seguinte citação:

É menor pecado elogiar um mau livro, sem lêlo, do que depois de o haver lido. Por isso, agradeço imediatamente depois de receber o volume.

Carlos Drummond de Andrade, Passeios na ilha.

a) Explique por que o autor agradece “imediatamente depois de receber o volume”.

b) Levando em conta o contexto, reescreva duas vezes o trecho “sem lêlo”, substituindo “sem” por “sem que”, na primeira vez, e por “mesmo não”, na segunda

Resposta:

a) No início do fragmento, o autor afirma ser menos grave elogiar um mau livro sem lê-lo do que depois de lê-lo. Desse modo, ele agradece “imediatamente depois de receber o volume” para não correr o risco de cometer o pecado mais grave: a possibilidade de elogiar um mau livro, depois de tê-lo lido.

b) Algumas possibilidades de resposta são:         

É menor pecado elogiar um mau livro, sem que o tenha lido / sem que o tivesse lido. É menor pecado elogiar um mau livro, mesmo não o tendo lido / mesmo não o lendo.

Questão 04 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7091991

Para responder à questão, leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra o livro Tutameia, de João Guimarães Rosa.

Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou, talvez, vice-dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falto de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar nominalmente a própria existência.

Somos todos, neste ponto, um tento ou cento hipotrélicos? Salvo o excepto, um neologismo contunde, confunde, quase ofende. Perspica-nos a inércia que soneja em cada canto do espírito, e que se refestela com os bons hábitos estadados. Se é que um não se assuste: saia todo-o-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde é que se vai dar com a língua tida e herdada? Assenta-nos bem à modéstia achar que o novo não valerá o velho; ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso no passado. [...]

Já outro, contudo, respeitável, é o caso — enfim — de “hipotrélico”, motivo e base desta fábula diversa, e que vem do bom português. O bom português, homem-de-bem e muitíssimo inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo suas necessidades íntimas.

Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro, ausente:

E ele é muito hiputrélico...

Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto:

Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.

Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo:

Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?

— É. Mas não existe.

Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório:

— O senhor também é hiputrélico...

E ficou havendo.

(Tutameia, 1979.)

O efeito cômico do texto deriva, sobretudo, da ambiguidade da expressão



( a )

“homem-de-bem”. 

( b )

“bom português”. 

( c )

“indesejável maçante”. 

( d )

“necessidades íntimas”. 

( e )

“indivíduo pedante”.

Resposta:

A ambiguidade da expressão “bom português” é responsável pelo efeito cômico do texto, uma vez que pode ser entendida tanto como “um bom uso da língua portuguesa” — no texto, “vem do bom português”, do domínio de suas regras e criações de sentido — quanto de “um bom indivíduo” —  no texto, “homem-de-bem e muitíssimo inteligente”, por vezes criador de neologismos.

Questão 04 - FGV-SP 2017 Economia - 2ª fase - Prova 003 - Caderno 1

Uma fórmula que mede a magnitude M de um terremoto pode ser escrita como M = 0,67 · logE – 3,25, sendo E a energia mecânica liberada pelo abalo, medida em Joules.

a) Calcule, por meio da fórmula dada, a energia mecânica liberada por um terremoto de magnitude 2,11.

b) A figura a seguir mostra um modelo trigonométrico que, por meio da função cosseno y = A + B · cos (mx + n), ajuda a prever a magnitude de terremotos em uma ilha do Pacífico. Nesse modelo, y indica a magnitude do terremoto, e x indica o ano de ocorrência, sendo x = 1 correspondente ao ano 1980, x = 6 correspondente ao ano 1990, x = 11 correspondente ao ano 2000, e assim sucessivamente.

Determine domínio, imagem e período da função cujo gráfico está indicado na figura. Em seguida, determine os valores dos parâmetros A, B, m e n da lei dessa função.

Resposta:

a)

 

Resposta: E = 108

 

b)

A função  possui o mesmo domínio da função cos(x). Logo: Domínio: ; Olhando o gráfico e sabendo que a função  é cíclica(assim como a função cos(x)), teremos que a imagem de y é o intervalo [4,8]; Olhando o gráfico, podemos ver um ciclo completo da função entre  e . Logo, o período de y é ; Como a imagem de y é [4,8], devemos ter B = 2; Como o gráfico está transladado 6 unidades, temos A = 6; Como o período é igual a 10, temos: ​ Usando :

Resposta: A = 6; B = 2; 

Questão 05 - FGV-SP 2017 Economia - 2ª fase - Prova 004 - Caderno 2

Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua casa para pensar no passado. E no pensamento como que ouvia o vento de outros tempos e sentia o tempo passar, escutava vozes, via caras e lembrava-se de coisas... O ano de 81 trouxera um acontecimento triste para o velho Maneco: Horácio deixara a fazenda, a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo, onde se casara com a filha dum tanoeiro e se estabelecera com uma pequena venda. Em compensação nesse mesmo ano Antônio casou-se com Eulália Moura, filha dum colono açoriano dos arredores do Rio Pardo, e trouxe a mulher para a estância, indo ambos viver num puxado que tinham feito no rancho.

Em 85 uma nuvem de gafanhotos desceu sobre a lavoura deitando a perder toda a colheita. Em 86, quando Pedrinho se aproximava dos oito anos, uma peste atacou o gado e um raio matou um dos escravos.

Foi em 86 mesmo ou no ano seguinte que nasceu Rosa, a primeira filha de Antônio e Eulália? Bom. A verdade era que a criança tinha nascido pouco mais de um ano após o casamento. Dona Henriqueta cortara-lhe o cordão umbilical com a mesma tesoura de podar com que separara Pedrinho da mãe.

E era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia, a lua passava por todas as fases, as estações iam e vinham, deixando sua marca nas árvores, na terra, nas coisas e nas pessoas.

E havia períodos em que Ana perdia a conta dos dias. Mas entre as cenas que nunca mais lhe saíram da memória estavam as da tarde em que dona Henriqueta fora para a cama com uma dor aguda no lado direito, ficara se retorcendo durante horas, vomitando tudo o que engolia, gemendo e suando de frio.

(Érico Veríssimo. O tempo e o Vento, “O Continente”, 1956)

Observe o emprego da vírgula nas passagens destacadas a seguir e responda ao que se pede.

• “Foi em 86 mesmo ou no ano seguinte que nasceu Rosa, a primeira filha de Antônio e Eulália?” (3º parágrafo)

• “E era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia, a lua passava por todas as fases, as estações iam e vinham, deixando sua marca nas árvores, na terra, nas coisas e nas pessoas.” (4º parágrafo)

a) O que justifica o emprego da vírgula na passagem do 3º parágrafo?

b) Que diferença há nas duas construções do 4º parágrafo para explicar o emprego das vírgulas?

Resposta:

A)

No terceiro parágrafo, a vírgula se justifica para indicar que a expressão “a primeira filha de Antônio e Eulália” está funcionando como aposto, termo que, no contexto, esclarece a quem se refere o substantivo “Rosa”.

 

B)

No quarto parágrafo, as vírgulas estão marcando enumeração, em ambos os trechos destacados. O que difere, porém, é que, no primeiro caso, separam-se orações coordenadas assindéticas e, no segundo, adjuntos adverbiais.

Questão 05 - UNICAMP 2017 2ª fase - 1º dia - Redação, Língua Portuguesa e Literatura

Leia com atenção os excertos abaixo de Lisbela e o prisioneiro.

“LISBELA: Compre um curió para mim.

DR. NOÊMIO: Não, Lisbela, eu não gosto de ver animais presos.

CITONHO: Por quê, Doutor?

DR.NOÊMIO: Por que isso é malvadez. Os animais foram feitos para viver em liberdade.

PARAÍBA: E como que é que o Doutor está me vendo aqui preso e nem se importa?

DR. NOÊMIO: Você é um animal?”

(Osman Lins, Lisbela e o prisioneiro. São Paulo: Planeta, 2003, p. 25.)

“DR.NOÊMIO: Lisbela, vamos. Você é minha noiva, não deve opor-se às minhas convicções. As convicções do homem devem ser, optarum causa, as de sua esposa ou noiva.”

(Ibidem.)

a) Nos trechos citados, estão presentes duas atitudes características do Dr. Noêmio com implicações morais, que são desmascaradas pelo efeito cômico do texto. Quais são essas duas atitudes características com implicações morais?

b) No segundo excerto, a expressão “minhas convicções” é dita de forma solene e expressa um valor social. Que valor é esse e que tipo de sociedade está sendo caracterizado por tal enunciado?

Resposta:

a) O efeito cômico é explorado principalmente no primeiro excerto, em que Dr. Noêmio assume atitudes contraditórias. A primeira, de valor moral positivo, é a de defender a liberdade do curió. A segunda, de valor moral negativo, é a indiferença pela privação de liberdade de Paraíba. Assim, sua franca defesa da liberdade é paradoxalmente desigual, pois valoriza a dos animais, enquanto despreza a de um ser humano. Esse cerceamento da liberdade humana se manifesta, no segundo excerto, também em relação ao direito de pensamento e opinião das mulheres.

b) Ao impor suas convicções à noiva, Noêmio manifesta claramente seu machismo. Além disso, as palavras dele expressam a convicção de que a linguagem difícil, pontuada de termos raros (como é o caso das expressões em latim), delimita sua posição social. Assim, o trecho mostra como a sociedade interiorana nordestina do início dos anos 1960 (contexto da peça) tinha características machistas e de valorização de uma linguagem preciosista e pretensamente acadêmica.

Questão 05 - UNESP 2021 - 1ª Fase - Prova de Conhecimentos Gerais – Cursos da Área de Biológicas

7091991

Para responder à questão, leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integra o livro Tutameia, de João Guimarães Rosa.

Há o hipotrélico. O termo é novo, de impesquisada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou, talvez, vice-dito: indivíduo pedante, importuno agudo, falto de respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar nominalmente a própria existência.

Somos todos, neste ponto, um tento ou cento hipotrélicos? Salvo o excepto, um neologismo contunde, confunde, quase ofende. Perspica-nos a inércia que soneja em cada canto do espírito, e que se refestela com os bons hábitos estadados. Se é que um não se assuste: saia todo-o-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde é que se vai dar com a língua tida e herdada? Assenta-nos bem à modéstia achar que o novo não valerá o velho; ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso no passado. [...]

Já outro, contudo, respeitável, é o caso — enfim — de “hipotrélico”, motivo e base desta fábula diversa, e que vem do bom português. O bom português, homem-de-bem e muitíssimo inteligente, mas que, quando ou quando, neologizava, segundo suas necessidades íntimas.

Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano, terceiro, ausente:

E ele é muito hiputrélico...

Ao que, o indesejável maçante, não se contendo, emitiu o veto:

Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.

Parou o bom português, a olhá-lo, seu tanto perplexo:

Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?

— É. Mas não existe.

Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório:

— O senhor também é hiputrélico...

E ficou havendo.

(Tutameia, 1979.)

“Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório:

— O senhor também é hiputrélico...” (11º e 12º parágrafos)

Considerando o contexto, o termo sublinhado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido do texto, por:



( a )

debochado. 

( b )

contrariado. 

( c )

distraído. 

( d )

atrapalhado. 

( e )

admirado.

Resposta:

O termo “enfigadado”, no trecho, “Aí, o bom português, ainda meio enfigadado, mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para o outro, peremptório: — O senhor também é hiputrélico...” (11º e 12º parágrafos) pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido, por "contrariado". 

Para que essa interpretação seja possível, é preciso considerar que o fígado é um órgão do sistema digestório que responde a uma agressão biológica, muitas vezes com sintomas que produzem mal-estar, como enjoos. Dessa maneira, a expressão “enfigadado” metaforiza o incômodo causado pela “difícil digestão de uma ideia”, pelo fato de o “bom português” ser contrariado por seu interlocutor, que negou a existência do termo “hiputrélico”.

Questão 06 - UNIFESP 2017 2º dia

A figura mostra o esquema básico da primeira etapa do refino do petróleo, realizada à pressão atmosférica, processo pelo qual ele é separado em misturas com menor número de componentes (fracionamento do petróleo).

a) Dê o nome do processo de separação de misturas pelo qual são obtidas as frações do petróleo e o nome da propriedade específica das substâncias na qual se baseia esse processo.

b) Considere as seguintes frações do refino do petróleo e as respectivas faixas de átomos de carbono: gás liquefeito de petróleo (C3 a C4); gasolina (C5 a C12); óleo combustível (>C20); óleo diesel (C12 a C20); querosene (C12 a C16).

Identifique em qual posição (1, 2, 3, 4 ou 5) da torre de fracionamento é obtida cada uma dessas frações.

Resposta:

a) As frações do petróleo são obtidas pela técnica de separação de misturas denominada destilação fracionada. Essa técnica é baseada na diferença de temperatura de ebulição dos componentes da mistura.

b)

Questão 06 - UNICAMP 2017 2ª fase - 1º dia - Redação, Língua Portuguesa e Literatura

Leia o soneto abaixo, de Luís de Camões.

“Enquanto quis Fortuna que tivesse esperança de algum contentamento, o gosto de um suave pensamento me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor que aviso desse minha escritura a algum juízo isento, escureceu-me o engenho com tormento, para que seus enganos não dissesse.

Ó vós, que Amor obriga a ser sujeitos a diversas vontades! Quando lerdes num breve livro casos tão diversos,

verdades puras são, e não defeitos... E sabei que, segundo o amor tiverdes, Tereis o entendimento de meus versos!”

(Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000164.pdf. Acessado em 02/08/2016.)

a) Nos dois quartetos do soneto acima, duas divindades são contrapostas por exercerem um poder sobre o eu lírico. Identifique as duas divindades e explique o poder que elas exercem sobre a experiência amorosa do eu lírico.

b) Um soneto é uma composição poética composta de 14 versos. Sua forma é fixa e seus últimos versos encerram o núcleo temático ou a ideia principal do poema. Qual é a ideia formulada nos dois últimos versos desse soneto de Camões, levando-se em consideração o conjunto do poema?

Resposta:

a) Neste soneto camoniano, as duas divindades que se opõem são Fortuna e Amor. Fortuna é a deusa romana da esperança e da sorte. No primeiro quarteto, nota-se a influência desta sobre o eu lírico, que passa a escrever os versos na perspectiva de experimentar alguma alegria. O contraponto a essa alegria surge no segundo quarteto, com a presença do Amor, também conhecido na mitologia romana por Cupido. O poder que ele exerce sobre as pessoas é o de submeter os indivíduos à sua vontade ou aos seus caprichos, o que, nesse caso, se traduz na ação de atormentar o poeta, escurecendo o seu raciocínio, impedindo-o de revelar aos leitores os enganos do Amor.

b) Nos dois últimos versos, formula-se a ideia de que a compreensão do sentido da obra poética do autor dependerá da experiência amorosa do leitor.

Questão 06 - FUVEST 2017 2ª fase - 1º dia

Leia este texto, publicado em 1905.

Por toda parte, a verbiagem,* oca, inútil e vã, a retórica [...] pomposa, a erudição míope, o aparato de sabedoria resumem toda a elaboração intelectual. [...] Aceitam-se e proclamam-se os mais altos representantes da intelectualidade: os retóricos inveterados, cuja palavra abundante e preciosa impõe-se como sinal de gênio, embora não se encontrem nos seus longos discursos e muitos volumes nem uma ideia original, nem uma só observação própria. E disto ninguém se escandaliza; o escândalo viria se houvera originalidade.

Manoel Bomfim, A América Latina: males de origem. Adaptado.

Glossário

*verbiagem: falatório longo mas com pouco sentido ou utilidade; verborragia.

a) O sentido que se atribui, no texto, à palavra “retórica” é o de “arte da eloquência, arte de bem argumentar; arte da palavra” (Houaiss)? Justifique.

b) Mantendo-se o sentido que eles têm no contexto, que outra forma os verbos “se encontrem” e “houvera” poderiam assumir?

Resposta:

a) Não. O sentido que o texto atribui ao termo “retórica” é o de estilo pomposo, vazio de sentido, recheado de ornamentos que, na verdade, nada dizem. Tal acepção, indicada como pejorativa, consta no verbete do Houaiss, bem como no de outros dicionários. Tal sentido se justifica porque a “verbiagem” – apontada pelo autor logo no início do excerto – pressupõe uma ornamentação que prolonga os discursos sem que, no entanto, seja dito algo substancioso. Bomfim refere-se à ausência de alguma “ideia original” ou “observação própria” nesses discursos.

b) A oração “embora não se encontrem nos seus longos discursos e muitos volumes nem uma ideia original, nem uma só observação própria” está na voz passiva sintética, e a forma verbal “se encontrem” poderia ser substituída, mantendo-se o sentido, por “sejam encontradas”, na voz passiva analítica (embora não sejam encontradas nos seus longos discursos e muitos volumes nem uma ideia original, nem uma só observação própria). A forma verbal “houvera”, empregada no pretérito mais-que-perfeito do indicativo, poderia assumir, sem alteração de sentido, a forma “houvesse” (E disto ninguém se escandaliza; o escândalo viria se houvesse originalidade).

Questão 07 - FUVEST 2017 2ª fase - 1º dia

Considere o excerto em que Araripe Júnior, crítico associado ao Naturalismo, refere-se ao “estilo” praticado “nesta terra”, isto é, no Brasil.

O estilo, nesta terra, é como o sumo da pinha, que, quando viça, lasca, deforma-se, e, pelas fendas irregulares, poreja o mel dulcíssimo, que as aves vêm beijar; ou como o ácido do ananás do Amazonas, que desespera de sabor, deixando a língua a verter sangue, picada e dolorida.

a) O modo pelo qual o crítico explica a feição que o “estilo” assume “nesta terra” indica que ele compartilha com o Naturalismo um postulado fundamental. Qual é esse postulado? Explique resumidamente.

b) As características de estilo sugeridas pelo crítico, no excerto, aplicam-se ao romance O cortiço, de Aluísio Azevedo? Justifique sucintamente sua resposta.

Resposta:

a) O postulado fundamental do Naturalismo compartilhado pela explicação formulada pelo crítico é o “determinismo de meio”. Isso fica claro no texto, uma vez que as características mencionadas (“o sumo da pinha que [...] lasca, deforma-se [...] poreja o mel dulcíssimo [...] ou como o ácido do ananás [...] que desespera de sabor”) sugerem uma ligação entre o estilo e o ambiente. b) Sim. As características sugeridas pelo crítico estão presentes na obra de Aluísio Azevedo, uma vez que O cortiço faz uso de descrições marcadas pela sensorialidade, em que aspectos como paladar e tato, por exemplo, são enfatizados. Além disso, a obra veicula o que se chamava de belo horrível, por intermédio do qual o grotesco e o deformado (a que o crítico faz referência em expressões como “deforma-se” e “fendas irregulares”) também podem gerar arte (o “mel dulcíssimo” que aparece no texto crítico).

Questão 07 - UNIFESP 2017 2º dia

Uma das aplicações do tricloreto de fósforo, PCℓ3, é a obtenção de cloretos de alquila por meio da reação com álcoois, de acordo com a seguinte equação genérica, em que R representa um radical alquila:

a) Escreva a fórmula estrutural do haleto de alquila formado na reação quando o álcool empregado na reação é o etanol.

b) Escreva as distribuições eletrônicas em camadas dos átomos de fósforo e de cloro.

Resposta:

Estes materiais são parte integrante das coleções da editora Saraiva. Eles poderão ser reproduzidos desde que o título das obras e suas respectivas autorias sejam sempre citadas